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Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii introdução

Caro(a) aluno(a), A disciplina de Psicologia é de fundamental importância


para o futuro profissional das Ciências Humanas e Sociais, uma vez que
fornece informações importantes sobre as características do humano,
levando à compreensão ampla, profunda e dinâmica dos aspectos tanto
individuais quanto inter-relacionais do homem.
Estudando Psicologia Geral, é possível vislumbrar um caminho bem-
humorado às nossas características humanas e tornar mais apreensíveis e
compreensíveis muitos dos nossos estranhamentos cotidianos, no mundo
das relações pessoais, sociais, entre outras.
Nesta apostila, a presente disciplina será abordada de forma ordenada e
gradual, a partir do que será facilitada a absorção dos principais conceitos e
conteúdos necessários à boa formação acadêmica e futura aplicação prática,
nos vários contextos do mundo profissional. Assim, a apostila está
didaticamente elaborada e dividida em capítulos, para que possa ser
possível a sua inserção aos conhecimentos específicos, passo a passo,
tornando viável a construção paulatina do seu aprendizado em Psicologia
Geral.

O objetivo maior é que o aprendizado da Psicologia possa ser articulado às


demais ciências do universo social, uma vez que é necessária a promoção
de um conhecimento amplo e integrado às diversidades culturais, além de
individuais.
Durante os estudos, você irá verificar que é bem interessante desvendar os
caminhos da ampliação da consciência, que necessariamente percorrem, ao
mesmo tempo, as estradas e as encruzilhadas dos conhecimentos que
vamos adquirindo, ao ler a apostila, ao integrar as teorias com as práticas
de seus autores, podendo construir pontes comunicacionais com as coisas
que todos nós, de formas diferenciadas, vivemos.
A jornada científica das Psicologias aqui apresentadas, de forma ainda que
compacta e didática, já é uma viagem maravilhosa para as mentes mais
abertas ao aprendizado contínuo, assim como um contínuo convite ao
redespertar humano, pois somente dessa forma haverá a boa transformação
e reconstrução que intencionamos encontrar.
Como autora, educadora e psicóloga, acredito no bom uso dos seus
melhores sentidos, reunidos.
Aproveite bem o material aqui elaborado, programado como um
“equipamento” de sobrevivência e aperfeiçoamento para você. As
referências indicadas no final da apostila servirão de boa base para
aprofundamentos e recortes, de acordo com o seu interesse e
disponibilidade.
Desejo-lhe um excelente aprendizado; e seja muito bem-vindo(a) às pontes
que o conduzirão às melhores integrações.
Atenciosamente,
Profa. Márcia Lilla
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos da História da Psicologia, suas
fases e escolas. Vamos
iniciar a discussão?
1.1 Definição de Psicologia
O termo foi criado em 1550, por Melanchton,
enquanto lecionava na Universidade de Wittenberg, na Alemanha, sendo
que psique, proveniente
do grego, significa alma e logos, proveniente do latim, significa estudo.
1.2 O Senso Comum
No nosso cotidiano, muitas vezes, vivenciamos a ocorrência de um
manancial de crenças bem
populares, algumas receitas psicológicas de gente
que não frequenta o meio acadêmico, científico,
mas que consegue se aproximar de algumas verdades, em variados meios,
lançando mão de “palpites”, quase todos para “ajudar os outros”, ao que
chamam de “melhores das intenções.”
Será mesmo que possuímos um mix de loucura e de magia, de médicos e de
insanos? Qual é a
verdade, se é que há apenas uma verdade em tudo
o que ouvimos, vemos, sentimos, percebemos, palpitamos, entre outras
experiências dos viveres existenciais? De certo modo, podemos constatar
certo domínio popular em questões usuais, nas quais o acúmulo de
experiências passadas soma aprendizado e é passado de geração a geração.
Essa é a “psicologia do senso comum”, mas que fique, a partir dos estudos
mais intensos e interessados das Psicologias, bastante esclarecido que se
trata apenas de uma sabedoria popular, cultural, bem diferente do que verão
na cientificidade da Psicologia – o que a pequena história dessa importante
ciência desvendará.

O conhecimento espontâneo da realidade (uma visão de mundo) é bastante


diferente da complexidade inerente e consistente da Psicologia Científica.
O estudante necessitará munir-se de amplos conhecimentos psicológicos
para poder discernir e não mais cometer o erro do leigo, mesmo que este
seja revelador, como muitas vezes pode mesmo ser (sabedorias populares).
Todo senso comum é simplista, reducionista e jamais revelador de
vicissitudes reais, nos campos das subjetividades e objetividades, as quais
são necessariamente focadas pela Psicologia Científica, considerando-se
múltiplos fatores (determinantes e/ou não). Nem mesmo o avanço
científico é capaz de esgotar as possibilidades e encontrar
compreensão precisa para todos os limites, ainda existentes no mundo
moderno. Por um lado, existe o conhecimento que se aprofunda e se
desdobra, mas por outro, um abismo, um grande mistério. Eis
o desafio, no limite tênue dessa navalha, em que somente a humildade do
aprendiz, no bom cuidado do conhecimento contínuo, pode e deve cultivar.

PEQUENA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA:

1 FASES E ESCOLAS
Márcia Lilla
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O senso comum deixou o legado de um conhecimento intuitivo que, sem
dúvida, não dava mais conta do desenvolvimento humano, de sua
compreensão. O mundo foi ficando mais e mais complexo, e o homem teve
que ocupar diversos espaços; assim sendo, o conhecimento de técnicas
mais precisas passou a fazer parte das preocupações. Era necessário
dominar a natureza e tirar desta o melhor dos proveitos. A matemática dos
gregos, próxima do século IV a.C., foi primordial para questões agrícolas e
urgentes da época (projetos navais e arquitetônicos). E, com o passar dos
tempos, a especialização foi buscada até um nível elevado de
complexidade, o que, por exemplo, fez o homem chegar à Lua.
Para interpretar a realidade, o homem, então, foi fazendo composições,
parcerias de conhecimentos (senso comum somado às ciências),
compreendendo melhor a sua realidade e a de seus semelhantes. As
especulações sobre a origem do significado da existência humana sempre
ocuparam o centro das atenções dos gregos (filosofias). Os mistérios, os
princípios morais e todos os pensamentos sobre a origem do próprio
homem (as religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o livro sagrado
dos hindus – livro dos Vedas); a sensibilidade humana representada desde
as cavernas (artes) até as criações mais rebuscadas em técnicas,
metodologias, entre múltiplos e específicos conhecimentos (ciências);
enfim, todas as áreas de conhecimento são importantíssimas para a
Psicologia, ou melhor dizendo, para as Psicologias. Quão mais vasta em
evolução uma área do conhecimento, mais aproximada às necessidades do
homem, por meio dos tempos e de todos os espaços.
1.3 As Áreas do Conhecimento
Atenção
As especulações sobre a origem do significado da existência humana
sempre ocuparam o centro das atenções dos gregos (filosofias). Os
mistérios, os princípios morais e todos os pensamentos sobre a origem do
próprio homem (as religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o livro
sagrado dos hindus –livro dos Vedas); a sensibilidade humana representada
desde as cavernas (artes) até as criações mais rebuscadas em
técnicas, metodologias, entre múltiplos e específicos conhecimentos
(ciências), enfim, todas as áreas de conhecimento são importantíssimas
para a Psicologia, ou melhor dizendo, para as Psicologias.
1.4 Fases e Abordagens
ƒƒFase Grega: surgiu com os gregos a Psicologia, no período anterior à
era cristã,
tendo sido uma ramificação das filosofias, artes e crenças humanas
atreladas ao misticismo da época. Os principais filósofos que a
influenciaram foram: Só- crates, Platão e Aristóteles, nos períodos
de 469 a 322 a.C. Com Sócrates, a Psicologia ganha consistência, uma vez
que sua principal preocupação era com o limite
que separava o homem dos animais, trazendo a característica humana da
razão, que lhe permitia pensar e sobrepujar-se aos instintos (bases mais
irracionais). Com Platão, discípulo de Sócrates, a Psicologia
cedeu lugar à razão, sendo o próprio corpo, mais precisamente a cabeça, o
centro de localização para a alma humana, no qual a medula faria a ligação
corpo-mente (elementos importantes, pois Platão concebia uma separação
entre corpo e mente e acreditava na imortalidade da alma).
Já com Aristóteles, a Psicologia ganhou o
seu primeiro tratado, no qual tivemos os
primeiros estudos profundos das diferen-
ças entre a razão, percepção e sensações
(Da anima). Esse pensador acreditava que
a alma e o corpo não podiam ser dissociados, o que trouxe uma forte
evolução
para a compreensão dos fatores humanos para a Psicologia da época;
ƒƒFase Romana: no período datado entre
430 a 1274, a Psicologia sofreu a influência direta dos padres e filósofos
Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino. O
primeiro foi inspirado em Platão, trazendo a concepção de uma alma
pensante,
com razão e com manifestação divina (ligação do elemento humano com
Deus),
sendo a alma também a sede do pensamento, havendo a preocupação da
Igreja em compreendê-la. Já com São Tomás
de Aquino, devido ao período de ruptura
da Igreja com as Revoluções Francesa e
Industrial, houve a preocupação pela distinção entre essência e existência,
sendo
que somente Deus poderia assegurar a
perfeição ao homem e não o avanço das
liberdades e do desenvolvimento humano (a intenção era a de garantir à
Igreja o
monopólio do estudo do psiquismo);
ƒƒFase do Renascimento: “pouco mais de
200 anos após a morte de São Tomás de
Aquino, tem início uma época de transformações radicais no mundo
europeu.”
(BOCK, 1996, p. 35). O Renascimento e
todo o mercantilismo levam às novas
descobertas que propiciam ao homem o
acúmulo de riquezas e acabam por acirrar
novos valores (bens capitais e organiza-
ções mais econômicas e sociais). As transformações ocorrem em todos os
setores e
dá-se a valorização do homem e de seus
inúmeros processos. O conhecimento
tornou-se independente da fé e surgem
sociedades mais complexas e a necessidade de metodologias, técnicas
capazes
de assegurar com maior e melhorada
precisão as complexidades humanas. Em
outras palavras, o conhecimento trouxe a
necessidade de uma remodelagem nos
padrões vigentes até então. Como exemplo: Galileu (1610), com o estudo
da queda dos corpos (primeiras experiências da
Física moderna); Maquiavel (1513), com a
clássica obra política “O príncipe”; e René
Descartes (1596-1659), renomado filósofo que postulou a separação entre a
mente e o corpo, deixando o famoso dualismo cartesiano de herança
cultural, o que,
sem dúvida, configurou um significativo
avanço para a Psicologia, como ciência,
pois, assim, o corpo humano morto, separado da alma, poderia, então, ser
melhor
observado e pesquisado;
ƒƒFase Científica: o século XIX trouxe o
avanço de inúmeras ciências, sendo que a
Psicologia, então, para acompanhar seus
estudos sobre o homem, teve também
de se tornar objetiva, a fim de mensurá-
-lo, classificá-lo e analisá-lo, prestando
melhor suas contribuições de compreensão da espécie humana e social.
Com a
divisão do trabalho, adventos das revoluções francesa e industrial, a
Psicologia
ganha espaço cada vez maior, ao ficar puramente libertada das filosofias,
somando sistematizações nos procedimentos e
padronizando os ajustamentos necessá-
rios para a sociedade capitalista, passando a ser respeitada e utilizada por
todos
os setores da sociedade humana. Wundt
trouxe a concepção de uma Psicologia
apartada da alma, na qual o conhecimento científico poderia ser obtido a
partir
de medição e observação em laborató-
rio, fator de extrema importância para o
avanço dos estudos da mente e comportamentos humanos.
Saiba mais
A fase grega agregou inúmeros conhecimentos à humanidade e de forma
extremamente democrática; por isso,
historicamente, houve um movimento posterior de repressão por parte das
conjecturas dominantes, conforme veremos a seguir.
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A Psicologia como ciência vai se configurando em diferentes concepções,
com as seguintes
abordagens:
ƒƒo funcionalismo, de William James (1842-
1910): corrente americana para a qual importa responder “o que fazem e
por que
fazem os homens”, na qual a consciência
surge como centro das preocupações e
da compreensão dos funcionamentos, de
acordo com as necessidades humanas de
adaptação ao meio ambiente (pragmatismo americano a serviço do
desenvolvimento econômico da época);
ƒƒo estruturalismo, de Edward Titchner
(1867-1927): tal qual o funcionalismo,
ocupou-se com a compreensão da consciência, porém com enfoque aos
aspectos
mais intrínsecos, ou seja, mais estruturais
do sistema nervoso central, utilizando o
método introspectivo para a observação
experiencial em laboratório;
ƒƒo associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949): basicamente
formulou
a primeira abordagem da aprendizagem
para a Psicologia, na qual o processo se
daria das associações entre ideias simples
até as mais complexas entre os conteú-
dos. Thorndike formulou uma lei comportamentalista em que a repetição
do
comportamento humano e animal dar-
-se-ia até o ponto do efeito (recompensa;
exemplo: elogio para o bom feito infantil),
o que permitia a observação da aprendizagem bem-sucedida; ou o
contrário,
como um efeito ativador da suspensão
do comportamento (o castigo; exemplo:
o olhar severo do pai em resposta ao ato
inadequado da criança). Essa lei ficou conhecida como: “Lei do Efeito”.
Todas essas abordagens anteriormente descritas vão dar estruturação e
embasamento cientí-
fico preciosos para o que viria a ser as Psicologias
mais contemporâneas (Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise, abordagens que
veremos com maior destaque no transcorrer da disciplina, portanto, nesta
apostila).
1.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as primeiras e essenciais fases
históricas que foram originando os primeiros estudos psicológicos; vimos
cada fase, com suas diferentes facetas, compondo a
trajetória da Psicologia Científica e, principalmente, posicionando-a como
o principal objetivo de estudo
desta disciplina.
1.6 Atividades Propostas
1. Trata-se de um conhecimento popular, simplista, reducionista e jamais
revelador de vicissitudes reais, nos campos das subjetividades e
objetividades, as quais são necessariamente focadas pela Psicologia
Científica. De qual tipo de conhecimento estamos tratando?
2. Qual o nome do cientista que trouxe a concepção de uma Psicologia
apartada da alma, na
qual o conhecimento científico poderia ser obtido a partir de medição e
observação em laboratório, fator de extrema importância para o avanço dos
estudos da mente e comportamentos
humanos?
3. Corrente americana para a qual importa responder “o que fazem e por
que fazem os homens”,
na qual a consciência surge como centro das preocupações e da
compreensão dos funcionamentos, de acordo com as necessidades humanas
de adaptação ao meio ambiente (pragmatismo americano a serviço do
desenvolvimento econômico da época).
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos
de explicar os métodos e as técnicas psicológicas,
para que você possa compreender a Psicologia
como uma ciência de atitudes científicas. Vamos
iniciar a discussão?
A Psicologia estuda o comportamento, os
processos mentais, a experiência humana e, de um
modo especial, a personalidade. Com técnicas metódicas próprias, a
Psicologia procura não só descobrir novos fatos, nessas áreas, mas tenta
também
medi-los.
A ciência é um instrumento de conhecimento, de controle e de medida dos
fatos. É, a um tempo, conhecimento e poder, por dar a explicação
adequada e permitir tanto previsão quanto controle. Pelo fato de se poder
aplicar, na prática, muitos
de seus conhecimentos, confere poder a quem os
aplica.
O método científico é algo simples, mas não
é uma atividade que se apresenta espontaneamente. Para ser utilizado, é
preciso que a pessoa esteja
predisposta ou treinada. Por exemplo, as experiências de Galileu estudando
a queda dos corpos (que
está na origem da Física tradicional) poderiam ter
sido feitas no Egito Antigo, nas Muralhas de Creta
ou em qualquer período da Grécia ou de Roma. O
espírito da época, contudo, não predispunha as
pessoas para essa atividade mais rigorosa do saber.
O método científico pode ser empregado
para a descoberta tanto de grandes quanto de
simples fatos da vida ou da ciência. A maneira mais
eficiente de se chegar às causas de um fenômeno
é utilizar o método científico. São os seguintes os
passos desse método:
ƒƒidentificação do problema (observação
do fenômeno a pesquisar);
ƒƒantecedentes históricos;
ƒƒformulação de uma hipótese que explique o fenômeno. Esta serve para
orientar o trabalho da pesquisa e é, ao mesmo
tempo, uma garantia de objetividade.
Toda experimentação tem como objetivo ver como a hipótese se manifesta;
ƒƒexperimentação da hipótese;
ƒƒcomprovação da hipótese;
ƒƒcomunicação dos resultados para conhecimento do mundo científico;
ƒƒanálise estatística;
ƒƒconclusões;
ƒƒsugestões para nova pesquisa;
ƒƒcrítica.
Atenção
O psicólogo Claparède imaginou um
método que chamou de reflexão falada:
deu um problema a um jovem e pediu a
este que o resolvesse e fosse, ao mesmo
tempo, descrevendo em voz alta o seu
pensamento.
2.1 Método - Ciência e Atitude Científica em Psicologia
2NÍVEIS DE ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO
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Portanto, a tarefa dos cientistas consiste em
criar teorias que viabilizem níveis comprovadamente válidos, para garantir
rigor aos aspectos e
variáveis analisados, conforme dita o método científico. Assim, podemos
pensar em formas de análise do comportamento humano.
2.2 Os Métodos da Psicologia Científica
Os autores costumam dividir os métodos
usados pelos psicólogos em três grandes grupos:
ƒƒintrospecção ou método de observação
interna;
ƒƒextrospecção ou método de observação
externa;
ƒƒexperimentação.
A introspecção é um método subjetivo de observação interior. A pessoa
observa suas próprias
experiências e as relata (a pessoa relata suas emo-
ções, percepções, interesses, recordações etc.). Um
exemplo: aumentamos nosso conhecimento da
mente humana lendo diários íntimos, autobiografias ou memórias.
Imaginamos que as pessoas foram sinceras ao descrever seus sentimentos,
emo-
ções, recordações etc., mas não o podemos provar.
Para estudar certos traços de personalidade, os psicólogos têm pedido às
pessoas que respondam a
um questionário. Para esse fim, os indivíduos terão
que observar seu íntimo e dar suas respostas – as
quais irão revelar aos psicólogos seus interesses,
emoções, preferências etc.
Para estudar o raciocínio, o psicólogo Claparède imaginou um método que
chamou de reflexão falada: deu um problema a um jovem e pediu
a este que o resolvesse e fosse, ao mesmo tempo,
descrevendo em voz alta o seu pensamento.
Embora seja impossível verificar se as pessoas foram corretas ao relatarem
seus fenômenos
íntimos, a introspecção tem sido usada para colher informações que não
possam ser obtidas de
nenhuma outra maneira. Porém, a introspecção
não pode ser empregada no estudo de animais, de
crianças muito novas, de débeis mentais etc.
Já a extrospecção é um método objetivo de
observação externa. O psicólogo procura conhecer
as reações externas dos organismos. Ao observar,
por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu
modo de agir, seus gestos, suas expressões fisionô-
micas, suas realizações etc.
Sempre que possível, os psicólogos dão preferência à extrospecção e
procuram torná-la mais
exata, usando aparelhos para melhor documentar
suas observações: máquinas fotográficas e de filmar, cronômetros,
gravadores de som etc.
A experimentação consiste em um observador controlando a situação e
verificando os diferentes níveis de reações do sujeito.
Saiba mais
Em processos seletivos, no caso particular das Dinâmicas Grupais, os
psicólogos
utilizam-se, bem mais, da metodologia
da experimentação.
Psicologia Geral
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As técnicas psicológicas mais utilizadas são:
ƒƒanimais em laboratório: a observação
de animais em situações controladas facilita a compreensão do
comportamento
das aprendizagens. Os animais mais utilizados são: cães, ratos, pombos,
gatos e
macacos;
ƒƒtécnica da medida do tempo de rea-
ção: esse tempo é medido em frações de
segundo, por cronômetros. Esse tempo
varia de pessoa para pessoa e é de grande importância para provas de
aptidão
para determinadas profissões como: motoristas, profissionais de mídia,
aviação,
entre outros;
ƒƒtécnica das associações determinadas:
essa técnica foi introduzida pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung.
Consiste em
ler para o paciente, uma a uma, as palavras de uma lista, pedindo-lhe que a
cada
palavra ouvida diga tudo que lhe venha à
mente, mesmo que lhe pareça estranho
e absurdo. Essa técnica possibilita traçar
um tipo psicológico do paciente;
ƒƒtécnica da associação livre: utilizada
por Sigmund Freud, que foi o fundador
da Psicanálise. O psicanalista sugere um
assunto e deixa que o pensamento flua,
na livre associação de ideias que o paciente faz, de acordo com o seu
histórico
pessoal;
ƒƒtécnica de grupos de controle: essa
técnica consiste na comparação de dois
ou mais grupos semelhantes, tratados de
modo igual, em todos os aspectos da atividade, com exceção de um – o
aspecto
que está sendo estudado. Imagine que
todas as crianças de uma creche passaram por uma experiência de ataque
de
cachorros e desenvolveram medo. Essa
técnica poderia ser aplicada de modo a
controlar esse medo, apresentando um
filme no qual aparecessem crianças acariciando cachorros dóceis e, assim,
fazendo paulatinamente diminuir o medo de
cachorros;
ƒƒtécnica de comparação de gêmeos:
consiste em comparar dois gêmeos idênticos ou univitelinos. Essa técnica
tem
sido muito empregada para prever a influência da hereditariedade e do
ambiente no desenvolvimento da inteligência e
da personalidade, de modo geral;
ƒƒtécnicas projetivas: são atividades propostas pelos psicólogos nas quais
as pessoas são convidadas a expressarem seus
íntimos.
a) Hermann Rorschach elaborou um
teste de borrões, com dez cartões,
revelando traços significativos da
personalidade, como nível de inteligência, extroversão ou introversão,
conflitos emocionais etc.;
b) Henry D. Murray criou o TAT, conhecido como teste de apercepção
temática, em que existem 20 quadros
que remontam a contos, nos quais a
criança pode elaborar a sua própria
história, baseada em fatores de sua
psicodinâmica pessoal e familiar;
c) análise do brinquedo: Melanie Klein
encontrou muita dificuldade para
estudar a causa dos problemas emocionais apresentados pelas crianças
e resolveu observar o modo como
as crianças brincavam, por meio de
brinquedos, baseando-se na compreensão de seus vocabulários ao
expressarem o que vinha pelas
mentes e formas de construções de
brincadeiras, assim como no tipo de
brinquedos escolhidos, mais comumente; a ludoterapia passou a ser
2.3 Técnicas Psicológicas
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uma forma terapêutica para auxiliar
a cura da criança pelo brinquedo;
d) análise do desenho: o desenho da
figura humana, da casa e da árvore, são os mais utilizados, revelando
interesses, autoimagem, conflitos
emocionais, nível intelectual, entre
outros fatores, muito utilizados em
empresas;
e) testes psicológicos: de inteligência,
de conhecimentos gerais e/ou específicos, nos quais se observa o tipo de
resposta dada e o desempenho, medindo aptidões dos indivíduos (muito
utilizados em seleção de pessoal).
Em Psicologia Clínica, estuda-se o comportamento de uma única pessoa,
visando ajudá-la
em seu ajustamento. É feito um estudo do caso,
procurando compreender as principais forças e
influências que orientaram o desenvolvimento
dessa pessoa. Esse estudo consiste em várias fases,
entre as quais: investigar o tipo de vida da pessoa;
as condições sociais em que ela vive; aplicar testes
de interesses, de aptidões, de inteligência geral, de
maturidade emocional, de sociabilidade, de traços
de personalidade; e fazer seu levantamento biográfico. Após esse estudo,
surge o diagnóstico do
problema dessa pessoa, é recomendada uma terapêutica e o caso é
“acompanhado” por um supervisor, por algum tempo. A observação de
casos particulares permite descobrir algumas características
comuns a muitas pessoas.
2.4 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as três metodologias aplicadas
em Psicologia Científica;
as técnicas mais utilizadas para o conhecimento do humano, cada uma
delas, focando aspectos peculiares e tornando possível o levantamento de
um vasto número de informações sobre a pessoa, animal ou
grupo analisado.
2.5 Atividades Propostas
1. Trata-se de um método subjetivo de observação interior. A pessoa
observa suas próprias experiências e as relata (a pessoa relata suas
emoções, percepções, interesses, recordações etc.).
De qual método estamos tratando?
2. São atividades propostas pelos psicólogos nas quais as pessoas são
convidadas a expressarem
seus íntimos.
3. Trata-se de uma forma terapêutica, criada por Melanie Klein, para
auxiliar a cura da criança
pelo brinquedo.
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
de compreender o estudo da Fórmula Fundamental do Comportamento.
Vamos iniciar a discussão?
O comportamento tem sido definido como
sendo o conjunto das reações ou respostas que um
organismo apresenta às estimulações do ambiente. Todo o organismo está
continuamente recebendo estimulações do ambiente e reagindo a elas. Por
isso é que os cientistas afirmam que o organismo
vive em um constante processo de interação com
seu ambiente. As relações que mantemos com o
mundo que nos rodeia são de dar e receber. Recebemos inúmeras
estimulações e damos respostas
a elas.
Para simbolizar a dependência entre reação
e estimulação, muitas vezes tem sido empregado
esse pequeno esquema, no qual E significa estímulo ou conjunto de
estímulos (situação) e R significa
reação ou resposta. Os estudiosos do comportamento preferem empregar o
verbo ‘eliciar’ no lugar
de ‘provocar’ ou ‘causar’.
Por exemplo: o sumo da cebola elicia a secre-
ção de lágrimas, pelas glândulas lacrimais.
Estímulo é qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do
organismo. Assim,
a luz é um estímulo aos olhos, o som, aos ouvidos.
Reação ou resposta é qualquer alteração do
organismo (movimentos musculares ou secreções
glandulares), eliciada por um estímulo.
Atenção
Para simbolizar a dependência entre reação
e estimulação, muitas vezes tem sido
empregado esse pequeno esquema, no
qual E significa estímulo ou conjunto de
estímulos (situação) e R significa reação ou
resposta. Os estudiosos do comportamento
preferem empregar o verbo eliciar no lugar
de provocar ou causar.
3.2 Classificação do Comportamento
ƒƒComportamento inato: também conhecido como comportamento
natural.
Há reações que todos os seres da mesma
espécie apresentam todas as vezes que
recebem determinada estimulação, sendo invariáveis. Um exemplo: nossas
pupilas se contraem sempre que aumenta a
intensidade da luz no ambiente em que
estamos e se dilatam quando a luminosidade diminui (reflexo pupilar).
Outro
exemplo: nossas pálpebras se cerram
fortemente sempre que um objeto se
aproxima bruscamente de nossos olhos
e sempre que ouvimos um som muito

FÓRMULA FUNDAMENTAL DO
3 COMPORTAMENTO
3.1 E-R= Fórmula ou Esquema do Comportamento
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alto (reflexo palpebral). Essas reações
não precisam ser aprendidas. Todos os
seres humanos, em estado normal, as
apresentam. São chamadas reações inatas e, também, reações não variáveis;
ƒƒComportamento adquirido ou aprendido: é um comportamento
variável. Há
reações que alguns seres apresentam e
outros, embora da mesma espécie, não
apresentam ao receberem determinada
estimulação. São reações que necessitam de aprendizagem para se
processarem, quando o organismo recebe a estimulação. Um exemplo: o
gato de uma
determinada casa entra na cozinha todas
as manhãs ao ouvir o ruído da porta da
geladeira. Outros gatos, ao ouvirem esse
mesmo som, não reagem desse modo.
Outro exemplo: o cão de uma certa família aproxima-se prontamente, ao
ouvir
alguém dizer “Totó”. Outros cães, ao ouvirem esse mesmo som, não
reagem desse
modo. Essas reações foram aprendidas.
Constituem o comportamento variável
ou adquirido, portanto, aprendido.
O estudo do desenvolvimento do comportamento durante o decorrer de
nossa vida tem sido
realizado pela Psicologia genética ou evolutiva.
Observou-se que, no início de nossa vida, apresentamos aos estímulos
reações que, em sua maioria,
são inatas. À medida que amadurecemos, vai aumentando o número de
nossas reações adquiridas
ou aprendidas.
A Psicologia comparativa realiza o estudo
do comportamento animal, comparando-o com
o comportamento humano. Ela tem demonstrado
que, nos animais inferiores, predominam as rea-
ções inatas, invariáveis, ao passo que, no ser humano, predomina o
comportamento variável ou
aprendido.
3.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Fórmula Fundamental do
Comportamento, no qual
vimos que E = estímulo e R = resposta; sendo que existem os
comportamentos inatos e os comportamentos adquiridos ou aprendidos;
sendo que esses últimos estão estreitamente ligados à quantidade e
qualidade das estimulações do meio ambiente.
3.4 Atividades Propostas
1. Qual é a definição de comportamento?
2. Qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do
organismo é chamada de...
3. Trata-se de um comportamento variável, com reações que necessitam de
aprendizagem para
se processarem, quando o organismo recebe a estimulação. De qual
comportamento estamos
tratando?
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Abordagem do Behaviorismo de Watson e de
Skinner. Vamos iniciar a discussão?
O Behaviorismo nasce com Watson e tem
um desenvolvimento grande nos Estados Unidos,
em função de suas aplicações práticas. Tornou-se
importante por ter definido o fato psicológico, de
modo concreto, a partir da noção do comportamento (behavior, do inglês).
Essa abordagem surge
com John B. Watson, em 1913, e basicamente traz
a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta,
com a fórmula comportamental básica: E – R (sendo que E = estímulo e R
= resposta do indivíduo).
Essa abordagem traz para a Psicologia da época a
serventia da quantificação (mensuração) do comportamento humano, já que
o capitalismo institui
a necessidade de um parâmetro mais prático para
a análise humana e suas relações com o trabalho.
Os primeiros experimentos foram feitos com ratos brancos em laboratórios,
assim como outros
animais, tais como: pombos e sapos, por questões
éticas e determinantes das ciências biológicas e
humanas.
Temos com B. F. Skinner um importante experimento com ratos, o que
possibilitou o avanço
da compreensão dos condicionamentos e aprendizagens humanas. Para os
behavioristas, todos os
comportamentos podem ser controláveis e controlados, uma vez que
reconhecem como sendo passível de observação o que emite uma resposta
concreta, visível e mensurável no meio ambiente onde
está atrelado o indivíduo. O Behaviorismo é muito
utilizado em empresas, escolas, organizações de
diferentes segmentos, por ser eficaz na especifica-
ção das características humanas.
Atenção
Para os behavioristas, todos os
comportamentos podem ser controláveis
e controlados, uma vez que reconhecem
como sendo passível de observação o
que emite uma resposta concreta, visível
e mensurável no meio ambiente onde
está atrelado o indivíduo.
ƒƒComportamento reflexo ou respondente: são todos os
comportamentos/
respostas do organismo vivo/indivíduo
que não dependem diretamente dos
fatores de aprendizagens (piscar o olho
mediante a incidência da luz e afastar a
mão do calor do fogo, por exemplo);
ƒƒComportamento instrumental ou operante: diferentemente dos
comportamentos reflexos/respondentes, estes dependem da habilidade de
aprendizagem
e apenas ocorrem mediante condicionamentos. Esses condicionamentos
podem
ser primários, secundários ou terciários,
sendo os primeiros ligados às necessidades de primeira ordem (básicas) e
os
outros associados a elas. Ou seja, para os
behavioristas, toda a aprendizagem está
4
O BEHAVIORISMO DE WATSON E SKINNER
4.1 Principais Conceitos do Behaviorismo
Márcia Lilla
18 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
diretamente vinculada às habilidades voluntárias de um organismo
responder às
suas urgências, mediante os estímulos
provenientes do meio ambiente, tornando assim o esquema E – R
condicionável,
controlável (exemplo: ao pressionar uma
barra, o rato observa a ocorrência do
surgimento da água, e isso apenas acontece após inúmeras tentativas de
obter
sucesso – recompensa). Assim, para os
comportamentalistas, o comportamento
e a aprendizagem estão diretamente vinculados aos sucessivos erros, até
que se
possa alcançar o acerto;
ƒƒTeoria dos reforçamentos: podem ser
positivos ou negativos, dependendo
dos objetivos do meio ou do indivíduo.
No caso do reforço positivo, o indivíduo
ao ser premiado aprende que para obter
satisfação de sua necessidade ou desejo, terá de repetir o mesmo
mecanismo
da experiência passada, aprendida; já no
reforço negativo é o inverso, ele é desestimulado a repetir o padrão
aprendido,
pois não encontra no meio ambiente o
atributo que atende à sua necessidade/
desejo, sendo esse fator fundamental
para que interrompa o padrão e aprenda a extinguir o comportamento
indesejado (para os behavioristas, o simples
fato de não se reforçar positivamente
um comportamento já é suficiente para
remover uma resposta de um indivíduo/
organismo).
4.2 O Experimento da “Caixa de Skinner”
Vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos em
laboratório. Vale informar
que animais como ratos, pombos e macacos – para
citar alguns – foram utilizados pelos analistas experimentais do
comportamento (inclusive Skinner)
para verificar como as variações no ambiente interferiam nos
comportamentos. Tais experimentos
permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que chamaram de leis
comportamentais.
Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat,
certamente manifesta algum comportamento que lhe permita satisfazer a
sua necessidade orgânica. Esse comportamento
foi aprendido por ele e se mantém pelo
efeito proporcionado: saciar a sede. Assim,
se deixarmos um ratinho privado de água
durante 24 horas, ele certamente apresentará o comportamento de beber
água no
momento em que tiver sede. Sabendo disso, os pesquisadores da época
decidiram
simular esta situação em laboratório sob
condições especiais de controle, o que os
levou à formulação de uma lei comportamental. Um ratinho foi colocado
na ‘caixa
de Skinner’ – um recipiente fechado no
qual encontrava apenas uma barra. Esta
barra, ao ser pressionada por ele, acionava um mecanismo (camuflado) que
lhe
permitia obter uma gotinha de água, que
chegava à caixa por meio de uma pequena
haste. Durante a exploração da caixa, o ratinho pressionou a barra
acidentalmente,
o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma
gotinha de água, que, devido à sede, fora
rapidamente consumida. E, por ter obtido
água ao encostar na barra quando sentia
sede, constatou-se a alta probabilidade de
que, estando em situação semelhante, o
ratinho a pressionasse novamente. (BOCK,
1996, p. 48-49).
Saiba mais
Quando um bebê começa a conseguir
se sustentar por suas próprias perninhas
e a mãe vai, paulatinamente, encorajando-o a dar passinhos para frente, ao
mesmo tempo em que oferece suas
mãos, para suportá-lo, caso ele se desequilibre, é um exemplo de
comportamento instrumental ou operante.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19
Skinner denominou esse comportamento de
operante, em que o que propicia a aprendizagem
dos comportamentos é a ação do organismo sobre
o meio e o efeito dela, seus resultados, ou seja, a
satisfação de uma necessidade, sendo que a aprendizagem fica atrelada
nessa relação entre ação e
efeito.
Em suma, os behavioristas contribuíram
enormemente para a sistematização dos comportamentos aprendidos, desde
esses estudos feitos
em laboratórios, deixando claras as questões dos
condicionamentos para as aprendizagens humanas, em diversas áreas do
conhecimento e aplica-
ções (escolas, indústrias, serviços em gerais, entre
outras tantas atividades ocupacionais do mercado
de trabalho).
4.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno, neste capítulo estudamos a Abordagem ou Escola
Behaviorista de Watson e de Skinner, onde você tomou conhecimento do
importante experimento feito com ratos, de Skinner, o qual
serviu de base para explicar muitas das aprendizagens condicionáveis do
humano. Vimos a diferença do
comportamento reflexo ou respondente para o comportamento instrumental
ou operante; assim como
a importância do reforço positivo, para garantir a manutenção do
comportamento desejável, na aprendizagem.
4.4 Atividades Propostas
1. Qual o nome da abordagem que surgiu com John B. Watson, em 1913, e
basicamente trouxe
a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta, com a fórmula
comportamental básica: E – R
(sendo que E = estímulo e R = resposta do indivíduo)?
2. O que vem a ser o Comportamento reflexo ou respondente?
3. São comportamentos que dependem da habilidade de aprendizagem e
apenas ocorrem mediante condicionamentos. Esses condicionamentos
podem ser primários, secundários ou terciários, sendo os primeiros ligados
às necessidades de primeira ordem (básicas) e os outros
associados a elas. De qual tipo de comportamento estamos tratando?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Psicologia da Aprendizagem e das Inteligências.
Vamos iniciar a discussão?
Atenção
Quando um bebê começa a conseguir se
sustentar por suas próprias perninhas e a
mãe vai, paulatinamente, encorajando-o
a dar passinhos para frente, ao mesmo
tempo em que oferece suas mãos, para
suportá-lo, caso ele se desequilibre,
é um exemplo de comportamento
instrumental ou operante.

O Processo das Aprendizagens

Todas as correntes filosóficas e científicas das


Psicologias, de forma geral, enfocam a questão da
predisposição humana para o crescimento ajustativo para com o seu meio
ambiente. Existe uma forte
tendência a acreditar na força criadora das capacidades neurais para
suplantar as dificuldades mais
variadas, pois a inteligência humana, até hoje, ainda não foi totalmente
disponibilizada, para atingir
todo o seu cume e capacidade total de funcionamento, conforme
comprovam os neurocientistas
mais debruçados em análises humanas/sociais.
Um famoso psicólogo, Jean Piaget (1896-
1980), desenvolveu uma importante teoria para
compreender o desenvolvimento cognitivo, por
meio do trabalho que acompanhava crianças, e
classificou a aprendizagem a partir de estágios, tais
como: a) sensório-motor (ênfase na importância
da estimulação ambiental, até os 18 meses); b) pré-
-operacional (ênfase na intuição, em que o sentido
é o desenvolvimento das capacidades mais simbó-
licas das crianças, dos 18 meses até os seis anos de
idade); c) operações concretas (ênfase nas opera-
ções mentais e no uso do pensamento lógico estruturado com as ações e
situações reais, dos sete
aos 11 anos); d) operações formais (ênfase no pensamento complexo,
articulado e hipotético-dedutivo, envolvendo a imaginação mais rica e
intuição,
após os 12 anos de idade).
Piaget fomentou inúmeras pesquisas, contribuindo vastamente para
posteriores investiga-
ções de seus inúmeros seguidores. Possibilitou a
compreensão dos processos atrelados às aprendizagens no mundo do
trabalho, uma vez que podemos observar que as dificuldades do indivíduo
sempre se reportam às fases anteriores, caso estas
tenham sido vivenciadas com lacunas e falhas, dependendo tanto da
maturação cognitiva quanto
da qualidade e quantidade das estimulações do
meio ambiente.

A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E
5 INTELIGÊNCIA
5.1 A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)
Márcia Lilla
22 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Os Diferentes Enfoques para as Aprendizagens
Os comportamentalistas acreditam na aprendizagem condicionada; os
gestaltistas nas relações
dinâmicas dos contatos humanos internos e externos; já os psicanalistas
acreditam na viabilização de
um maximizado acesso ao inconsciente, sendo que
este armazena o manancial criativo e faz com que a
consciência emancipe o seu dispositivo maior para
aprender o mundo tanto interior quanto exterior.
Com Piaget, assim como com outros importantes
psicoterapeutas, as Psicologias foram angariando
novas vertentes e constatando em testes, pesquisas e experimentos, os
inúmeros atributos das capacidades individuais e grupais para as
aprendizagens, tanto específicas quanto generalizadas, do
potencial humano.
A Inteligência Humana
Fatores hereditários e adquiridos formam e
transformam a inteligência humana sob e sobre
toda a interatividade que já estamos acostumados
a verificar em nossas relações humanas. Para os psicólogos
contemporâneos, fatores racionais e emocionais são determinantes da
evoluída inteligência,
assim como fatores atitudinais e inter-relacionais.
Inteligência Racional (QI)
Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram
o quociente de inteligência mediante uma escala que media a capacidade do
conhecimento de
crianças comparando as idades cronológicas. Assim sendo, catalogaram
diferentes medidas para as
inteligências (até a atualidade são muito utilizadas
essas escalas para medição de QI). Consideram o
QI saudável dentro dos parâmetros 90-120, sendo
que variações para baixo ou para cima estariam relacionadas com
defasagens/incapacidades e, por
outro lado, genialidades/alta capacitação de expansão pessoal.
Pesquisas e testes de QI em muito facilitam
a seleção de pessoal para as organizações, desde a
era industrial até a atualidade, pois vivemos em um
mundo globalizado e de forte tendência competitiva, fazendo-se
necessários os instrumentos práticos de medição de recursos para os
conhecimentos específicos e gerais da inteligência humana.
Inteligência Emocional (QE)
Daniel Goleman (1995) traz o conceito de
sincronia emocional e nos atenta para as questões
das deficiências “das conscientizações dos sentires”,
tão vastamente ignoradas por outras correntes das
Psicologias. Por meio de experimentos ricos e complexos, tal ideia nos
remonta para a integração de
uma inteligência emocional e racional, na qual haja
o contínuo alinhamento da rede neural com todos
os âmbitos emocionais.
Goleman foi o criador do termo ‘QE’ e revolucionou a visão fragmentada
da inteligência, trazendo uma concepção de ampliada e inquietante
constatação de que o controle emocional dependerá sempre de uma
profunda e intensa capacidade de se dar conta do que se sente, sem que isso
implique em atuar o sentimento concomitantemente no meio, na situação
vivida.
Para o autor, o sequestro emocional seria
uma ação inadequada do indivíduo, comprovando
a sua incapacidade de lidar com a emoção percebida, ou seja, a
inconsciência de um sentimento
levando a uma ação inadequada ao contexto. Essa
visão da inteligência explicou o porquê de pessoas
com QI elevados não serem as mais bem-sucedidas
profissionalmente, por possuírem genialidades outras e não emocionais e
relacionais. Suponhamos
que um profissional de criação, em uma reunião
em que esteja apresentando a sua campanha seja
tomado por um forte sentimento de ira e resolva
agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando
a perda da conta de um importante cliente para
a sua agência. Com certeza, esse episódio dramá-
tico seria um típico sequestro emocional, típico
de quem não lida bem com as próprias emoções,
mantendo-as sob controle consciente e ajustativo,
conforme exige cada situação das vivências que se
apresentam no dia a dia.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23
Inteligências Múltiplas e Atitudinais
Howard Gardner, nos anos 60, foi um importante pesquisador e trouxe a
contribuição de uma
teoria que identificou diferentes inteligências: a)
lógico-matemática: símbolos numéricos e lineares;
b) linguística: símbolos ligados às letras, palavras,
assim como expressões da mesma pela palavra e
suas manifestações; c) espacial: ligada aos aspectos
mais físicos de contextualizações; d) musical: ligada aos sons, desde a
emissão até elaborações mais
avançadas; e) intrapessoal: que diz respeito às capacidades de
autoconhecimento e controle emocional; e f) interpessoal: que dita as
habilidades de
relacionamentos com as outras pessoas, de forma
madura, responsável, ética e assertiva.
Para Gardner, quanto mais as pessoas puderem investir não somente em
maximizar suas
potencialidades, como também em potencializar
suas limitações, mais e mais estarão aptas para desenvolverem em
plenitude suas totais e genéricas
aptidões cognitivas/emocionais. Em outras palavras, o ser inteligente atual
e contemporâneo é
aquele que vive a sua inteligência de maneira múltipla, de acordo com os
sistemas em que se insere,
uma vez que o mundo está cada vez mais criativo,
diferenciado e solicitando inúmeras capacidades
de ajustamentos variados e crescentes.
Para os cognitivistas,
[...] o processo de organização das informa-
ções e de integração do material à estrutura do pensar e refletir, armazenar
e processar, integrar aos processos conscientes
é o que melhor conceitua a aprendizagem.
Esta abordagem diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem
significativa: a) aprendizagem mecânica refere-se à
aprendizagem de novas informações com
pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura
cognitiva.
O conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na
estrutura cognitiva, sem se ligar a conceitos específicos (ex:
decorar um texto); b) aprendizagem significativa: processa-se quando um
novo conteúdo (idéias ou informações) relaciona-se
com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo
assim
assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem
para a
aprendizagem. (BOCK, 1996, p. 117-118).
Um exemplo dessa última forma de aprendizagem: você integra e aprende
o conceito que
pode viver na vida real e não se esquece mais do
valor significativo da teoria, graças à experiência
cognitiva aprendida. E isso se aplica em diversas
áreas, com diferentes pessoas, dos pequenos até
grandes grupos.
A inteligência é, sem dúvida, uma das qualidades humanas mais desejáveis.
Cada cientista,
ao longo da história e de suas pesquisas, revelam
a inteligência, sob e entre diferenciados aspectos.
Desde Platão, pensar a inteligência, por si só, já é
uma representação bastante satisfatória dela, pois
o exercício é um indicativo de capacidade reflexiva
e pensante.
O que mais caracteriza o ato inteligente é o
fato de utilizar vários elementos da situação de maneira original ou
criativamente nova. No fundo, em
todo ato inteligente há uma pequena descoberta,
a estrutura da inteligência:
a) cognição: na solução de um problema
ou situação difícil, é preciso, em primeiro
lugar, reconhecer os elementos disponíveis e constitutivos da situação (essa
operação é a cognição = conhecer, do
latim);
b) memória: além de levantar os dados do
problema, é preciso retê-los na memória
ou evocar outros elementos para o proSaiba mais
Goleman desvelou em suas pesquisas
que indivíduos com Inteligência Emocional bem desenvolvida eram mais
aptos para ocuparem cargos de liderança
do que os que tinham o “QI” elevado;
essas pesquisas serviram de “quebra de
paradigmas” e mudaram diametralmente a visão de muitos empresários,
inclusive.
Márcia Lilla
24 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
cessamento da solução (reter e evocar
são funções da memória);
c) produção convergente: é uma forma
de atividade intelectual que processa
os elementos mentais de conformidade
com os padrões convencionais (exemplo:
seguir manuais de orientações nas organizações, criteriosamente);
d) produção divergente: é uma forma de
atividade intelectual que processa os elementos mentais de modo não
convencional; as descobertas e invenções são
produtos divergentes, não convencionais da mente, são originalidades
expressivas do ato singular de se criar, dando
um salto qualitativo nas dimensões que
convergem;
e) avaliação: é uma forma de atividade
mental em que a mente elabora pesos
e valores diferentes, julgando a respeito
da correção, adequação, desejabilidade,
melhor conveniência. Quando um supervisor ou coordenador está
avaliando
mentalmente, está processando elementos mentais que são valores, pesos,
rea-
ções comportamentais adequadas etc.
Em todo processo decisório, cada informação tem uma relevância e um
peso
próprios. Nem todos os elementos se
apresentam com o mesmo valor; é um
ato típico de avaliação.
As atividades da mente só existem sobre determinados conteúdos; ninguém
pensa a respeito
de nada. O pensamento consiste em elaborar, processar mentalmente algum
conteúdo. É claro que
podemos raciocinar sobre inúmeras coisas. Há um
número infinito de assuntos sobre os quais podemos pensar. Contudo,
Guilford, psicólogo americano, reduziu-os a quatro categorias:
a) conteúdos figurativos: elementos concretos num espaço limitado
(inteligência
espacial, concreta e mecânica);
b) conteúdos simbólicos: inteligência numérica, musical ou de qualquer
outro
elemento simbólico;
c) conteúdos semânticos: inteligência
mais verbal (oradores, professores, escritores, filósofos);
d) conteúdos comportamentais: inteligência social baseada em atitudes,
formas de proceder, ação, padrão de ações
das pessoas, formas altamente criativas
para lidar com elementos comportamentais (exemplo: profissionais das
publicidades e marketing necessitam dessas qualificações para melhor
exercerem
suas funções).
Essência da Aprendizagem e da Inteligência
O que está no cerne do comportamento inteligente? Para alguns psicólogos,
a ênfase está no
pensamento abstrato e no raciocínio, e, para outros, o foco está nas
capacidades que possibilitam a
aprendizagem e a acumulação de conhecimentos.
Existem correntes que enfatizam a competência
social: se as pessoas conseguem resolver os problemas apresentados por
sua cultura. E na época
atual, os psicólogos não sabem sequer se há um
único fator geral (normalmente chamado de ‘G’, inicial de ‘geral’) do qual
dependam todas as habilidades cognitivas.
Medindo a Inteligência – os Famosos Testes de
Inteligência
Alfred Binet (1857-1911), destacado psicólogo francês, foi quem criou a
primeira medição prá-
tica da inteligência. De início, juntamente com seus
colaboradores, mediu habilidades sensoriais e motoras, da mesma forma
que o fez Galton. Logo, eles
perceberam que tais avaliações não funcionariam
e começaram a observar as habilidades cognitivas
– duração da atenção, memória, julgamentos esté-
ticos e morais, pensamento lógico e compreensão
de sentenças – bem como medidas de inteligência.
O projeto de Binet teve significativa arrancada em 1904, ano em que foi
nomeado para integrar
uma comissão do governo para estudar os problemas do ensino de crianças
retardadas. O grupo
concluiu que se deveria identificar as crianças men-
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25
talmente incapazes e dirigi-las a escolas especiais.
Esse evento possibilitou estudos avançados de distinção de níveis
intelectuais para a diferenciação
de aprendizagens, para crianças com dificuldades
cognitivas. O teste de Binet foi importado pelos Estados Unidos e por
outros países.
Lewis Terman, um psicólogo que trabalhava
na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,
fez uma revisão amplamente aceita do teste de
Binet, em 1916. Esse teste ficou conhecido como
Stanford-Binet e trouxe o padrão mundialmente
conhecido para os testes de inteligências QI (quociente de inteligência,
termo criado por psicólogos alemães). Esse teste compara os resultados
obtidos por um indivíduo com aqueles de outros
indivíduos da mesma idade, dentro de uma escala de probabilidades e
expectativas para cada fase
do desenvolvimento (conforme vimos com Piaget,
para as cognições), o que também foi um forte critério para que tal escala
pudesse ser configurada.
Os testes de inteligência atuais ainda seguem
as tendências citadas anteriormente, e somam-
-se a estas as da Escala de Inteligência Adulta de
Wechsler, revisada em 1981, em que a preocupa-
ção é medir diferentes recursos individuais para
lidar com os correspondentes desafios (subtestes
verbais e de desempenho avaliam capacidades
que exigem a manipulação de objetos ou outros
tipos de resposta com as mãos, baseando-se no
pensamento sem palavras e nas habilidades de resolução de problemas
práticos, também).
5.2 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos o processo das aprendizagens e
você conheceu a teoria
do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget em seus diferentes estágios
de desenvolvimento. Vimos
que os diferentes enfoques de aprendizagens estão diretamente ligados ao
aprimoramento da inteligência humana. Estudamos os diferentes
posicionamentos sobre a Inteligência: a racional, de Binet, Simon e
Stern; a emocional, de Daniel Goleman; e a Múltipla e Atitudinal, de
Howard Gardner. Discorremos sobre
as diferenças entre a produção convergente e a divergente; aprendemos
diversificadas visões sobre o
pensamento inteligente e práticas usuais avaliativas de Aprendizagens e
Inteligências, conforme Alfred
Binet e seus colaboradores.
5.3 Atividades Propostas
1. Qual o nome do famoso psicólogo que desenvolveu uma importante
teoria para compreender o desenvolvimento cognitivo, por meio do
trabalho que acompanhava crianças, classificando a aprendizagem a partir
de estágios?
2. Conceito de Inteligência que trata da sincronia emocional e nos atenta
para as questões das
deficiências “das conscientizações dos sentires”, tão vastamente ignoradas
por outras correntes das Psicologias. De qual conceito estamos tratando?
3. Trata-se de um tipo específico de aprendizagem que se processa quando
um novo conteúdo
(ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e
disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Esses
conceitos disponíveis são os pontos de
ancoragem para a aprendizagem. De qual tipo de aprendizagem estamos
nos referindo?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Abordagem da Gestalt e seus principais conceitos. Vamos iniciar a
discussão?
Atenção
Um bom exemplo da visão de Lewin descarta completamente a visão
fragmentada do humano nas relações sociais, ou
seja, não devemos “julgar” com a nossa
visão de mundo a forma de vida de um
indivíduo e/ou um grupo, pois cada um
se relaciona com coerência dentro de
seu campo interno e externo (objetiva e
subjetivamente), como em se tratando
da compreensão dos modos de vida de
uma tribo específica.
6.1 Gestalt
Tendo seu berço na Europa, surge como uma
negação da fragmentação das ações e processos
humanos, realizada pelas tendências da Psicologia
Científica do século XIX, postulando a necessidade
de se compreender o homem como uma totalidade
dinâmica e processual, sendo, assim, uma abordagem de cunho existencial,
humanística e sistêmica
de fundamental importância para a compreensão
da complexidade humana.
A palavra ‘Gestalt’ não possui tradução exata, mas representa
configuração, forma e em um
primeiro momento, na Alemanha, mais especificamente com os psicólogos
Max Wertheimer, Christian von Ehrenfels, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka
adquire importância em uma sociedade pautada,
naquela época, por concepções puramente racionais, cognitivas ou com
ênfase em aspectos puramente inconscientes. Com esses pesquisadores,
volta a promover a importância de uma visão de
homem e de mundo mais fenomênica, integrada
e contextualizada, tal como as exigências mais correntes demandavam.
Basicamente, a Psicologia da Gestalt tratou a
princípio dos fatores atrelados às percepções humanas e suas manifestações
tanto internas quanto externas, trazendo a contribuição de enfatizar
que a relação do indivíduo com o meio era o fator
de maior impacto, o que mereceria análise e compreensão e que também
traria a constatação da
unicidade e da universalidade, fatores fundamentais dessa abordagem.
Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou 10 anos
com os gestaltistas e elaborou a sua famosa teoria
de campo, sendo que esta se reporta às crenças de
que todo indivíduo somente pode ser compreendido se estivermos focando
todo o ambiente onde
ele está envolvido e, principalmente, como ele está
se relacionando em seu campo (as suas crenças,
valores, necessidades e limitações). Para Lewin, o
indivíduo não pode ser compreendido de forma

6 A PSICOLOGIA DA GESTALT
Márcia Lilla
28 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
linear, rígida, fixa, mas, sim, dinâmica, processual e
contextual.
Os gestaltistas foram ampliando as pesquisas
relacionadas às percepções e organizações humanas, percebendo que os
elementos biopsicossociais estavam sempre atuando de forma sistêmica
e variando de acordo com a singularidade de cada
pessoa e ambiência envolvida.
Outro psicólogo surgiu desse movimento,
Fritz Perls, tendo sido um marco para o que viria
a ser a Gestalt-terapia que conhecemos na atualidade. Para Perls, todo
comportamento é a melhor
resposta que um indivíduo pode dar num determinado momento e apenas o
presente é capaz
de fazê-lo atualizar-se e promover o ajustamento
criativo que lhe dará a satisfação imediata, para
que uma nova necessidade ressurja no campo
interno e externo, sucessivamente. Para Perls, somente existia o presente e
como o indivíduo agia
era o fator mais fundamental para a compreensão
de seu modo de estar sendo transformado, processualmente. Essa visão traz
uma maior positividade
e liberdade na perspectiva que o mundo da época
tinha do caráter humano e social, o que sem dúvida agregou inúmeros
desenvolvimentos e pesquisas para as Ciências Humanas e Sociais da
época.
6.2 Principais Conceitos da Gestalt
Os principais conceitos da Gestalt são:
a) figura-fundo: sendo que a figura é a parte central e mais importante da
percep-
ção, e o fundo, todo o contexto que lhe
dá destaque;
b) a busca pela boa forma: a percepção se
organiza por meio da intencionalidade
de buscar a harmonia e a integração, assim como um sentido satisfatório
para a
compreensão do que o indivíduo percebe;
c) insight: existe a habilidade natural do
indivíduo para a busca do fechamento
do que compreende, buscando em seu
repertório individual parâmetros para
as soluções criativas dos problemas/percepções;
d) espaço vital: o indivíduo se atualiza no
campo situacional onde vive, de acordo
com solicitações externas e recursos internos;
e) leis da percepção para a Gestalt (simetria,
regularidade, proximidade, semelhança
e fechamento): condições fundamentais
para o processo autorregulativo da boa
forma, para a percepção;
f) o todo é maior do que a soma das partes: cada elemento possui uma
função
e contribui de formas correlacionais ao
todo em que está inserido, sendo que o
significado das partes apenas reflete exatamente a função do contexto
presente.
Porém, a dinâmica processual é sempre
reajustativa, circular e processual, levando à totalidade e, ao mesmo tempo,
alcançando novos rumos e sentidos;
g) o como é mais importante do que os porquês;
h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal para a compreensão da
percepção e
atualização do indivíduo no seu meio (o
passado e o futuro se condensam quando existe centragem de percepção e
tomada de decisão, propriamente ditas).
Saiba mais
Para os gestaltistas, toda vez que um indivíduo expande suas fronteiras de
contato e corre o risco
de viver algo novo/inusitado, ocorre um ajustamento criativo; em outras
palavras, a coragem de se
recriar continuamente está diretamente vinculada às nossas relações de
contato com o outro. Na
linha divisória de encontrar o outro é que eu descubro quem é o outro e
quem sou eu; cada vez
mais e melhor, num crescente contínuo, se o ajustamento criativo for
funcional.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29
Os pesquisadores da Psicologia da Gestalt,
escola que antecipou a corrente da Gestalt-terapia,
trouxeram inúmeras contribuições para que pudéssemos entender como se
estrutura todo o campo
fenomênico interior que forma o que chamamos
de ‘percepção’ – e seu processo ocorre entre aspectações de ordens
variadas e dentro do que Kurt
Lewin denominou como Campo Psicológico. Este é
entendido como um campo de força que nos leva
a procurar a boa forma; funciona figurativamente
como um campo eletromagnético criado por um
ímã (a força de atração e repulsão). Esse campo de
força psicológico tem uma tendência que garante
a busca da melhor forma possível em situações que
não estão muito estruturadas. Esse processo ocorre de acordo com os
princípios de proximidade, semelhança e fechamento.
A proximidade garantiria a melhor percep-
ção para os elementos dispostos, de acordo com a
distância mais curta, sendo notados devidamente
agrupados. Já na semelhança, os elementos seriam
percebidos como sendo similares/ parecidos ou de
um mesmo grupo de referência (exemplo: perceber formas circulares
agrupadas mais nitidamente do que outras, após o sujeito ter ficado horas e
horas analisando pneus, uma vez que trabalha na
indústria de fabricação dos mesmos). E, finalmente,
fechamento, quando o sujeito é capaz de completar a figura que falta,
mediante caracteres armazenados na sua consciência, a fim de garantir a
boa
forma perceptiva e fechar o seu ciclo de contato de
maneira satisfatória.
6.3 A Abordagem da Boa Forma da Gestalt
6.4 A Teoria de Campo de Kurt Lewin
O psicólogo Lewin (1890-1947) trabalhou durante 10 anos com
Wertheimer, Koffka e Kohler na
Universidade de Berlin, e dessa colaboração com os
pioneiros da Gestalt foi que germinou o que viria a
se tornar essa importante teoria da percepção, vista
de uma maneira mais holística e sistêmica. Entretanto, sendo ele um
pesquisador, mais do que um
gestaltista, parte da teoria da Gestalt é para construir um conhecimento
novo e genuíno. Ele abandona a preocupação psicofisiológica (limiares de
percepção) da Gestalt, para buscar na Física as bases metodológicas de sua
psicologia.
O principal conceito de Lewin é o do espaço
vital, que ele define como “a totalidade dos fatos
coexistentes e mutuamente interdependentes que
determinam o comportamento do indivíduo num
certo momento.” (LEWIN, 2005, p. 45). O que Lewin
concebeu como campo psicológico foi o espaço de
vida considerado dinamicamente, em que se levam
em conta não somente o indivíduo e o meio, mas
o todo circunstancial vivido dentro de um espaço
e um tempo. Um bom exemplo da visão de Lewin
descarta completamente a visão fragmentada do
humano nas relações sociais, ou seja, não devemos “julgar” com a nossa
visão de mundo a forma
de vida de um indivíduo e/ou um grupo, pois cada
um se relaciona com coerência dentro de seu campo interno e externo
(objetiva e subjetivamente),
como em se tratando da compreensão dos modos
de vida de uma tribo específica.
Segundo Garcia-Roza (2005, p. 45), o
[...] campo não deve, porém, ser compreendido como uma realidade física,
mas sim fenomênica. Não são os fatos físicos que produzem efeitos sobre o
comportamento. O
campo deve ser representado tal como ele
existe para o indivíduo em questão, num
determinado momento, e não como ele
é em si. Para a constituição desse campo,
as amizades, os objetivos conscientes e inconscientes, os sonhos e os
medos são tão
essenciais como qualquer ambiente físico.
Márcia Lilla
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Em outras palavras, todo o contexto segue
uma coerência, uma rede de intersecções condizentes com a pessoa e com o
todo, concomitantemente, sendo necessário se colocar no lugar e
tempo do ser/objeto de observação para melhorar
a interpretação e compreensão.
Os conceitos e ferramentas da Gestalt são
fundamentais para viabilizar a compreensão do
funcionamento das percepções e relações do humano em diversos contextos
sociais, garantindo
a boa forma e a satisfação de necessidades pertinentes e possíveis, com a
devida contextualização,
tornando-nos mais próximos da realidade e das
múltiplas verdades coexistentes do mundo em que
vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, dinamicamente,
processualmente.
6.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicologia da Gestalt e vimos
que se trata de uma
abordagem de cunho existencial, humanística e sistêmica. Estudamos os
principais conceitos da Gestalt:
a) figura-fundo; b) a busca pela boa forma; c) insight; d) espaço vital; e)
leis da percepção para a Gestalt
(simetria/regularidade/proximidade/semelhança/fechamento); f) o todo é
maior do que a soma das partes; g) o como é mais importante do que os
porquês; h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal.
Aprendemos, também, a importância da Teoria de Campo de Kurt Lewin,
que enfatiza a necessidade de
se compreender o ser humano, dentro dos referenciais de seu meio
psicológico e existencial.
6.6 Atividades Propostas
1. Qual o significado da palavra ‘Gestalt’?
2. A percepção se organiza por meio da intencionalidade de buscar a
harmonia e a integração,
assim como um sentido satisfatório para a compreensão do que o indivíduo
percebe. De qual
importante conceito gestáltico estamos nos referindo?
3. Lewin concebeu uma teoria onde o campo psicológico é o espaço de
vida, considerado dinamicamente, em que se levam em conta não somente
o indivíduo e o meio, mas o todo circunstancial vivido dentro de um espaço
e um tempo. Estamos nos referindo a qual teoria?
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de compreender a Percepção e
a Motivação, apresentando as principais teorias motivacionais. Vamos
iniciar a discussão?
7.1 Definições de Percepção
É a organização dos elementos captados pelos sentidos que faz algum
fechamento (efeito da
Lei de Totalidade da Gestalt). Nunca percebemos
estímulos isolados, a tendência natural é a de organizar, dar um
fechamento. A Figura é a parte predominante e central, que emerge de um
Fundo.
Vivemos mais em função do mundo interior
(sentidos, sensações, pensamentos) do que em
função da realidade objetiva. “Cada cabeça uma
sentença”. Por isso, é muito importante sempre
checarmos bem o que o outro está querendo expressar, para não
colocarmos as “nossas coisas” na
boca desse outro (projeção).
Os sentidos funcionam como receptores
(antenas) que levam os estímulos para o cérebro,
e este se organiza e nos dá a percepção. Os cinco
sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são
fundamentais para esse processo e devem estar
bem desenvolvidos, no indivíduo. A intuição é um
sentido mais sutil e refinado e ocorre principalmente quando temos os
cinco sentidos básicos bem
evoluídos em nós mesmos. É por isso que dizemos
que as pessoas criativas, inteligentes e intuitivas
têm uma excelente percepção.
7.2 Funções da Percepção
São as seguintes: a) função informativa: manter-se em contato constante
com o meio, atualização para sobreviver e se desenvolver; b) função
defensiva: captamos o perigo, ameaça, antes que
aconteça algo de pior. De acordo com os estados
internos e a situação, somos capazes de dar um
sentido para isso: esquiva ou ataque – agimos de
acordo com a melhor possibilidade encontrada naquele momento.
As percepções, assim como as motivações,
são determinadas também pelas necessidades,
pois o organismo age de forma intencional voluntária ou
involuntariamente, para buscar o “optimum de equilíbrio fisiológico, social
e humano” =
homoestasia (do grego) – Conceito de Walter Cannon (1929), psicólogo, e
de Claude Bernard (1895),
fisiologista francês.

PERCEPÇÃO & MOTIVAÇÃO (PRINCIPAIS


7 TEORIAS MOTIVACIONAIS)
Márcia Lilla
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Motivação (conceito): refere-se a um motivo, um estado interno que pode
resultar de uma
necessidade; ele é descrito como ativador, ou despertador, de
comportamento geralmente dirigido
para a satisfação da necessidade instigadora. Motivos estabelecidos
principalmente pela experiência são conhecidos simplesmente como
motivos;
aqueles que surgem para satisfazer necessidades
básicas relacionadas com a sobrevivência e derivadas da fisiologia são
geralmente chamados de impulsos (drives – motivos, do inglês).
A motivação é um tema complexo para a Psicologia, uma vez que
considera três tipos de variá-
veis (o ambiente, as forças internas no indivíduo e
o objeto, propriamente dito). A motivação está presente como processo em
todas as esferas de nossa
vida, tanto na área do trabalho quanto na do lazer
e mesmo na de aprendizagens (escola, faculdade,
por exemplo).
Atenção
A motivação é um tema complexo para
a Psicologia, uma vez que considera
três tipos de variáveis (o ambiente, as
forças internas no indivíduo e o objeto,
propriamente dito). A motivação está
presente como processo em todas as
esferas de nossa vida, tanto na área do
trabalho quanto na do lazer e mesmo na
de aprendizagens (escola, faculdade, por
exemplo).
7.4 Principais Teorias Motivacionais
ƒƒTeoria de Abraham Maslow: segundo
esse importante psicólogo, as motiva-
ções humanas obedecem a uma hierarquia de necessidades e desejos, sendo
que cada um de nós estaria sempre buscando atingir no meio ambiente os
alvos
que melhor configurariam essas mesmas
necessidades internas, quando estamos
mais autoconscientes dos processos interiores que nos movem. Essas
necessidades vão desde fatores que garantem
a sobrevivência até as que nos levam às
melhores transformações e evoluções,
dentro dos campos situacionais, profissionais e existenciais. Os tipos de
necessidades então seriam: a) necessidades
fisiológicas (fome, sede, ar, sexo e sono),
b) necessidades de segurança (abrigo,
proteção e ausência de perigo), c) necessidade de amor (filiação, aceitação
e sentimento de pertencer), d) necessidades
de estima (realização, aprovação, competência e reconhecimento), e)
necessidades de autorrealização (possibilidades
de uso das potencialidades individuais,
com contínuo aprimoramento). Para
Maslow (1970), quando uma dessas necessidades permanece insatisfeita,
pode
dominar todas as outras; o que importa
é o grau das satisfações, bem mais que
sua quantidade, pois ao mesmo tempo
temos diferentes grupos de necessidades em nossas vidas e o organismo
terá
de eleger a mais urgente para si, sempre,
mesmo que o faça de forma impensada.
Essa visão explica os interesses e as formas de funcionamento das pessoas
em
geral e faz com que identifiquemos os
motivos que levam as pessoas a estarem
em diferentes níveis de possibilidades e
aspirações, no campo do trabalho, principalmente. Maslow e sua teoria
motivacional vêm sendo muito utilizados, em
diferentes universos do mundo intelec-
7.3 Compreendendo os Processos Motivacionais
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33
tual, assim como do profissional, pois
oferece um valiosíssimo instrumental
para que o profissional possa identificar
os diferentes níveis de necessidades e
desejos de seus clientes, em potencial, já
que vivemos em uma sociedade de consumo, dentro de um regime
competitivo
e capitalista;
ƒƒTeoria de Henry Murray: na década de
1930, esse autor se ocupou com o motivo das realizações sociais e
observou que
as pessoas projetavam suas necessidades, medos, esperanças e conflitos nos
personagens de suas figuras histórias
(conforme resultados obtidos em testes
de apercepções temáticas). Com essa
teoria e metodologia, fica claro que o
importante é observar os caminhos dos
motivos sociais, medindo, assim, a disponibilidade para a realização de
cada indivíduo no trabalho;
ƒƒTeoria de David McClelland: esse autor deu prosseguimento às
pesquisas de
Murray, focando o grau de realização a
partir das motivações individuais, e confirmou, juntamente com outros
pesquisadores, que, quanto maior fosse o grau
de satisfação e realização, maior também
seria a motivação humana para o crescimento e desenvolvimento
social/individual (desenvolveu métodos e técnicas
importantes para os cientistas sociais,
utilizadas em larga escala no âmbito
de preparação, colocação e desenvolvimento profissionais). Essa teoria
trouxe a
questão da relação motivacional – indiví-
duo X meio ambiente.
Saiba mais
Maslow é muito utilizado em diferentes
áreas e principalmente pelos profissionais
de marketing, uma vez que sua teoria dá
subsídios para que se possa identificar adequadamente os níveis de
necessidades das
pessoas e, ao mesmo tempo, discriminar os
tipos de produtos que estas estariam mais
dispostas e motivadas a consumirem.
7.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Percepção, sua definição e
funções (informativa e defensiva) e tivemos a possibilidade de
compreender os processos motivacionais, através de três visões diferentes:
a) Teoria Motivacional de Abraham Maslow, que enfoca a hierarquia de
necessidades e desejos;
b) Teoria de Henry Murray, que enfoca as realizações sociais; e c) Teoria
de David McClelland, que enfoca
o grau de realização a partir das motivações individuais.
7.6 Atividades Propostas
1. Qual é a função perceptiva que é responsável pela atualização constante
do indivíduo com o
meio ambiente?
2. Importante psicólogo que enfatizou o fato das motivações humanas
obedecerem a uma hierarquia de necessidades e desejos. De qual psicólogo
estamos nos referindo?
3. Henry Murray, na década de 1930, se ocupou com o motivo das
realizações humanas e observou que as pessoas projetavam suas
necessidades, medos, esperanças e conflitos nos personagens de suas
figuras histórias. Ele comprovou que havia um tipo de realização básica, na
busca das pessoas; como a denominou?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de abordar uma
importantíssima Abordagem da Psicologia, que é a Psicanálise: o
inconsciente de Sigmund Freud e seus seguidores. Vamos iniciar a
discussão?
8.1 O Surgimento da Psicanálise
A Psicanálise nasce com Sigmund Freud
(1856-1939), na Áustria, a partir da prática médica, recuperando para a
Psicologia a importância
da afetividade e do inconsciente como objetos de
estudo, quebrando a tradição da Psicologia como
foco de uma ciência com ênfase na consciência e
razão. A contribuição dessa abordagem é comparada a de Karl Marx, na
importância da compreensão dos processos humanos, sociais e históricos,
com investigação aprofundada e sistematizada,
conforme tendências crescentes daquela época.
Para compreender a Psicanálise, é necessá-
rio entender o homem por detrás da vasta teoria
do inconsciente, o próprio Freud, o qual teve sua
formação inicial, em 1881, em Medicina na Universidade de Viena, onde a
posteriori especializou-se
em Psiquiatria. Trabalhou em fisiologia e em neuropatologia no Instituto
onde desenvolveu pesquisas
acadêmicas e clínicas, juntamente com outro mé-
dico, Breuer. Em seguida, já em Paris, com uma bolsa de estudos, trabalhou
com outro psiquiatra renomado, o francês Jean Charcot, e, conjuntamente,
desenvolveram um importante método de análise:
a hipnose para tratamento de histerias.
A sociedade da época era extremamente rí-
gida e preconceituosa; fazia com que as pessoas
reprimissem seus problemas e os somatizassem
em grande escala, com profunda dor. Freud percebeu que seus
conhecimentos de Medicina não estavam mais dando conta de analisar
devidamente
o paciente humano e resolveu observar mais atentamente as reações dos
sintomas, catalogando-os
e classificando-os, de acordo com o que acompanhava. Tanto a hipnose
quanto o método de associação livre, assim como a análise de sonhos, fazia
parte de sua metodologia de interpretação. Clinicou durante um vasto
período e seus principais
clientes traziam queixas que não eram possíveis de
curar apenas com a medicina usual ou mesmo pela
compreensão do discurso prévio, o que fez com
que Freud tomasse novos rumos como médico.
Utilizou o método catártico desenvolvido por Josef
Breuer, isto é, um “tratamento que possibilita a liberação de afetos e
emoções ligadas a acontecimentos traumáticos que não puderam ser
expressos na
ocasião da vivência desagradável ou dolorosa, levando à eliminação dos
sintomas.” (BOCK, 1996, p.
72). Ao descobrir o inconsciente, instância psíquica
que abarca conteúdos reprimidos, uma vez dolorosos e responsáveis pela
origem de um sintoma,
Freud, substituindo o método catártico, denomina
de Psicanálise o método de investigação e de cura.
Isso porque considerava que o sintoma de um paciente era uma reação de
defesa ao conteúdo de
dor reprimido, e se o indivíduo se apercebesse desse mecanismo, poderia
ser curado, conforme pesquisas e acompanhamento de casos clínicos com
inúmeros pacientes. Assim, a interpretação é o mé-
todo psicanalítico utilizado para elucidar e buscar
compreender os sintomas manifestados pelos indivíduos e, numa esfera
mais ampla, pela sociedade.

A PSICANÁLISE: O INCONSCIENTE, FREUD


8 E SEGUIDORES
Márcia Lilla
36 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
São os seguintes:
a) primeira Teoria do Aparelho Psíquico:
consciente – pré/consciente e inconsciente. Freud descobre pelo método de
investigação de seus pacientes que o
inconsciente era o depositário de componentes emocionais reprimidos, o
que
causava sofrimento e que fazia acontecer
o surgimento de sintomas indesejáveis;
b) segunda e mais importante Teoria do
Aparelho Psíquico: id (inconsciente), ego
(mediador) e superego (sensor do aparelho psíquico). O equilíbrio e a cura
do indivíduo dependeriam da capacidade do
indivíduo de tomar consciência de seu
inconsciente e a Psicanálise seria uma
forma de devolver a saúde psicológica e
emocional para o sujeito;
c) métodos de associações livres: análise
dos conteúdos trazidos para as sessões
de análises (semelhantes aos utilizados
em entrevistas a jornalistas; por exemplo,
o sujeito tem que associar palavras de
seu repertório às ditas pelo analista);
d) método catártico: o analista interpreta os
dados do paciente e explora conteúdos
trazidos de forma involuntária por meio
da hipnose e análise de sonhos;
e) descoberta da sexualidade infantil;
f) as pulsões de vida (Eros) e de morte (Tanatos) como manifestações dos
processos inconscientes;
g) mecanismos de defesa do ego: introje-
ção (o indivíduo assimila conteúdos do
meio), projeção (o indivíduo coloca no
meio o seu repertório ou material reprimido/dolorido), recalque (supressão
da realidade, formação reativa: o desejo
tomando nova direção como forma de
evitação), regressão (o indivíduo retorna a etapas anteriores de seu
desenvolvimento como tentativa de evitação ao
obstáculo pressentido), racionalização
(intelectualizar ao invés de se dar conta
da(o) emoção/desejo reprimida(o), dificuldade), atos falhos (enganos
comportamentais e discurso involuntário como
escape do inconsciente, para trazer à
tona a realidade intrapsíquica);
h) a teoria da libido e a sua manifestação:
a energia vital/sexual surge de formas
diferenciadas, de acordo com as fases
evolutivas do indivíduo/desenvolvimento psicossexual – fase oral (a zona
de
erotização é a boca), fase anal (a zona de
erotização é o ânus), fase fálica (a zona
de erotização é o órgão sexual), fase de
latência (período de reflexões e de transformações orgânicas e psíquicas) e
fase
genital (a zona de erotização se dá nas
relações com o outro, a partir da adolescência propriamente dita).
Freud ocupou-se em analisar exaustivamente
o indivíduo, com uma profundidade e intensidade,
o que deu origem a toda a sua vasta teoria, tida até
hoje como uma das mais completas e complexas
nas Psicologias adotadas até a atualidade. Vemos
que todos os psicólogos se preocupam em citá-lo.
Fundam suas novas teorias apropriando-se de vá-
rios conceitos desse importante mestre de referência, considerado o “pai”
da Psicanálise.
Entre os conceitos desenvolvidos pela Psicanálise, embora alguns já
tenham sido discutidos,
ressaltamos os seguintes mecanismos de defesa:
8.2 Principais Conceitos da Psicanálise
Atenção
A questão da normalidade sempre será
relativa, pois dependerá do grau das patologias, em outras palavras, do
como e
do quanto os mecanismos de defesas utilizados por uma pessoa contribuem
para
ou a afastam do desenvolvimento salutar,
adequado ao seu ciclo de vida e às suas
potencialidades. Claro que quanto mais a
pessoa puder ter consciência de suas defesas, seus receios, mais saudável
será a
sua vida e convivência.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37
ƒƒA projeção: mecanismo de defesa mais
comum e utilizado em inúmeras situa-
ções. É o ato de atribuir à outra pessoa
sentimentos ou intenções que se originam em si próprio, a fim de evitar a
amea-
ça de algo interno que não se pode ver e
dar conta. Normalmente é uma falha na
autocrítica e está a serviço de proteger a
autoestima da pessoa. Como exemplo:
uma fofoqueira habitual, sempre se mostra como alguém vulnerável, vítima
de
situações, de perseguições e falatórios,
assim como de observações maldosas
advindas de outrem. O projetor é alguém
incapaz de assumir responsabilidades e
normalmente o faz por insegurança ou
mesmo infantilidade. A projeção é um
mecanismo muito utilizado quando se
sente medo e não se pode encarar a verdade, sendo mais fácil culpar
outrem, a
fim de ocultar-se, evitando maior conflito
emocional e dor;
ƒƒA introjeção: o introjetor é incapaz de
separar o que é de si mesmo e o que é
do outro; na verdade, toma como seu o
que vem de fora, “engolindo” sem refletir
e sem relutância. Como exemplo, suponhamos que uma pessoa cresceu
sendo
maltratada e sempre humilhada. Mesmo
em fase adulta, tendo até uma posição
de prestígio, pode sempre experimentar
a sensação de humilhação iminente, sem
motivos reais. No fundo, tomou como
propriedade sua a questão da desvalorização, vivida lá na primeira infância;
ƒƒA negação: como mecanismo de defesa,
a negação é a tentativa de não aceitar na
realidade um fato que perturba o ego.
Os adultos têm a tendência de “fantasiar”
que certos acontecimentos não são da
maneira que ocorrem, que na verdade
não aconteceram. Esse “voo” de fantasia
pode tomar várias formas, algumas das
quais parecem absurdas ao observador
objetivo. Imagine uma pessoa sendo
contratada para trabalhar com alguém
que lhe lembra um ex-chefe autoritário.
Essa pessoa sempre se mostrará insegura, dependente nas relações. Porém,
não
terá capacidade de enxergar a confusão
que está fazendo, para não admitir publicamente que teve problemas
anteriores
com chefias, a fim de não colocar seu emprego em risco.
Por vezes, todo o indivíduo, quando se encontra diante de um momento de
extremo desafio
de suas potencialidades e se sente inseguro de dar
uma boa solução, pode vir a adotar atitudes regressivas, apresentando um
comportamento de esquiva e dando respostas menos apropriadas às
exigências do meio, até reencontrar encorajamento
para enfrentar a nova situação. Isso acontece, por
exemplo, quando se é recém-promovido e ainda
se adota um comportamento anterior, das antigas
funções, até se sentir mais seguro para as novas solicitações exigidas pelo
trabalho.
A Psicanálise de Freud retratou exaustivamente a questão da necessidade
que o ego humano tem de sempre encontrar formas de lidar com a
realidade, desenvolvendo máscaras, subterfúgios,
para, de certa forma, evitar o impacto às suas formas mais espontâneas de
ser. Pois, certo é, e de
ordem geral, que o ambiente externo, as relações
humanas são sempre revestidas de elementos
ameaçadores, o que pode pôr em risco as funções
do psiquismo humano. Se não houvesse os mecanismos de defesa, todos
estariam muito expostos
aos inúmeros perigos advindos do meio ambiente,
o que supostamente geraria um grau insuportável
de frustrações e danos, dentro da perspectiva de
“saúde mental”.
Saiba mais
Pessoas que são muito suscetíveis às
introjeções são muito mais propensas
a adotar atitudes que veem em personagens de filmes e sair por aí fazendo
o
mesmo; e é exatamente por isso que os
pais precisam ficar atentos e não deixarem seus filhos excessivamente
expostos aos gêneros mais agressivos e negativos, pois estes poderão
servir-lhes de
modelo de conduta.
Márcia Lilla
38 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Podemos dizer que a questão da normalidade sempre será relativa, pois
dependerá do grau
das patologias; em outras palavras, do como e do
quanto os mecanismos de defesas utilizados por
uma pessoa contribuem para ou a afastam do desenvolvimento salutar,
adequado ao seu ciclo de
vida e às suas potencialidades. Claro que quanto
mais a pessoa puder ter consciência de suas defesas, seus receios, mais
saudável será a sua vida e
convivência.
Todas as correntes psicológicas são unânimes
em afirmar e observar que a angústia e o sofrimento humanos são
condições presentes na realidade
e atuam no psiquismo para encontrarem resistências e, ao mesmo tempo,
contribuírem na geração
de recursos que capacitem o ser a evoluir na busca
de renovadas soluções de impasses e problemas.
Sem tais desafios, a vida seria algo sem sentido e
invariável.
8.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicanálise e vimos que se
trata de uma rica abordagem psicológica, onde Freud recuperou a
importância da afetividade, do inconsciente como objeto de
estudo. Pudemos conhecer os principais procedimentos utilizados por
Freud para abordar seus pacientes (a hipnose e o método de associação
livre; assim como a análise de sonhos). Estudamos os principais
conceitos da Psicanálise, tais como: consciente, pré/consciente e
inconsciente, que posteriormente fundamentaram a segunda e mais
importante teoria freudiana (id/ego/superego). Tratamos de compreender as
pulsões de vida (Eros) e as de morte (Tanatos) no funcionamento do
psiquismo humano. Estudamos as fases evolutivas do desenvolvimento
psicossexual e compreendemos que a libido(energia sexual)
tem diferentes manifestações, em cada período do crescimento humano
(fase oral, fase anal, fase fálica,
fase de latência e fase genital). Vimos, também, os principais mecanismos
de defesa (projeção, introjeção,
negação, recalque, regressão e racionalização). Tratamos principalmente de
compreender o porquê da
Psicanálise ser tida como teoria de referência para tantas outras abordagens
psicológicas.
8.4 Atividades Proposta
1. Abordagem que recuperou para a Psicologia a importância da afetividade
e do inconsciente
como objeto de estudo, quebrando a tradição da Psicologia como foco de
uma ciência com
ênfase na consciência e razão. À qual abordagem estamos nos referindo?
2. Qual é a instância Psíquica que funciona como sensor do aparelho
psíquico, segundo Freud?
3. Como é conhecido o mecanismo de defesa mais comum e utilizado em
inúmeras situações,
no qual existe o ato de atribuir à outra pessoa, sentimentos ou intenções que
se originam em
si próprio, a fim de evitar a ameaça de algo interno que não se pode ver e
dar conta?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de estudar a Psicologia Sócio-
Histórica de Vygotsky.
Vamos iniciar a discussão?
Essa abordagem surge na ex-União Soviética, com influência da Revolução
de 1917 e a teoria
marxista. Ganha força no Ocidente, por volta dos
anos 70, tornando-se referência para a Psicologia
do Desenvolvimento, a Psicologia Social e a Educa-
ção, propriamente ditas.
Vygotsky buscou “construir uma Psicologia
que superasse as tradições positivistas e pudesse abarcar o homem e seu
mundo psíquico como
uma construção histórica e social da humanidade.”
(BOCK, 1996, p. 86).
9.2 Principais Conceitos
As funções superiores do homem e suas
compreensões não podem ser atingidas pelo simples estudo animal, pois os
animais não possuem
vida social e cultural:
ƒƒO organismo humano não possui maturação independente para atingir
funções
superiores;
ƒƒTanto a linguagem quanto o pensamento humano têm origem no
contexto social;
Atenção
A concepção humana e social do homem
tem contribuído para elucidar os aspectos
mais complexos da natureza e possibilidades de aprendizagens humanas,
dentro de divergências culturais, ampliando a
compreensão e o respeito cuidadoso que
se deve ter em se tratando das concep-
ções do homem e todas suas correlações
(essenciais e existenciais).
Saiba mais
Se formos incentivados culturalmente a
ler, a ter uma atitude reflexiva e crítica,
desde tenra idade, de forma contínua e
crescente, a partir da própria postura de
nossos familiares, amigos, educadores
e colegas de trabalho, muito provavelmente teremos a oportunidade de
superarmos muitos limites individuais.

A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DE
9 VYGOTSKY
9.1 O Surgimento da Abordagem com Vygotsky
Márcia Lilla
40 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
ƒƒPara se compreender e explicar as fun-
ções superiores do homem, é necessário
integrá-los aos aspectos da cultura;
ƒƒExiste uma unidade entre consciência e
comportamento, que deve ser integrada
pela Psicologia Humana e Social;
ƒƒOs fenômenos são processos em constante transformação;
ƒƒA natureza e o homem estão diretamente ligados, um transformando o
outro
concomitantemente;
ƒƒO conhecimento deve ser construído por
meio de um rastreamento da evolução
dos fenômenos;
ƒƒÉ a vida que um homem tem que determina a sua consciência.
Vygotsky vem sendo estudado por outros
teóricos e, no Brasil, tem influenciado diretamente a Educação, desde a
década de 1980, o que tem
possibilitado uma construção de uma Psicologia
Social mais crítica e significativa, uma vez que amplia e aprofunda a visão
humana e social do ser humano, de forma diferenciada. Sem dúvida, sua
rica
concepção humana e social do homem tem contribuído para elucidar os
aspectos mais complexos da
natureza e possibilidades de aprendizagens humanas, dentro de
divergências culturais, ampliando a
compreensão e o respeito cuidadoso que se deve
ter em se tratando das concepções do homem e
todas as suas correlações (essenciais e existenciais).
9.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicologia Sócio-Histórica de
Vygotsky, e vimos que
se trata de uma abordagem que surgiu na ex-União Soviética, com forte
influência da teoria marxista,
ganhando força nos anos 70 e tornando-se referência para a Psicologia do
Desenvolvimento, à Psicologia
Social e à Educação. Conhecemos os principais conceitos dessa
abordagem, sendo que cada um deles,
essencialmente, revela as funções superiores do homem e suas
compreensões dentro de um contexto
sócio-histórico-cultural.
9.4 Atividades Propostas
1. Trata-se de uma Abordagem Psicológica que surgiu na ex-União
Soviética, com influência da
Revolução de 1917 e a teoria marxista. De qual abordagem estamos
tratando?
2. Algumas funções no homem e suas compreensões não podem ser
atingidas pelo simples
estudo animal, pois os animais não possuem vida social e cultural. A quais
funções Vygotsky
se referia?
3. Para a Psicologia Sócio-Histórica, tanto a linguagem quanto o
pensamento humano têm origem em qual contexto?
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
de estudar a Psicologia Institucional e os Tipos de
Agrupamentos Humanos. Vamos iniciar a discussão?
O ser humano é um ser social para os psicó-
logos existencialistas, e concebê-lo de forma existencialista e sistêmica é
urgente, uma vez que toda
a natureza humana se inicia a partir da própria relação, desde o surgimento
dos primeiros embriões
humanos, como dita a própria história do homem
e de sua humanidade.
A natureza sociável o é por ter o homem a
habilidade para o ajustamento criativo, natural e
original, dependendo de fatores atrelados às personalidades de cada um e
aprendizagens, tal como
estilos de vida.
10.1 Tipos de Grupos
São tipos de grupos: a) primários: a famí-
lia; b) secundários: amigos da escola, grupos mais
próximos e trabalho; c) terciários: os grupos como
associações em clubes, times, seitas, por objetivos
outros, mais esporádicos.
O indivíduo transfere para os grupos de ordem secundária e terciária os
seus padrões aprendidos e projeta expectativas, de acordo com sua
mobilização ou, o contrário, suas resistências/dificuldades de
pertencimento e cooperação.
Estudos têm indicado, desde Kurt Lewin
(1890-1947), que o ser humano primeiramente se
agrega por um objetivo comum (grupo) e, à medida que fica estabelecida
uma divisão de tarefas e
um maior envolvimento entre seus membros, esse
agrupamento recebe uma nova forma, mais coesa
(equipe), que pode ou não se aperfeiçoar nas redes
de cooperação e intimidades, fazendo, assim, surgir
a autonomia e a interdependência fluida, criativa,
entre todos os participantes, atingindo uma configuração quase que
infalível, indestrutível (time).
Tem-se observado que quanto mais integrados forem os grupos, mais
sucessos estarão destinados a ter em suas tarefas/objetivos, pois
favorecerão as atitudes conhecidas como “um por todos e
todos por um”, fundamental no mundo das comunicações e relações
humanas em geral, inclusive.

A PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E OS TIPOS


10 DE AGRUPAMENTOS HUMANOS
10.2 Como Evoluem os Grupos de Trabalho
Márcia Lilla
42 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida
em grupo. Estamos o tempo todo nos relacionando com outras pessoas.
Mesmo quando ficamos
sozinhos, a referência de nossos devaneios são os
outros: pensamos em nossos amigos, na próxima
atividade – que pode ser assistir à aula de inglês
ou realizar nova tarefa no trabalho (que, provavelmente, envolverá mais de
uma pessoa). Pensamos
no nosso namoro, em nossa família. Raramente,
encontraremos uma pessoa que viva completamente isolada; mesmo o mais
asceta dos eremitas
levará, para o exílio voluntário, suas lembranças,
seu conhecimento, sua cultura. Por encontrarmos
determinantes sociais em qualquer circunstância
humana, podemos afirmar que toda Psicologia é,
no fundo, uma Psicologia Social.
Talvez seja por isso que nossas vidas encontram sempre certa regularidade,
que é necessária
para a vida em grupo. As pessoas precisam combinar algumas regras para
viverem juntas. Se estiver num ponto de ônibus, às sete horas da manhã,
eu preciso ter alguma certeza de que o transporte
aguardado passará por ali mais ou menos nesse
horário. Alguém combinou isso com o motorista. A
essa regularidade entre outras, chamamos de institucionalização.
10.3 Psicologia Institucional e Processo Grupal
Atenção
Pode-se dizer que, de certa maneira, os
pesquisadores do final do século XIX foram influenciados pela Revolução
Francesa e, mais precisamente, pelo impacto
que causou nos pensadores do século
XVIII (como foi o caso de Hegel). Os pesquisadores se perguntavam o que
teria
sido capaz de mobilizar tamanho contingente humano, como o que fora
mobilizado durante essa revolução. O que se
perguntava no campo da Psicologia era
o que levaria uma multidão a seguir a
orientação de um líder mesmo que, para
isso, fosse preciso colocar em risco a pró-
pria vida.
10.4 O Processo de Institucionalização
Este processo, de acordo com Berger e
Luckmann – autores muito usados para
definir como se dá a construção social
da nossa realidade – começa com o estabelecimento de regularidades
comportamentais. As pessoas vão, aos poucos,
descobrindo formas mais rápidas, simples
e econômicas de desempenhar as tarefas
do cotidiano. Vamos imaginar o homem
primitivo: no momento em que começou
a ter consciência da realidade que o cercava, ele passou a estabelecer essas
regularidades. Um grupo social que vivesse, fundamentalmente, da pesca,
estabeleceria
formas práticas que garantissem a maior
eficiência possível na realização da tarefa.
Pode-se dizer que um hábito se estabelece
quando uma dessas formas repete-se muitas vezes. (BOCK, 1996, p. 215-
216).
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 43
A instituição é um valor, ou regra social reproduzida no cotidiano com
estatuto de
verdade, que serve como guia básico de
comportamento e de padrão ético para as
pessoas, em geral. A instituição é o que mais
se reproduz e o que menos se percebe nas
relações sociais. Atravessam, de forma invisível, todo tipo de organização
social e toda
a relação de grupos sociais. Só recorremos
claramente a estas regras quando, por qualquer motivo, são quebradas ou
desobedecidas. Se a instituição é o corpo de regras e
valores, a base concreta da sociedade é a
organização. As organizações, entendidas
aqui de forma substantiva, representam o
aparato que reproduz o quadro de institui-
ções no cotidiano da sociedade. A organiza-
ção pode ser um Ministério da Saúde; uma
Igreja, como a Católica; uma grande empresa, como a Volkswagen do
Brasil; ou pode
estar reduzida a um pequeno estabelecimento, como uma creche de uma
entidade filantrópica. As instituições sociais serão
mantidas e reproduzidas nas organizações.
Portanto, a organização é o pólo prático
das instituições. O elemento que completa
a dinâmica de construção social da realidade é o grupo – o lugar onde a
instituição se
realiza. Se a instituição constitui o campo
dos valores e das regras (portanto, um campo abstrato), e se a organização é
a forma
de materialização destas regras através da
produção social, o grupo, por sua vez, realiza as regras e promove os
valores. O grupo
é o sujeito que reproduz e que, em outras
oportunidades, reformula tais regras. É também o sujeito responsável pela
produção
dentro das organizações e pela singularidade – ora controlado, submetido
de forma
acrítica a essas regras e valores, ora sujeito
da transformação, de rebeldia, da produção
do novo. (BOCK, 1996, p. 217).
10.5 Instituições, Organizações e Grupos
Quando falamos em grupos, estamos
abordando um tema que, de certa forma,
é o tema fundante da Psicologia Social. Os
primeiros estudos sobre os grupos foram
realizados no final do século XIX pela então denominada Psicologia das
Massas ou
Psicologia das Multidões. Um dos primeiros pesquisadores deste assunto
foi Gustav
Lê Bom, autor de um conhecido tratado intitulado ‘Psicologia das Massas’
(Psicologie
des Foules, no francês). Pode-se dizer que,
de certa maneira, os pesquisadores do final do século XIX foram
influenciados pela
Revolução Francesa e, mais precisamente,
pelo impacto que causou nos pensadores
do século XVIII (como foi o caso de Hegel).
Os pesquisadores se perguntavam o que
teria sido capaz de mobilizar tamanho contingente humano, como o que
fora mobilizado durante essa revolução. O que se perguntava no campo da
Psicologia era o que
levaria uma multidão a seguir a orientação
de um líder mesmo que, para isso, fosse
preciso colocar em risco a própria vida.
Qual fenômeno psicológico possibilitaria
a coesão das massas. Estas perguntas não
eram descabidas como, infelizmente, foi
possível observar durante o processo de
ascensão do governo do 3º Reich – Adolf
Hitler – na década de 30. Este triste episó-
dio, que levou o mundo à 2ª Grande Guerra
Saiba mais
Na atualidade, existem diferentes autores, em diversos campos das ciências
humanas e sociais, abordando o estudo
de grupos e suas manifestações tribais.
Temos assistido a um aumento de buscas por preferências, hábitos, crenças
e valores cada vez mais segmentados,
e, com isso, a um crescimento proporcional em buscar referências grupais
compatíveis, de pertencimento, nessas
particularidades. Esse fenômeno pode
ser observado nas redes sociais e o Facebook é um dos exemplos.
10.6 A Importância do Estudo dos Grupos na Psicologia
Márcia Lilla
44 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
(de 1939 a 1945), exemplificou as possibilidades de manipulação das
massas. (BOCK,
1996, p. 218).
O ser humano é um ser social para os psicó-
logos existencialistas, e concebê-lo de forma existencialista e sistêmica é
urgente, uma vez que toda
a natureza humana se inicia a partir da própria relação, desde o surgimento
dos primeiros embriões
humanos, como dita a própria história do homem
e de sua humanidade.
10.7 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a psicologia Institucional e os
diferentes tipos de agrupamentos humanos; e descobrimos como evoluem
os grupos no trabalho, conforme a visão de Kurt
Lewin.
10.8 Atividades Propostas
1. Existe uma natureza no homem na qual há a habilidade para o
ajustamento criativo, natural e
original, dependendo de fatores atrelados às personalidades de cada um e
aprendizagens, tal
como estilos de vida. A qual tipo de natureza nos referimos?
2. Para Lewin, existe uma forma de configuração grupal na qual impera a
autonomia e a interdependência fluida, criativa, entre todos os
participantes, atingindo uma configuração quase
que infalível, indestrutível. Como é denominada essa configuração grupal?
3. Quando falamos em grupos, estamos abordando um tema que, de certa
forma, é o tema fundante de qual especialidade da Psicologia?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 45
Dar e receber feedbacks são um dos processos mais importantes e difíceis
no campo das comunicações. As empresas solicitam a colaboração
de treinadores para tal e, normalmente, fazem-no
com a ajuda de psicólogos, em seus treinamentos,
uma vez que é sempre dificultoso o processo de
externalização de verdadeiros sentimentos e ideias
que temos dos outros, assim como de nós mesmos.
As perguntas que não conseguem calar são
de diversas ordens, tais como: até onde estou disposto a expor o que
verdadeiramente sou e até
onde o outro está disposto a ser, na relação comigo, ele mesmo?
Entre a comunicação de pares já é difícil a relação e a boa comunicação.
Muito mais, então, em
um grupo de trabalho, no qual existem os elementos da competição, dos
ciúmes, das invejas, das manipulações e das pressões de diferentes
elementos.
11.1 Dar e Receber Feedbacks
11.2 A Importância de Carl Rogers
Um importante psicólogo foi Rogers (1902),
que descreveu três qualidades importantes para o
feedback: a congruência, a empatia e a considera-
ção positiva. Rogers acreditava que o crescimento
pessoal seria facilitado quando se encorajasse a
pessoa a ser autêntica, dissolvendo as máscaras e
podendo lidar mais abertamente com os sentimentos presentes, no
momento. Para ele, a consistência
da congruência psíquica era de suma importância
para a busca da autorrealização; o que poderia então ser facilitado nas
relações humanas seriam as
formas de redução, minimização das incongruências, das dissonâncias,
assim como da não aceitação
do outro, tal como ele é. Defendeu enormemente
o poder das forças positivas em direção à saúde e
ao crescimento, apontando esses aspectos como
sendo naturais e inerentes ao organismo, trazendo
uma concepção bastante positiva para a visão do
humano, quando inserido em contextos favoráveis,
enriquecedores do melhor potencial humano.
O valor dos relacionamentos sempre teve um
enorme enfoque nas obras desse psicólogo, pois,
segundo constatou pela sua vasta experiência clínica e com grupos, é na
relação que brota a oportunidade de se funcionar por inteiro (expandindo o
self
e a consciência melhor de si entre o mundo), sendo
a comunicação dos sentimentos muito facilitadora
para esse processo de descobertas e aperfeiçoamentos constantes, para o ser
melhor existir.
Segundo o próprio Rogers, as pessoas são
singulares, possuem diferentes personalidades e
formas de agir. Cada relação suscita diferentes sensações e nos leva a
diversificados modos de atua-
ção. Uma das coisas mais complexas é saber ouvir
exatamente o que o outro quer dizer, sem colocar
as nossas impressões e sentimentos. Quem o sabe
fazer bem, costuma ser feliz em dar autênticos
feedbacks, pois saberá espelhar exatamente o que
percebe como verdadeiro, vindo do outro. Rogers

11 FEEDBACKS & ASSERTIVIDADE


Márcia Lilla
46 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
bem apontou essas preciosidades, com sua atitude
e pesquisa que enalteceram o respeito ao outro, assim como a si mesmo.
Necessitamos, em diferentes áreas de atua-
ção, saber escolher o momento oportuno de dizer,
de dar uma declaração, uma opinião sobre algo ou
alguém. Será necessário ter uma boa autoconscientização, ao invés de
inúmeros pontos cegos. Aquele que reúne um bom número de pontos cegos
normalmente se vê impossibilitado de reconhecer
seus erros, de aceitar as sugestões e orientações de
outros, pois sempre encontrará resistência interna,
evitando transformar-se e crescer.
No trabalho em diferentes organizações e na
prestação de serviços, em geral, cada vez é mais comum a necessidade de
pessoas e líderes hábeis em
feedbacks. Essa habilidade envolve uma apurada
percepção sensorial e contextual, uma boa predisposição para o inter-
relacionamento e a autoestima, concomitantemente.
Podemos afirmar que o feedback positivo é
aquele que inicialmente enumera os fatores positivos e depois, num
crescente, discursa sobre as
dificuldades, dando dicas e orientações, pois, normalmente, um bom líder
saberá reconhecer-se no
mesmo processo e, certamente, levantará elementos pertinentes e
adequados, a fim de facilitar e tornar mais possível o caminho de seu
orientando.
Nas relações humanas e grupais, é indispensável uma atitude de abertura
para mudanças positivas, em que haja sinergia entre cada pessoa e
elemento envolvido. Essa atitude é muito valorizada em um momento de
seleção, por exemplo, haja
vista que, hoje em dia, é fundamental que saibamos
trabalhar, e bem, com diferentes pessoas e segmentos.
11.3 Assertividade
Questão de atitude: ser assertivo é ter a possibilidade de asserção, ou seja,
estar suficientemente
engajado e de prontidão adequada para fazer valer-
-se com positividade, em uma dada situação. A pessoa que se comporta
assertivamente sempre está
“antenada” na situação como um todo, tem a capacidade de ter a melhor
síntese da compreensão
do contexto daquela situação em que se encontra
estreitamente envolvida. Além disso, essa pessoa
está inteiramente centrada e disponível para dar a
melhor resposta, tendo a melhor solução do problema; é a maneira pela
qual se sobressai, prontifica-se, sendo capaz de reunir força, dando conta da
questão, na sua melhor performance (motivação,
centragem de energia, consciência de si, dos outros
e boa percepção).
A assertividade é uma atitude que deve ser
cultivada pela pessoa, é uma habilidade poderosa
nas comunicações humanas, pois cada vez mais
necessitamos ser espontâneos, verdadeiros, justos
e positivos ao lidar com questões relacionais complexas. O estado de ser
assertivo é capaz de abrir
portas e dar luz às situações mais nebulosas que
enfrentamos.
Um exemplo: a pessoa assertiva é capaz de
ver além das aparências, pois é capaz de empatizar-
-se com os outros, considerando a totalidade dos
fatos e das sutilezas que emanam das emoções das
pessoas. Numa discussão dentro do trabalho, quando duas pessoas estão
entrando em agressões verbais, quem tem a possibilidade de ser assertivo é
o
primeiro que começa a encontrar melhores formas
de utilizar palavras mais amenas, tentando suavizar
a gradação forte da discussão. Começa até utilizando uma boa dose de jogo
de cintura, de humor,
desculpa-se pela parte que lhe cabe, e é suficienteAtenção
O assertivo é capaz de transformar-se e
de transformar a comunicação de forma
positiva, criativa e favorável, pois vê o
todo e, no fundo, almeja que a solução
englobe de forma satisfatória a situação
total e o outro envolvido. Dizemos que a
atitude assertiva é oposta à atitude agressiva, uma vez que existe, no
primeiro
caso, o respeito, a verdadeira intenção de
incluir todos os fatores da situação de forma positiva, saudável, justa e
verdadeira.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 47
mente verdadeiro e autêntico, a ponto de reconhecer sua parte de erro, de
falha, de modo a iniciar um
processo de reconciliação.
O assertivo é capaz de transformar-se e de
transformar a comunicação de forma positiva, criativa e favorável, pois vê
o todo e, no fundo, almeja
que a solução englobe de forma satisfatória a situa-
ção total e o outro envolvido. Dizemos que a atitude assertiva é oposta à
atitude agressiva, uma vez
que existe, no primeiro caso, o respeito, a verdadeira intenção de incluir
todos os fatores da situação
de forma positiva, saudável, justa e verdadeira.
No exemplo acima, podemos imaginar que o
agressivo ficou em desvantagem mediante a força
da boa vontade e da boa performance de comunicação do assertivo. É o que
normalmente acontece,
pois toda vez que nos encontramos de mau humor,
somos capazes de cometer os maiores desatinos e
sermos inadequados, utilizando a polaridade oposta de nossa natureza, a
assertividade.
Todo ser humano é agressivo e assertivo por
natureza. De acordo com a situação, com a personalidade, com o momento
e, principalmente, com
o exercício do autoconhecimento, do autocontrole,
somos capazes de melhorarmos nossos contatos
humanos, desenvolvermo-nos e percebermos que,
com atitudes mais positivas, verdadeiras, cooperativas e bem-humoradas,
fazemos valer nossas potencialidades, nossos anseios, desejos e nossas
necessidades e sabemos dar voz ao mesmo grito calado
de nossos semelhantes.
Na Psicologia existem inúmeros estudos e relatos de que a face oculta da
agressão é a frustração
de não ser compreendido, incluído, nem ao menos
convidado para ser diferente. Alguém sempre pode
e quer dar o primeiro passo. Se o seu amigo está
agressivo, convide sua face oculta assertiva.
No mundo profissional vence o que tem
maior habilidade verbal, simpatia, jogo de cintura,
inteligência emocional, carisma, espontaneidade,
poder de boa sedução, veracidade, franqueza, sagacidade, poder de
persuasão e de inclusão de diferenças. Ser assertivo é na verdade tudo isso,
pois
é ser capaz de “dar conta da tarefa” da melhor forma, é ser confiante e ser
um verdadeiro vencedor
na luta por dignidade, respeito, amor, liberdade de
expressão, e, também, considerar, no bom sentido,
os outros é condição, intenção.
A pessoa assertiva sempre é capaz de ser mais
bem-sucedida, pois os instrumentos que utiliza são
os positivos. É quem sempre olha por onde existe o
lado bom, o ganho, o saudável, o mais adequado, o
melhor para todos. Assim sendo, é um otimista, que
otimiza as comunicações e as relações humanas. O
mundo dos negócios passa a ter um colorido diferente, repleto de
gentilezas, de amorosidade e de
esperanças. As atitudes assertivas são capazes de
reverter situações muito complicadas, pois partem
do que é óbvio, simples e redirecionam o que parecia tumultuado.
Para facilitar a discriminação do que é uma
atitude assertiva e do que seria uma atitude agressiva, tomemos, por
exemplo, um jogo de futebol: o
assertivo vai jogar querendo compor a jogada, fazendo passes, colaborando
e, na hora certa, saberá
se utilizar de seus talentos, fazendo o gol. O agressivo não vai ficar
reclamando o tempo todo dos passes errados dos colegas, não vai querer
colaborar,
ficará somente em sua posição, não mostrará flexibilidade e nem
disponibilidade para respeitar e tornar o jogo mais leve. A diferença é clara:
o assertivo
torna as coisas mais felizes e possíveis de um bom
desfecho, ao passo que o agressivo quer mais é ver
“o circo pegar fogo” e, ainda, encontrar um culpado.
Parece que a possibilidade de se responsabilizar e
de reverter uma situação é uma forte característica
que o assertivo tem que o torna mais bem preparado para lidar com as
dificuldades na vida.
A partir do momento que alguém tem consciência da sua raiva, pode
aprender a suspendê-la, e
este é o processo básico do comportamento assertivo, segundo especialistas
que oferecem, hoje, treinamentos empresariais para fomentar o tal controle
emocional necessário para as tomadas de decisões.
Segundo os mais especializados psicólogos
organizacionais da atualidade, o ser humano mais
consciente de si é aquele que consegue ser assertivo nas suas funções
profissionais. Fará bom uso da
sua energia vital, que é agressiva, tal como apontou Freud, entre outros, e
poderá, então, lançar-se
11.4 A Consciência da Agressividade Gera o Comportamento Assertivo
Márcia Lilla
48 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
no meio, com deliberação e autonomia, exercendo a consciência de
liberdade e limite, paulatinamente, de acordo com as necessidades suas e
do
meio, inclusive. A supressão da agressividade sem
consciência é que torna o indivíduo doentio e não
a aceitação controlada, não atuada pura e instintivamente, segundo apontam
diversas pesquisas
contemporâneas.
1. Sabemos que é sempre dificultoso o processo de externalização de
verdadeiros sentimentos
e ideias que temos dos outros, assim como de nós mesmos; e este é um dos
processos mais
importantes e difíceis no campo das comunicações. A qual processo
estamos nos referindo?
2. Rogers (1902) descreveu três qualidades importantes para o feedback.
Quais são elas?
3. Como é definido o comportamento assertivo?
11.5 Concepções Atuais e Científicas sobre Níveis de
Consciência das Emoções Positivas
Pesquisadores atuais do mundo das neurociências têm constatado mediante
pesquisas e investigações teóricas que, quanto mais o indivíduo
for feliz, maior a probabilidade de entusiasmar-se
para ampliar a sua consciência de si e do mundo,
atualizando-se nas situações, de forma positiva,
eficiente e assertiva. Dessa forma, prescrevem que
a vida deva ser vivida com plenitude, apreensão
dos aspectos saudáveis atrelados à qualidade de
vida, como: família; contato com a natureza interior e exterior;
relacionamentos humanos e sociais
que favoreçam a expressividade do amor, carinho,
compaixão, solidariedade, dentre outros, como:
afeição por animais e crianças (uma vez que estes
remetem as pessoas ao mundo natural e emocional, mais autêntico,
minimizando os aspectos que
trazem à superfície traumas ou outras problemáticas das “resistências
humanas”).
Segundo os neurocientistas, a felicidade faz
com que as pessoas sejam mais tolerantes, mais
resistentes e mais autoconfiantes e se encorajem a
atingir um maior autoconhecimento e aperfeiçoamento, desde os caminhos
da profundeza da alma
humana até a coletividade, tornando, assim, a expressividade dessa
consciência uma fonte inesgotável de vida prazerosa (hedonismo –
princípio de
prazer no qual se buscam os aspectos beneficentes
da alegria, amor, dentre outras sensações que agucem os sentidos, na
melhor forma).
11.6 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a importância de ar e receber
feedbacks; vimos também
as principais características do comportamento assertivo, tão valorizado
atualmente nas organizações.
11.7 Atividades Propostas
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 49
Se existisse, seria já uma acentuação da pró-
pria neurose humana, sendo que não seria saudá-
vel, propriamente dizendo. O que os psicólogos
costumam considerar como funcionalidade é, em
geral, a habilidade móvel de ajustamento do indivíduo, de acordo com as
circunstâncias todas (necessidades individuais, grupais, sociais etc.).
Quanto mais equilibrado for o indivíduo, mais ele será
feliz em seus projetos, tanto os existenciais quanto
os de ordens sociais mais amplas, como já fora visto anteriormente.
Inúmeros são os fatores responsáveis pelo autoconhecimento e que
favorecem,
ou não, o relacionamento do indivíduo com ele
mesmo e com os outros.
12.1 A Normalidade Existe?
São:
a) as neuroses: mais conhecidas como
manias, fobias repetitivas, que levam o
indivíduo a acentuar suas formas e mecanismos de defesa ao agir, pois
sempre
estará superocupando-se com o meio,
deixando de ser ele mesmo;
b) as psicopatias: desvios de conduta, humor ou mesmo formas mais
complexas
e perigosas ligadas aos distúrbios neurológicos/mentais, sendo que muitas
vezes
pode se tratar de uma incapacitação do
sentir (alexitimia);
c) as psicoses: doenças mentais graves,
nas quais o indivíduo não possui nenhum contato com a realidade, sofrendo
de inúmeras alucinações e surtos, que
podem representar perigo para o outro
e o ambiente;
d) as esquizofrenias: são quadros mais
complexos, ligados às doenças da alma,
trazendo variações humorais e até levando o indivíduo a experimentar
cisões
comportamentais e de forte impacto
emocional.
Na melhor das hipóteses, somos neuróticos?
Sim e não, como ditam inúmeros pesquisadores
das áreas biológicas, humanas e sociais, o que nos
Atenção
Conhecendo elementos gerais da Psicologia, é possível antever problemas,
tomar
atitudes de prevenção, desenvolvendo
comportamentos que nos movam para
a busca de um melhor equilíbrio mental,
emocional, corporal e espiritual.

DISTÚRBIOS CONTEMPORÂNEOS E

12 PREVENÇÕES POSSÍVEIS
12.2 Os Agravos Mentais/Transtornos das Personalidades
Márcia Lilla
50 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
ras, o que acarreta uma crescente demanda que torna crescente o
surgimento
de doenças relacionadas com o trabalho. As pressões do mercado, as
concorrências crescentes e
esmagadoras, as pressões familiares, as financeiras, enfim, todas as
variáveis externas somadas
aos descuidos da autoconscientização de limites
acabam por manifestar diversos transtornos para a
saúde mental e emocional, afetando diretamente
o comportamento do indivíduo nas relações com
os seus parceiros, chefes e aleva a constatação de que não devemos deixar
de
investir em autoconhecimento e de sempre buscarmos relações humanas e
profissionais favorá-
veis, saudáveis, para suprir, na melhor forma, os
nossos campos internos, tornando possível, assim,
a nossa evolução no melhor sentido, a fim de prestarmos os melhores
serviços que escolhemos e os
que nos são atribuídos, no decorrer cíclico de nossas existências.
O mundo moderno é muito atribulado e as
solicitações são inúmeté mesmo clientes, prejudicando de forma cruel o
bom desenvolvimento
do trabalho.
12.4 Os Transtornos Modernos
a) as ansiedades incontroláveis: os pâ-
nicos, geradores de impasses, medos
infundados e comportamentos de fuga,
mesmo que não haja a concretude de
perigo, mesmo que exista alguém por
perto, o indivíduo fica imobilizado para
dar conta da realidade externa, pois vive
fortemente o impacto de seus medos e
ansiedades;
b) as depressões: as decepções mal resolvidas e acumuladas com o tempo,
a falta
de alegria, de esperança, de oportunidade e de garra, a baixa tolerância para
os fracassos e erros inevitáveis, a falta de
uma salutar autoestima, problemas de
ordem hormonal atrelados aos fatores citados anteriormente, são todos
aspectos
de uma energia desvitalizante que faz o
indivíduo viver uma constante em seu rebaixamento de tônus vital;
c) transtornos bipolares: ora o indivíduo
está eufórico, ora depressivo, ora maníaco e ora desvitalizado, e essas
oscilações
são bastante acentuadas, levando a um
colapso psicológico/emocional e fisioló-
gico, com o tempo.
Algumas modernas organizações já perceberam que um bom ambiente de
trabalho ajuda
bastante, pois promove o bem-estar e propicia que
todos vivam uma busca constante de equilíbrio e
satisfação. Investem em salas equipadas com recursos para descanso,
meditação, ginástica, ioga e
outros.
Estudos recentes têm comparado rendimentos profissionais com o grau de
felicidade dos funcionários de uma empresa; outros estudos revelam
que a saúde mental dos indivíduos está relacionada com pressões
financeiras e profissionais, dado o
aumento da competitividade, da insegurança ad-
12.3 Os Transtornos Mentais Relacionados aos Trabalho
12.5 Promovendo a Cura e Aceitando os Limites
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51
vinda do crescente desemprego, entre outros fatores (separações,
nascimento de mais um filho, gravidez indesejada, por exemplo). A ênfase
maior e
melhor sempre será a de prevenção, mas caso haja
a identificação de problemas sérios, duradouros, o
indivíduo deverá ser devidamente recomendado/
encaminhado para acompanhamento psicoterapêutico e/ou psiquiátrico.
Em suma, conhecendo elementos gerais da
Psicologia, é possível antever problemas, tomar
atitudes de prevenção, desenvolvendo comportamentos que nos movam
para a busca de um melhor equilíbrio mental, emocional, corporal e
espiritual. Estamos vivos para as relações humanas e
quanto melhores forem as trocas entre as pessoas,
promovendo respeito às diferenças, que somem e
multipliquem bons recursos, melhor será a qualidade de vida e melhores
serão os resultados.
12.6 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos os principais distúrbios
contemporâneos e discutimos
diversas formas de prevenção possíveis. Você conheceu, também, os
transtornos mentais relacionados
ao trabalho, tais como: as ansiedades, entre outros.
12.7 Atividades Propostas
1. São mais conhecidas como manias, fobias repetitivas, que levam o
indivíduo a acentuar suas
formas e mecanismos de defesa ao agir, pois sempre estará superocupando-
se com o meio,
deixando de ser ele mesmo. De quais transtornos estamos tratando?
2. Defina as esquizofrenias.
3. Quando ora o indivíduo está eufórico, ora depressivo, ora maníaco e ora
desvitalizado, e essas
oscilações são bastante acentuadas, levando a um colapso
psicológico/emocional e fisiológico, com o tempo, estamos nos referindo a
qual transtorno moderno?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 53
Cientistas renomados catalogaram 15 tendências principais que moldarão o
mundo e muitos de nós já estamos vivenciando os efeitos de
inúmeras transformações. Sentimos o impacto
como uma revolução que vem mudando nossas vidas. Fazemos parte de
uma geração que edita uma
nova era pronta a oferecer uma opção ilimitada de
possibilidades. Para que todos nós possamos fazer essas escolhas, e
continuar fazendo-as durante
toda a vida, basta compreender o escopo dessas
mudanças, ver seu potencial e agarrar as oportunidades.
Países desenvolvidos já fizeram o salto de
uma sociedade industrial para a era de informação:
uma era em que o poder cerebral e o conhecimento humano continuarão a
substituir maquinário e
construções como o principal capital da sociedade.
A nova era também é de alternativas diversas. Para
aqueles com o novo conhecimento: um mundo de
oportunidade. Para aqueles sem conhecimento, a
perspectiva de desemprego, pobreza e desespero,
na medida em que os antigos empregos desaparecem e os antigos sistemas
se desintegram.
O principal impulso desse estudo é a necessidade urgente de novos
métodos de aprendizagem, caso se queira que a maioria das pessoas se
beneficie. Não só a nova geração, mas também os
adultos deverão ajustar-se às transformações.
13.1 O Estudo das Megatendências
13.2 A Era da Comunicação Instantânea
O mundo desenvolveu uma habilidade surpreendente de armazenar
informações e torná-las
instantaneamente disponíveis em diferentes formas, para quase todo lugar.
Essa habilidade revolucionará os negócios, a educação, a vida doméstica,
o emprego, a administração, as mídias e, virtualmente, tudo o mais que
damos como certo. Nossos
lares ressurgirão como centros vitais de aprendizagem, trabalho e
entretenimento.
O impacto apenas dessa sentença transformará nossas escolas, empresas,
nossos shopping
centers, escritórios, cidades, de diversas formas, e
todo o nosso conceito de trabalho. A comunicaAtenção
Conforme Neil Postman e Charles Weingartner, será necessário um novo
tipo de
educação, um que prepare pessoas para
a necessidade de novos padrões de defesa, percepção, compreensão e
avaliação.
O mundo está se tornando uma gigantesca troca de informações; um único
cabo de fibra ótica é capaz de transportar
10 milhões de mensagens eletrônicas.

13 AS PRINCIPAIS MEGATENDÊNCIAS
Márcia Lilla
54 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
ção instantânea é a tecnologia dominante e essa
tendência aumentará cada vez mais a necessidade
de se transformar pessoas, preparando-as para que
gostem de aprender e que aprendam tão bem que
sejam capazes de aprender o que quer que precise
ser aprendido.
Conforme Neil Postman e Charles Weingartner, será necessário um novo
tipo de educação, um
que prepare pessoas para a necessidade de novos
padrões de defesa, percepção, compreensão e avaliação. O mundo está se
tornando uma gigantesca
troca de informações; um único cabo de fibra ótica
é capaz de transportar 10 milhões de mensagens
eletrônicas. A velocidade das informações atreladas ao mercado cada vez
mais exigente faz com
que haja a necessidade de pessoas mais estruturadas para rápidos
processamentos de informações e
perspicácia em manuseio de dados multifacetados.
13.3 Um Mundo sem Fronteiras Econômicas
Caminhamos, inevitavelmente, para um mundo em que a maioria do
comércio será virtualmente
irrestrita; e ignore as mudanças temporárias para
proteger o rendimento da agricultura em alguns
países. O gênio está fora da garrafa: a transferência
instantânea de dinheiro em todo o globo já alterou
a própria natureza das transações e do comércio
mundial. Em 1990, os mercados monetários mundiais negociaram US$ 114
trilhões em “capitais eletrônicos”: quinze vezes o valor de outras
transações.
O coautor de Megatrends, John Naisbitt, registra uma economia global
como sua principal previsão para as próximas décadas, quando a tendência
dominante caminhará crescendo para que haja um
livre comércio entre todos os países – globalização.
Os bens fundamentais de cada nação serão as habilidades de seus cidadãos:
poder aprender novas
habilidades, sobretudo, no que se refere à defini-
ção de problemas, à criação de novas soluções e ao
acréscimo de novos valores.
13.4 Três Passos para uma Economia Única
Embora as finanças internacionais tenham
estimulado o crescimento de uma economia mundial única, três blocos
comerciais ampliados são as
pedras fundamentais: a Europa unificada, as Amé-
ricas e a orla do Pacífico Asiático.
Suíça, Cingapura, Taiwan, Coreia do Sul e
Japão são caracterizados por pequenas massas
de terra, sem recursos naturais, mas com pessoas
bem-educadas e empenhadas no trabalho, com a
ambição de participar da economia global.
Fator indicado para o sucesso seria o de participação para a prosperidade,
na qual as próprias
pessoas funcionassem como meios verdadeiros e
únicos na geração de riquezas.
13.5 A Nova Sociedade de Serviços
Peter Drucker, Naisbitt, Ohmae, Reich e muitos outros previsores
concordam com a próxima
tendência: a mudança de uma sociedade industrial
para uma sociedade de serviços. A grande mudan-
ça é que estamos fabricando com informações e
não com pessoas. Com computadores, automação
e robôs, em vez de funcionários.
Existem três tipos de prestação de serviços
que crescerão fortemente: a de produção em sé-
rie, utilizada na supervisão de linha de montagem,
por exemplo; os serviços interpessoais, como atendentes, garçons,
motoristas, servidores em geral; e
os serviços simbólico-analíticos, os que envolvem
pessoas que resolvem, identificam e agenciam pro-
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 55
blemas, manipulando símbolos, como os cientistas
de pesquisa, engenheiros de projetos, consultores
de empresas, publicitários, entre outros.
Reich pensa que todos nós precisaremos
aprender como conceituar problemas e chegar às
mais criativas soluções, usando pelo menos quatro
habilidades básicas: abstração, raciocínio sistêmico (pensar
processualmente, integrando aspectos
multideterminados), experimentação e colabora-
ção.
13.6 De Grande a Pequeno
Já há algum tempo estamos percebendo o
crescimento do número de franquias, principalmente pequenas unidades
autônomas vinculadas
a sistemas gigantes e redes de marketing direto,
sobretudo fornecedores individuais ligados a fornecedores mundiais. Essas
tendências crescerão e
simplificarão o funcionamento dos segmentos que
representam, a fim de fomentarem uma melhor
funcionalidade para a nova era globalizada.
Com o crescimento das pequenas empresas,
haverá a necessidade de se selecionar pessoas com
habilidades de raciocínio conceitual e criativo, com
capacidade de correr riscos, mudar e experimentar novas oportunidades.
Nisso, cada área será de
importância fundamental para a melhoria das integrações de múltiplas
competências.
13.7 A Nova Era do Lazer
A pessoa, do sexo masculino, em média, vive
agora pelo menos 70 anos, o que significa um total
aproximado de 600 mil horas de vivências. Com o
aumento significativo do tempo de vida, dados os
avanços da medicina e das orientações cada vez
mais difundidas sobre os aspectos que preservam e
garantem a qualidade de vida, as pessoas passarão
a viver bem mais e a terem mais tempo livre, como
busca essencial de garantia por qualidade de vida.
Os serviços ligados aos setores de lazer, educação, viagem, hobbies, entre
outros, serão os de
maior crescimento. Sem dúvida, o mercado de trabalho e de serviços
encontrará cada vez mais espa-
ço nessas segmentações, todas atreladas ao lazer
com qualidade, o qual, segundo estudos avançados comprovam, aumenta a
eficácia laboral, reduzindo o estresse.
Uma importante tarefa na educação será a de
estimular a criação de novas experiências saudá-
veis de lazer, assim como a ampliação de possibilidades de ofertas de
trabalho para os mais idosos
– nessa fase da vida, o trabalho pode ser fonte de
prazer, assim como de renda, integrando os universos, na melhor das
formas, na totalidade.
13.8 A Forma Mutável do Trabalho
Existe uma previsão de que uma minoria de
pessoas bem preparadas, com qualificações de graduação e pós-graduação,
ocupará empregos está-
veis em período integral de companhias tradicionais. O restante trabalhará
em três agrupamentos
separados, tais como: grupo de projetos, específicos, por curtos períodos,
dependendo da demanda; trabalhadores de meio período e sazonais (um
dos poucos mercados para os não qualificados); e
trabalhos individuais ou em grupos familiares. As
Márcia Lilla
56 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
fusões empresariais reduzirão os empregos e a necessidade de manter
pessoas em regime estável e
duradouro, ocasionando novos padrões ocupacionais para o mercado de
trabalho.
A educação terá a importante tarefa de estimular as pessoas a serem seus
próprios gerentes,
divulgadores e comunicadores mundiais. Sem tais
atitudes, ficará cada vez mais difícil a adaptação
pessoal e social.
13.9 Mulheres na Liderança
O crescimento do desenvolvimento feminino se deve às novas demandas e
necessidades
de sobrevivência e transformações no mundo. As
mulheres passaram a ocupar importantes postos
nas sociedades, garantindo uma melhora no nível
da renda familiar. Estão mudando os negócios e
incrementando-os com o diferencial que advém
do amor, carinho e compaixão. Elas comprovam a
cada dia o quanto valem esses ingredientes qualitativos, que dão o colorido
no que era só racional
e frio, no mundo do trabalho outrora masculino/
paternalista.
As mulheres têm mostrado força e criatividade para ocuparem diversas
funções no mercado
de trabalho. Essa tônica dos mercados que torna
oportuna a presença feminina será crescente e indispensável, daqui para
frente, conforme regem as
tendências.
13.10 A Década do Cérebro
O estudo das megatendências mostra a crescente necessidade de uma
orientação para o investimento em autoconhecimento, tão necessário e
urgente para orientar as pessoas para o autogerenciamento e capacitação
que busquem transforma-
ções, de ordens variadas.
Aprender a utilizar a ferramenta mais valiosa,
o cérebro, considerando seu funcionamento, características e habilidades
que capacitem cada vez
mais o desenvolvimento será uma atitude urgente
e valiosa para todos.
13.11 O Nacionalismo Cultural
Quanto mais nos globalizarmos e nos tornarmos economicamente
interdependentes, mais
faremos o trabalho humano, mais avaliaremos nossas características ou
diferenças, mais desejaremos
nos apegar à nossa língua, às nossas raízes e à nossa cultura. É o paradoxo
do contramovimento da
globalização.
No campo das prestações de serviços, assim como no desenvolvimento de
produtos e outros bens, serão importantes as campanhas que
agreguem valores ligados ao nacionalismo, fortalecendo o diferencial de
cada produto/serviço,
enaltecendo suas origens. Como exemplo, podemos prever um crescimento
em campanhas que
evidenciam ícones do futebol em produtos esportivos, destacando
habilidades e equiparando-as às
melhores características dos produtos anunciados.
A educação deverá preparar cada indivíduo
para a concepção profunda e ampla de um mercado globalizado, mas
centrado, cada um, no melhor
meio de enaltecer sua própria riqueza cultural.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 57
Existe uma forte previsão de que haja um
aumento no nível da pobreza mundial, gerada por
desastres sociais e políticas inadequadas na educa-
ção e economia. Essa tendência também se deve à
falta de controle do crescimento populacional dos
países menos desenvolvidos, o que infelizmente
será motivo de crescentes formas para que melhor
se atenda aos mais necessitados. Como, por exemplo, repensar novos meios
de geração de recursos
mais baratos e acessíveis para os povos de baixa
renda, já que o empobrecimento é, e continuará
sendo, crescente e inevitável.
13.12 A Crescente Subclasse
13.13 O Envelhecimento da População Ativa
A geração das pessoas com mais de 60 anos
representa um dos maiores recursos não explorados para o futuro da
educação, assim como das
economias vigentes.
A expectativa média de vida aumentou para
75 anos, e o idoso contemporâneo desfruta de melhor forma física,
emocional e intelectual, dada a
melhoria dos aspectos informacionais e tratamentos disponibilizados
atualmente. As sociedades
deverão se ocupar melhor e se estruturarem para
assegurar aos idosos condições cada vez mais eficientes e adequadas às
suas necessidades e desejos. As tendências apontam para um novo modo
de vermos a velhice, a linha do tempo. Haverá uma
maior disposição para compreender valores atrelados à experiência de vida
e isso mudará a concep-
ção da velhice.
Já vimos assistindo a um crescimento de idosos ativos profissionalmente, e
muitos são a principal fonte de renda familiar, haja vista o aumento do
desemprego, fazendo com que as aposentadorias
sejam a única forma de sobrevivência, para inúmeras famílias de baixa
renda, principalmente.
13.14 A Nova Onda do “Faça Você Mesmo”
O mundo moderno suscita a necessidade de
promover condições para que as pessoas cresçam
e se desenvolvam com maior autonomia, menor
dependência de quem quer que seja. Dessa forma,
precisaremos ter uma melhor orientação para assumir o controle de nossas
vidas, na atitude de assegurar a autogestão e a participação individual
integrada, com fluência e autoconfiança. Essas, sem
dúvida, serão habilidades valorizadas daqui para
frente, uma vez que as pessoas trabalharão cada
vez mais com múltiplas informações, em um mundo que viverá fortes e
constantes mudanças. Sem o
encorajamento para a autonomia, o indivíduo não
poderá se ajustar às novas transformações.
Márcia Lilla
58 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Estão nascendo novas empresas que priorizam parcerias, posse de ações,
distribuição de lucros, educação continuada, divisão de tarefas, horários
flexíveis e equipes de projeto. Essas empresas
criam ambientes em que as pessoas podem nutrir
o crescimento pessoal e obter um efetivo desenvolvimento educacional.
Elas estão dando certo e
vêm ocupando posição de destaque na economia
mundial, sendo consideradas modelo de avanço
tecnológico e empresarial, com forte valorização
do potencial humano, fomentando valores que
melhor viabilizem as responsabilidades sociais.
13.15 Empreendimento Cooperativo
13.16 O Triunfo do Indivíduo
Em todo o mundo, estamos vendo o renascimento do poder e das
responsabilidades individuais. Cada um de nós é responsável por escolher
produtos e serviços no mundo. Quanto mais nos
orientarmos para a amplitude das possibilidades
e quanto melhor nos prepararmos para o novo,
melhor nos adaptaremos ao futuro. Em outras palavras, um novo padrão de
funcionamento humano far-se-á necessário, o de abertura, o de ser
cocriador da própria existência e um ser qualificado
na totalidade de suas funções pessoais e sociais. O
conhecimento das Megatendências, para o estudante e futuro profissional
das Ciências Humanas e
Sociais, é fundamental para que haja abertura para
a contínua instrumentalização, aperfeiçoamento e
busca de avançados conhecimentos.
13.17 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, vimos as principais megatendências que já
estão vigorando mundialmente: a era da comunicação instantânea; um
mundo sem fronteiras econômicas; três passos para
uma economia única; a nova sociedade de serviços; de grande a pequeno; a
nova era do lazer; a forma
mutável do trabalho; mulheres na liderança; a década do cérebro; o
nacionalismo cultural; a crescente
subclasse; o envelhecimento da população ativa; a nova onda do faça você
mesmo; empreendimento
cooperativo; e o triunfo do indivíduo.
Psicologia Geral
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1. O mundo desenvolveu uma habilidade surpreendente de armazenar
informações e torná-
-las instantaneamente disponíveis em diferentes formas, para quase todo
lugar. Essa habilidade revolucionará os negócios, a educação, a vida
doméstica, o emprego, a administração,
as mídias e, virtualmente, tudo o mais que damos como certo. Nossos lares
ressurgirão como
centros vitais de aprendizagem, trabalho e entretenimento. De qual
megatendência estamos
tratando?
2. Existe uma previsão de que uma minoria de pessoas bem preparadas,
com qualificações de
graduação e pós-graduação, ocupará empregos estáveis em período integral
de companhias
tradicionais. O restante trabalhará em três agrupamentos separados, tais
como: grupo de projetos, específicos, por curtos períodos, dependendo da
demanda; trabalhadores de meio período e sazonais (um dos poucos
mercados para os não qualificados); e trabalhos individuais
ou em grupos familiares. As fusões empresariais reduzirão os empregos e a
necessidade de
manter pessoas em regime estável e duradouro, ocasionando novos padrões
ocupacionais
para o mercado de trabalho. Estamos nos referindo a qual megatendência?
3. O mundo moderno suscita a necessidade de promover condições para
que as pessoas cres-
çam e se desenvolvam com maior autonomia, menor dependência de quem
quer que seja.
Dessa forma, precisaremos ter uma melhor orientação para assumir o
controle de nossas vidas, na atitude de assegurar a autogestão e a
participação individual integrada, com fluência
e autoconfiança. De qual megatendência estamos tratando?
13.18 Atividades Propostas
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 61
Algumas reflexões importantes a serem iniciadas, com o intuito de que a
Psicologia Geral germine
um potencial para a criticidade e busca de conhecimentos contínuos nos
alunos:
A saúde e a doença,
O funcional e o disfuncional,
São pólos que fazem parte da vida,
E caberá à humanidade saber bem transitar,
Buscando sentido para o vivido e compartilhado,
Promovendo as melhores mudanças,
Abrindo-se para as boas novas das linhas contínuas dos todos
conhecimentos!!!
Salvaguardemos e multipliquemos as sementes preciosas das Psicologias!!!
Caberá ao ser em relação... preservar e sabiamente prosperar!!!
(LILLA, 20081)
1 Esse texto é de minha autoria e foi uma colaboração textual feita na
jornada de Gestalt-Terapia, do Instituto Sedes Sapientiae,
em outubro de 2008.

14 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 63
CAPíTULO 1
1. Psicologia do Senso Comum.
2. Wundt.
3. Funcionalismo.
CAPíTULO 2
1. Introspecção.
2. Técnicas Projetivas.
3. Ludoterapia.
CAPíTULO 3
1. O comportamento tem sido definido como sendo o conjunto das reações ou respostas que
um organismo apresenta às estimulações do ambiente.
2. Estímulo.
3. Comportamento Adquirido ou Aprendido.
CAPíTULO 4
1. Behaviorismo.
2. São todos os comportamentos/respostas do organismo vivo/indivíduo que não dependem
diretamente dos fatores de aprendizagens.
3. Comportamento instrumental ou operante.
CAPíTULO 5
1. Jean Piaget.
2. Inteligência Emocional (QE).
3. Aprendizagem Significativa.
CAPíTULO 6
1. Não possui tradução exata, mas representa configuração e forma.
2. A busca pela boa forma.
3. Teoria de Campo.

RESPOSTAS COMENTADAS DAS


ATIVIDADES PROPOSTAS
Márcia Lilla
64 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
CAPíTULO 7
1. Função Informativa.
2. Abraham Maslow.
3. Realizações Sociais.
CAPíTULO 8
1. Psicanálise.
2. Superego.
3. Projeção.
CAPíTULO 9
1. Psicologia Sócio-Histórica.
2. Funções Superiores.
3. Contexto social.
CAPíTULO 10
1. Natureza Sociável.
2. Time.
3. Psicologia Social.
CAPíTULO 11
1. Dar e receber feedbacks.
2. A congruência, a empatia e a consideração positiva.
3. Ser assertivo é ter a possibilidade de asserção, ou seja, estar suficientemente engajado
e de
prontidão adequada para fazer valer-se com positividade, em uma dada situação.
CAPíTULO 12
1. Neuroses.
2. São quadros mais complexos, ligados às doenças da alma, trazendo variações
humorais e até
levando o indivíduo a experimentar cisões comportamentais e de forte impacto
emocional.
3. Transtorno bipolar.
CAPíTULO 13
1. A era da informação instantânea.
2. A forma mutável do trabalho.
3. A nova onda do “faça você mesmo.”
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 65
BOCK, A. M. B. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 1996.
CHANLAT, J. F. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo:
Atlas, 1996.
DAVIDOFF, L. L. Introdução à psicologia. São Paulo: Ática, 1994.
FRIEDMAN, H. S.; SCHUSTACK, M. W. Teorias da personalidade. 2. ed. Boston:
Pearson Education, 2004.
GARCIA-ROZA, L. A. Psicologia estrutural em Kurt Lewin. Petrópolis, RJ: Vozes,
2005.

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