Você está na página 1de 35

Resumo do Livro: Psicologias (capítulos 1 e 2)Autor: Ana Mercês Bahia Bock

Editora: Saraiva
O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE Existe um domínio da
vida que pode ser entendido como vida por excelência: é o cotidiano. É no
cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que
vivemos a realidade. O fato é que uma pessoa, quando usa a garrafa térmica
para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permanecerá
razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes,
desconhecendo completamente as leis da termodinâmica. Sem esse
conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida diária
seria muito complicada. O tema que trata da definição do que é ou não é a
realidade vem sendo discutido há muitos séculos. O fato é que não é tão
simples para qualquer um de nós definir o que é a realidade.
SENSO COMUM: UM A VISÃO DE MUNDO O senso comum mistura e recicla
esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de
teoria simplificada, produzindo uma determinada visão de mundo. Quando
utilizamos termos como “rapaz complexado”, “menina histérica”,“ficar
neurótico”, estamos usando termos definidos pela Psicologia Científica. Além
disso, ao fazermos essa apropriação, associamos o conhecimento científico ao
conjunto de crenças e valores de nossa visão de mundo. Assim, um saber de
cunho científico sobre a gestação de bebês não poderá colidir fortemente com
a crença religiosa do grupo e, para isso, a pessoa fará a adaptação necessária
para evitar o conflito.
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Esse tipo de conhecimento do senso comum, porém , não seria
suficiente para as exigências de desenvolvimento da humanidade. O
ser humano, desde os tempos primitivos, foi ocupando cada vez m ais
espaço no planeta, e somente esse conhecimento intuitivo seria muito
pouco para que ele dominasse a Natureza em seu próprio proveito. A esse
tipo de conhecimento sistemático, que exige compro vação,que nos dá
segurança da ação desempenhada, chamamos de ciência. Mas o
sensocomum e a ciência não são as únicas formas de
conhecimento que o ser humano desenvolveu e desenvolve para
descobrir e interpretar a realidade. Povos antigos, e, entre eles, cabe
semp re m encionar os gregos, preocuparam-se com a origem e o
significado da existência humana. As especulações em tornodesse
tema formaram um corpo de conhecimento denominado filosofia. A
formulação de um conjunto de pensamentos sobre a origem do ser
humano, seus mistérios, princípios morais, forma outro corpo de
conhecimento humano conhecido como religião. Por fim , desde a sua pré-
história, o ser humano deixou marcas de sua sensibilidade nas paredes das
cavernas, quando desenhou a sua própria figura e arepresentação a
caça, criando uma expressão do conhecimento que traduz aemoção
e a sensibilidade. Denominamos esse tipo de conhecimento de arte.
Arte,religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do conhecimento
humano. A PSICOLOGI A CIENTÍFIC A: O QUE É CIÊNCI A?A ciência
compõe-se de um co njunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos
darealidade – o objeto de estudo – expressos por m eio de uma
linguagem precisa erigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos
de maneira planejada,sistemática e controlada, para que se permita
a verificação de sua validade. Dessaforma, o as ber pode se r
transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Essacaracterística da
produção científica possibilita sua continuidade: um novoconhecimento
é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido.OBJETO DE
ESTUDO D A PSICOLOGI AUm conhecimento, para ser considerado
científico, requer um objeto específico deestudo. O objeto da
Astronomia são os astros, o objeto da Biologia sã o os seres
Vivos. Essa classificação bem geral demonstra que é possível tratar o
objeto dessasciências com certa distância, o u seja, é possível isolar o
objeto de estudo. O mesmo não ocorre com a Psicologia, que, como a
Antropologia, a Economia, a Sociologia etodas as ciências humanas,
estuda o ser humano e, neste caso, o assunto dizrespeito ao próprio
cientista que estuda esse objeto. Se dermos a pala vra a um psicólogo
comportamental, ele dirá: “O objeto de estudoda Psicologia é o
comportamento humano”. Se a palavra for dada a um
psicólogopsicanalista, ele dirá: “O objeto d e estudo da Psicologia é
o inconsciente”. Outros dirão que é a consciência humana, e outros,
ainda, a personalidade. Assim, estudar o ser humano significa estudar um
ser q eu é histórico e está em permanentemudança. Outro motivo
que contribui para dificultar uma clara definição de objeto daPsicologia
é o fato de o cientista – o pesquisador – confundir-se com o objeto a
ser pesquisado. No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia
é o serhumano e, nesse caso, o pesquisador está i nserido na categoria a
ser estudada. É ocaso da concepção de homem natural, formulada pelo
filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que defendia que
o ser humano nascia puro, mas que eracorrompido pela sociedade,
cabendo então ao filósofo reencontrar essa pureza perdida. Por outro
lado, essa diversidade de objetos justifica-se porque os fenômenos
psicológicos são tão diversos que não podem ser acessíveis ao
mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser submetidos
aos mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. O
objeto da Psicologia, considerando suas características, deve ser
aquele que reúna as condições d e aglutinar umaampla variedade de
fenômenos psicológicos.A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA Psicologia A
subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai
constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as
experiências da vida social e cultural; é uma síntese que, de um lado,
nos identifica, por ser única; e, de outrolado, nos iguala, na medida
em que os elementos que a constituem sãoexperienciados no
campo comum das condições objetivas de e xistência. A
Subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, se comportar,
sonhar, amar decada um. É o que constitui o nosso modo de ser. O
movimento e a transformação são os elementos básicos de toda
essa história. E aproveitamos para citar Guim arães Rosa (2017) que,
em Grande sertão: veredasconsegue expressar, de modo mui to
adequado e rico, o que aqui vale a penaregistrar:“O importante e
bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão se mpreiguais,
ainda não f oram terminadas, mas que elas vão sempre
mudando.Afinam e desafinam.Ӄ claro que a forma de se abordar a
subjetividade, e mesmo a forma de concebê-la,dependerá da
concepção de ser humano adotada pelas diferentes
escolaspsicológicas. No momento, pelas características do
desenvolvimento histórico daPsicologia, essas escolas acabam
formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma
totalidade – o ser humano: sua subjetividade e suasmanifestações.A
PSICOLOGI A E O MISTICISMO A Psicologia, como área da ciência, aparece
em 1879 quando Wilhelm Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório
de Experimentos em Psicofisiologia, em Leipzig,Alemanha. Atualmente,
a Psicologia ainda não consegue explicar todos os aspectos do
serhumano. Sabe-se que a ciência não esgotará o que há para
conhecer, pois arealidade está em permanente m ovimento, novas
perguntas surgem a cada dia, oser humano está em movimento e
em transformação, colocando também novasperguntas para a
Psicologia. Alguns dos desconhecimentos da Psicologia têmlevado os
psicólogos a buscarem respostas em outros campos do saber
humano.Com isso, algumas práticas não psicológicas têm sido
associadas às práticaspsicológicas. O tarô, a astrol ogia, a
quiromancia, a numerologia, entre outraspráticas adivinhatórias e /ou
místicas, têm sido associados ao fazer e ao saberpsicológico (esses
saberes não estão no campo da Psicologia, mas podem se tornar
Seu objeto de estudo). A Psicologia, ao relacionar-se com esses
saberes, deve sercapaz de enfrentá-los sem preconceitos,
reconhecendo que o ser humano construiumuitos “saberes” em busca de
sua felicidade. Esses saberes não estão no cam po daPsicologia, mas podem
se tornar seu objeto de estudo.Essas não são práticas da Psicologia. São
outras formas de saber sobre o humano que não podem ser confundidas com
a Psicologia, pois:
Não são construídas no campo da ciência a partir do método e
dos princípios científicos;
Estão em oposição aos princípios d a Psicologia, que vê não só o ser
humano como ser autônomo, que se desenvolve e se constitui a partir
de sua relação com o mundo social e cultural, mas também o vê sem
destino pronto, que constrói seu futuro ao agir sobre o mundo. É preciso
reconhecer que pessoas que acreditam em práticas adivinhatórias
oumísticas têm o direito de consultar e de ser com sultadas, e
também temos dereconhecer, como cientistas, que não sabemos
tudo sobre o psiquismo hum ano eque, muitas vezes, novas descobertas
seguem estranhos e insondáveis caminhos.PSICOLOGI A TAMBÉM TEM
HISTÓRI A Compreender em profundidade algo que compõe o nosso
mundo significa recuperarsua história. No caso da Psicologia, como
ciência, a história tem por volta de 140anos a penas, se
considerarmos o ano de 1879 em que W ilhelm Wundt (1832-
1920)instalou o Laboratório de Psicologia Experimental, em Leipzig,
Alemanha, fato queestabeleceu o marco da criação da Psi cologia
no mundo oci dental. Na história daPsicologia, duas vertentes de
história são importantes. Uma vertente é quandoretomamos a história
grega, em um período anterior à era cristã; a outra é
quandoretomamos o desenvolvimento da modernidade que é,
efetivamente, a responsávelpelo surgimento da Psicologia como ciência. A
PSYCHÉ DOS GREGOS
Não havia Psicologia na Grécia Antiga. Assim, estamos apenas
reconhecendo, comessa volta aos gregos, que a preocupação com a
alma e a ra zão humanas já existiaentre os gregos antes da era cristã. É
entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de
sistematizar umpensamento sobre o espírito humano, ou seja, a
interioridade humana. O própriotermo psicologia vem do grego
psyché, que significa alma, e de logos, que significarazão. A alm a,
ou o espírito, era concebida como a parte imaterial do ser humano
eabarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a
irracionalidade, o desejo,a sensação e a percepção. É com Sócrates (469-
399 a.C.) que as ideias sobre o mundo psicológico ganharamcerta
consistência. Sua pri ncipal preocupação era com o limite que
separa o ser humano dos animais. Dessa forma, ele postulava que
a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao ser
humano sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da
irracionalidade. O passo seguinte foi dado pelo filósofo Platão(427-
347 a.C.), discípulo de Sócrates, que procurou definir um “lugar”
para a razão em nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo
a cabeça, onde se encontra a alma humana. A medula seria,
portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Esse
elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma
separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o corpo)
desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, foi um dos mais
importantes pensadores da história da Filosofia. Suacontribuição foi
inovadora ao postular que alma e corpo não po dem ser
dissociados.Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida.
Tudo aquilo que cresce,reproduz e se alimenta possui a sua
psyché ou alma (Aristóteles chegou a estudaras diferenças entre a
ra zão, a percepção e a s sensações. Esse estudo estásistematizado
no De Anima, que pode ser considerado o primeiro tratado das
ideiaspsicológicas).O MUNDO PSICOLÓGICO NO IMPÉRIO ROM ANO E N A
ID ADE MÉDI AÀs vésperas da era cristã, surge um novo império que
dom inaria a Grécia, parte daEuropa e do Orien te Médio: o Império
Romano.
Resumo do capítulo 15 do Livro Psicologias
No texto, relata que o nosso dia a dia é uma vida em grupo e que toda a
Psicologia é uma Psicologia Social porque ninguém vive completamente
isolado; dependemos do outro no nosso cotidiano e é preciso combinar
algumas regras e a regularidade normatizada é chamada de instituição. Viver
em grupo tem grande importância e se destacado nesse processo: a Psicologia
em grupos que é um tema clássico e a Psicologia Institucional que pode ser
encontrada em Literatura específica a partir da metade do século XX.

A Psicologia Institucional só é entendida se conhecermos o processo de


instituições. A palavra instituição é empregada de forma a designar o local
onde se presta algum tipo de serviço, geralmente público.

O processo de institucionalização começa com o estabelecimento de


regularidades comportamentais. Um hábito se estabelece quando uma tarefa
repete-se muitas vezes. Um hábito estabelecido por razões concretas com o
passar do tempo e das gerações transforma-se em tradição. Quando se
passam muitas gerações e a regra estabelecida perde essa referência de
origem, o grupo de antepassados, dizemos que essa regra social foi
institucionalizada.

A instituição é um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com que serve


como guia básico de comportamento e de padrão ético para as pessoas em
geral. A organização é a base concreta da sociedade e representa a
instituições no cotidiano na sociedade. As organizações são o polo prático das
instituições.

O elemento que completa a dinâmica de construção social da realidade é o


grupo-lugar onde a instituição se realiza, concretizando as regras e
promovendo os valores ou reformulando as regras.
O grupo sujeito é aquele que percebe a manipulação e não perde seu próprio
desejo de autonomia; não se sujeita ao desejo institucionalizado. O grupo
sujeitado não consegue se desgarrar do poder do desejo institucionalizado; não
tem domínio sobre suas ações.

O grau de saber e não saber dos grupos sobre sua própria história e potencial
para transformá-la chama-se transversalidade. Grupos sujeitos tem auto grau
de transversalidade, enquanto grupos sujeitados possuem baixo grau de
transversalidade. A importância do estudo dos grupos na Psicologia
Os primeiros estudos sobre grupos foram denominados de Psicologia das
massas ou Psicologia das multidões. A pergunta que era feita para o campo da
Psicologia era o que levaria uma multidão a seguir a orientação de um líder
mesmo que, para isso, fosse preciso colocar em risco a própria vida.

Apesar da Psicologia Social surgir com o estudo das massas, será com grupos
menores, os quais têm objetivos claramente definidos, que se desenvolverá a
pesquisa de grupo.

O que foi falado na sobre a dinâmica dos grupos são os temas como coesão do
grupo; pressões e padrão do grupo, motivos individuais e objetivos do grupo,
liderança e realização do grupo.
As formas de convívio que independem de nossa escolha, chamamos de
solidariedade mecânica. A solidariedade orgânica diz-se da afiliação feita
por vontade própria; escolhemos nossos pares. Nos grupos onde predomina a
solidariedade mecânica, geralmente forma-se subgrupos que se caracterizam
pela solidariedade orgânica.
Quando um grupo se estabelece, os fenômenos grupais mencionados
anteriormente passam a atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o
grupo, ao que chamamos de processo grupal. A coesão é uma forma
encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as regras
estabelecidas. A coesão é uma forma encontrada pelo grupo para que seus
membros sigam as regras estabelecidas e à certeza da fidelidade dos
membros ao grupo que estão inseridos, chamamos de coesão grupal. Os
grupos, de acordo com suas características, apresentam maior ou menor
coesão grupal. Quanto mais o grupo precisar garantir sua coesão, mais ele
impedirá manifestações individuais que não estejam claramente de acordo com
seus objetivos. Sobre a liderança dos grupos postula-se que um grupo com
vocação autoritária precise de um líder autoritário, um grupo democrático
precisa de um líder democrático e grupos sem preocupação com sua
organização, ou não teria liderança ou teria uma liderança que lhes desses a
direção. Grupos são mais eficientes e grupos autoritários são eficientes no
imediatismo, mas são pouco produtivos, pois funcionam a partir da demanda
de um líder; seus membros são cumpridores de tarefas. Grupos democráticos
exigem maior participação de todos os seus membros, que dividem
responsabilidades na realização das tarefas.
O grupo operativo configura-se como um modo de intervenção, organização e
resolução de problemas grupais, baseado em uma teoria consistente e
conhecida como Teoria do Vínculo. Tal abordagem transformou-se num
poderoso instrumento de intervenção em situações organizacionais e é
muito usada hoje em dia.
O desenvolvimento de uma Psicologia Social Crítica, cada um a seu modo,a
desenvolver uma consistente crítica aos modelos teóricos existentes. O
fundamental nesta visão é considerar que não existe grupo abstrato mas, sim,
um processo grupal que se reconfigura a cada momento.
Categorias de produção grupal:
1. Categoria de produção a produção das satisfações de necessidades do
grupo está diretamente relacionada com a produção das relações grupais.
2. Categoria de dominação os grupos tendem a reproduzir as formas sociais
de dominação. Mesmo um grupo de características democráticas tende a
reproduzir certas hierarquias comuns ao modo de produção dominante (no
nosso caso, o modo de produção capitalista).
3. Categoria grupo-sujeito (de acordo com Lourau)
trata-se do nível de resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos
com menor resistência à autocrítica e, portanto, com capacidade de
crescimento através da mudança, são considerados grupos-sujeitos. Os grupos
que se submetem cegamente às normas institucionais e apresentam muita
dificuldade para a mudança são os grupos-sujeitados. Grupos de ou A
hierarquização das formas mais verticalizada horizontalizada dependerá de
como estão inseridos no sistema produtivo. De acordo com a maneira como a
sociedade define seu sistema produtivo, ela estabelece valores sociais que, de
uma maneira geral, serão reproduzidos pelos grupos, estejam eles mais ou
menos diretamente ligados ao sistema produtivo. Assim, quando se trata do
trabalho numa fábrica, o grupo tenderá a ser bastante verticalizado (diretor,
gerente, chefe, encarregado e operários) e esta verticalização poderá ser
transferida, como valor, para o grupo familiar do operário (o pai, a mãe, o filho
mais velho e os mais novos). Existe a possibilidade de o grupo (ou alguns de
seus membros) exercer a negação deste processo de imposição social (na
realidade, é isso que cria uma dinâmica social rica variada).
Chegamos à terceira categoria: grupo-sujeito, aquele que critica as formas
autoritárias de organização e procura estabelecer uma contra norma. Isto
somente é possível quando o grupo consegue esclarecer a base de dominação
social, historicamente determinada, e encontra formas de organização
alternativas (como é o caso das formas autogestionárias de organização
grupal).

Matéria: Introdução a Psicologia.


(Resumo do livro Psicologias - Capítulo 1)
Diferença entre psicologia científica e psicologia do senso comum:
Psicologia refere-se ao estudo científico dos processos mentais e
comportamento do ser humano.
Por outro lado, o senso comum refere-se ao bom senso na prática clínica. A
diferença fundamental
entre psicologia e senso comum decorre de sua fonte de conhecimento. A
psicologia se baseia
em ciência, compreensão teórica e pesquisas, mas o senso comum se baseia
na experiência e
raciocínio.
Senso comum é o modo de pensar da maioria das pessoas, são noções
comumente admitidas
pelos indivíduos. Significa o conhecimento adquirido pelo homem partir de
experiências, vivências
e observações do mundo acumulados ao longo da vida e passados de geração
em geração.
É um saber que não se baseia em métodos ou conclusões científicas, e sim no
modo comum e
espontâneo de assimilar informações e conhecimentos úteis no cotidiano.
Também faz parte do
senso comum os conselhos e ditos populares que são tidos como verdades e
seguidos pelo povo.
Por exemplo: "Deve-se cortar os cabelos na lua crescente para que cresçam
mais rápido".
Definição de ciência e objeto de estudo da psicologia:
A ciência tem uma característica fundamental: a objetividade. Suas conclusões
devem ser
passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se válidas
para todos. Seu
objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas,
processo cumulativo do
conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que
supera em muito
o conhecimento espontâneo do senso comum. Na psicologia, o objeto alvo de
estudo é o ser
humano e seu comportamento.
Diversidade de objeto da psicologia:
O campo de conhecimento da psicologia se constituiu no final do século 19. A
mesma estuda o
comportamento humano, não havendo uma exatidão tal como as ciências
exatas. Pois devido à
diversidade de manifestações individuais e coletivas, uma pessoa não é igual à
outra, da mesma
forma que uma mente não age de forma padrão em relação à realidade.
Psicologia é uma ciência
nova diante de um universo de mistérios. Uma viagem infinita pelo vasto
mundo da complexidade
do Ser e do Estar. Assim, a Psicologia hoje se caracteriza por uma diversidade
de objetos de
estudo. Ou seja, o estudo da psicologia não tem um paradigma (padrão que
serve como modelo)
como modelo, pois tudo é passivo de mudança.
Subjetividade como estudo da psicologia:
O objeto de estudo que diferencia a Psicologia das demais ciências humanas.
A mesma estuda a
subjetividade, sendo essa a sua principal contribuição para o entendimento do
Ser Humano. A subjetividade é a síntese única que cada indivíduo constrói
através das suas experiências vividas social e cultural. Nesse sentido, a
subjetividade não é inata e sim aprendida.
Ela é construída continuamente pelo indivíduo e por todos os elementos
presentes no ambiente
em que ele vive, é algo que muda de acordo com cada pessoa, como o gosto
pessoal, por
exemplo, cada um possui o seu, portanto é algo subjetivo. O tema
subjetividade varia de acordo
com os sentimentos e hábitos de cada um, é uma reação e opinião individual,
não é passivo de
discussão, uma vez que cada um atribui um determinado valor para uma coisa
específica. A
subjetividade é formada através das crenças e valores do indivíduo, com suas
experiências e
histórias de vida.
Psicologia e o misticismo:
A Psicologia, como área da Ciência, vem se desenvolvendo na história desde
1875, quando Wundt
(1832-1926) criou o primeiro Laboratório de Experimentos em Psicofisiologia na
Alemanha. Esse
marco histórico significou o desligamento das ideias psicológicas de ideias
abstratas (que só existe
na ideia ou conceito) e espiritualistas, que defendiam a existência de uma alma
nos homens, a
qual seria a sede da vida psíquica. A partir daí, a história da Psicologia é de
fortalecimento de seu
vínculo com os princípios e métodos científicos. A ideia de um homem
autônomo, capaz de se
responsabilizar pelo seu próprio desenvolvimento e pela sua vida, também vai
se fortalecendo a
partir desse momento. Hoje, a Psicologia ainda não consegue explicar muitas
coisas sobre o
homem, pois é uma área da Ciência relativamente nova. Além disso, sabe-se
que a Ciência não
esgotará o que há para se conhecer, pois a realidade está em permanente
movimento e novas
perguntas surgem a cada dia, o homem está em movimento e em
transformação, colocando
também novas perguntas para a Psicologia. Alguns dos "desconhecimentos" da
Psicologia têm
levado os psicólogos a buscarem respostas em outros campos do saber
humano. Com isso,
algumas práticas não-psicológicas têm sido associadas às práticas
psicológicas. O tarô, a
astrologia, a quiromancia, a numerologia, entre outras práticas adivinhatórias
e/ou místicas, têm
sido associadas ao fazer e ao saber psicológico. A Psicologia, ao relacionar-se
com esses saberes,
deve ser capaz de enfrentá-los sem preconceitos, reconhecendo que o homem
[pg. 26] construiu
muitos "saberes" em busca de sua felicidade. Mas é preciso demarcar nossos
campos. Esses
saberes não estão no campo da Psicologia, mas podem se tornar seu objeto de
estudo.
É possível estudar as práticas adivinhatórias e descobrir o que elas têm de
eficiente, de acordo
com os critérios científicos, e aprimorar tais aspectos para um uso eficiente e
racional. Nem
sempre esses critérios científicos têm sido observados e alguns psicólogos
acabam por usar tais
práticas sem o devido cuidado e observação. Esses casos, seja daquele que
usa a prática mística
como acompanhamento psicológico, seja o do psicólogo que usa desse
expediente sem critério
científico comprovado, são previstos pelo código de ética dos psicólogos e, por
isso, passíveis de punição. No primeiro caso, como prática de charlatanismo e,
no segundo, como desempenho inadequado da profissão.

CONCEPÇÃO DE HOMEM

Há diferentes concepções de homem na medida em que estudos filosóficos e


teológicos e mesmo
doutrinas políticas acabam definindo o homem de diferentes formas:
Homem natural – A filosofia de Jean-Jacques Rousseau tem como essência a
crença de que o Homem é bom naturalmente, embora esteja sempre sob o
jugo da vida em sociedade, a qual o predispõe à depravação. Ou seja, ele era
puro e foi corrompido pela sociedade.
Homem como ser abstrato – Por esta concepção o homem possuiria
características definidas que não mudam, independentemente das condições
sociais a que esteja submetido.
Homem como ser histórico-social – Esta concepção propõe que o homem é
determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam. Ou seja, o
homem como um ser social, psicológico e biológico.

Exercícios do capítulo 1
Questão 1: Você leu no texto que existem a Psicologia Científica e a Psicologia
do senso-comum.
Supondo que o seu contato até o momento só tenha sido com a Psicologia do
senso comum, relacione situações do cotidiano em que você ou as pessoas
com quem convive usem essa psicologia.
R: Chá de boldo cura problemas no fígado: quando uma pessoa reclama de
dores no fígado, é comum alguém dizer que ela pode tomar um chá de boldo
que logo a dor vai passar. Esta é uma receita usada pelos mais antigos e que
foi repassada de geração em geração, sem que as pessoas
soubessem de fato o princípio ativo do boldo e seu efeito nas doenças
hepáticas.
Sexta-Feira 13: O número 13 é considerado de má sorte, especialmente
quando cai numa sexta- feira. Muitas pessoas evitam fazer viagens, reuniões
ou negócios neste dia. Mesmo que você não acredite nisso, de alguma
maneira, esta crença está arraigada no seu cérebro e talvez nunca você se
perguntou porque a sexta-feira 13 traz azar.
Passar por debaixo da escada, quebrar um espelho ou um gato preto passar a
sua frente te trarão anos de azar.

Questão 2: Conversem sobre Psicologia Científica, sua matéria prima e seu


enfoque. Para isso, retomem as seguintes questões:
a) Qual é a matéria-prima da Psicologia?
R: É o estudo do homem e sua subjetividade. A diversidade de mundos,
internos e externos,
individuais e sociais.
b) O que é subjetividade?
R: Subjetividade varia de acordo com os sentimentos e hábitos de cada um, é
uma reação e opinião individual, não é passivo de discussão, uma vez que
cada um atribui um determinado valor para uma coisa específica. A
subjetividade é formada através das crenças e valores do indivíduo, com suas
experiências e histórias de vida.
c) Por que a subjetividade não é inata?
R: Pois a subjetividade é obtida através de vivências do próprio indivíduo. É
uma experiência pessoal adquirida de cada ser humano perante situações que
foram vividas, ou seja, está sempre em construção.
d) Por que as práticas místicas não compõem o campo da psicologia científica?
R: Porque as práticas místicas não são construídas no campo da ciência, a
partir dos princípios científicos. Além de ter pressupostos opostos a psicologia
como a concepção de destino, existência de forças que não estão no campo do
humano e do mundo material.

Questão 3: Verifiquem quantas pessoas do grupo procuraram práticas


adivinhatórias (tarô, astrologia etc.). A partir da leitura do texto, discutam a
experiência, e ao final, diferenciem essas práticas das práticas do saber da
Psicologia.
R: A Psicologia, ao relacionar-se com esses saberes místicos, deve ser capaz
de enfrentá-los sem preconceitos, reconhecendo que o homem construiu
muitos “saberes” em busca de sua felicidade.
Esses saberes místicos não estão no campo da Psicologia, mas podem se
tornar seu objeto de estudo. Por exemplo, a influência do misticismo na vida
individual de cada ser humano. Pois cada um atribui um determinado valor a
estas práticas.
Ex: A prática da oração a Deus junto ao tratamento da medicina ajuda a uma
determinada pessoa se recuperar melhor de um tratamento de câncer.

Resumo de aulas do SIA


Questões de Normalidade
Não existe uma única, simples e satisfatória definição para o conceito de
normalidade. Logo, o
conceito de normalidade é algo dinâmico e relativo, deve ter em conta o
contexto, bem como o
próprio sujeito, já que muitas vezes a "anormalidade" está na "normalidade".
Vou então descrever
um pouco das várias perspectivas:


Normal enquanto Saúde: nesta perspectiva, ninguém é completamente normal.
Porém só se considera patológico quando a pessoa possui sintomas que
prejudiquem a
sua vida diária (trabalho, família, socialização, etc.);
Normal enquanto frequência estatística: nesta perspectiva, normal é o mais
frequente. Tudo o que "não entra" nessa frequência não é normal. Contudo a
carie
dentária que afeta 95% da população, poderia ser considerada normal, visto
que é mais
frequente encontrar uma pessoa com a "doença" do que sem ela. O mesmo
acontece
com algumas doenças mentais.
Normal enquanto normas, valores ou regras definidos socialmente: esta
perspectiva, provavelmente a mais correta, porém temos de ter consciência de
que esta
definição pressupõe algo constantemente dinâmico e mutável, pois o
que hoje é
saudável, amanhã pode não ser e vice-versa.
Normal enquanto algo que nós devemos aproximar: Nesta perspectiva a
"normalidade" é vista como um objetivo a alcançar, como um culminar de um
caminho.
"Normal" é algo que devemos atingir e ambicionar.
Normal enquanto processo dinâmico de adaptação: nesta perspectiva "normal"
é
tudo o que está perfeitamente adaptado, logo o anormal ou patológico deve-se
a uma
desadaptação à sociedade, à família, etc. No entanto como tudo está em
constante
mutação, estamos simultaneamente em vários processos de adaptação.
Normal enquanto norma funcional: nesta perspectiva normal é quase sinónimo
de
funcional. Uma pessoa é normal enquanto “funcionar” corretamente, perante o
meio e
perante si próprio.
Breve história da Loucura
Principais estudos sobre a história da loucura foram realizados pelo filósofo
francês Michel
Foucault, mostrando interessantes características. Na idade média e no
renascimento eram raros os casos de internação de loucos em hospitais e,
quando isso ocorria, recebiam o mesmo tratamento dispensado aos demais
doentes, com sangrias, purgações, ventosas e banhos. Nos séculos 17 e 18 os
critérios para definir a loucura referiam-se à transgressão da lei e da
moralidade dominante. Em 1656 foi criado, em Paris, o Hospital Geral que era
uma instituição assistencial que retirava das ruas os “devassos", os “feiticeiros”,
os "libertinos" e os “loucos”. O critério de exclusão baseava-se na inadequação
do "louco" à vida social. No final do século 18 surgiu a primeira instituição
destinada à reclusão dos "loucos": o asilo. Os métodos terapêuticos utilizados
no asilo eram a religião, o medo, a culpa, o trabalho, a vigilância e o
julgamento. A ação da psiquiatria era moral e social; iniciando a medicalização.

A CONTRIBUIÇÃO DE SIGMUND FREUD


Para a psicanálise o que distingue o normal do anormal é uma questão de grau
e não de natureza.
Nos indivíduos normais e anormais existiriam as mesmas estruturas de
personalidade e de
conteúdo. Estas seriam as estruturas neuróticas (expressão simbólica de um
conflito psíquico
que tem suas raízes na história infantil do indivíduo) e psicóticas (refere-se a
uma perturbação
intensa do indivíduo na relação com a realidade. Na psicose ocorre uma
ruptura entre o ego e a
realidade, ficando o ego sob domínio do id).
Tipos de neurose:

Neurose obsessiva - envolve comportamentos compulsivos.
Neurose fóbica ou histeria de angústia - a angústia é fixada, de modo mais ou
menos estável, num objeto exterior, isto é, o sintoma central é a fobia, o medo.
⚫ Neurose histérica ou histeria de conversão - o conflito psíquico simboliza-se
nos
sintomas corporais de modo ocasional, isto é, como crises.
Mas qual a diferença entre Neurose e Psicose?
As neuroses são fruto de tentativas ineficazes de lidar com conflitos e traumas
inconscientes. O
que distingue a neurose da normalidade é assim a intensidade do
comportamento e a
incapacidade do doente de resolver os conflitos internos e externos de maneira
satisfatória.
Algumas pessoas sofrem sintomas mais graves de neurose do que outras, e
algumas formas de
neurose são mais acentuadas, como transtorno obsessivo-compulsivo. No
entanto, a neurose não é tão grave como psicose.
Psicose, ou uma desordem psicótica refere-se a qualquer estado mental que
prejudica o
pensamento, percepção e julgamento. Episódios psicóticos podem afetar uma
pessoa com ou sem uma doença mental. A pessoa que experimenta um
episódio psicótico pode ter diversos sintomas, como alucinações, paranoia, e
até experimentar uma mudança na personalidade.
Em essência, a principal diferença entre neurose e psicose é a forma em que
elas afetam
a saúde mental. O comportamento neurótico pode estar naturalmente presente
em qualquer pessoa, ligado a uma personalidade desenvolvida. O
comportamento psicótico pode ir e vir como resultado de várias influências. Os
efeitos de alguns medicamentos podem causar episódios psicóticos, ou uma
situação traumática que afeta o bem-estar psicológico de uma pessoa podendo
desencadear o episódio. A distinção entre as condições ou distúrbios
neuróticos e psicóticos é realizada através de uma avaliação por um psiquiatra
ou psicólogo, que pode tratar os sintomas com medicação ou terapia.

Os sintomas mais frequentes de um neurótico são:

•Insatisfação geral, excesso de mentiras, manias, problemas com o sexo,


dentre outros.
Exemplos deles são o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)

•Depressão e a Síndrome do Pânico.


Já a psicose é marcada por fases de delírios e alucinações. Podemos dar
como exemplo de
psicose:

• Esquizofrenia - caracteriza se pelo afastamento da realidade, o indivíduo


entra em um
processo de centramento de si mesmo.

•Transtorno Bipolar
Autismo.
Há cura para a neurose, já para a psicose não há cura definitiva.
Mania e melancolia ou psicose maníaco depressiva: caracteriza-se pela
oscilação entre o estado de extrema euforia e estados depressivos.
ANTIPSIQUIATRIA
Em oposição às abordagens tradicionais da doença mental surgem outras que
questionam o
conceito de normalidade e os tratamentos propostos, como é o exemplo da
antipsiquiatria que
afirma que a doença mental é uma construção da sociedade e não existe em
si. A antipsiquiatria
e a psiquiatria social denunciaram a manipulação do saber científico, a retirada
da humanidade
e a utilização de condições perversas de tratamento.
ESTUDO DE CASO
É um método qualitativo que consiste, geralmente, em uma forma de
aprofundar uma unidade
individual. Ele serve para responder questionamentos que o pesquisador não
tem muito controle
sobre o fenômeno estudado. O estudo de caso contribui para compreendermos
melhor os
fenômenos individuais, os processos organizacionais e políticos da sociedade.
É uma ferramenta
utilizada para entendermos a forma e os motivos que levaram a determinada
decisão. Conforme
YIN, Roberto K. (2001) o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que
compreende um
método que abrange tudo em abordagens especificas de coletas e análise de
dados sendo amplo
e complexo não podendo ser estudado no contexto onde ele ocorre
naturalmente.
PESQUISA DE LEVANTAMENTO
O que é pesquisa por levantamento: É aquela em que as características de
interesse de uma
população são levantadas (observadas ou medidas), mas sem manipulação. É
a pesquisa
realizada mediante a "... a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja
conhecer."
Tipos de pesquisas são:
Descritivas: As pesquisas descritivas fazem uma análise minuciosa e descritiva
do objeto de
estudo (população, empresa, governo, situação-problema). Investe-se na
coleta e no
levantamento de dados qualitativos, mas, principalmente, quantitativos.
Utilizam-se gráficos de
sexo, idade, nível de escolaridade e localidade, por exemplo. A finalidade da
pesquisa descritiva
é analisar os dados coletados sem que haja a interferência do pesquisador.
Costuma fazer uso
de levantamentos para coleta de dados e descreve, minuciosamente,
experiências, processos,
situações e fenômenos. Focando em descrever fatores.
Exemplo: Verificar por que pacientes de um consultório esperam determinado
tempo e depois
desistem. Para isso, será preciso ficar lá observando e realizando anotações a
fim de explicar o
motivo do fenômeno.
Pesquisa Descritiva: Quais são os fatores que fazem as pessoas desistirem?
Explicativas: São aquelas pesquisas que têm como preocupação central
identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o
tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta
consideravelmente. Registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas
causas. A pesquisa explicativa exige maior investimento em síntese, teorização
e reflexão a partir do objeto de estudo. Visa identificar os fatores que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou variáveis que afetam o
processo. Explica o porquê das coisas.
Exemplo: Vamos imaginar um estudo de campo. O objetivo é observar o
comportamento de um determinado grupo de pessoas, realizar anotações a fim
de explicar o motivo de um fenômeno.
É esperado nos resultados da pesquisa que você faça: Ir até o local, observar,
anotar, sintetizar e explicar.
Exemplo: verificar por que pacientes de um consultório esperam determinado
tempo e depois
desistem. Para isso, será preciso ficar lá observando e realizando anotações a
fim de explicar o
motivo do fenômeno.
Pesquisa Explicativa: Porque as pessoas desistem?
Correlacional: É o tipo de pesquisa que procura explorar relações que possam
existir entre
variáveis (duas coisas diferentes), exceto a relação de causa-efeito sendo algo
como obrigatório.
São investigadas as relações que existem entre variáveis, lidando com o que já
existe nelas, ou seja, os indivíduos que participam do método já possuem
atributos a serem pesquisados
(estresse, ansiedade, entre outros).
Exemplo: “Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um estudo
correlacional entre habilidades sociais e traços de personalidade segundo o
modelo dos cinco grandes fatores.”

Outros tipos de pesquisas científicas em Psicologia:


• Pesquisa de estudo de caso – É a pesquisa que privilegia um caso particular
que seja
significativo, ou seja, um fenômeno que seja suficiente para análise efetiva.

• Pesquisa experimental – É um método utilizado para demonstrar uma relação


causal
- entre variáveis, ou seja, o pesquisador manipulará sistematicamente uma
variável
chamada de variável independente (VI) e as medidas de efeito sobre outra
variável
conhecida como variável dependente (VD). Métodos experimentais podem ser
usados
para determinar se a evolução da variável causa uma mudança em outra
variável.

• Pesquisa de Campo – É a pesquisa que o investigador precisa ir ao local


onde o
fenômeno ocorre e coletar informações a serem documentadas.

•Pesquisa bibliográfica – É a técnica que visa o recolhimento de informações


previamente coletadas sobre o campo de interesse do investigador e tem como
objetivo
levantar materiais que seja fonte para o processo de pesquisa por meio de
materiais
audiovisuais, publicações de livros, artigos, monografias, imprensa escrita e
etc.
VARIÁVEIS INDEPENDENTES, DEPENDENTES E ESTRANHA

Variável dependente (VD): é a variável que sofre o efeito de outras variáveis no


contexto da
análise que estamos conduzindo (é nesse sentido que ela é “dependente”). A
VD é, portanto, a variável que medimos ou observamos com o objetivo de
detectar o efeito de outras variáveis sobre ela. VD - sofre mudanças.

Exemplo: Os pesquisadores estão interessados em investigar como o álcool


influencia tempos de reação durante a condução de veículos. A quantidade de
álcool que
um participante ingere é a variável independente, enquanto que o seu
desempenho em
um teste de condução é a variável dependente.

Variável independente (VI): é a variável que supomos que afeta a VD. A VI é,


portanto, a
variável que manipulamos (modificamos) para poder observar ou medir os
efeitos dessas
manipulações na VD. Na Análise do Comportamento, as variáveis
independentes que buscamos relacionar com o comportamento são eventos
ambientais. VI - causa mudanças.

Exemplo: Pesquisadores querem determinar se um novo tipo de tratamento vai


levar a
uma redução da ansiedade para os pacientes que sofrem de fobia social.
Numa
experiência, alguns voluntários recebem o novo tratamento, outro grupo recebe
um
tratamento diferente, e um terceiro grupo não recebe qualquer tratamento. A
variável
independente neste exemplo é o tipo de terapia.

Variável Estranha (VE): Quando o experimentador planeja e desenvolve a


investigação, ele
procura controlar todas as variáveis que o possam impedir de testar se a
variável independente
influencia efetivamente a variável dependente. O investigador tem de ter o
controle da situação,
bem como as características das atitudes do sujeito e os efeitos do
experimentador, bem como
as variáveis externas. As variáveis entranhas ou parasitas, são aquelas que o
pesquisador não
considerou na hipótese. Este tipo de variável afeta o resultado de toda a
experiência, daí que
seja conveniente elimina-las e neutraliza-las, para se assegurar que as
respostas dos sujeitos só
dependam da variável independente. VE - sofre mudanças não esperadas.
ABORDAGENS DA PSICOLOGIA
Vamos agora conhecer as diferentes concepções do fenômeno psíquico e
visões de ser-humano
subjacente em quatro abordagens: behaviorismo, gestaltismo, psicanálise e
cognitivismo.
Behaviorismo
Teoria e método de investigação psicológica que procura examinar do modo
mais objetivo o
comportamento humano e dos animais, com ênfase nos fatos objetivos
(estímulos e respostas),
sem fazer recurso à introspecção.
Deu início com Watson em 1913, consiste na teoria explicativa do
comportamento
publicamente observável da Psicologia, a qual postula que esta deve ocupar-se
do
comportamento animal (humano e não humano) apenas quando for possível
uma observação
pública para obter uma mensuração, ao invés de ocupar-se dos estados
mentais que possam
gerar ou influenciar tais comportamentos, ou seja, não acredita na
introspecção. Sendo assim, o behaviorismo metodológico acredita na
existência da mente, mas a ignora em suas explicações sobre o
comportamento. Para o behaviorismo metodológico os estados mentais não se
classificam como objetos de estudo empírico (observáveis), portanto, rege uma
ciência positivista (a principal ideia do positivismo era a de que o conhecimento
científico devia ser reconhecido como o único conhecimento verdadeiro. As
superstições, religiões e demais ensinos teológicos devem ser ignorados, pois
não colaboram para o desenvolvimento da humanidade.
Não acredita na introspecção “olhar para dentro” como meio de se atingir o
conhecimento).
Watson demonstrou a sua teoria das respostas condicionadas nos estudos
experimentais
realizados com o bebé Albert de 11 meses condicionando-o a ter medo de um
rato branco, que ele não temia antes de ser submetido ao condicionamento. (S-
R)
Para estabelecer a relação de medo, Watson provocou um enorme barulho
atrás da cabeça do bebê Albert sempre que o rato lhe era mostrado. Em pouco
tempo a mera visualização do rato produzia sinais de medo na criança. Esse
medo condicionado generalizou-se a outros estímulos similares como um
coelho, uma pele branca ou a barba do pai natal.

• Estímulo incondicionado (martelo): provoca uma resposta natural


e automática.

• Resposta incondicionada (medo): naturalmente desencadeia uma


resposta automática (você não tem que aprender para responder).

• Estímulo neutro (rato): que não gera qualquer resposta.

• Estímulo condicionado (rato pareado ao martelo): é um estímulo


previamente neutro que, após preado com o estímulo incondicionado,
eventualmente, desencadeia uma resposta condicionada.

• Resposta condicionada (medo do rato): é a resposta aprendida ao estímulo


antes neutro.

Os estudos de Watson se baseavam no condicionamento clássico de Pavlov


em 1903. Ele
estava interessado em estudar o funcionamento do sistema digestório
utilizando cães como
seus sujeitos experimentais. O fisiólogo russo, pesquisou a salivação dos
cachorros na presença da comida. Neste contexto, um dia percebeu que os
cachorros começavam a salivar antes de virem a comida. Só o fato de
submeter os cachorros às condições do experimento lhes causava a resposta
da salivação.

Skinner em 1945, inaugura o que ele próprio denomina de behaviorismo


radical que não nega a possibilidade da auto observação ou do
autoconhecimento ou a sua possível utilidade mas questiona a natureza
daquilo que é sentido ou observado. Não insiste entretanto na verdade por
consenso, mas simplesmente questiona a natureza do objeto observado e a
fidedignidade das observações. Behaviorismo Radical vê a causa como uma
interação complexa que se estende em várias escalas temporais envolvendo
organismos e o meio ambiente. Esta abordagem evita a causa mecânica,
representa tanto comportamento aberto quanto encoberto, e conceitua o
organismo em que o comportamento e meio ambiente interagem. Ligados a
fisiologia animal humana e não-humano.

Condicionamento operante é um método de aprendizado que ocorre através de


recompensas e punições para o comportamento. Através do condicionamento
operante, uma associação é feita entre um comportamento e uma
consequência para esse comportamento. Então, o condicionamento operante
considera que as consequências de um comportamento podem
influenciar a probabilidade de este ocorrer novamente ou não.

• Se essa consequência for agradável, a frequência do comportamento vai


aumentar
(reforço).

• Se a consequência for desagradável a frequência do comportamento vai


diminuir
(punição).

• Quando uma contingência se diz positiva significa que há uma apresentação


de um
estímulo que pode ser agradável ou desagradável.

• Quando a contingência é negativa significa que há uma remoção de um


evento ou
estímulo (agradável ou desagradável).
Daí quatro tipos de contingências operantes:

Reforço positivo: apresentação de um estímulo agradável após um


comportamento desejado.
Aumento da frequência do comportamento
Exemplo:
Se o pombo tocar a campainha recebe alimento suplementar;
Se o aluno tiver boas notas recebe um elogio;

Reforço negativo: remoção (negativo) de um evento desagradável após o


comportamento
desejado. Aumento da frequência do comportamento.
Exemplo:
Se o rato puxar a alavanca deixa de levar choques eléctricos;
Se o doente tomar os comprimidos deixa de sentir dores

Reforço negativo: remoção (negativo) de um evento desagradável após o


comportamento
desejado. Aumento da frequência do comportamento.
Exemplo:
Se o rato puxar a alavanca deixa de levar choques eléctricos;
Se o doente tomar os comprimidos deixa de sentir dores;

Punição positiva: apresentação de uma consequência desagradável após a


realização de um
comportamento não desejado. Diminuição da frequência do comportamento.
Exemplo:
Se o rato sair do perímetro definido leva choque eléctrico;
Se a criança faz birra leva uma repreensão;

Punição negativa: remoção de um evento agradável após a realização de um


comportamento não desejado. Diminuição da frequência do comportamento.
Exemplo:
Se o pombo defecar fora do local apropriado é-lhe removida a alimentação;
Se criança partir um jarro deixa de poder ver televisão durante uma semana;

A extinção e a punição tendem a diminuir a frequência dos comportamentos.


Na extinção, o comportamento tende a diminuir de frequência em função da
retirada de reforços contingentes à resposta (aqueles que são responsáveis
pela sua manutenção).
A técnica mais eficaz e recomendada para alterar comportamentos consiste na
extinção e não na punição, pois esta última traz muitas consequências
adversas.

PRINCIPAIS CONCEITOS

ESTÍMULO
Qualquer acontecimento, externo ou interno a um organismo, susceptível de
ser captado pelos seus receptores e de levar a uma reação.

RESPOSTA
Unidade de comportamento sob controlo de um ou mais estímulos.

REFORÇO
Qualquer acontecimento (estímulo) que segue uma resposta e aumenta a
probabilidade dessa resposta ocorrer, na mesma situação
• Reforço positivo - quando esse acontecimento comporta uma ocorrência
agradável para
o sujeito.

• Reforço negativo - quando esse acontecimento envolve a remoção ou o


afastamento de
algo desagradável para o sujeito.

PUNIÇÃO
Ocorrência de um estímulo aversivo, após uma resposta indesejada.

EXTINÇÃO
Processo de diminuição da frequência de ocorrência de uma resposta, por
supressão do reforço que a mantinha.

PSICANÁLISE
A Psicanálise foi criada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud, com o
objetivo de tratar
desequilíbrios psíquicos. Este corpo teórico foi responsável pela descoberta do
inconsciente, sendo este o objeto de estudo desta abordagem.
A teoria psicanalítica é uma teoria que procura descrever a origem dos
transtornos mentais,
o desenvolvimento do homem e de sua personalidade, além de explicar a
motivação humana.
Principais pressupostos
• Acreditar na existência do inconsciente.
• A consideração da sexualidade infantil.
• Reconhecimento do fenômeno da transferência.
• O corpo é a fonte básica de toda a experiência mental.
• O impulso sexual tem seus alicerces na biologia do organismo.

O princípio do determinismo psíquico é que tudo o que acontece na mente


de uma pessoa
e tudo o que uma pessoa faz tem uma causa específica. Na psicanálise não
tem espaço
para milagres, acidentes ou livre arbítrio.

Método de investigação na psicanálise

• Interpretação dos sonhos, dos atos falhos e associações livres.


• Caracteriza-se pelo método interpretativo.
•Busca significado oculto do que é manifesto através de ações e palavras.
•Uma forma de tratamento psicológico (a análise), que visa o
autoconhecimento.

A livre associação de ideias - é um dos princípios fundamentais da terapia


psicanalítica, que consiste no facto de o psicanalista pedir ao paciente que fale
abertamente, de forma espontânea, dos seus desejos, recordações,
pensamentos, fantasias, sonhos, por mais embaraçosos e vulgares que sejam.
Sem censura e sem interrupção, o paciente deve relatar pensamentos e
sentimentos tal como eles ocorrem. O analista, escutando atentamente, vai
tentar ligar as peças do puzzle.

A interpretação dos sonhos, segundo Freud, é "a estrada real de acesso ao


inconsciente",
concluindo, sua visão de que os sonhos são na verdade uma expressão de
desejos e conflitos que não podem se tornar conscientes e, portanto, ficam
"censurados" em uma instância psíquica que ele denomina de "inconsciente".
Quando adormecemos a censura é reduzida e os sonhos são experiênciados
de forma distorcida, revelando-se em uma forma manifesta (distorcida) e uma
forma latente (censurada).

A resistência é um processo que tem como tendência para evitar confronto


com assuntos
desagradáveis ou “ameaçadores”. A resistência é um conjunto de manobras
defensivas em grande parte inconscientes destinadas a manter na penumbra
acontecimentos e conflitos perturbadores.

A Transferência pode ocorrer por deslocamento (de sentimentos e emoções)


ou por projeção (de desejos, tendências e fantasias). Há Transferências
positivas e negativas. Por exemplo: Você recebe um elogio do seu chefe por
alguma iniciativa tomada para melhorar os processos da empresa. Ao retornar
à sua sala, elogia sua secretária. Esta é uma situação de transferência positiva.
Digamos que você recebeu uma bronca do seu chefe no meio de uma reunião.
Acabou o expediente e você foi para casa, lá chegando seu cachorro, feliz por
te ver, pula em você, que muito irado o chuta ou repreende com uma grosseria
exagerada e desnecessária. Você acabou de fazer uma transferência negativa.
Ou seja, os pacientes transferem para o analista os sentimentos característicos
da sua relação com pessoas significativamente importantes, tais como: os pais,
os irmãos, etc.

Ex: Hoje fui visitar uma escola e quando lá cheguei havia um aluno do 9º ano
(antiga 8ª série) na sala da Diretora. Aguardei que ela fizesse o atendimento
dele e quando o aluno retornou à sala de aula, busquei saber qual ocorrência
havia determinado sua visita à Diretoria. A Diretora relatou que o aluno foi
encaminhado por dois professores devido ao mau comportamento em classe,
marcado por uma agressividade gratuita, principalmente com os professores
homens e (descobrimos mais tarde, ao analisarmos melhor a situação), com os
professores carecas. No decorrer do dia a mãe do aluno compareceu à escola
e relatou para a Diretora que o filho estava assim desde que ela havia "juntado
as escovas" com o João. Detalhe importante: o João é careca.
O garoto está deslocando nos professores que lembram o João a
agressividade que gostaria de usar com ele, afinal, João é o cara que veio para
atrapalhar, para "tirar" dele sua mãe, para "roubar" o amor que deveria ser só
seu (ah! o Édipo por aqui!). Na verdade o alvo da raiva do aluno não são os
professores, mas a identificação inconsciente que ele faz quando vê a figura do
João no professor. Ele está inseguro e bravo com a situação e precisa
extravasar isto de algum modo. Por transferência, ele agride os professores,
atendendo ao desejo inconsciente de agredir o padrasto.

PULSÕES
O ser humano possui duas pulsões inatas: a sexual/libido e agressiva, são
contrárias ao ideal da sociedade e são as forças propulsoras que incitam as
pessoas à ação. São excitações de origem interna (no corpo) que produzem
constantemente certo nível de tensão, pois têm a finalidade de manter o
aparelho psíquico permanentemente excitado.

• A energia gerada pelas pulsões não pode ser liberada de maneira direta.
• Precisam ser controladas através da educação.
• Gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido.
• Assim, toda ação do homem é motivada pela busca prazerosa de dar vazão à
energia
psíquica acumulada.

Conceito de pulsão tem por referência


• Uma fonte: um processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo
quando tem
uma necessidade.

• Uma finalidade: dar ao organismo a satisfação que ele deseja no momento.

• Uma pressão: a quantidade de energia ou força que ele representa.


• Um objeto: qualquer coisa, ação ou expressão que permite a satisfação da
finalidade
original.

Ex: Uma pessoa com cede.


• O corpo desidrata, até que precisa de mais líquido.

• A fonte é: a necessidade crescente de líquido.


• À medida que a necessidade se torna maior (sensação de sede), enquanto
não for
satisfeita, aumenta sua força ou energia.

• Finalidade é de reduzir a tensão, matando a sede.

• E o objeto é todo ato que busca reduzir à tensão, nesse caso, a água.

Tensão-redução é: o ciclo completo de comportamento que parte do repouso


para a tensão e a atividade, e volta para o repouso.

PULSÃO DE VIDA E DE MORTE


Para Freud, as pulsões não estariam localizadas no corpo e nem no psiquismo,
mas na fronteira entre os dois e teriam como fonte o ID. A pulsão de vida seria
representada pelas ligações amorosas que estabelecemos com o mundo, com
as outras pessoas e com nós mesmos, enquanto a pulsão de morte seria
manifestada pela agressividade que poderá estar voltada para si mesmo e para
o outro. O princípio do prazer e as pulsões eróticas são outras características
da pulsão de vida. Já a pulsão de morte, além de ser caracterizada pela
agressividade traz a marca da compulsão à repetição, do movimento de retorno
à inércia pela morte também.

Embora pareçam concepções opostas, a pulsão de vida e a pulsão de morte


estão conectadas,
fundidas e onde há pulsão de vida, encontramos, também, a pulsão de morte. A
conexão só seria acabada com a morte física do sujeito.

Podemos constatar o enlaçamento existente entre as pulsões na dinâmica da


neurose da
angústia. A pulsão de morte no sujeito será a responsável pela elevação da
tensão ou excitação libidinal que será escoada pela pulsão de vida que levará o
indivíduo, impulsionado pelo princípio do prazer, a procurar objetos que
venham minimizar os impactos da angústia.

ID, EGO e SUPEREGO.


Estrutura da Personalidade

ID: é a fonte da energia psíquica, a libido, formado pelas pulsões, instintos,


impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio
do prazer, ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o desprazer.
Não faz planos, não espera. Busca uma solução imediata para as tensões, não
aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade
e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida através
de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo
exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e dirigido ao prazer. O id é
completamente inconsciente.

EGO: desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos


sejam eficientes, levando em conta o mundo externo. É o chamado princípio da
realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao
comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento
em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um
mínimo de consequências negativas.

SUPEREGO: a parte moral da mente humana e representa os valores da


sociedade. O superego tem três objetivos:
1. Inibir os impulsos do id.
2. Fazer o ego a substituir os alvos realistas por alvos moralistas.
3. Lutar pela perfeição.

O superego forma-se após o ego, onde a criança absorve os valores recebidos


dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar
de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações
praticadas, mas também por pensamentos inaceitáveis, outra característica sua
é o pensamento dualista (certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-
se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado, e a
consciência, que determina o mal a ser evitado.
Relação entre os Três Subsistemas: manter o equilíbrio.
Obs: o id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte.

Consciente
O nível consciente nada mais é do que tudo aquilo do que estamos conscientes
no momento, no agora. Ele corresponderia à menor parte da mente humana.
Nele está tudo aquilo que podemos perceber e acessar de forma intencional.
Outro aspecto importante é que o consciente funciona de acordo com as regras
sociais, respeitando tempo e espaço. Isso significa que é por meio dele que se
dá a nossa relação com o mundo externo. O consciente seria, portanto, a
nossa capacidade de perceber e controlar o nosso conteúdo mental. Apenas
aquela parte de nosso conteúdo mental presente no nível consciente é que
pode ser percebida e controlada por nós.

Pré-consciente
O pré-consciente é muitas vezes chamado de "subconsciente”, mas é
importante destacar que Freud não utilizava esse termo. O pré-consciente se
refere àqueles conteúdos que podem facilmente chegar ao consciente, mas
que lá não permanecem. São, principalmente, informações sobre as quais não
pensamos constantemente, mas que são necessárias para que o consciente
realize suas funções. Nosso endereço, o segundo nome, nome dos amigos,
telefones, algumas coisas das quais gostamos – como a nossa comida
preferida -, acontecimentos recentes e assim por diante. É importante lembrar
ainda que, apesar de se chamar Pré-consciente, esse nível mental pertence ao
inconsciente. Podemos pensar no pré-consciente como uma peneira que fica
entre o inconsciente e o consciente, filtrando as informações que passarão de
um nível ao outro.

Inconsciente
Inconsciente se refere a todo aquele conteúdo mental que não se encontra
disponível ao indivíduo em determinado momento. Ele representa não só a
maior fatia de nossa mente, mas também, para Freud, a mais importante.
Quase todas as memórias que acreditamos estarem perdidas para sempre,
todos os nomes esquecidos, os sentimentos e medos que conseguimos, de
alguma forma, ignorar... todos esses elementos se encontram em nosso
inconsciente. Isso mesmo: desde a mais tenra infância, os primeiros amigos, as
primeiras compreensões: tudo está guardado.

Mas seria possível acessá-lo? Seria possível reviver essas lembranças?


Acessar essas lembranças é possível. Não em sua totalidade, mas de algumas
fatias. Esse acesso acontece muitas vezes através dos sonhos de formas
distorcidas, dos atos falhos e da terapia psicanalítica.

É também no inconsciente que se encontram sublimadas as chamadas pulsões


de vida e de morte, que seriam aqueles elementos intrínsecos a todo ser
humano como o impulso sexual ou o impulso destrutivo. Como a vida em
sociedade exige que determinados comportamentos e desejos sejam
reprimidos, eles são aprisionados no inconsciente.

O inconsciente é regido pelas próprias leis, além de ser atemporal: não existem
as noções de tempo e espaço nesse nível psíquico, ou seja, o inconsciente não
identifica cronologia nos fatos, nas experiências ou nas memórias. É ele,
também, o principal responsável pela formação da nossa personalidade.

Recapitulando: consciente, pré-consciente e inconsciente


Ao analisar fenômenos psíquicos como a histeria, Freud identifica a
impossibilidade de que a mente humana se constitua apenas de uma parte
consciente. Com a necessidade de encontrar os elos mais obscuros entre
comportamentos aparentemente incoerentes, o autor conclui existirem níveis
mentais sobre os quais o indivíduo não tem absoluto controle ou acesso. Esses
níveis são o Pré-consciente e o Inconsciente. O consciente representa todo o
material mental acessível para o indivíduo naquele momento. Já o Pré-
consciente representa uma ligação entre ele e o inconsciente. Este contém
informações importantes para o nosso cotidiano, mas as quais acessamos
apenas quando algo nos faz buscá-las. O inconsciente, por sua vez, representa
a maior e mais importante parte da mente humana. É nele que se encontram
nossas pulsões, nossas lembranças mais longínquas, nossos medos
recalcados e a formação da nossa personalidade.

FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL


Freud acreditava que a personalidade era desenvolvida através de uma série
de estágios de
infância em que as energias da busca do prazer do ID tornam-se focadas em
determinadas áreas erógenas. Esta energia psicossexual, ou libido, foi descrita
como a força motriz por trás do comportamento.
Se essas etapas psicossexuais são concluídas com êxito, uma personalidade
saudável é o
resultado. Se certas questões não são resolvidas na fase adequada, fixações
podem ocorrer. A fixação é um foco persistente em um estágio psicossexual.
Até que este conflito seja resolvido, o indivíduo mantém-se "preso" nesta fase.
Fixação seria uma obsessão inconsciente com a sua fase que não foi passada
com êxito.
Por exemplo: uma pessoa que está fixada na fase oral pode ser mais
dependente dos outros e pode buscar estimulação oral através de fumar, beber
ou comer.

FASE ORAL
Período: de 0 a 1 ano aproximadamente.
Características principais: a região do corpo que proporciona maior prazer à
criança é a boca. É pela boca que a criança entra em contato com o mundo, é
por esta razão que a criança pequena tende a levar tudo o que pega à boca. O
principal objeto de desejo nesta fase é o seio da mãe, que além de a alimentar
proporciona satisfação ao bebê.
O conflito principal nesta fase é o processo de desmame - a criança deve
tornar-se menos
dependente de cuidadores. Se ocorrer a fixação nesta fase, Freud acreditava
que o indivíduo teria problemas com dependência ou agressão. Fixação oral
pode resultar em problemas com a bebida, morder, comer, fumar ou roer as
unhas.

FASE ANAL
Período: 2 a 4 anos aproximadamente
Características: Neste período a criança passa a adquirir o controle dos
esfíncteres a zona de maior satisfação é a região do ânus. Ambivalência
(impulsos contraditórios) A criança descobre que pode controlar as fezes que
sai de seu interior, oferecendo-o à mãe ora como um presente,ora como algo
agressivo. É nesta etapa que a criança começa a ter noção de higiene. Fases
de birras.
De acordo com Freud, o sucesso nesta fase é dependente da maneira com que
os pais se
aproximam no treinamento do toalete. Os pais que utilizam elogios e
recompensas para usar o banheiro no momento oportuno incentivam
resultados positivos e ajudam as crianças a se sentir capazes e produtivas.
Freud acreditava que experiências positivas durante este estágio servem de
base para que as pessoas tornem-se adultos competentes, produtivos e
criativos.
No entanto, nem todos os pais fornecem o apoio e encorajamento que as
crianças precisam durante este estágio. Alguns pais vão punir com
ridicularização ou vergonha os acidentes das crianças.

De acordo com Freud, as respostas parentais inadequadas podem resultar em


resultados
negativos. Se os pais levam uma abordagem que é muito branda, Freud
sugeriu que poderia se desenvolver uma personalidade anal-expulsiva, em que
o indivíduo tem uma personalidade confusa ou destrutiva. Se os pais são muito
rigorosos ou começam o treinamento do toalete muito cedo, Freud acreditava
que uma personalidade anal-retentiva se desenvolveria, na qual o indivíduo é
rigoroso, ordenado, rígido e obsessivo.

FASE FÁLICA
Período: de 4 a 6 anos aproximadamente.
Características: Nesta etapa do desenvolvimento a atenção da criança volta-se
para a região genital. Inicialmente a criança imagina que tanto os meninos
quanto as meninas possuem um pênis. Ao serem defrontadas com as
diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam as chamadas “teorias
sexuais infantis”, imaginando que as meninas não tem pênis porque este órgão
lhe foi arrancado (complexo de castração, que é um conceito freudiano em que
uma criança tem medo que sua genitália será prejudicada pelo genitor do
mesmo sexo como punição por sentimentos sexuais com o outro progenitor.).
Neste período surge o complexo de Édipo, no qual o menino passa a
apresentar uma atração pela mãe e a se rivalizar com o pai, e na menina
ocorre o inverso sendo o complexo de Electra que se trata de uma atitude que
implica uma identificação tão completa com a mãe que a filha deseja,
inconscientemente, eliminá-la e possuir o pai. O surgimento do complexo de
castração surge devido ao complexo de Édipo/Electra. O termo complexo de
Electra tem sido usado para descrever um conjunto semelhante de sentimentos
vivenciados pelas jovens. Freud, no entanto, acredita que as meninas, em vez
disso experimentam a inveja do pênis. Freud acreditava que a inveja do pênis
não foi totalmente resolvida e que todas as mulheres continuam a ser um
pouco fixadas neste estágio. Psicólogos como Karen Horney contestam esta
teoria, chamando-a de um tanto imprecisa e degradante para as mulheres.
Horney propôs que os homens experimentam sentimentos de inferioridade
porque eles não podem dar à luz à filhos, um conceito à que ela se referiu
como inveja do útero.

FASE DE LATÊNCIA
Período: de 6 a 11 anos aproximadamente.
Características: este período tem por característica principal um deslocamento
da libido da sexualidade para atividades socialmente aceitas. ou seja, a criança
passa a gastar sua energia em atividades sociais e escolares. O
desenvolvimento do ego e superego contribuem para este período de calma. O
estágio começa na época em que as crianças entram na escola e tornam-se
mais preocupadas com as relações entre colegas, hobbies e outros interesses.
O período de latência é um tempo de exploração em que a energia sexual
ainda está presente, mas é direcionada para outras áreas.
Esta etapa é importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e de
comunicação e
autoconfiança.

FASE GENITAL
Período: a partir de 11 anos.
Características: neste período, que tem início com a adolescência, há uma
retomada dos impulsos sexuais, o adolescente passa a buscar, em pessoas
fora de seu grupo familiar, um objeto de amor. A adolescência é um período de
mudanças no qual o jovem tem que elaborar a perda da identidade infantil e
dos pais da infância para que pouco a pouco possa assumir uma identidade
adulta. O indivíduo desenvolve um forte interesse sexual no sexo oposto. Esta
fase começa durante a puberdade, mas passa por todo o resto da vida de uma
pessoa.
Em fases anteriores, o foco foi exclusivamente nas necessidades individuais,
porém o interesse pelo bem estar dos outros cresce durante esta fase. Se as
outras etapas foram concluídas com êxito, o indivíduo deve agora ser bem
equilibrado, tenro e carinhoso. O objetivo desta etapa é estabelecer um
equilíbrio entre as diversas áreas da vida.

COMPLEXO DE ÉDIPO
Complexo de sentimentos e afetos com componentes de agressividade, fúria e
medo, paixões, amor e ódio, oriundos dos desejos sexuais em relação aos
genitores de sexo oposto que acontece entre os 5 e 6 anos de idade. O
complexo de Édipo se manifesta no menino desejando a mãe e querendo
eliminar o pai, seu concorrente. O medo da castração por parte do pai faz com
que renuncie ao desejo incestuoso e aceite as regras ou a lei da cultura. Na
menina se manifesta pelo fato de descobrir que não tem o pênis-falo, e com
isto, sente-se prejudicada, tem inveja do pênis.
Ao perceber que a mãe também não o tem, passa a desvalorizá-la e, nessa
medida, se dirige para a figura do pai, dotado de falo e, portanto, cheio de
poder e fascinação. Mas apesar do menino abandonar o desejo pela mãe por
medo da castração ela não deixa de acontecer para ambos os sexos e de
forma simbólica de acordo com a interpretação de Lacan. Castração no sentido
simbólico significa a impossibilidade de retorno ao estado narcísico do qual
fomos expulsos com o nosso nascimento. Castração significa a perda, a falta, o
limite imposto à onipotência do desejo. É um processo que já acontece desde o
corte do cordão umbilical. A rigor quem castra é a mãe. Se a mãe permite a
independência da criança, negando formar um todo narcísico com ela, ela
castra. A castração é um evento absolutamente progressista na nossa vida e
que torna possível a vida em sociedade e a nossa autonomia. Com a
Castração introduz-se a lei da cultura que é produto de Eros e não de
Thanatos. A lei não existe para aniquilar o desejo e sim para articulá-lo com a
convivência social. É a guardiã do desejo na medida em que o encaminha no
sentido de uma subordinação ao Princípio da Realidade" (Os Sentidos da
Paixão, Hélio Pellegrino). A Castração nos faz sentir como seres incompletos,
carentes. Demonstra-nos que é da brecha entre tudo o que se quer e aquilo
que se pode (princípio de realidade) que nascem as possibilidades de
movimentos do desejo. Mas o seu exagero pode trazer consequências
negativas como as neuroses. Segundo Freud, as práticas perversas presentes
ao longo da constituição da sexualidade, como: o exibicionismo, a manipulação
dos órgãos sexuais, o prazer de sucção, o prazer ligado à defecação entre
outras, tendem a sucumbir à repressão, submetendo-se ao domínio das
práticas genitais com vistas à procura de um outro corpo e à procriação. As
mesmas deixarão suas marcas, que estarão presentes nas manifestações
consideradas normais da sexualidade adulta (nas preliminares do ato sexual),
conquanto não assumam um caráter prioritário e não se constituam em única
forma possível na obtenção do prazer. Isto refletiria uma recusa da pulsão em
submeter-se à repressão e ao domínio da genitalidade, resultando em uma
perversão adulta.

ACHEI INTERESSANTE E ACRESCENTEI


O homossexualismo (prazer anal) e o voyeurismo (contemplação), decorrem de
uma fixação do prazer. A essas perversões, Freud chama pulsões parciais. São
elas: oral, anal, escópica, fálica.
Assim, a sexualidade infantil funciona como se composta por fragmentos
(impulsos parciais), que agem como se fossem diversas estações que vão
aparecendo e assumindo lideranças e predominâncias. Apenas no adulto ela
alcançará níveis totais, integrativos e sintetizadores desses impulsos. Age
como se fosse uma massa de excitações cuja origem se encontrasse em
qualquer parte do corpo. Na realidade, só o adulto consegue distinguir o ponto
de origem de uma excitação e, o tempo decorrido até atingir seu clímax e sua
posterior satisfação, enquanto a criança sequer distingue bem entre a
excitação e a satisfação. Qualquer ponto do organismo é capaz de se converter
em fonte excitável, e portanto de satisfação, não apenas os pontos clássicos
correspondentes às fases oral, anal e fálica. Como exemplo podemos citar a
atividade mecânica musculoesquelética, a atividade intelectual, os estímulos
proprioceptivos e exteroceptivos e até a própria dor. Chamamos, pois de
primazia genital a adultificação da sexualidade infantil, ou seja, à medida que o
tempo passa, e isso é variável de criança para criança, as zonas genitais vão
adquirindo maior importância sobre as demais e o pênis, o ditóris, a vagina e
toda a zona genital
passam a ser capazes de concentrar toda a energia, toda a excitação que
anteriormente se
encontrava espalhada e repartida em outras zonas.

Ressaltamos que essas etapas nunca se dão de um modo claro, existindo uma
interpenetração entre as mesmas. Diante de exposto temos crianças de tenra
idade que sentem prazer ao urinar ou defecar querendo brincar ou pegar.
Podem querer examinar seus genitais ou dos amiguinhos.
Os pais ao ver qualquer destas cenas, não devem se surpreender ou se
aborrecer. Os pais ou pessoas que trabalham com crianças devem ter em
mente que a masturbação é normal e faz parte do processo de conhecimento
de seu corpo. O problema é que isto nos traz um certo desconforto porque é
muito provável que nossos pais tenham nos dito que isto era feio ou para não
fazer isto de novo. É difícil para os pais lidarem com essas situações, mas é
necessário aprender para não serem severos. Não devemos olhar os atos
infantis comparando com a dos adultos. A criança não faz nenhuma relação
com o sexo em si, ela apenas sente prazer. Mais tarde poderá se sentir
culpada pela desaprovação dos pais ou pessoas que trabalham com elas e
essa culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual. Freud
coloca os pais como pessoas incompetentes para a tarefa da educação sexual
preferindo que estes não se ocupem desta tarefa. Para ele, os pais
esqueceram-se da sexualidade infantil e, se esqueceram, é porque houve
repressão. (KUPFER, 1997). Se houve repressão inevitavelmente algum
recalque ainda permanece. Então como agir mesmo com todas as nossas
frustrações, recalques e conflitos ainda
que inconscientes? É no lar que o ser humano deveria ter sua primeira
educação sexual. Uma criança falante e curiosa pode começar a mostrar
interesse pelo sexo aos 2-3 anos, mesmo sem o uso da palavra. A maioria o
fará com 4-5 anos de idade (Suplicy, 1983). Nesta fase o que a criança quer
saber é muito pouco, não é preciso explicar detalhes, mas também não minta,
não brigue, não desconverse, explique o básico da linguagem para o
entendimento. Muitos pais acreditam que as crianças não devem fazer
perguntas sobre sexo por acreditar que não possuem idade suficiente para
entender, considerando, portanto, um absurdo qualquer menção a este
assunto. Muitos adultos se escondem, sentem vergonha e a causa pode estar
numa infância mal orientada.
No texto de Freud "Esclarecimento sexual das crianças" em resposta a uma
carta de Dr. M. Fürst, ele afirma que as crianças devem receber educação
sexual assim que demonstrem algum interesse pela questão (KUPFER, 1997).
A criança que tem idade para perguntar também tem idade para ouvir. Os pais
nunca devem dar respostas imaginárias e irreais como, por exemplo: se a
criança perguntar sobre seu nascimento e o pai responde que foi trazido pela
cegonha, ao invés de falar a verdade na linguagem adequada para idade.
Quando a criança descobre as mentiras dos pais sente-se enganada. No
mesmo instante que seu filho descobre que você o engana deixará de ser um
pai ou mãe perguntável. Perdendo a credibilidade, sendo que assim mesmo
seu filho continua curioso e perguntará aos colegas. Não adianta falar sobre
espermatozoides e óvulos com uma criança de 2 ou 3 anos, nesta idade muita
explicação pode confundir e o tempo de concentração é muito pequeno,
portanto os pais devem ser breves, e devem falar com naturalidade. Nas
primeiras perguntas das crianças são: Porque o pipi do papai maior que o
meu? Porque ele tem esses pelinhos e eu não? Onde está o pipi da mamãe?
Por onde saem os bebês? Essas são perguntas que a criança faz pela
constatação do que observa. Conforme a criança vai crescendo as perguntas
vão se sofisticando, e aos quatro/cinco anos ela quer saber como o bebê sai da
barriga da mãe. E também quer saber como entrou. Responda a essas
perguntas de forma mais natural possível. Se for repreendida, a criança nunca
mais irá perguntar, mas continuará tão curiosa quanto antes, pois está numa
fase de descobertas. Sem a ajuda deles ela poderá interpretar o sexo de forma
errada, acreditando, por exemplo, que seu pênis tem algum problema por ser
menor que o do pai, que o pênis da mamãe ou da irmã foi cortado.

Muitos pais não sabem como responder. Uma das perguntas mais difícil para
os pais
responderem: como o bebê entrou na barriga da mamãe? Temos uma literatura
imensa sobre sexualidade infantil que ajudam os pais e até filmes, que podem
ajudar a tirar as dúvidas das crianças. Mas sempre deve ser utilizado o real,
verdadeiro e claro. A partir de quatro anos já é possível falar sobre o parto
natural ou cesárea, sobre a relação do papai e da mamãe, lembrando- se que a
linguagem deve ser adequada e sem assombros. Se a criança não tem desde
cedo esclarecimentos sobre os assuntos ligados ao sexo, não compartilha seus
medos e ansiedade com seus pais, se os pais não lhe dão apoio nas suas
descobertas, certamente ela será um adolescente carregado de dúvidas
buscando em revistas e conversas com amigos o entendimento deste processo
e futuramente poderá ser um adulto com complexos, culpas e preconceitos.
Os tempos mudaram. As crianças devem ter limites bem estabelecidos, com
firmeza, pelos pais. Pais inseguros, com falta de atenção e o descontrole
pessoal são as principais causas da opção do castigo físico como forma
pedagógica. Acredito que até a palmada, culturalmente aceita por muitos, é
dispensável, mas de qualquer forma, não transmito sentimento de culpa para
os pais.
Ser pai é uma tarefa extremamente difícil, que exige um treino contínuo e de
perseverança.
Segundo Winnicott, a vida é essencialmente difícil de ser vivida por todos, e os
pais devem procurar ser suficientemente bons para seus filhos - nem
permissivos, nem agressivos. Sabemos que crianças que crescem
aterrorizadas e com medo dos pais, em que a chama de estúpidas,burras,
incompetentes, preguiçosas, que ouvem você não deveria ter nascido, estão
sofrendo maus tratos psicológicos que poderão marcá-las por toda vida. Esses
pais são maltratantes e negligentes. O mesmo é pelo abandono, não só o
abandono de crianças deixadas em lugares públicos, mas também de pais
ausentes que deixam seus filhos abandonados em suas próprias casas.

Você também pode gostar