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Editora: Saraiva
O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE Existe um domínio da
vida que pode ser entendido como vida por excelência: é o cotidiano. É no
cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que
vivemos a realidade. O fato é que uma pessoa, quando usa a garrafa térmica
para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permanecerá
razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes,
desconhecendo completamente as leis da termodinâmica. Sem esse
conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida diária
seria muito complicada. O tema que trata da definição do que é ou não é a
realidade vem sendo discutido há muitos séculos. O fato é que não é tão
simples para qualquer um de nós definir o que é a realidade.
SENSO COMUM: UM A VISÃO DE MUNDO O senso comum mistura e recicla
esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de
teoria simplificada, produzindo uma determinada visão de mundo. Quando
utilizamos termos como “rapaz complexado”, “menina histérica”,“ficar
neurótico”, estamos usando termos definidos pela Psicologia Científica. Além
disso, ao fazermos essa apropriação, associamos o conhecimento científico ao
conjunto de crenças e valores de nossa visão de mundo. Assim, um saber de
cunho científico sobre a gestação de bebês não poderá colidir fortemente com
a crença religiosa do grupo e, para isso, a pessoa fará a adaptação necessária
para evitar o conflito.
ÁREAS DE CONHECIMENTO
Esse tipo de conhecimento do senso comum, porém , não seria
suficiente para as exigências de desenvolvimento da humanidade. O
ser humano, desde os tempos primitivos, foi ocupando cada vez m ais
espaço no planeta, e somente esse conhecimento intuitivo seria muito
pouco para que ele dominasse a Natureza em seu próprio proveito. A esse
tipo de conhecimento sistemático, que exige compro vação,que nos dá
segurança da ação desempenhada, chamamos de ciência. Mas o
sensocomum e a ciência não são as únicas formas de
conhecimento que o ser humano desenvolveu e desenvolve para
descobrir e interpretar a realidade. Povos antigos, e, entre eles, cabe
semp re m encionar os gregos, preocuparam-se com a origem e o
significado da existência humana. As especulações em tornodesse
tema formaram um corpo de conhecimento denominado filosofia. A
formulação de um conjunto de pensamentos sobre a origem do ser
humano, seus mistérios, princípios morais, forma outro corpo de
conhecimento humano conhecido como religião. Por fim , desde a sua pré-
história, o ser humano deixou marcas de sua sensibilidade nas paredes das
cavernas, quando desenhou a sua própria figura e arepresentação a
caça, criando uma expressão do conhecimento que traduz aemoção
e a sensibilidade. Denominamos esse tipo de conhecimento de arte.
Arte,religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do conhecimento
humano. A PSICOLOGI A CIENTÍFIC A: O QUE É CIÊNCI A?A ciência
compõe-se de um co njunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos
darealidade – o objeto de estudo – expressos por m eio de uma
linguagem precisa erigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos
de maneira planejada,sistemática e controlada, para que se permita
a verificação de sua validade. Dessaforma, o as ber pode se r
transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Essacaracterística da
produção científica possibilita sua continuidade: um novoconhecimento
é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido.OBJETO DE
ESTUDO D A PSICOLOGI AUm conhecimento, para ser considerado
científico, requer um objeto específico deestudo. O objeto da
Astronomia são os astros, o objeto da Biologia sã o os seres
Vivos. Essa classificação bem geral demonstra que é possível tratar o
objeto dessasciências com certa distância, o u seja, é possível isolar o
objeto de estudo. O mesmo não ocorre com a Psicologia, que, como a
Antropologia, a Economia, a Sociologia etodas as ciências humanas,
estuda o ser humano e, neste caso, o assunto dizrespeito ao próprio
cientista que estuda esse objeto. Se dermos a pala vra a um psicólogo
comportamental, ele dirá: “O objeto de estudoda Psicologia é o
comportamento humano”. Se a palavra for dada a um
psicólogopsicanalista, ele dirá: “O objeto d e estudo da Psicologia é
o inconsciente”. Outros dirão que é a consciência humana, e outros,
ainda, a personalidade. Assim, estudar o ser humano significa estudar um
ser q eu é histórico e está em permanentemudança. Outro motivo
que contribui para dificultar uma clara definição de objeto daPsicologia
é o fato de o cientista – o pesquisador – confundir-se com o objeto a
ser pesquisado. No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia
é o serhumano e, nesse caso, o pesquisador está i nserido na categoria a
ser estudada. É ocaso da concepção de homem natural, formulada pelo
filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que defendia que
o ser humano nascia puro, mas que eracorrompido pela sociedade,
cabendo então ao filósofo reencontrar essa pureza perdida. Por outro
lado, essa diversidade de objetos justifica-se porque os fenômenos
psicológicos são tão diversos que não podem ser acessíveis ao
mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser submetidos
aos mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. O
objeto da Psicologia, considerando suas características, deve ser
aquele que reúna as condições d e aglutinar umaampla variedade de
fenômenos psicológicos.A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA Psicologia A
subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai
constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as
experiências da vida social e cultural; é uma síntese que, de um lado,
nos identifica, por ser única; e, de outrolado, nos iguala, na medida
em que os elementos que a constituem sãoexperienciados no
campo comum das condições objetivas de e xistência. A
Subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, se comportar,
sonhar, amar decada um. É o que constitui o nosso modo de ser. O
movimento e a transformação são os elementos básicos de toda
essa história. E aproveitamos para citar Guim arães Rosa (2017) que,
em Grande sertão: veredasconsegue expressar, de modo mui to
adequado e rico, o que aqui vale a penaregistrar:“O importante e
bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão se mpreiguais,
ainda não f oram terminadas, mas que elas vão sempre
mudando.Afinam e desafinam.Ӄ claro que a forma de se abordar a
subjetividade, e mesmo a forma de concebê-la,dependerá da
concepção de ser humano adotada pelas diferentes
escolaspsicológicas. No momento, pelas características do
desenvolvimento histórico daPsicologia, essas escolas acabam
formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma
totalidade – o ser humano: sua subjetividade e suasmanifestações.A
PSICOLOGI A E O MISTICISMO A Psicologia, como área da ciência, aparece
em 1879 quando Wilhelm Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório
de Experimentos em Psicofisiologia, em Leipzig,Alemanha. Atualmente,
a Psicologia ainda não consegue explicar todos os aspectos do
serhumano. Sabe-se que a ciência não esgotará o que há para
conhecer, pois arealidade está em permanente m ovimento, novas
perguntas surgem a cada dia, oser humano está em movimento e
em transformação, colocando também novasperguntas para a
Psicologia. Alguns dos desconhecimentos da Psicologia têmlevado os
psicólogos a buscarem respostas em outros campos do saber
humano.Com isso, algumas práticas não psicológicas têm sido
associadas às práticaspsicológicas. O tarô, a astrol ogia, a
quiromancia, a numerologia, entre outraspráticas adivinhatórias e /ou
místicas, têm sido associados ao fazer e ao saberpsicológico (esses
saberes não estão no campo da Psicologia, mas podem se tornar
Seu objeto de estudo). A Psicologia, ao relacionar-se com esses
saberes, deve sercapaz de enfrentá-los sem preconceitos,
reconhecendo que o ser humano construiumuitos “saberes” em busca de
sua felicidade. Esses saberes não estão no cam po daPsicologia, mas podem
se tornar seu objeto de estudo.Essas não são práticas da Psicologia. São
outras formas de saber sobre o humano que não podem ser confundidas com
a Psicologia, pois:
Não são construídas no campo da ciência a partir do método e
dos princípios científicos;
Estão em oposição aos princípios d a Psicologia, que vê não só o ser
humano como ser autônomo, que se desenvolve e se constitui a partir
de sua relação com o mundo social e cultural, mas também o vê sem
destino pronto, que constrói seu futuro ao agir sobre o mundo. É preciso
reconhecer que pessoas que acreditam em práticas adivinhatórias
oumísticas têm o direito de consultar e de ser com sultadas, e
também temos dereconhecer, como cientistas, que não sabemos
tudo sobre o psiquismo hum ano eque, muitas vezes, novas descobertas
seguem estranhos e insondáveis caminhos.PSICOLOGI A TAMBÉM TEM
HISTÓRI A Compreender em profundidade algo que compõe o nosso
mundo significa recuperarsua história. No caso da Psicologia, como
ciência, a história tem por volta de 140anos a penas, se
considerarmos o ano de 1879 em que W ilhelm Wundt (1832-
1920)instalou o Laboratório de Psicologia Experimental, em Leipzig,
Alemanha, fato queestabeleceu o marco da criação da Psi cologia
no mundo oci dental. Na história daPsicologia, duas vertentes de
história são importantes. Uma vertente é quandoretomamos a história
grega, em um período anterior à era cristã; a outra é
quandoretomamos o desenvolvimento da modernidade que é,
efetivamente, a responsávelpelo surgimento da Psicologia como ciência. A
PSYCHÉ DOS GREGOS
Não havia Psicologia na Grécia Antiga. Assim, estamos apenas
reconhecendo, comessa volta aos gregos, que a preocupação com a
alma e a ra zão humanas já existiaentre os gregos antes da era cristã. É
entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de
sistematizar umpensamento sobre o espírito humano, ou seja, a
interioridade humana. O própriotermo psicologia vem do grego
psyché, que significa alma, e de logos, que significarazão. A alm a,
ou o espírito, era concebida como a parte imaterial do ser humano
eabarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a
irracionalidade, o desejo,a sensação e a percepção. É com Sócrates (469-
399 a.C.) que as ideias sobre o mundo psicológico ganharamcerta
consistência. Sua pri ncipal preocupação era com o limite que
separa o ser humano dos animais. Dessa forma, ele postulava que
a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao ser
humano sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da
irracionalidade. O passo seguinte foi dado pelo filósofo Platão(427-
347 a.C.), discípulo de Sócrates, que procurou definir um “lugar”
para a razão em nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo
a cabeça, onde se encontra a alma humana. A medula seria,
portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Esse
elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma
separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o corpo)
desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, foi um dos mais
importantes pensadores da história da Filosofia. Suacontribuição foi
inovadora ao postular que alma e corpo não po dem ser
dissociados.Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida.
Tudo aquilo que cresce,reproduz e se alimenta possui a sua
psyché ou alma (Aristóteles chegou a estudaras diferenças entre a
ra zão, a percepção e a s sensações. Esse estudo estásistematizado
no De Anima, que pode ser considerado o primeiro tratado das
ideiaspsicológicas).O MUNDO PSICOLÓGICO NO IMPÉRIO ROM ANO E N A
ID ADE MÉDI AÀs vésperas da era cristã, surge um novo império que
dom inaria a Grécia, parte daEuropa e do Orien te Médio: o Império
Romano.
Resumo do capítulo 15 do Livro Psicologias
No texto, relata que o nosso dia a dia é uma vida em grupo e que toda a
Psicologia é uma Psicologia Social porque ninguém vive completamente
isolado; dependemos do outro no nosso cotidiano e é preciso combinar
algumas regras e a regularidade normatizada é chamada de instituição. Viver
em grupo tem grande importância e se destacado nesse processo: a Psicologia
em grupos que é um tema clássico e a Psicologia Institucional que pode ser
encontrada em Literatura específica a partir da metade do século XX.
O grau de saber e não saber dos grupos sobre sua própria história e potencial
para transformá-la chama-se transversalidade. Grupos sujeitos tem auto grau
de transversalidade, enquanto grupos sujeitados possuem baixo grau de
transversalidade. A importância do estudo dos grupos na Psicologia
Os primeiros estudos sobre grupos foram denominados de Psicologia das
massas ou Psicologia das multidões. A pergunta que era feita para o campo da
Psicologia era o que levaria uma multidão a seguir a orientação de um líder
mesmo que, para isso, fosse preciso colocar em risco a própria vida.
Apesar da Psicologia Social surgir com o estudo das massas, será com grupos
menores, os quais têm objetivos claramente definidos, que se desenvolverá a
pesquisa de grupo.
O que foi falado na sobre a dinâmica dos grupos são os temas como coesão do
grupo; pressões e padrão do grupo, motivos individuais e objetivos do grupo,
liderança e realização do grupo.
As formas de convívio que independem de nossa escolha, chamamos de
solidariedade mecânica. A solidariedade orgânica diz-se da afiliação feita
por vontade própria; escolhemos nossos pares. Nos grupos onde predomina a
solidariedade mecânica, geralmente forma-se subgrupos que se caracterizam
pela solidariedade orgânica.
Quando um grupo se estabelece, os fenômenos grupais mencionados
anteriormente passam a atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o
grupo, ao que chamamos de processo grupal. A coesão é uma forma
encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as regras
estabelecidas. A coesão é uma forma encontrada pelo grupo para que seus
membros sigam as regras estabelecidas e à certeza da fidelidade dos
membros ao grupo que estão inseridos, chamamos de coesão grupal. Os
grupos, de acordo com suas características, apresentam maior ou menor
coesão grupal. Quanto mais o grupo precisar garantir sua coesão, mais ele
impedirá manifestações individuais que não estejam claramente de acordo com
seus objetivos. Sobre a liderança dos grupos postula-se que um grupo com
vocação autoritária precise de um líder autoritário, um grupo democrático
precisa de um líder democrático e grupos sem preocupação com sua
organização, ou não teria liderança ou teria uma liderança que lhes desses a
direção. Grupos são mais eficientes e grupos autoritários são eficientes no
imediatismo, mas são pouco produtivos, pois funcionam a partir da demanda
de um líder; seus membros são cumpridores de tarefas. Grupos democráticos
exigem maior participação de todos os seus membros, que dividem
responsabilidades na realização das tarefas.
O grupo operativo configura-se como um modo de intervenção, organização e
resolução de problemas grupais, baseado em uma teoria consistente e
conhecida como Teoria do Vínculo. Tal abordagem transformou-se num
poderoso instrumento de intervenção em situações organizacionais e é
muito usada hoje em dia.
O desenvolvimento de uma Psicologia Social Crítica, cada um a seu modo,a
desenvolver uma consistente crítica aos modelos teóricos existentes. O
fundamental nesta visão é considerar que não existe grupo abstrato mas, sim,
um processo grupal que se reconfigura a cada momento.
Categorias de produção grupal:
1. Categoria de produção a produção das satisfações de necessidades do
grupo está diretamente relacionada com a produção das relações grupais.
2. Categoria de dominação os grupos tendem a reproduzir as formas sociais
de dominação. Mesmo um grupo de características democráticas tende a
reproduzir certas hierarquias comuns ao modo de produção dominante (no
nosso caso, o modo de produção capitalista).
3. Categoria grupo-sujeito (de acordo com Lourau)
trata-se do nível de resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos
com menor resistência à autocrítica e, portanto, com capacidade de
crescimento através da mudança, são considerados grupos-sujeitos. Os grupos
que se submetem cegamente às normas institucionais e apresentam muita
dificuldade para a mudança são os grupos-sujeitados. Grupos de ou A
hierarquização das formas mais verticalizada horizontalizada dependerá de
como estão inseridos no sistema produtivo. De acordo com a maneira como a
sociedade define seu sistema produtivo, ela estabelece valores sociais que, de
uma maneira geral, serão reproduzidos pelos grupos, estejam eles mais ou
menos diretamente ligados ao sistema produtivo. Assim, quando se trata do
trabalho numa fábrica, o grupo tenderá a ser bastante verticalizado (diretor,
gerente, chefe, encarregado e operários) e esta verticalização poderá ser
transferida, como valor, para o grupo familiar do operário (o pai, a mãe, o filho
mais velho e os mais novos). Existe a possibilidade de o grupo (ou alguns de
seus membros) exercer a negação deste processo de imposição social (na
realidade, é isso que cria uma dinâmica social rica variada).
Chegamos à terceira categoria: grupo-sujeito, aquele que critica as formas
autoritárias de organização e procura estabelecer uma contra norma. Isto
somente é possível quando o grupo consegue esclarecer a base de dominação
social, historicamente determinada, e encontra formas de organização
alternativas (como é o caso das formas autogestionárias de organização
grupal).
CONCEPÇÃO DE HOMEM
Exercícios do capítulo 1
Questão 1: Você leu no texto que existem a Psicologia Científica e a Psicologia
do senso-comum.
Supondo que o seu contato até o momento só tenha sido com a Psicologia do
senso comum, relacione situações do cotidiano em que você ou as pessoas
com quem convive usem essa psicologia.
R: Chá de boldo cura problemas no fígado: quando uma pessoa reclama de
dores no fígado, é comum alguém dizer que ela pode tomar um chá de boldo
que logo a dor vai passar. Esta é uma receita usada pelos mais antigos e que
foi repassada de geração em geração, sem que as pessoas
soubessem de fato o princípio ativo do boldo e seu efeito nas doenças
hepáticas.
Sexta-Feira 13: O número 13 é considerado de má sorte, especialmente
quando cai numa sexta- feira. Muitas pessoas evitam fazer viagens, reuniões
ou negócios neste dia. Mesmo que você não acredite nisso, de alguma
maneira, esta crença está arraigada no seu cérebro e talvez nunca você se
perguntou porque a sexta-feira 13 traz azar.
Passar por debaixo da escada, quebrar um espelho ou um gato preto passar a
sua frente te trarão anos de azar.
•Transtorno Bipolar
Autismo.
Há cura para a neurose, já para a psicose não há cura definitiva.
Mania e melancolia ou psicose maníaco depressiva: caracteriza-se pela
oscilação entre o estado de extrema euforia e estados depressivos.
ANTIPSIQUIATRIA
Em oposição às abordagens tradicionais da doença mental surgem outras que
questionam o
conceito de normalidade e os tratamentos propostos, como é o exemplo da
antipsiquiatria que
afirma que a doença mental é uma construção da sociedade e não existe em
si. A antipsiquiatria
e a psiquiatria social denunciaram a manipulação do saber científico, a retirada
da humanidade
e a utilização de condições perversas de tratamento.
ESTUDO DE CASO
É um método qualitativo que consiste, geralmente, em uma forma de
aprofundar uma unidade
individual. Ele serve para responder questionamentos que o pesquisador não
tem muito controle
sobre o fenômeno estudado. O estudo de caso contribui para compreendermos
melhor os
fenômenos individuais, os processos organizacionais e políticos da sociedade.
É uma ferramenta
utilizada para entendermos a forma e os motivos que levaram a determinada
decisão. Conforme
YIN, Roberto K. (2001) o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que
compreende um
método que abrange tudo em abordagens especificas de coletas e análise de
dados sendo amplo
e complexo não podendo ser estudado no contexto onde ele ocorre
naturalmente.
PESQUISA DE LEVANTAMENTO
O que é pesquisa por levantamento: É aquela em que as características de
interesse de uma
população são levantadas (observadas ou medidas), mas sem manipulação. É
a pesquisa
realizada mediante a "... a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja
conhecer."
Tipos de pesquisas são:
Descritivas: As pesquisas descritivas fazem uma análise minuciosa e descritiva
do objeto de
estudo (população, empresa, governo, situação-problema). Investe-se na
coleta e no
levantamento de dados qualitativos, mas, principalmente, quantitativos.
Utilizam-se gráficos de
sexo, idade, nível de escolaridade e localidade, por exemplo. A finalidade da
pesquisa descritiva
é analisar os dados coletados sem que haja a interferência do pesquisador.
Costuma fazer uso
de levantamentos para coleta de dados e descreve, minuciosamente,
experiências, processos,
situações e fenômenos. Focando em descrever fatores.
Exemplo: Verificar por que pacientes de um consultório esperam determinado
tempo e depois
desistem. Para isso, será preciso ficar lá observando e realizando anotações a
fim de explicar o
motivo do fenômeno.
Pesquisa Descritiva: Quais são os fatores que fazem as pessoas desistirem?
Explicativas: São aquelas pesquisas que têm como preocupação central
identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o
tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta
consideravelmente. Registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas
causas. A pesquisa explicativa exige maior investimento em síntese, teorização
e reflexão a partir do objeto de estudo. Visa identificar os fatores que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou variáveis que afetam o
processo. Explica o porquê das coisas.
Exemplo: Vamos imaginar um estudo de campo. O objetivo é observar o
comportamento de um determinado grupo de pessoas, realizar anotações a fim
de explicar o motivo de um fenômeno.
É esperado nos resultados da pesquisa que você faça: Ir até o local, observar,
anotar, sintetizar e explicar.
Exemplo: verificar por que pacientes de um consultório esperam determinado
tempo e depois
desistem. Para isso, será preciso ficar lá observando e realizando anotações a
fim de explicar o
motivo do fenômeno.
Pesquisa Explicativa: Porque as pessoas desistem?
Correlacional: É o tipo de pesquisa que procura explorar relações que possam
existir entre
variáveis (duas coisas diferentes), exceto a relação de causa-efeito sendo algo
como obrigatório.
São investigadas as relações que existem entre variáveis, lidando com o que já
existe nelas, ou seja, os indivíduos que participam do método já possuem
atributos a serem pesquisados
(estresse, ansiedade, entre outros).
Exemplo: “Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um estudo
correlacional entre habilidades sociais e traços de personalidade segundo o
modelo dos cinco grandes fatores.”
PRINCIPAIS CONCEITOS
ESTÍMULO
Qualquer acontecimento, externo ou interno a um organismo, susceptível de
ser captado pelos seus receptores e de levar a uma reação.
RESPOSTA
Unidade de comportamento sob controlo de um ou mais estímulos.
REFORÇO
Qualquer acontecimento (estímulo) que segue uma resposta e aumenta a
probabilidade dessa resposta ocorrer, na mesma situação
• Reforço positivo - quando esse acontecimento comporta uma ocorrência
agradável para
o sujeito.
PUNIÇÃO
Ocorrência de um estímulo aversivo, após uma resposta indesejada.
EXTINÇÃO
Processo de diminuição da frequência de ocorrência de uma resposta, por
supressão do reforço que a mantinha.
PSICANÁLISE
A Psicanálise foi criada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud, com o
objetivo de tratar
desequilíbrios psíquicos. Este corpo teórico foi responsável pela descoberta do
inconsciente, sendo este o objeto de estudo desta abordagem.
A teoria psicanalítica é uma teoria que procura descrever a origem dos
transtornos mentais,
o desenvolvimento do homem e de sua personalidade, além de explicar a
motivação humana.
Principais pressupostos
• Acreditar na existência do inconsciente.
• A consideração da sexualidade infantil.
• Reconhecimento do fenômeno da transferência.
• O corpo é a fonte básica de toda a experiência mental.
• O impulso sexual tem seus alicerces na biologia do organismo.
Ex: Hoje fui visitar uma escola e quando lá cheguei havia um aluno do 9º ano
(antiga 8ª série) na sala da Diretora. Aguardei que ela fizesse o atendimento
dele e quando o aluno retornou à sala de aula, busquei saber qual ocorrência
havia determinado sua visita à Diretoria. A Diretora relatou que o aluno foi
encaminhado por dois professores devido ao mau comportamento em classe,
marcado por uma agressividade gratuita, principalmente com os professores
homens e (descobrimos mais tarde, ao analisarmos melhor a situação), com os
professores carecas. No decorrer do dia a mãe do aluno compareceu à escola
e relatou para a Diretora que o filho estava assim desde que ela havia "juntado
as escovas" com o João. Detalhe importante: o João é careca.
O garoto está deslocando nos professores que lembram o João a
agressividade que gostaria de usar com ele, afinal, João é o cara que veio para
atrapalhar, para "tirar" dele sua mãe, para "roubar" o amor que deveria ser só
seu (ah! o Édipo por aqui!). Na verdade o alvo da raiva do aluno não são os
professores, mas a identificação inconsciente que ele faz quando vê a figura do
João no professor. Ele está inseguro e bravo com a situação e precisa
extravasar isto de algum modo. Por transferência, ele agride os professores,
atendendo ao desejo inconsciente de agredir o padrasto.
PULSÕES
O ser humano possui duas pulsões inatas: a sexual/libido e agressiva, são
contrárias ao ideal da sociedade e são as forças propulsoras que incitam as
pessoas à ação. São excitações de origem interna (no corpo) que produzem
constantemente certo nível de tensão, pois têm a finalidade de manter o
aparelho psíquico permanentemente excitado.
• A energia gerada pelas pulsões não pode ser liberada de maneira direta.
• Precisam ser controladas através da educação.
• Gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido.
• Assim, toda ação do homem é motivada pela busca prazerosa de dar vazão à
energia
psíquica acumulada.
• E o objeto é todo ato que busca reduzir à tensão, nesse caso, a água.
Consciente
O nível consciente nada mais é do que tudo aquilo do que estamos conscientes
no momento, no agora. Ele corresponderia à menor parte da mente humana.
Nele está tudo aquilo que podemos perceber e acessar de forma intencional.
Outro aspecto importante é que o consciente funciona de acordo com as regras
sociais, respeitando tempo e espaço. Isso significa que é por meio dele que se
dá a nossa relação com o mundo externo. O consciente seria, portanto, a
nossa capacidade de perceber e controlar o nosso conteúdo mental. Apenas
aquela parte de nosso conteúdo mental presente no nível consciente é que
pode ser percebida e controlada por nós.
Pré-consciente
O pré-consciente é muitas vezes chamado de "subconsciente”, mas é
importante destacar que Freud não utilizava esse termo. O pré-consciente se
refere àqueles conteúdos que podem facilmente chegar ao consciente, mas
que lá não permanecem. São, principalmente, informações sobre as quais não
pensamos constantemente, mas que são necessárias para que o consciente
realize suas funções. Nosso endereço, o segundo nome, nome dos amigos,
telefones, algumas coisas das quais gostamos – como a nossa comida
preferida -, acontecimentos recentes e assim por diante. É importante lembrar
ainda que, apesar de se chamar Pré-consciente, esse nível mental pertence ao
inconsciente. Podemos pensar no pré-consciente como uma peneira que fica
entre o inconsciente e o consciente, filtrando as informações que passarão de
um nível ao outro.
Inconsciente
Inconsciente se refere a todo aquele conteúdo mental que não se encontra
disponível ao indivíduo em determinado momento. Ele representa não só a
maior fatia de nossa mente, mas também, para Freud, a mais importante.
Quase todas as memórias que acreditamos estarem perdidas para sempre,
todos os nomes esquecidos, os sentimentos e medos que conseguimos, de
alguma forma, ignorar... todos esses elementos se encontram em nosso
inconsciente. Isso mesmo: desde a mais tenra infância, os primeiros amigos, as
primeiras compreensões: tudo está guardado.
O inconsciente é regido pelas próprias leis, além de ser atemporal: não existem
as noções de tempo e espaço nesse nível psíquico, ou seja, o inconsciente não
identifica cronologia nos fatos, nas experiências ou nas memórias. É ele,
também, o principal responsável pela formação da nossa personalidade.
FASE ORAL
Período: de 0 a 1 ano aproximadamente.
Características principais: a região do corpo que proporciona maior prazer à
criança é a boca. É pela boca que a criança entra em contato com o mundo, é
por esta razão que a criança pequena tende a levar tudo o que pega à boca. O
principal objeto de desejo nesta fase é o seio da mãe, que além de a alimentar
proporciona satisfação ao bebê.
O conflito principal nesta fase é o processo de desmame - a criança deve
tornar-se menos
dependente de cuidadores. Se ocorrer a fixação nesta fase, Freud acreditava
que o indivíduo teria problemas com dependência ou agressão. Fixação oral
pode resultar em problemas com a bebida, morder, comer, fumar ou roer as
unhas.
FASE ANAL
Período: 2 a 4 anos aproximadamente
Características: Neste período a criança passa a adquirir o controle dos
esfíncteres a zona de maior satisfação é a região do ânus. Ambivalência
(impulsos contraditórios) A criança descobre que pode controlar as fezes que
sai de seu interior, oferecendo-o à mãe ora como um presente,ora como algo
agressivo. É nesta etapa que a criança começa a ter noção de higiene. Fases
de birras.
De acordo com Freud, o sucesso nesta fase é dependente da maneira com que
os pais se
aproximam no treinamento do toalete. Os pais que utilizam elogios e
recompensas para usar o banheiro no momento oportuno incentivam
resultados positivos e ajudam as crianças a se sentir capazes e produtivas.
Freud acreditava que experiências positivas durante este estágio servem de
base para que as pessoas tornem-se adultos competentes, produtivos e
criativos.
No entanto, nem todos os pais fornecem o apoio e encorajamento que as
crianças precisam durante este estágio. Alguns pais vão punir com
ridicularização ou vergonha os acidentes das crianças.
FASE FÁLICA
Período: de 4 a 6 anos aproximadamente.
Características: Nesta etapa do desenvolvimento a atenção da criança volta-se
para a região genital. Inicialmente a criança imagina que tanto os meninos
quanto as meninas possuem um pênis. Ao serem defrontadas com as
diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam as chamadas “teorias
sexuais infantis”, imaginando que as meninas não tem pênis porque este órgão
lhe foi arrancado (complexo de castração, que é um conceito freudiano em que
uma criança tem medo que sua genitália será prejudicada pelo genitor do
mesmo sexo como punição por sentimentos sexuais com o outro progenitor.).
Neste período surge o complexo de Édipo, no qual o menino passa a
apresentar uma atração pela mãe e a se rivalizar com o pai, e na menina
ocorre o inverso sendo o complexo de Electra que se trata de uma atitude que
implica uma identificação tão completa com a mãe que a filha deseja,
inconscientemente, eliminá-la e possuir o pai. O surgimento do complexo de
castração surge devido ao complexo de Édipo/Electra. O termo complexo de
Electra tem sido usado para descrever um conjunto semelhante de sentimentos
vivenciados pelas jovens. Freud, no entanto, acredita que as meninas, em vez
disso experimentam a inveja do pênis. Freud acreditava que a inveja do pênis
não foi totalmente resolvida e que todas as mulheres continuam a ser um
pouco fixadas neste estágio. Psicólogos como Karen Horney contestam esta
teoria, chamando-a de um tanto imprecisa e degradante para as mulheres.
Horney propôs que os homens experimentam sentimentos de inferioridade
porque eles não podem dar à luz à filhos, um conceito à que ela se referiu
como inveja do útero.
FASE DE LATÊNCIA
Período: de 6 a 11 anos aproximadamente.
Características: este período tem por característica principal um deslocamento
da libido da sexualidade para atividades socialmente aceitas. ou seja, a criança
passa a gastar sua energia em atividades sociais e escolares. O
desenvolvimento do ego e superego contribuem para este período de calma. O
estágio começa na época em que as crianças entram na escola e tornam-se
mais preocupadas com as relações entre colegas, hobbies e outros interesses.
O período de latência é um tempo de exploração em que a energia sexual
ainda está presente, mas é direcionada para outras áreas.
Esta etapa é importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e de
comunicação e
autoconfiança.
FASE GENITAL
Período: a partir de 11 anos.
Características: neste período, que tem início com a adolescência, há uma
retomada dos impulsos sexuais, o adolescente passa a buscar, em pessoas
fora de seu grupo familiar, um objeto de amor. A adolescência é um período de
mudanças no qual o jovem tem que elaborar a perda da identidade infantil e
dos pais da infância para que pouco a pouco possa assumir uma identidade
adulta. O indivíduo desenvolve um forte interesse sexual no sexo oposto. Esta
fase começa durante a puberdade, mas passa por todo o resto da vida de uma
pessoa.
Em fases anteriores, o foco foi exclusivamente nas necessidades individuais,
porém o interesse pelo bem estar dos outros cresce durante esta fase. Se as
outras etapas foram concluídas com êxito, o indivíduo deve agora ser bem
equilibrado, tenro e carinhoso. O objetivo desta etapa é estabelecer um
equilíbrio entre as diversas áreas da vida.
COMPLEXO DE ÉDIPO
Complexo de sentimentos e afetos com componentes de agressividade, fúria e
medo, paixões, amor e ódio, oriundos dos desejos sexuais em relação aos
genitores de sexo oposto que acontece entre os 5 e 6 anos de idade. O
complexo de Édipo se manifesta no menino desejando a mãe e querendo
eliminar o pai, seu concorrente. O medo da castração por parte do pai faz com
que renuncie ao desejo incestuoso e aceite as regras ou a lei da cultura. Na
menina se manifesta pelo fato de descobrir que não tem o pênis-falo, e com
isto, sente-se prejudicada, tem inveja do pênis.
Ao perceber que a mãe também não o tem, passa a desvalorizá-la e, nessa
medida, se dirige para a figura do pai, dotado de falo e, portanto, cheio de
poder e fascinação. Mas apesar do menino abandonar o desejo pela mãe por
medo da castração ela não deixa de acontecer para ambos os sexos e de
forma simbólica de acordo com a interpretação de Lacan. Castração no sentido
simbólico significa a impossibilidade de retorno ao estado narcísico do qual
fomos expulsos com o nosso nascimento. Castração significa a perda, a falta, o
limite imposto à onipotência do desejo. É um processo que já acontece desde o
corte do cordão umbilical. A rigor quem castra é a mãe. Se a mãe permite a
independência da criança, negando formar um todo narcísico com ela, ela
castra. A castração é um evento absolutamente progressista na nossa vida e
que torna possível a vida em sociedade e a nossa autonomia. Com a
Castração introduz-se a lei da cultura que é produto de Eros e não de
Thanatos. A lei não existe para aniquilar o desejo e sim para articulá-lo com a
convivência social. É a guardiã do desejo na medida em que o encaminha no
sentido de uma subordinação ao Princípio da Realidade" (Os Sentidos da
Paixão, Hélio Pellegrino). A Castração nos faz sentir como seres incompletos,
carentes. Demonstra-nos que é da brecha entre tudo o que se quer e aquilo
que se pode (princípio de realidade) que nascem as possibilidades de
movimentos do desejo. Mas o seu exagero pode trazer consequências
negativas como as neuroses. Segundo Freud, as práticas perversas presentes
ao longo da constituição da sexualidade, como: o exibicionismo, a manipulação
dos órgãos sexuais, o prazer de sucção, o prazer ligado à defecação entre
outras, tendem a sucumbir à repressão, submetendo-se ao domínio das
práticas genitais com vistas à procura de um outro corpo e à procriação. As
mesmas deixarão suas marcas, que estarão presentes nas manifestações
consideradas normais da sexualidade adulta (nas preliminares do ato sexual),
conquanto não assumam um caráter prioritário e não se constituam em única
forma possível na obtenção do prazer. Isto refletiria uma recusa da pulsão em
submeter-se à repressão e ao domínio da genitalidade, resultando em uma
perversão adulta.
Ressaltamos que essas etapas nunca se dão de um modo claro, existindo uma
interpenetração entre as mesmas. Diante de exposto temos crianças de tenra
idade que sentem prazer ao urinar ou defecar querendo brincar ou pegar.
Podem querer examinar seus genitais ou dos amiguinhos.
Os pais ao ver qualquer destas cenas, não devem se surpreender ou se
aborrecer. Os pais ou pessoas que trabalham com crianças devem ter em
mente que a masturbação é normal e faz parte do processo de conhecimento
de seu corpo. O problema é que isto nos traz um certo desconforto porque é
muito provável que nossos pais tenham nos dito que isto era feio ou para não
fazer isto de novo. É difícil para os pais lidarem com essas situações, mas é
necessário aprender para não serem severos. Não devemos olhar os atos
infantis comparando com a dos adultos. A criança não faz nenhuma relação
com o sexo em si, ela apenas sente prazer. Mais tarde poderá se sentir
culpada pela desaprovação dos pais ou pessoas que trabalham com elas e
essa culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual. Freud
coloca os pais como pessoas incompetentes para a tarefa da educação sexual
preferindo que estes não se ocupem desta tarefa. Para ele, os pais
esqueceram-se da sexualidade infantil e, se esqueceram, é porque houve
repressão. (KUPFER, 1997). Se houve repressão inevitavelmente algum
recalque ainda permanece. Então como agir mesmo com todas as nossas
frustrações, recalques e conflitos ainda
que inconscientes? É no lar que o ser humano deveria ter sua primeira
educação sexual. Uma criança falante e curiosa pode começar a mostrar
interesse pelo sexo aos 2-3 anos, mesmo sem o uso da palavra. A maioria o
fará com 4-5 anos de idade (Suplicy, 1983). Nesta fase o que a criança quer
saber é muito pouco, não é preciso explicar detalhes, mas também não minta,
não brigue, não desconverse, explique o básico da linguagem para o
entendimento. Muitos pais acreditam que as crianças não devem fazer
perguntas sobre sexo por acreditar que não possuem idade suficiente para
entender, considerando, portanto, um absurdo qualquer menção a este
assunto. Muitos adultos se escondem, sentem vergonha e a causa pode estar
numa infância mal orientada.
No texto de Freud "Esclarecimento sexual das crianças" em resposta a uma
carta de Dr. M. Fürst, ele afirma que as crianças devem receber educação
sexual assim que demonstrem algum interesse pela questão (KUPFER, 1997).
A criança que tem idade para perguntar também tem idade para ouvir. Os pais
nunca devem dar respostas imaginárias e irreais como, por exemplo: se a
criança perguntar sobre seu nascimento e o pai responde que foi trazido pela
cegonha, ao invés de falar a verdade na linguagem adequada para idade.
Quando a criança descobre as mentiras dos pais sente-se enganada. No
mesmo instante que seu filho descobre que você o engana deixará de ser um
pai ou mãe perguntável. Perdendo a credibilidade, sendo que assim mesmo
seu filho continua curioso e perguntará aos colegas. Não adianta falar sobre
espermatozoides e óvulos com uma criança de 2 ou 3 anos, nesta idade muita
explicação pode confundir e o tempo de concentração é muito pequeno,
portanto os pais devem ser breves, e devem falar com naturalidade. Nas
primeiras perguntas das crianças são: Porque o pipi do papai maior que o
meu? Porque ele tem esses pelinhos e eu não? Onde está o pipi da mamãe?
Por onde saem os bebês? Essas são perguntas que a criança faz pela
constatação do que observa. Conforme a criança vai crescendo as perguntas
vão se sofisticando, e aos quatro/cinco anos ela quer saber como o bebê sai da
barriga da mãe. E também quer saber como entrou. Responda a essas
perguntas de forma mais natural possível. Se for repreendida, a criança nunca
mais irá perguntar, mas continuará tão curiosa quanto antes, pois está numa
fase de descobertas. Sem a ajuda deles ela poderá interpretar o sexo de forma
errada, acreditando, por exemplo, que seu pênis tem algum problema por ser
menor que o do pai, que o pênis da mamãe ou da irmã foi cortado.
Muitos pais não sabem como responder. Uma das perguntas mais difícil para
os pais
responderem: como o bebê entrou na barriga da mamãe? Temos uma literatura
imensa sobre sexualidade infantil que ajudam os pais e até filmes, que podem
ajudar a tirar as dúvidas das crianças. Mas sempre deve ser utilizado o real,
verdadeiro e claro. A partir de quatro anos já é possível falar sobre o parto
natural ou cesárea, sobre a relação do papai e da mamãe, lembrando- se que a
linguagem deve ser adequada e sem assombros. Se a criança não tem desde
cedo esclarecimentos sobre os assuntos ligados ao sexo, não compartilha seus
medos e ansiedade com seus pais, se os pais não lhe dão apoio nas suas
descobertas, certamente ela será um adolescente carregado de dúvidas
buscando em revistas e conversas com amigos o entendimento deste processo
e futuramente poderá ser um adulto com complexos, culpas e preconceitos.
Os tempos mudaram. As crianças devem ter limites bem estabelecidos, com
firmeza, pelos pais. Pais inseguros, com falta de atenção e o descontrole
pessoal são as principais causas da opção do castigo físico como forma
pedagógica. Acredito que até a palmada, culturalmente aceita por muitos, é
dispensável, mas de qualquer forma, não transmito sentimento de culpa para
os pais.
Ser pai é uma tarefa extremamente difícil, que exige um treino contínuo e de
perseverança.
Segundo Winnicott, a vida é essencialmente difícil de ser vivida por todos, e os
pais devem procurar ser suficientemente bons para seus filhos - nem
permissivos, nem agressivos. Sabemos que crianças que crescem
aterrorizadas e com medo dos pais, em que a chama de estúpidas,burras,
incompetentes, preguiçosas, que ouvem você não deveria ter nascido, estão
sofrendo maus tratos psicológicos que poderão marcá-las por toda vida. Esses
pais são maltratantes e negligentes. O mesmo é pelo abandono, não só o
abandono de crianças deixadas em lugares públicos, mas também de pais
ausentes que deixam seus filhos abandonados em suas próprias casas.