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Aula 02

Elementar meu caro


Watson
As formas de explicar o mundo, a ciência e o Behaviorismo Metodológico

Me. Igor Eduardo Madeira

Psicólogo Clínico/Analista do Comportamento

Igor Madeira
Mestre em Psicologia (UFES)

Departamentos de Psicologia e Medicina (UNIFASB)

Diretor Executivo – Instituto Interativo


Referências do encontro de hoje:
Como a ciência reagiria as suas
opiniões pessoais sobre o
comportamento humano?
INTRODUÇÃO
• Conhecer e compreender o mundo a sua volta sempre instigou o ser humano;
• Várias formas de conhecimento foram desenvolvidas;
• O conhecimento científico domina grande parte das explicações sobre o
mundo hoje, mas nem sempre foi assim;
• Apesar da supremacia da ciência, fatos e fenômenos são explicados por meio
de conhecimentos do senso comum, teológico, místico e etc.
• O indivíduo, independentemente de seu status, papel que desempenha
socialmente e grau de instrução, utiliza todas essas formas de conhecimento.
CONHECIMENTO DE
SENSO COMUM
CONHECIMENTO DO SENSO COMUM

Baseia-se na observação do dia-a-dia e nas experiências causais;


É transmitido de geração para geração;
É um conhecimento que não pode ser desprezado (faz parte da cultura);
É um saber popular adquirido no convívio social, sem depender de esforço
intelectual;
Valorativo, com base na intuição e impressões pessoais;
Específico, pois a credibilidade de suas explicações é delimitada no tempo, no
espaço e na cultura;
Utiliza-se do método de tenacidade (é assim porque sempre ouvi isso);
0 método de autoridade também é utilizado;
“ Os cristais tem poder porque o mago ou astrólogo fulano de tal disse ”
CONHECIMENTO
FILOSÓFICO
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
A capacidade de pensar e refletir sobre a realidade vivida, observar os fatos fazer
abstrações e transcender à realidade observada permite ao ser humano filosofar;
Formular premissas, que buscam explicar os fenômenos do mundo que o cerca;
É especulativo, pois suas proposições não são submetidas a testes de verificação
empírica;
As reflexões filosóficas não oferecem respostas contundentes aos problemas
existenciais do ser humano, porém essas reflexões se traduzem em ideologias que
influenciam o cotidiano do indivíduo e da sociedade;
Não podemos ignorar essas formas de explicação de mundo, pois permite-nos
conhecer a ação do indivíduo no meio em que vive.
A Psicologia entre os gregos: os primórdios

• É entre os filósofos gregos que surge a primeira


tentativa de sistematizar uma Psicologia.
• O próprio termo psicologia vem do grego psyché,
que significa alma, e de logos, que significa razão,
• A alma ou espírito era concebida como a parte
imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento,
os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o
desejo, a sensação e a percepção.
• Os filósofos Pré-socráticos (assim chamados por
antecederem Sócrates, filósofo grego) preocupavam-se
em definir a relação do homem com o mundo através
da percepção.
• Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê
ou se o homem vê um mundo que já existe.
• Havia uma oposição entre os idealistas (a ideia forma
o mundo) e os materialistas (a matéria que forma o
mundo já é dada para a percepção).
SÓCRATES (469- 399)

• Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem


dos animais.
• Postulava que a principal característica humana era a razão.
• A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam
a base da irracionalidade.
• Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como
essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito
explorado pela Psicologia (estudo da consciência humana).
• As teorias da consciência são, de certa forma, frutos dessa
primeira sistematização na Filosofia.
PLATÃO (427-347)
Discípulo de Sócrates
• Procurou definir um “lugar” para a razão no nosso próprio
corpo.
• Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a
alma do homem.
• A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma com
o corpo.
• Este elemento de ligação era necessário porque Platão
concebia a alma separada do corpo.
• Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia,
mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
ARISTÓTELES (384-322)
• Discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da
Filosofia.
• Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem ser
dissociados.
• A psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e
se alimenta possui a sua psyché ou alma.
• Os vegetais teriam a alma vegetativa, que se define pela função de alimentação
e reprodução.
• Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção
e movimento.
• E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem a função
pensante.
• Propôs a ideia de que o homem seria uma folha em branco.
CONHECIMENTO
TEOLÓGICO
“Ainda que observemos que crianças
mulçumanas se tornam em geral
adultos mulçumanos, e que crianças (Skinner, 1953, p.10)

cristãs em geral se tornam adultos


cristãos, não estamos dispostos a
admitir que o acaso do nascimento
seja a base das crenças.”
CONHECIMENTO TEOLÓGICO
• É um conhecimento inspiracional, pois é resultado de uma revolução divina
ao ser humano;
• Seus preceitos são apoiados na fé e na crença em entidades divinas que
detém o controle e o conhecimento do mundo;
• Apresenta especulações que as outras formas de conhecimento não
explicam ou dos quais nem se ocupam;
• Verdades absolutas, respostas dogmáticas e inquestionáveis sobre o mundo;
• Não é passível de verificação empírica;
• Utiliza o método da autoridade: “ é verdade porque o livro sagrado ou o
sacerdote diz .”
A PSICOLOGIA NO IMPÉRIO ROMANO E
NA IDADE MÉDIA
• Uma das principais características desse período é o
aparecimento e desenvolvimento do cristianismo,
• E falar de Psicologia nesse período é relacioná-la ao
conhecimento religioso (o domínio da Igreja
Católica),
• Nesse sentido, dois grandes filósofos representam esse
período: Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de
Aquino (1225-1274).
Santo Agostinho
• Fazia uma cisão entre alma e corpo,
• Alma não era somente a sede da razão, mas a
prova de uma manifestação divina no homem.
• A alma era imortal por ser o elemento que liga o
homem a Deus.
• E, sendo a alma a sede do pensamento, a Igreja
passa a se preocupar também com sua
compreensão.
São Tomás de Aquino

• Foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e


existência,
• Considera que o homem, na sua essência, busca a
perfeição através de sua existência.
• Afirma que somente Deus seria capaz de reunir a
essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto,
a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus.
CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A ciência, como explicação racional e sistematizada dos fenômenos do mundo
empírico, é relativamente nova.
Os primeiros passos foram dados no século xvi e seu desenvolvimento n século
xviii;
Houve vários movimentos históricos que propiciaram o desenvolvimento de
seus métodos:
O surgimento da imprensa (1500): registro e divulgação das ideias;
Reforma protestante (1517-1600): a quebra do poder da igreja deu mais
liberdade de questionamento, de exercício da dúvida e de uma atitude
racional/
Revolução francesa (1789-1799): mudanças na organização social, econômica
e política da sociedade, propiciando o avanço científico.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
• A ciência é, portanto, resultado de uma atividade racional perante o
mundo que nos cerca;
• Não é uma atividade estática (ser inexata, não dogmática, passível de
reformulação e negação);
• Interage com a história da humanidade;
• Processo contínuo e revisório;
• O cientista interage com a sociedade e sua cultura;
• O principal objetivo da ciência é dar explicações gerais aos
fenômenos empíricos que investiga;
• Essa explicação é elaborada, em grande parte, por meio da pesquisa
científica.
“Não há nenhuma
definição padrão de
ciência aceita
universalmente ”
Cooper, Heron e Heward (2007, p.27)
“A ciência é uma abordagem sistemática para a compreensão dos
fenômenos naturais – como evidenciado pela descrição, previsão e
controle – que se baseia no determinismo como sua suposição
fundamental, o empirismo como sua principal diretiva, a experimentação
como sua estratégia básica, a replicação como requisito necessário para a
credibilidade, parcimônia como seu valor conservador e dúvida
filosófica como sua consciência orientadora.”
Cooper, Heron e Heward (2007, p.27)

Ciência
A Psicologia no Renascimento
• O processo de valorização do homem,
• Essa transformação ocorrem em todos os setores,
• Em 1543, Copérnico causa uma revolução no conhecimento
humano mostrando que o nosso planeta não é o centro do
universo,
• Em 1610, Galileu estuda a queda dos corpos, realizando as primeiras
experiências da Física moderna.
• Início da sistematização do conhecimento científico,
• O Avanço da Anatomia e da Fisiologia (O corpo era considerado
sagrado)
A Psicologia no Renascimento

• René Descartes (1596-1659), um dos filósofos que


mais contribuiu para o avanço da ciência, postula a
separação entre mente (alma, espírito) e corpo,
afirmando que o homem possui uma substância
material e uma substância pensante, e que o corpo,
desprovido do espírito, é apenas uma máquina
Sugestão de leitura
A Psicologia científica

•Wundt: o pai da Psicologia moderna


desenvolveu o primeiro laboratório
de Psicologia Experimental
•O resultado disso foi: Teorias,
pesquisas e práticas científicas.
A Psicologia científica
• Definir seu objeto de estudo (o comportamento, a
vida psíquica, a consciência);
• Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de
outras áreas de conhecimento, como a Filosofia e a
Fisiologia;
• Formular métodos de estudo desse objeto;
• Formular teorias enquanto um corpo consistente de
conhecimentos na área.
O Estruturalismo
(Edward Titchner)
Busca verificar a estrutura da consciência
(sistema nervoso central)
O Funcionalismo
(William James)
“O que fazem os homens e porque o fazem”
A relação dessas explicações com o
mentalismo

• O acesso às ideias ou imagens se faria somente através da


introspecção (Ação, gesto ou palavra),
a) O indivíduo passivo recebe impressões do mundo,
b) Estas impressões são impressas na sua mente
constituindo sua consciência,
c) É então a entidade agente responsável por, ou local onde
ocorrem processos responsáveis por nossas ações.
“É preciso destacar que os processos cognitivos, tão falados
hoje em dia, são uma forma de animismo ou mentalismo,
em suas origens. A cognição é algo a que não tenho acesso
direto mas que fica evidente no comportamento
lingüístico das pessoas, no seu resolver problemas, no seu
lembrar, etc., esquecendo que linguagem é produto de
comportamento verbal; que solução de problemas é
produto de contingências alternativas, e que lembrar é
produto de manipulação de estímulos discriminativos.”
CIÊNCIA?
Ciência paradigmática ou
Pré-paradigmática?

Schultz, D. P., & Schultz, S. E. (2006). O estudo da história da psicologia. In: D. P. Schultz, & S. E.
Schultz, História da psicologia moderna (pp. 1-23). Thompson.
PSICOLOGIA OBJETIVA

• Alguns psicólogos do século XIX não acreditavam no método introspectivo, pois parecia pouco
confiável, muito vulnerável a percepções pessoais e subjetiva,
• Outras ciências como a física e a química utilizavam métodos objetivos que produziam medidas
verificáveis e replicáveis em laboratórios,
• Experimentos que media o tempo de reação das pessoas – o tempo exigido para detectar uma luz ou
um som e então apertar um botão (Donders 1818-1889),,
• Fechnner: Diferença apenas perceptível,
• Ebbinghaus: Medidas de aprendizagem e de memória,
• Essas tentativas traziam em comum a expectativa que, ao seguir métodos objetivos, a psicologia
poderia se transformar em uma verdadeira ciência.
PSICOLOGIA COMPARAT IVA
• Ao mesmo tempo que os psicólogos tentavam fazer da psicologia uma ciência, a teoria
da evolução estava contribuindo efetivamente para isto. Os homens não eram mais
vistos como animais superiores, pois compartilhavam traços com as outras espécies,
• Nasce então a noção de continuidade: as espécies se assemelham umas as outras
mesmo sendo diferentes,
• Novas espécies passaram a existir através das modificações das espécies existentes,
• Presumia-se que além de traços físicos, poderíamos ver as origens de nossos próprios
traços mentais (apareceriam em outras espécies sob formas simples ou rudimentares),
• Surgiram comparações entre a espécie humana e outros animais,
• Os psicólogos comparativos começaram a substituir as vagas informações anedóticas
por observações rigorosas, conduzindo experimentos com animais.
“Pareceu claro a John Watson (1879-1959), o
fundador do behaviorismo, que, como método
científico, as inferências sobre consciência em
animais eram ainda menos confiáveis do que a
introspecção, e que nenhuma das duas poderia servir
como método para uma verdadeira ciência.”
"POR QUE NÃO FAZEMOS
DAQUILO QUE PODEMOS
OBSERVAR, O CORPO DE ESTUDO
DA PSICOLOGIA?"
O SURGIMENTO DO BEHAVIORISMO
❖O Behaviorismo clássico foi inaugurado em 1913 com a publicação do artigo
Psychology as the behaviorist views it,
❖Surgiu em contraposição às psicologias mentalistas dominantes ( Consciência
humana/introspeção),
❖Problemas na reprodução dos resultados (padrão),
❖A crítica de Watson centrava-se no método e não nos sujeitos (e.g. Tietchenner)
• Se quisesse ser ciência, a Psicologia deveria se aproximar da Química e da
Física.
“Com o comportamentalismo, pela primeira vez os
estudos psicológicos ‘deram as costas’ à experiência
imediata. Tudo aquilo que faz parte da experiência
subjetiva individualizada deixa de ter lugar na
ciência, seja por que não tem importância, seja
porque não é acessível aos métodos objetivos da
ciência”
( Figueiredo e Santi, 1997, p. 66-67)
O SURGIMENTO DO BEHAVIORISMO

❖ O comportamento observável seria o objeto de


estudo da Psicologia,

«Vamos nos limitar a coisas que podem ser observadas,


e formular leis apenas para aquelas coisas. Agora, o
que podemos observar? Nós podemos observar o
comportamento – o que o organismo faz ou diz » (p.6)
O Xeque-mate de Watson e a
Psicologia como um
Behaviorista a vê
Muito obrigado!

Igor Madeira
@ligabehaviorista

Psicólogo Clínico/Analista do Comportamento (04/35829)


institutointerativo@institutointerativo.page

(77) 99141-0391

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