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Disciplina: História da Psicologia: Ciência e Profissão

Nessa disciplina vamos mergulhar na história do surgimento da Psicologia como


Ciência a de maneira objetiva trataremos dos campos de atuação profissional
que a psicologia oferece.

Nosso objetivo é que ao final da disciplina você tenha clareza dos desafios que
permearam e ainda permeiam a jornada da psicologia enquanto uma ciência
baseada em evidências.

1. BUSCANDO NO ONTEM POSSÍVEIS EXPLICAÇÕES PARA O HOJE

Compreender o sentido e a importância da Psicologia hoje, como ela foi


se transformando, quais as questões e temas que lhe foram apresentadas e
como esses temas foram sendo estudados, é a partir desse olhar que
iniciaremos essa disciplina.

Para isso, vou resgatar o conceito de “Espírito do Tempo” (Zetigeist, termo


de origem alemã) citado por Johann Gottfried Herder, filósofo e escritor alemão
que viveu entre os anos de 1744 e 1803. Herder entendia que o Espírito do
Tempo, nada mais é do que o conjunto das características de uma época
histórica.
Seguindo esse entendimento, vamos pensar sobre os “Espíritos do
tempo” buscando associar o conceito às características próprias de determinada
época, refletida em sua cultura e arte ao longo da história da humanidade:

Analisando as relações intrapessoais e interpessoais ao longo dos


séculos podemos levantar algumas questões: quais os transtornos mentais
prevaleciam na divisão da história? Há prevalência de um ou outro a depender
o contexto biopsicossocial e espiritual? Igualdade, Liberdade e Fraternidade,
lema da Revolução Francesa foi realmente conquistada?
Na Idade Antiga os filósofos usam a mitologia para tentarem entender a
vida, o universo e a natureza. Hoje, em tempos pós-modernos qual a cosmovisão
propagada para entender esses fenômenos? E por fim, em tempos pós
pandemia COVID-19 como avaliar a explosão de atestados médicos por
afastamento por transtornos mentais e os números crescentes de suicídios e
tentativas? Essas e outras questões são material de estudo para a Psicologia.
Ao analisar essas questões é de suma importância ter em mente que o
hoje estava no ontem não porque tenha evoluído dele, mas porque se
transformou a partir dele. Segundo o historiador Alfredo Bosi, essas
transformações devem ser entendidas quanto às construções de significados e
valores, que uma vez conhecidos, dão sentido ao presente.
De acordo com Bosi, “o antes é a semente, o germe, a raiz do depois”. A
sequência dos tempos não produz necessária e automaticamente uma evolução,
do inferior para o superior. Há um passado que deve ser levado em conta, um
passado com o qual se rompe.
O interesse em conhecer os mistérios da alma humana remete-se aos
tempos da história antiga. O estudo da alma (que é o significado das palavras
gregas que compõem “psicologia”) teve início lá na Filosofia. Sócrates já falava
da importância do olhar para si:

“Ainda não cheguei a ser capaz, como recomenda a inscrição


délfica, de conhecer a mim próprio. Parece-me ridículo, pois, não
possuindo eu ainda esse conhecimento que me ponha a examinar
coisas que não me digam respeito. Não são as fábulas que
investigo: é a mim mesmo.”

Desde os grandes filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles reverbera a


busca em compreender porque agimos da maneira como agimos, qual a
essência da nossa alma?

Ao longo da história são inúmeras as teorias que buscam responder os


mistérios da alma humana. Em 1690 Jonh Locke defendia que ao nascermos
poderíamos ser comparados a uma folha em branco, onde todo o processo do
saber, do agir, do conhecer seria aprendido a partir do nascimento pelas
experiências vividas.

Diferentemente, Platão era defensor da teoria do Inatismo, “a alma


precede o corpo”, logo, todas as qualidades e capacidade cognitiva já estariam
presentes na pessoa desde o seu nascimento. Daí surge o que apelidamos de
“Síndrome de Gabriela”. Se você nasceu na década de 80 ou 90 vai se lembrar
da música de Gal Costa “.. eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim,
vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela.”
A busca por resposta para o que seria mais importante, a natureza ou o
ambiente? O que era mais importante, a natureza inata dos indivíduos ou as
influências ambientais que os envolvia? Há muito material dos filósofos, biólogos
e fisiologistas sobre o tema.
Hoje a Psicologia compreende a importância de ambos atuando em nosso
desenvolvimento, mas ainda investiga como interage a hereditariedade e os
fatores ambientais em muitos aspectos do comportamento humano.
Referências:
JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A.L.; PORTUGAL, Francisco.
História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: NAU, 2005.
(Curadoria Editora)
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia. São Paulo: Pearson Makron
Books, 2014. (Biblioteca física ISCON - 12 exemplares)
FREITAS, Regina H. (Org.). História da psicologia: pesquisa, formação,
ensino. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
(Curadoria Editora).
JACÓ-VILELA, Ana Maria; OLIVIERA, Dayse de Marie (Org.). Clio-Psyché:
discursos e práticas na história da psicologia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2018.
(Curadoria Editora).
MORRIS, Charles G.; MAISTO, Albert A. Introdução à psicologia. 6 ed. São
Paulo: Pearson, 2004. (Biblioteca Virtual Universitária - Pearson).
BRAGHIROLLI, Elaine Maria... [et al.]. Psicologia geral. 36 ed. Petrópolis: RJ,
2015. (Biblioteca física ISCON - 12 exemplares)
CASTRO, Raquel A. de. Psicologia geral. Manaus: UFAM, 2016. (Curadoria
Editora).

BOCK, Ana Mercês B. FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T.


Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva,
2008. (Biblioteca física ISCON - 12 exemplares)

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