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Partamos do conceito de ciência que, de acordo com o dicionário da língua portuguesa (1995), “é o
conhecimento rigoroso e racional de qualquer assunto”.
Tendo em conta que todo e qualquer ramo do saber de modo a ser considerado ciência, precisa de
obedecer a determinadas regras, rigorosamente estipuladas tais como: ter um campo de estudo bem
delimitado e o seu respectivo objecto de estudo, que por sua vez, reclama a existência de métodos de
estudo que se adequem e sejam capazes de estabelecer relações precisas entre os factos. Para que a
psicologia tivesse estatuto de ciência teve também que adoptar estes procedimentos. É de salientar que a
psicologia, antes de ter estatuto de ciência já foi um ramo da filosofia, que estudava especificamente a
alma.
Símbolo da psicologia
Fonte: psicounesc.wordpress.com/.../
De acordo com Davidof (2001, p.6) este termo surge da junção de duas palavras gregas a saber: psiché
(alma) e logos (razão), tendo como significado o estudo da alma.
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Salienta-se o facto de as raízes da psicologia poderem ser encontradas nos séculos quarto e quinto antes
de Cristo (aC), na altura em que filosófos gregos como Aristóteles, Sócrates e Platão reflectiam e
questionavam-se acerca do funcionamento da mente. Façamos uma breve visita histórica, a alguns
marcos importantes da história da psicologia.
Aristóteles (384-322 a.C.) – descreveu diversas categorias tais como a percepção, memória e a
cultura. Normalmente é tido como quem deu início à reflexão psicológica, pelo facto de ter
escrito o primeiro tratado sobre a alma. Ė apontado como o filósofo que teria valorizado pela
primeira vez, a observação como forma de se chegar a explicar os eventos naturais, apesar de
que o seu método de investigação era basicamente racionalista.
Platão (427-347 a. C.) – contribuiu para que se despertasse o interesse pela natureza do ser
humano com os seus ensinamentos. Este facto trouxe ao centro do questionamento filosófico da
época, diversas questões relacionadas com a psicologia.
Sócrates (469-399 a. C.) – superou a crise aberta no pensamento grego pelo ceptimismo sofista,
distinguindo um conhecimento sensorial que apreende nas coisas o lado aparente e variável, e
um conhecimento racional, fundamento de ciência que nas coisas busca apreender o que é
essencial e permanente. Este pensador já no séc V aC, afirmava que o conhecimento é uma
descoberta que a própria pessoa realiza, é algo que se dá no interior do indivíduo.
Estes e outros filósofos, fizeram algumas indagações que foram muito importantes para o desenvolvimento
da ciência psicológica, tais como (o que é a consciência? as pessoas percebem a realidade? etc). Note-se
que estas indagações não só são importantes agora como o foram há dois mil anos atrás.
Vejamos agora o contributo de alguns pensadores para a psicologia, de acordo com Caparrós (1999,
p.22).
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Fluorens, Fritsch, Hitzig e Hall – estudaram o cérebro e o sistema nervoso e tornaram possível a
aplicação ao ser humano dos resultados experimentais obtidos em animais, contribuindo assim
para o desenvolvimento da psicofisiologia.
Gustav Theodor Fechner – mostrou como os métodos científicos podiam ser aplicados ao estudo
dos processos mentais e, seus estudos serviram de inspiração a Wundt que implementou a ideia
da aplicação de métodos científicos no estudo de processos mentais, fundando assim o primeiro
laboratório de psicologia.
De acordo com Falcão (1996), considera-se que a ciência psicológica começa concretamente em 1879,
momento em que o alemão Willhelm Wundt fundou na Universidade de Leipzig (Alemanha), o primeiro
laboratório de pesquisas em psicologia, tornando-se uma ciência autónoma, deixando assim de ser um
ramo da filosofia. Segundo Bolton e Warwick (2005, p.23), a concepção de psicologia defendida por
Wundt, tem a consciência como objecto de estudo e a introspecção como o seu método de estudo.
De acordo com Falcão (1996, p.20), considera-se que a partir de Wundt, pode-se falar de psicologia como
ciência, tendo em conta que:
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Objecto de estudo da Psicologia
De acordo com Mesquita e Duarte (1998, p.10), o objecto de estudo da Psicologia não foi sempre o
mesmo, o que pressupõe que tenha variado ao longo dos tempos.
Vejamos algumas perspectivas sobre o objecto da psicologia, de acordo com Saraiva (1973, p.20):
A Psicologia Filosófica – que tem como objecto o estudo da alma (natureza, destino, relações com
o corpo). Ė de realçar que a Psicologia constituiu-se como ciência e os problemas da alma
continuaram como objecto da Psicologia racional, um dos ramos da Metafísica.
A Psicologia Empírica – enquanto seres que convivem, os seres humanos manifestam o seu
psiquismo: sentimentos, interesses e temperamentos. Constituem-se assim uns para os outros em
objecto de conhecimento espontâneo. Paralelamente, a Psicologia Filosófica desenvolveu-se
desde sempre uma psicologia empírica também chamada de psicologia profana, que tinha em
falta o carácter exaustivo e sobretudo sistemático, que viria a caracterizar a psicologia científica
dos nossos dias.
De acordo com McDougall, citado por Serbena e Raffaelli (2003), “na busca de uma psicologia científica e
de técnicas eficazes e instrumentais, as noções metafísicas como a de alma, são abandonadas devido à
falta de precisão e de objectividade.” Este autor acrescenta que não é possível definir a psicologia como
ciência da alma, tendo em conta que a noção de alma é uma hipótese especulativa, demasiado vaga e
incerta para se tornar uma noção essencial na definição de um campo vasto das ciências naturais.
Saraiva (1973, p. 21), a psicologia tem como objecto de estudo as funções da vida mental
(atenção, percepção, imaginação, sentimentos e hábitos).
Cardoso et al (1993, p.10) e Davidoff (2001, p.6), a psicologia tem como objecto de estudo o
comportamento e os processos mentais.
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Abrunhosa et al (1993, p.16) e Tijus (2003, p.15), o objecto de estudo desta ciência é o
comportamento.
Mesquita e Duarte (1998, p.10) a psicologia tem como objecto de estudo o comportamento e
os processos psíquicos a saber: sensações, percepções, emoções e pensamento.
Referências Bibliográficas
Cardoso, A.; Frois, A. & Fachada, O.. (1990). Rumos da Psicologia. 3ª Edição. Lisboa.
Davidoff, L.. (2001). Introdução à Psicologia. Makron Books. 3ª Edição. São Paulo.
Davis, C. & Oliveira, Z. de. (1995). Psicologia na Educação. 2ª Edição. Cortez Editora. São Paulo.
Falcão, G. M., (1996). Psicologia da Aprendizagem. 9ª Edição. Editora Ática. São Paulo.
Sites Consultados
Serbena, C. A. & Raffaelli, R., (2003). Psicologia como disciplina científica e discurso sobre a alma:
problemas epistemológicos e ideológicos. Vol 8 no 1 Jan/Jun. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.
Acessado aos 22 de Abril de 2013
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