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PSICOLOGIA GERAL
CURSO – ANÁLISES
CLÍNICAS
1º ANO
INTRODUÇÃO
A “psicologia” começou como parte da filosofia, o estudo do conhecimento, da
realidade e da natureza humana.
Ela se desenvolveu a partir da biologia e da filosofia com o objectivo de se tornar uma
ciência que descreve e explica de que forma pensamos, sentimos e agimos”
comportamento”.
A humanidade desde sempre colocou um sem – número de questões sobre o mundo que
o rodeia. Do mesmo modo, o homem se interrogou a cerca de si próprio, procurando
explicações para os seus sentimentos, para as suas emoções, e para os seus
pensamentos. Actualmente a psicologia ocupa um lugar de destaque no âmbito das
ciências humanas, uma vez que toca quase todos os aspectos da nossa vida.
Os psicólogos procuraram responder, entre muitas outras a perguntas tais como, por
exemplo: porque se sucedem os dias e as noites? Porque é que chove e troveja? Qual é a
causa dos tremores da terra? Qual é a origem da vida, do medo e das emoções, do sono
e dos sonhos, da paixão, do amor, dos delírios? Porque se morre? Em que medida a
forma como os nossos pais nos educaram tem influência na forma como educamos os
nossos filhos?
Para estas questões o homem procurou respostas, explicações que lhe atenuasse a
angústia e a inquietação.
Durante séculos, estas reflexões conduziram à ideia de alma considerada como força
interior que dirige e alimenta o corpo, como sopro da vida. A alma foi objecto das mais
diversas reflexões.
Aristóteles (séc. IV a. C.) é considerado por muitos o autor do primeiro estudo de
Psicologia, intitulado “Acerca da Alma”. Teorizou sobre temas como percepção,
aprendizagem e memória, motivação, emoção e personalidade.
É precisamente a esse termo (alma) que a palavra psicologia vai buscar a sua raiz
etimológica, isto é, psyché ( alma) e lógos (estudo, razão). Significa estudo da mente ou
da alma, ou ainda do espírito/ psique.
Este capítulo, dedicado à Psicologia como ciência, começa com a abordagem do seu
objecto de estudo e suas origens. Em seguida, será referida a evolução desta ciência,
enquadrando as diferentes correntes teóricas que influenciaram essa evolução. Serão
também descritas algumas áreas de especialização ou ramos da Psicologia, a sua relação
com outras ciências, por fim será referenciada a sua aplicação na educação, nas
organizações/ trabalho e na saúde.
Uma constatação interessante, feita por muitos historiadores, é que as primeiras ciências
a se desenvolverem foram justamente as que tratam do que está mais distante do
homem, como por exemplo, a Astronomia. As que se referem ao que lhe está mais
próximo, ou as que a ele se referem directamente, como a psicologia, são as que tiveram
desenvolvimento mais tardio.
Em 1960, a psicologia começa a retomar o seu interesse inicial pelos processos mentais
através de estudos dedicados a determinar como nossas mentes processam e armazenam
informações. Graças à preocupação da psicologia com a observação do comportamento
bem como com os pensamentos e os sentimentos que ocorrem no interior do sujeito,
hoje a psicologia é geralmente definida como a ciência que se concentra no
comportamento e nos processos mentais – de todos os animais (homens e animais).
Considerada por muitos a ciência do nosso século, a psicologia toca todas as esferas da
actividade humana: na família, na escola, no trabalho, no lazer… Daí que se acentue
nesta ciência o processo comum a outras áreas do saber – a psicologia é uma ciência que
se diferencia e se sistematiza em múltiplas escolas e teorias.
CORRENTES AUTORES
Associacionismo / Estruturalismo Wilhelm Wundt
Reflexologia Ivan Pavlov
Behaviorismo/ Comportamentalismo John Watson
Psicanálise Sigmund Freud
Gestaltismo/ teoria da Forma Wolfgang Kohler
Construtivismo Jean Piaget
Humanismo existencial / abordagem centrada na pessoa Carl Ransom Rogers
EC + EI→RI
EC → RC
Para estabelecer esta experiência foi necessário isolar o cão do meio externo,
controlando todos os estímulos que este recebia (sons, imagens) pelo que até o som do
tratador a aproximar-se passou a significar a possibilidade de comida.
Contudo, este condicionamento não era definitivo já que após algumas situações sem
apresentação da comida, o cão deixava de responder à campainha.
Pavlov verificou que se apresentasse durante muito tempo apenas o estímulo
condicionado, o cão acabaria por não responder salivando. Tornou – se pois necessário
voltar a associar os dois estímulos mas verificou que desta vez podia retirar o estímulo
incondicional mais rapidamente porque o cão dava a resposta esperada, a condicionada.
Na base dessa experiência, Pavlov dá uma lição a cerca da aprendizagem, ao querer
conhecer em profundidade o funcionamento do sistema nervoso. Com esta experiência,
abriu as portas ao aprofundamento do estudo de comportamentos condicionados não só
em animais mas também nos homens.
Estímulo do meio externo: raios luminosos, ondas sonoras, partículas que afectam o
olfacto e o gosto, vibrações mecânicas. Ex: a picada de uma agulha.
Estímulo do meio interno: movimentos dos músculos, secreções das glândulas, etc. ex:
contracções do estômago provocadas pela fome.
Respostas Implícitas – Não são observáveis. São constituídas pelas respostas viscerais,
pela actividade dos músculos lisos. (Ex: contracções do estômago).
Comportamentalismo e educação
Por esta razão Watson e seus seguidores vão interessar-se pelas questões da educação.
Embora não negue a existência de factores hereditários, para ele, irrelevantes na
formação da personalidade do indivíduo, – considera que, no desenvolvimento da
criança, são determinantes os factores do meio. Sua ênfase nas influências ambientais é
expressa no seguinte famoso desafio:
"Dêem-me uma dúzia de bebés saudáveis bem constituídas e a espécie de mundo que preciso
para as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas, ao acaso, prepará-la-ei para
se tornar um especialista que eu seleccione: um médico, um comerciante, um advogado,
artista e, sim, até um pedinte ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações,
tendências, aptidões, assim como da profissão e da raça dos seus antepassados."
(Watson, 1925, p.82)( Culver Pictures.)
Para Watson, nós somos o que fazemos; e o que nós fazemos é o que o meio nos faz
fazer. Podemos considerar a teoria do comportamento um movimento revolucionário
que contribuiu de forma decisiva para a construção da psicologia científica. É com
Watson que se dá a ruptura com a psicologia introspectiva, da consciência, definindo de
forma inequívoca o seu objecto – comportamento observável e o seu método
experimental. Pode-se afirmar que é com Watson que a Psicologia adquire o estatuto de
ciência.
Freud (1856-1939)
Foi na reflexão sobre os dados que recolheu junto dos seus pacientes, das observações
que fez sobre si próprio, bem como o debate que sempre estabeleceu com
investigadores, seus contemporâneos, que Freud foi procurar o significado mais
profundo das perturbações psicológicas. Segundo o autor, seria impossível compreender
os processos patológicos se só se admitisse a existência do consciente. Até então, a
concepção dominante do homem definia-o como ser racional, que controlava os seus
impulsos através da vontade.
Freud distingue dois espaços na mente humana. No primeiro numa divisão entre três
elementos, consciente, pré – consciência, inconsciente. No segundo apresenta as três
instâncias correspondentes a organização do psiquismo. Id, ego, superego.
Freud para explicar melhor a sua teoria recorre novamente a uma imagem: o nosso
psiquismo seria constituído por uma grande sala – o inconsciente e por uma pequena
antecâmara – consciente.
A sexualidade
Foi o trabalho desenvolvido com os seus pacientes que levou Freud a concluir que
muitos dos sintomas neuróticos estavam relacionados com a sexualidade, objecto de
múltiplas repressões e obstáculos.
Depois de ter afirmado que existia uma instância inconsciente no psiquismo humano,
Freud vai provocar um grande escândalo ao atribuir à sexualidade um papel essencial na
vida psíquica humana.
O autor conclui que existe uma sexualidade infantil. A sexualidade não se inicia com o
funcionamento das glândulas sexuais na puberdade, mas exprime – se desde o
nascimento. Considera ainda que o comportamento sexual adulto está relacionado com
as vivências infantis.
O conceito de ser humano dominado por pulsões, bem como a afirmação de uma
sexualidade infantil, provocaram durante a sua vida e depois da sua morte, as mais vivas
e apaixonadas críticas escandalizando os meios mais moralistas.
O método psicanalítico vai ser o preferido por Freud pois o hipnotismo não alterava
definitivamente os comportamentos, para além de que o paciente podia resistir às
sugestões hipnóticas.
Freud tornou-se um autor polémico mas determinou alguns dos caminhos da psicologia,
pelo que os seus estudos ficaram ligados à Psicologia do Desenvolvimento, da
Motivação, e da Personalidade que estudaremos em capítulos posteriores.
( 1887-1967)
Logo, o todo é percebido antes das partes que o constituem. A forma corresponde
à maneira como as partes estão dispostas no todo. A escola Gestalt, defendem que o
todo é diferente da soma das partes – na realidade estas organizam-se segundo
determinadas leis. Os elementos constitutivos de uma figura são agrupados
espontaneamente. Segundo os Gestaltista esta organização é inata.
São estes princípios que permitem afirmar que, em condições iguais, os estímulos
que formam uma boa figura terão tendência a serem agrupados.
Os estudos desta corrente foram utilizados por diversos autores, sendo a sua
importância realçada nos estudos sobre aprendizagem, memoria, pensamento.
1.3. 6. J. Piaget e o Construtivismo
Sujeito → Meio
Sujeito ← Meio
Concepção construtivista – Com Piaget, o ser humano deixa de ser
considerado como um ser passivo passando a moldar o mundo em que vive.
Demonstra a interacção do meio e do sujeito na construção do conhecimento.
Piaget afirma que a vida psíquica desenvolve-se através da troca entre o
sujeito e o meio; o conhecimento advém das interacções sujeito/ objecto
(Interaccionismo). O conhecimento do indivíduo, a inteligência, resulta de
uma construção progressiva do sujeito em interacção com o meio.
Para Piaget, o conhecimento é uma construção progressiva de estruturas lógicas que vão
sendo suplantadas por outras estruturas lógicas mais complexas e mais poderosas até à
idade adulta. Este processo desenvolve-se ao longo de quatro estádios de
desenvolvimento intelectual / cognitivo com características qualitativas diferentes.
Carl Ransom Rogers é tido como o primeiro psicólogo a abordar as questões principais da
Psicologia sob a óptica da “Saúde Mental”, ao contrário de outros estudiosos cuja atenção se
concentrava na ideia de que todo ser humano possuía uma neurose básica. Rogers rejeitou essa
visão, defendendo que, na verdade, o núcleo básico da personalidade humana era tendente à
saúde, ao bem-estar. Tal conclusão sobreveio a um processo minucioso de investigação
científica levado a cabo por ele, ao longo de sua actuação profissional.
Alguns cientistas, psicólogos, psiquiatras e educadores, entre outros, consideram
Rogers como um dos mais importantes psicólogos e educadores humanistas, humanistas
existenciais, existencialistas e/ ou fenomenológos (por ter em conta o sujeito e a sua
experiência subjectiva da realidade) dos Estados Unidos da América e do mundo.
Autenticidade - é uma atitude de abertura ao outro, com expressão dos sentimentos. Ser-se
autêntico é ser-se com transparência, não sendo “ uma fachada, um papel ou uma ficção”. A
autenticidade implica a necessidade de se ser congruente (conveniência acordo) entre o
comportamento, os pensamentos e as emoções.
Aceitação – é uma atitude de “consideração positiva incondicional” que se baseia numa atitude de
atenção, de procura de compreensão sem crítica nem julgamento. A pessoa precisa de ter
confiança em si e de sentir aceite pelos outros. Em linhas gerais, ter consideração positiva
incondicional é receber a aceitar a pessoa como ela é e expressar um afecto positivo por ela,
simplesmente por que ela existe, não sendo necessário que ela faça ou seja isto ou aquilo;
Empatia, por sua vez, consiste na capacidade de se colocar no lugar do cliente, ver o mundo pelos
olhos deles e sentir como ele sente, comunicando tal situação para ele, que receberá esta
manifestação como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo compreendido, não
julgado; por último, é a congruência a condição que permitirá ao profissional, embora nutra um
afecto positivo e incondicional por seu cliente e tenha a capacidade de “estar no lugar” dele, a
habilidade de expressar de modo objectivo seus sentimentos e percepções, de modo a permitir ao
cliente as experiências de reflexão e conclusão sobre si mesmo.
Percebe-se então, por exemplo, que a expressão de uma afectividade incondicional só ocorre
devidamente se brotar com sinceridade do psicólogo; não há como simular tal afectividade. O
mesmo ocorre com a empatia e com a congruência. Por isso se diz que não existe uma “técnica
rogeriana”, mas sim psicólogos cuja conduta pessoal e profissional mais se aproximam da
perspectiva de Carl Rogers. Outro ponto a considerar é que após longos estudos, Rogers chegou a
conclusão de que as três condições que descobriu são eficazes como instrumento de
aperfeiçoamento da condição humana em qualquer tipo de relacionamento interpessoal, tais como:
na educação entre professor e aluno; no trabalho entre chefes e subordinados; na família entre pais
e filhos ou entre marido e mulher.
Rogers fez severas oposições aos conceitos deterministas de ser humano, buscando fundamentar-
se nas Filosofias Humanistas Existenciais e utilizando o método fenomenológico de pesquisa
(consiste no analisar, descrever e compreender as vivências de forma directa e imediata
(introspecção e intuição)
Quadro resumo das principais correntes da Psicologia
POPULAÇÃ
MÉTODOS DE AUTORE
CORRENTE OBJECTO O
INVESTIGAÇÃO S
ESTUDADA
Animais e
Método
Reflexologia Reflexos seres Pavlov
experimental
humanos
Watson
Behaviorismo Comportamento Seres
Método Skinner
/Comportamental
observável do ser humanos e
experimental Tolman
ismo humano e do animal animais
Hull
Freud
Adler
Inconsciente;
Rank
Estrutura
Método Pacientes Jung
Psicanálise psíquica;
Psicanalítico humanos Anna
Funcionamento
Freud
psíquico
Melanie
Klein
Piaget
- Método clínico; Centro de
Estruturas da Crianças e
Construtivismo - Observação Epistemolo
inteligência adolescentes
naturalista gia
Genética
A psicologia é uma ciência que tem conhecido uma evolução notável durante as ultimas
décadas e tem alargado o seu âmbito de acção a áreas, ou ramos de estudo
diversificados.
Estes ramos correspondem a áreas de especialização e representam os múltiplos campos
em que os psicólogos desenvolvem a sua actividade profissional.
A psicologia Geral
Busca determinar o objecto, os métodos, os princípios gerais e as ramificações da
ciência.
Psicofisiologia
Procura investigar o papel que eventos e estruturas fisiológicas desempenham no
comportamento, ou examina a influência de factores genéticos e o papel do cérebro, do
sistema nervoso, do sistema endócrino e da química orgânica sobre o comportamento.
Psicologia experimental
Apesar de o termo experimental poder induzir em erro, dado que noutras áreas da
psicologia se realizam também experiências, neste ramo (que segue orientações teóricas
comportamentalistas e cognitivistas), estudam-se problemas diversificados tais com, por
exemplo, de que forma os indivíduos reagem a estímulos sensoriais, percebem o mundo,
aprendem e recordam, pensam, respondem em termos emocionais e como são
motivados para a acção. Em certos estudos realizados nesta área, são utilizados animais
cujo comportamento é, em alguns casos, comparado com o dos humanos ou com o de
outras espécies.
Psicologia do Desenvolvimento
Aborda as diferentes fases da maturação e processos de desenvolvimento, desde a vida
intra-uterina até à morte. (os períodos mais estudados deste ciclo vital têm sido a
infância e a adolescência).
Psicologia Animal ou Comparada
Visa conhecer as variações das características que se manifestam entre diferentes
grupos sociais ou étnicos, ou entre os indivíduos do mesmo grupo. Compara o
comportamento humano e animal e o comportamento do animal em si.
Psicologia Social
Investiga todas as situações, e suas variáveis, em que a conduta humana é influenciada
e influencia a de outras pessoas e grupos.
Psicologia diferencial
Busca estabelecer as diferenças entre os indivíduos em termos de idade, classe social,
raças, capacidades, sexo etc… suas causas e efeitos sobre o comportamento, além de
procurar criar e aperfeiçoar técnicas de mensuração das variáveis consideradas.
Psicologia da personalidade
Interessa-se pela descrição e compreensão da consistência do comportamento
individual, que representa sua personalidade, e com a avaliação da personalidade e os
Psicologia Clínica
Aprofunda o conhecimento do indivíduo na sua singularidade, analisa as suas reacções
em função da sua história e contexto de vida.
Psicologia da educação
Aborda os aspectos psicológicos da educação das crianças e dos adultos de todas as
idades (situações familiares e escolares, aprendizagem formal e informal etc.)
Etologia
Estuda o animal no seu meio natural, procurando conhecer o comportamento do
animal isolado e em grupo (por exemplo: agressividade, definição do território,
comunicação, comportamento sexual, etc).
Assim, em cada sector em que os conhecimentos e técnicas da psicologia são aplicados,
ela recebe uma denominação que indica qual o ramo da actividade humana no qual são
utilizados seus conhecimentos.
Pode-se concluir afirmando que a Psicologia é uma ciência de um campo de aplicação
muito amplo, o que justifica plenamente sua importância e a denominação que tem
recebido de “ a ciência do nosso século”.
A psicologia reúne tudo aquilo que o homem sente, tudo aquilo que ele pensa, tudo
aquilo que ele quer, tudo aquilo que ele gosta, tudo aquilo que ele rejeita. A unidade da
psicologia não é a de uma arquitectura rígida, mas de uma imagem que com o tempo se
desfaz e cujas flutuações indicam que continua viva.”
A psicologia conota-se hoje pela sua natureza interdisciplinar. Assim como a maior
parte dos outros campos de estudo, a Psicologia não se preocupa com a extensão em que
uma investigação permanece dentro dos limites formalmente definidos da disciplina.
Quase todos os campos da psicologia se sobrepõem a outros campos de estudo, servem-
se deles e, por seu turno, contribuem para eles.
Pode-se ilustrar estas afirmações mostrando que por exemplo: a psicologia Fisiológica
contribui para o desenvolvimento da fisiologia, bioquímica, biofísica, da biologia geral,
etc.. mas também se serve das mesmas para seu desenvolvimento. A psicologia social
em suas regiões limítrofes, se confunde com a sociologia, antropologia, a ciência
política e a economia.
As pesquisas de opiniões e atitudes, as previsões de comportamento e a dinâmica de
grupo exigem recursos ou conhecimentos de Psicologia, assim como de outras ciências
sociais.
Novas áreas de interesse mútuo para diversas disciplinas surgem constantemente. Um
desses campos, de grande interesse actual, é a psicologia linguística que estuda as
relações acaso existentes entre a estruturação linguística e a actividade cognitiva e que
consegue congregar psicólogos, linguistas, sociólogos, antropólogos, filósofos num
trabalho conjunto para o desenvolvimento da mesma.
Das ligações da neurologia com a psicologia apareceu um novo ramo da psicologia que
se apresenta como uma nova interciência: a neuropsicologia, que é o estudo sobre as
relações do comportamento com os dados da fisiologia nervosa e da neuropatologia.
Muitos outros exemplos poderiam ser dados, mas o que importa é ressaltar que não há,
hoje, a preocupação de manter as ciências dentro de um âmbito de investigação restrito
pela definição de seu objecto de estudo. Para concluir este capítulo que procurou
mostrar em linhas gerais o que é a Psicologia contemporânea, repete-se, com Marx e
Hillix, que “ a Psicologia de hoje nega-se a ser limitada a um estreito objecto de estudo
por definições formais ou prescrições sistemáticas”.
A Psicologia tem uma vertente prática, aplicada, que se manifesta nas mais variadas
áreas da sociedade contemporânea. Desta forma, poderás encontrar um psicólogo na
escola, no hospital, no tribunal, na fábrica, na universidade, num clube desportivo, num
centro de design de objectos e brinquedos, num departamento de câmara no staff de um
grupo político num departamento de um meio de comunicação social num consultório
etc...
Iremos analisar brevemente três áreas de intervenção da psicologia: no âmbito do
trabalho - psicologia organizacional ; no âmbito da educação - psicologia escolar/
educacional; no âmbito da saúde – a psicologia clínica.
Psicologia Organizacional
Psicologia Clínica
Sem dúvidas, é a mais famosa área de actuação da Psicologia, de tal maneira que muitas
pessoas ainda se admiram ao descobrirem que existem outras possibilidades de prática
psicológica. A Psicologia Clínica estuda maneiras de lidar com os problemas humanos.
Entenda-se por “problemas humanos” aqueles originados do indivíduo enquanto um
ser social – seus métodos podem incentivar o aparecimento ou aperfeiçoamento das
capacidades de relacionamento e ajustamento intra e interpessoal, de aprendizagem e
leitura do mundo e da realidade das pessoas. A Psicologia Clínica também é adequada
ao tratamento de problemas mais complicados como as psicopatologias e os
psicossomáticos (que são doenças/sintomas orgânicos com causas psicológicas). Os
psicólogos clínicos lidam com a avaliação e treinamento de indivíduos com distúrbios
psicológicos, além do treinamento de problemas comportamentais e emocionais menos
severos. As actividades principais incluem entrevistar clientes, fazer testes psicológicos
e fornecer psicoterapia individual ou em grupo.
O método introspectivo, foi objecto de fortes críticas por parte das correntes
psicológicas mais objectivas, em especial, os behavioristas, que lhe apontaram mais
limitações:
Apesar destas limitações este método permite o estudo dos pensamentos e uma tomada
de consciência dos actos pelo que se continua a utilizar, embora em contextos diferentes
dos propostos por Wundt. É o carácter subjectivo do método introspectivo e o seu
relativismo que vão conduzir a vigorosas reacções que preconizam a utilização do
método experimental para estudar o comportamento. Com os comportamentalistas a
introspecção é banida como método da psicologia.
1. Formulação da questão
2. Elaboração da hipótese
3. Verificação da hipótese
4. Formulação das conclusões
Não seria, contudo, legítimo retirar a conclusão que a violência transmitida pela
televisão é o único factor explicativo do aumento dos comportamentos violentos nas
crianças. Poderíamos aprofundar esta investigação levantando outras hipóteses para
identificar a influência de outros factores (familiares, socioeconómicos, culturais …)
que contribuiriam para explicar a violência infantil.
Hipótese Prévia
Experimentação
Generalização
Nas experiências que envolvem os seres humanos o investigador deve ter em conta o
controlo da situação, as características das atitudes dos sujeitos - quando as pessoas
sabem que estão a ser submetidas a uma experiência, assumem frequentemente
comportamentos que julgam ser adequados à situação. Procuram reagir de acordo com o
que supõem ser o desejo do experimentador, os efeitos do experimentador. As vezes o
experimentador influencia, involuntariamente, o comportamento dos sujeitos.
3-Às condições - As condições ambientais devem ser iguais relativamente aos sujeitos
observados: local, hora do dia...
Registo de observações - Para garantir o rigor das observações e permitir a análise dos
dados por investigadores independentes.
Registos de ocorrências e duração de comportamentos
Escalas de classificação - Níveis de frequência de um facto.
No laboratório, estão ausentes variáveis que existem no meio natural e que influenciam
o comportamento.
Desde a Introspecção ao método clínico, o estudo da psicologia passa pela observação dos
fenómenos psíquicos. A realização da observação isolada do método experimental sucede
por, em determinadas ocasiões e por motivos práticos ou deontológicos, não ser possível o
recurso ao método experimental. Contudo é sempre possível estabelecer hipóteses e recorrer a
técnicas de observação que permitam a verificação das hipóteses sem passar pela
experimentação. As condições em que essa observação é produzida levam a identificar
diferentes formas:
Mais tarde Bandura observou que este grupo de crianças quando brincava com o boneco
era duas vezes mais agressivo do que um outro grupo que não tinha assistido à cena.
Esta observação implica uma sistematização prévia em que se define o que se pretende
observar, com a construção de grelhas de registo. Para alem da observação directa
temos ainda outros instrumentos de observação como as entrevistas, questionários e
testes.
Em todo o caso o sujeito observado tem consciência dessa observação o que pode
condicionar o seu comportamento.
Dissimulado, de modo a não ser notada a sua presença, permanecia exterior à situação.
Para tal era necessária a colocação de meios técnicos no local da observação, facto que
não sendo de realização imediata poderia igualmente alterar a situação.
Participava da situação sem o estatuto de observador, sendo este o único modo em que
não necessitamos de controlar as condições da experiência. É a estratégia utilizada por
Piaget no estudo de crianças.
O registo das observações podem tomar diversas formas como anotações escritas,
fotografias, registos áudio e vídeo. Em muitos casos o psicólogo utiliza algumas
técnicas para observar sem que os observadores tenham consciência do facto: o espelho
unidireccional, o gravador áudio e a câmara de vídeo escondidos.
O que mais interessava a Piaget era o modo como as crianças tinham chegado às
respostas, isto é o processo. Por isso, era necessário criar um clima interactivo, de
confiança, de segurança. Como investigador, Piaget também foi reconhecido como um
verdadeiro modelo de comunicação, por incluir a intersubjectividade na qual o
psicólogo partilha com o sujeito os seus problemas e preocupações, o uso da intuição e
da introspecção num clima de empatia, confiança, segurança e compreensão entre os
intervenientes.
O método de Piaget realça a flexibilidade e evita constranger os processos naturais de
pensamento da criança. Comparando os processos metodológicos destes dois
precursores do método clínico, sublinhamos que Freud, embora desenvolvesse uma
pesquisa sobre as fantasias individuais e modos do funcionamento psíquico, tinha fortes
preocupações terapêuticas, enquanto Piaget desenvolveu um trabalho junto das crianças
porque estava interessado numa determinada investigação - conhecer o processo de
desenvolvimento intelectual. Ele não pretendia intervir no desenvolvimento nem era
movido por preocupações terapêuticas.
Geralmente, associa-se à palavra clínico a relação médico – doente. Ora, para melhor
compreenderes que é o método clínico, é preciso entenderes que esta designação
abrange não só um método usado na pesquisa psicológica, mas também determinadas
intervenções do psicólogo em situações de terapia, apoio, aconselhamento e orientação
psicológica. O conceito do método clínico é um conceito abrangente que se aplica a
uma metodologia para investigar e intervir, que pode incidir sobre sujeitos que têm, ou
não, problemas psicológicos, em pessoas individualmente, ou em grupo. Para além
disso, podem ser estudos breves ou longos.
2.6.Testes Psicológicos
O que é um teste?
O teste pode ser definido como sendo um instrumento padronizado para obter informação
sobre características do indivíduo ( intelectuais, aptidões, personalidade…) que deve
responder a questões, executar um conjunto de tarefas em condições bem definidas.
Como situação experimental que é, todas as condições em que o teste decorre devem ser
claramente definidas e aplicadas do mesmo modo a todos os indivíduos: o material do
teste, as instruções, a atitude do psicólogo e o ambiente em que se executa a prova.
Para ser um instrumento rigoroso um teste deve ter as seguintes qualidades:
padronização, fidelidade, validade e sensibilidade.
São constituídos por um vasto conjunto de perguntas a que o sujeito responde “Sim
/Não de acordo com as opiniões, sentimentos, interesse do sujeito, o que permitirá
avaliar quantitativamente aspectos não intelectuais da personalidade.
Contudo algumas objecções se têm colocado à aplicação dos testes, sobretudo como
instrumento de diagnóstico e de prognóstico. O carácter estático dos resultados obtidos
não reflecte o carácter dinâmico e complexo do psiquismo. Os testes valorizam os
resultados e não têm em conta os condicionalismos sociais e culturais dos indivíduos, o
processo, isto é a forma como a pessoa o vivenciou, como sentiu a situação do teste,
bem como não apreende os raciocínios e os sentimentos subjacentes às respostas dadas.
O ambiente artificial em que decorre a aplicação pode perturbar e até mesmo inibir o
sujeito.
Freud abandona o trabalho conjunto com Breuer porque, entre outras razões, reconhece que
a hipnose é um método terapêutico limitado por três motivos. (- nem todas as pessoas são
susceptíveis de ser hipnotizadas; - os resultados não eram duráveis, porque as
resistências pessoais eram evitadas e não analisadas; - o doente não tem um papel
activo no processo de cura. Com o objectivo de conhecer o inconsciente Freud estabelece
um conjunto de procedimentos que podem fornecer informações sobre o inconsciente do
paciente, responsável pelos seus distúrbios. Freud explica o argumento para postular o novo
modelo do inconsciente e desenvolve um método para conseguir o acesso ao mesmo,
tomando elementos de suas experiências prévias com as técnicas da hipnose.
- Associações livres de ideias – consiste em deixar que o paciente diga livremente o que
lhe vem a consciência e expressar os afectos, emoções sentidas sem a preocupação de
organizar com lógica as suas afirmações. Com ajuda do psicanalista, o paciente irá
descobrir a linha explicativa dos seus sofrimentos; deve reviver terapeuticamente o seu
passado, numa viagem à infância, onde estão, segundo Freud, as raízes dos problemas.
O objectivo seria recordar e/ou reviver os acontecimentos traumáticos recalcados,
interpretá-los e compreendê-los de forma a dar ao ego a possibilidade de um controlo
sobre as pulsões.
O inquérito por questionário é uma técnica que permite obter, de uma forma rápida,
informações sobre opiniões, atitudes, valores ou aspectos do comportamento das
pessoas.
Entrevista – é também uma técnica de investigação. Podemos fazer a recolha de dados
através de três tipos de entrevista:
Introspecção controlada
2- Observação
Laboratorial
Naturalista Inquéritos e entrevistas
5- Método Psicanalítico
Associação de ideias
Interpretação de Sonhos
Actos Falhados
Transferência ou Transfert
3 - FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO
O cérebro mantém contacto com o exterior através de cinco órgãos receptores que
captam e codificam as informações: a pele, o nariz, a língua, o ouvido e o olho. Para
além dos cinco sentidos podemos ainda referir o sentido cinestésico, que nos informa
sobre as posições dos membros e de outras partes do corpo, quando nos movemos, e o
sentido de equilíbrio e de orientação, que é da responsabilidade do ouvido interno.
Grande parte dos nossos comportamentos exprime -se através de movimentos: andar,
pestanejar, sorrir, dançar, escrever…
O sistema nervoso tem como unidade básica os neurónios, que diferem quanto à
dimensão, à localização e às funções. Tem como principais funções o controlo do
comportamento e a regulação fisiológica do organismo. Este processo é
estabelecido por diversas estruturas de forma interligada e muitas vezes em conjunção
e de cuja harmonia depende o equilíbrio do corpo humano.
Funções do S.A.R.:
A superfície dos hemisférios está coberta pelo córtex cerebral, composto por neurónios.
Cada hemisfério controla a metade oposta do corpo humano - assim a mão esquerda é
controlada pelo hemisfério direito. Por outro lado algumas funções e capacidades
intelectuais parecem estar localizadas em hemisférios específicos, o que levou ao
estabelecimento a diversas tentativas de mapeamento do cérebro.
Lesões no Cérebro
As lesões no cérebro podem ser provocadas por tumores, hemorragias, bloqueios nos
vasos sanguíneos e acidentes. O estudo destas lesões permitiu o conhecimento do
cérebro mas a localização exacta das funções cerebrais está ainda por esclarecer: uma
dificuldade surgida após uma lesão apenas revela que a área lesionada está envolvida na
função que se perdeu.
Os cérebros das crianças até aos 4 anos (quando o cérebro ainda não atingiu o seu
desenvolvimento pleno) possuem ainda a capacidade de suplência, permitindo que uma
função cerebral perdida após uma lesão seja compensada por uma área diferente do
cérebro.
Paralelamente investiga-se a possibilidade de células cerebrais germinativas permitirem
a produção de novas células cerebrais. Este estudo ainda está confinado a animais.
Lesões na área de Broca - estudada por Paul Broca em 1863 e situada na área
frontal - leva a que os pacientes compreendam o discurso dos outros mas não
consigam encontrar palavras para exprimir ideias.
Na parte esquerda do lobo temporal, a área de Wernicke (descoberta por Carl
Wernicke em 1871) leva a que os pacientes tenham dificuldade na compreensão
do seu próprio discurso, que passa a ser elaborado de forma fluente mas sem
sentido.
Estudos feitos por António e Hanna Damásio mostraram que lesões no córtex podem
levar à perda de capacidades específicas na linguagem: Algumas lesões no lobo
temporal podem levar à incapacidade em pronunciar substantivos, outras ao nível dos
lobos frontal e parietal acarretam problemas em lidar com os verbos.
Divisão Simpática
Divisão Parassimpática
Sistema Endócrino
- Insuficiência na infância =
Influencia o crescimento Nanismo
físico, controla a - Excesso nos jovens =
Hipófise actividade da tiróide, das Gigantismo
(Pituitári Somatotróp supra-renais e das - Excesso após a adolescência
a) ica glândulas. Coordena com dá-se a Acromegalia
o hipotálamo a fome a ( aumento e engrossamento
sede, a actividade sexual, das extremidades ( nariz,
a produção. queixo, dedos, mãos, crânio e
maxilares ) a causa é a
superprodução de hormônios
do crescimento do lobo
anterior da hipófise.
Estimulinas Regulação das glândulas
Hipofuncionamento =
Actua sobre o ritmo crescimento raquítico na
Tiróide Tiroxina metabólico. Na infância criança, calma, apatia,
contribui para o lentidão
crescimento do sistema – Na infância = Idiotia
nervoso – Depois da infância =
Atraso mental (curável) nos
adultos = aumento de peso,
letargia e sensação
permanente de fadiga
Hiperfuncionamento =
perturbações de carácter,
insónias, hiperexcitabilidade
emagrecimento, irritabilidade.
Hipertrofia = Bóssio
- Actua na utilização da
Glicose, baixando o nível
Pâncreas Insulina de açucares no sangue Hipofuncionamento =
- Tensão nos músculos Diabetes
estriados
Adrenalina Aumenta a produção do Hipertrofia na mulher = barba
açúcar
Noradrenali Neurotransmissor
Supra- na
Renais Metabolismo dos hidratos
Cortisol de carbono, proteínas e
lípidos;
recuperação do esforço
Aldosterona
e
andrógenos
Características sexuais
femininas, desejo sexual,
menstruação e capacidade
Estrogénio de reprodução
Desenvolvimento dos
Ovários órgãos sexuais,
Progesteron preparação do útero para
a implantação do embrião
na gravidez
Características sexuais
masculinas primárias
(produção de
Testículo Testosteron espermatozóides) e
s a secundárias (barba, voz
grave, força muscular)
Exemplo de coordenação do corpo: Em momentos emocionais, a adrenalina aumenta a
tensão nos músculos estriados, promove o relaxamento dos músculos lisos e altera a
distribuição sanguínea no corpo: O fígado descarrega glicose no sangue aumentando o
suplemento de energia para as células musculares. Tudo isto junto eleva a pressão
arterial e permite uma resposta mais espontânea.
Cada ser vivo apresenta características próprias da sua espécie. Por sua vez gera seres
semelhantes, que herdam estruturas que determinam, por exemplo, que os seres
humanos falem, que as aves voem, que os peixes nadem.
Uma das particularidades do ADN é copiar-se a si próprio: quando uma célula se divide,
as novas células recebem uma cópia do ADN da célula mãe.
O estudo dos gémeos monozigóticos é um método que fornece dados muito valiosos aos
investigadores. Gémeos monozigóticos ou verdadeiros são o resultado da divisão do
zigoto em duas células que se separam e que geram dois indivíduos com a mesma
constituição genética. Gémeos dizigóticos são como o próprio nome indica, resultado
da fecundação de dois óvulos.
Desde o início da vida, o meio começa a actuar sobre o novo ser – daí a importância do
meio ultra – uterino, onde a criança se vai desenvolver ao longo de nove meses.
Dado que o sangue do feto é o mesmo da mãe, o regime alimentar, e a saúde materno
influenciam o desenvolvimento do corpo e do cérebro do bebé. A subnutrição grave
pode ter como consequência um retardamento no desenvolvimento cerebral, e, portanto,
futuras limitações mentais.
Sabe-se hoje que, quando a mãe vive uma crise emocional grave, os movimentos do feto
aumentam. Estudos feitos demonstraram que bebés cujas mães viveram situações de
grande stress durante a gravidez, apresentam grande instabilidade e excesso de choro,
durante a primeira infância.
Uma boa alimentação, nos primeiros anos de vida, é fundamental para a maturação,
desenvolvimento e capacidade intelectual da criança.
O desenvolvimento sensório - motor, essencial para o crescimento de todas as
capacidades humanas, depende da estimulação sensorial e afectiva.
Estudos feitos demonstraram que crianças pouco acompanhadas e estimuladas durante
os primeiros tempos de vida, possuem frequentemente menos habilidades motoras,
dificuldade em relacionar-se com pessoas, passividade, défices no desenvolvimento
intelectual.
Hereditariedade e inteligência
Uma das questões que têm provocado mais discussões e debate é a de saber até que
ponto a inteligência dos indivíduos é determinada pela hereditariedade ou pelo meio.
Francisco Galton teria sido o primeiro a investigar o assunto da hereditariedade e
inteligência com alguma intencionalidade e método. Em 1869, desenvolveu um estudo
para conhecer até que ponto o factor genético determinava a inteligência.
Constatou que determinadas famílias, como a sua, reuniam pessoas cujo trabalho
reflectiria um alto nível de inteligência. Concluiu que os parentes mais próximos dos
indivíduos ilustres tinham tendência a ser mais bem sucedidos do que os demais. Realça
o factor hereditariedade. Este trabalho deu início a uma série de investigações sobre o
assunto.
Pelas análises feitas podemos concluir que o QI está relacionado com factores
hereditários e ambientais. Podemos concluir que a componente genética é um factor
muito importante no desenvolvimento e capacidade intelectual. Contudo, os factores do
meio desempenham um papel decisivo na determinação do modo como a componente
genética se expressa.
A hereditariedade e o meio não são realidades independentes. São dois pólos de uma
realidade – o indivíduo – que interagem determinando o desenvolvimento orgânico,
psicomotor, a linguagem, a inteligência, a afectividade…
Capítulo 5– MOTIVAÇÃO.
Se reflectirmos sobre alguns dos nossos comportamentos, será mais fácil
compreender o conceito de motivação: comemos, bebemos, dormimos, procuramos a
companhia dos outros e o seu afecto. No local de trabalho, nas aulas ou no grupo dos
amigos, esperamos que nos apreciem e que as nossas opiniões e comportamentos sejam
aprovados e reconhecidos.
Estes e outros comportamentos têm origem numa força interna que predispõe as
pessoas a desenvolver uma acção com vista a um objectivo.
Ciclo Motivacional
Componentes da Motivação:
Necessidade estado de falta fisiológica ou psicológica
Impulso com origem na necessidade, este é o processo que leva a pessoa à
acção, ou seja, aos comportamentos que permitem atingir o objectivo. O impulso
acaba quando o objectivo é alcançado, ou seja, quando a necessidade é satisfeita,
o impulso é reduzido, embora passado algum tempo, o ciclo recomeça.
Esquema do Ciclo Motivacional
Meta
1 – Necessidades Fisiológicas:
2 – Necessidades de Segurança:
Estas manifestam-se na procura de protecção em relação ao meio (abrigo e vestuário),
assim como na busca de um ambiente estável e ordenado. Por exemplo, o perigo físico
provoca insegurança e ansiedade dominando o comportamento do indivíduo
São manifestadas através do desejo de associação, participação e aceitação por parte dos
outros. Nos grupos a que pertence, o indivíduo procura o afecto e aprovação,
4 – Necessidades de Estima:
5 – Necessidades de Auto-Realização:
Maslow considera que esta necessidade seria inerente aos seres humanos. A sua
concretização varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, um indivíduo pode auto -
realizar-se sendo um atleta de alta competição, outro através das artes plásticas, da
música, da investigação científica, da intervenção social, etc.
Se no decorrer do percurso que vai da base ao topo, todas as necessidades estiverem
satisfeitas, a necessidade de auto-realização manifestar-se-á, ou seja, a necessidade de
realização do potencial de cada um, a concretização das capacidades pessoais será
manifestada.
As pessoas que procuram a auto-realização apresentam algumas características
comuns de personalidade: são independentes, criadoras, resistem ao conformismo,
aceitam-se a si próprias e aos outros.
Maslow considerava que vários indivíduos na nossa sociedade não realizavam a sua
necessidade de auto-realização, daí a apatia e alienação.
Maslow considera que os comportamentos agressivos só aparecem quando as
necessidades básicas e as de afecto são frustradas.
5.4.2.TEORIA PSICANALÍTICA
Pulsão conceito psicanalítico que diz respeito ao processo dinâmico que orienta e
pressiona o organismo para determinados comportamentos, atitudes e afectos; ou seja
impulso energético que encontra a sua origem numa tensão orgânica. A pulsão visa
reduzir a tensão (no sentido de manutenção do equilíbrio homeostático) proveniente de
uma excitação corporal.
Freud considera que as pulsões têm uma origem ( ou fonte), finalidade ( ou alvo), uma
força ( ou energia) e um objecto tendente para o reequilíbrio homeostático.
Alvo da pulsão o fim da pulsão é sempre a satisfação que é atingida com a supressão
ou redução do estado de excitação orgânica: a finalidade da pulsão é a satisfação que
põe fim à excitação. Os meios que permitem atingir o fim da pulsão são diversos.
Força da pulsão a pulsão tem uma energia, um ímpeto. Podemos dizer que a
característica essencial da pulsão é o seu carácter dinâmico.
Objecto da pulsão é o meio que permite a satisfação da pulsão. O objecto da pulsão
é muito variável: pode ser estranho ao organismo ou a uma parte do próprio corpo.
A Libido
Libido energia derivada da pulsão sexual
Libido
Objectal objecto exterior
7. EMOÇÃO
7.1 Introdução
7.2 Definição:
Algumas definições reservam, o termo emoção para experiências muito intensas e muito
breves. É, sem dúvida, útil distinguir emoções de estados, como fome, desejo sexual e
frustração, que podem dar origem a emoções, bem como de comportamentos”, tal como
agressão, que podem indicar a presença de uma emoção, mas que em sim mesmo não
são emoções. Inferimos a sua existência através do comportamento. Emoção significa,
do ponto de vista etimológico, “movimento para fora” e descreve os efeitos visíveis
das moções (abalos) internas (sobretudo tornados visíveis na nossa musculatura); numa
definição mais geral, podemos dizer que é um impulso que move um organismo para a
acção, e que se diferencia do sentimento porque a emoção é um estado psicofisiológico
ao passo que o sentimento é a “emoção filtrada” através dos centros cognitivos do
cérebro (especificamente o lobo frontal), produzindo outras mudanças em acréscimo à
mudança psicofisiológica.
Podemos assim dizer que a emoção não é um tipo especial de sentimento: a emoção é
como que o próprio sentimento a fluir livremente, que nos leva, por exemplo, a usufruir
e ter prazer nas nossas actividades. A maioria dos estudiosos admite dois aspectos em
toda emoção: a experiência individual interna e a expressão comportamental,
externa. O estado de experiência ou sentimento individual, aspecto interno, é apenas
objecto de análise através dos relatos verbais, estimativas e julgamentos daquele que
experimenta a emoção.
Afecto - sensação subjacente ( o que está por detrás) e imediata que o indivíduo
experimenta em relação a um objecto, situação ou pessoa e que orienta o seu
comportamento. Unidade de que é constituída a afectividade. Para a psicanálise é a
expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e das suas variações. Por detrás
do afecto está uma quantidade determinada de energia.
Tal como os sentidos não possuem um valor absoluto por serem falíveis,
também as emoções têm um valor muito relativo, sendo como que indicadores do nosso
estado afectivo e emocional e não tendo, sobretudo, qualquer valor moral; um
sentimento é como que um sinal de alerta, uma chamada de atenção, um estímulo,
perante o qual o homem enquanto pessoa una permanece livre. Por exemplo sinto ódio.
Depende de mim a expressão desse ódio ou não porque é controlável.
Quase todos os problemas de natureza psicológica têm a sua origem em algum tipo
de distorção ou negação das nossas próprias emoções e sentimentos. Necessitamos de
emoções para:
Cada tipo de emoção que vivenciamos nos predispõe para uma acção imediata,
sinalizando uma direcção que ao longo da vida provou ser a mais acertada à medida
que, ao longo da vida, situações desse tipo se foram repetindo. Cada emoção tem um
comportamento muscular e atitudes que as distinguem. Vejamos:
Medo: o corpo fica pronto para agir, em alerta permanente; o movimento muscular é
de contracção. O medo é um impulso geralmente desqualificado e comummente
referido como um impulso negativo, uma falha grave ou defeito nas pessoas; mas ele
ensina o respeito pelo limite, e só precisa de ser eliminado ou superado quando é ou se
torna patológico;
Sintonizar com as sensações que está a ter no corpo, pode ajudar a identificar o que está
a sentir a um nível mais profundo e leva a assumir responsabilidade sobre aquilo que
está a sentir. O ideal seria sermos nós portadores das emoções e não deixarmo - nos
conduzir por elas.
Lidar com as próprias emoções é uma escola que dura a vida toda; mas há patamares
básicos de exigência que devem ser vencidos quanto mais cedo melhor. Aprender a lidar
com as emoções constitui aquilo a que hodiernamente se chama “inteligência
emocional”.
A psicologia tradicional nos ensina que nós trazemos ao nascer, algumas emoções
básicas e autênticas: o medo, a raiva, a tristeza, o amor e a alegria. Todas elas têm
uma função importante em nossas vidas. Mas infelizmente a maioria dos seres humanos
ainda tem dificuldade de canalizar estas emoções de forma inteligente.
O ser humano possui em seu cérebro uma estrutura chamada de sistema límbico,
responsável pelas emoções e sentimentos. O sistema límbico, quando recebe um
estímulo, seja ele visual, auditivo ou cinestésico, envia “mensagens” para o tálamo e
hipotálamo; integra o sistema endócrino ao sistema nervoso autónomo e actua como
responsável pela manifestação das emoções e sentimentos, - controle emocional que
automaticamente produz repostas, activando o sistema endócrino glandular.
Na vida quotidiana verifica-se que o ambiente familiar pode ensinar as crianças a serem
afectuosas, amorosas ou frias, auto-suficientes e distantes. O ambiente familiar e social
ensinam a criança a ter auto confiança ou ser tímida, retraída e desconfiada. Quanto as
emoções, não se pode dar uma resposta definitiva e radical se elas são inatas ou
adquiridas. Há muito de inato e há muito aprendido. O chorar não é aprendido, mas o
quando, quanto e como chorar, são. A emoção pode servir de motivador do
comportamento e a motivação pode levar a comportamentos que despertam novas
emoções.
7.7. Sentimentos
Entende-se por sentimento a experiência subjectiva dos afectos e emoções. Estado
afectivo em que predomina a experiência interior e cognitiva. O seu carácter subjectivo
distingue-o da emoção. Quanto mais estados positivos escolhemos sentir, mais
acostumadas ficarão nossas células do corpo com este sentimento, e mais sede o
organismo terá pelas substâncias químicas que produzem o bem-estar e a energia.
Quanto mais estados negativos escolhemos sentir, mais ficaremos a viver uma vida de
forma "apagada". Quais são as emoções e sentimentos que você tem dado mais espaço
em seu organismo? Não quero afirmar que devemos ignorar as emoções e os
sentimentos negativos. Jamais. Devemos saber como interpretá-los e como usá-los de
forma apropriada, ou seja, depende de como percebemos o que sentimos. O medo, por
exemplo, pode ser classificado como um grande vilão diante de diversas situações da
nossa vida, ou podemos percebê-lo como uma protecção útil, uma atenção concentrada
para que nos adaptemos melhor a situação.
Quando você elabora formas diferentes de perceber seus sentimentos, com ricas
escolhas, você transforma aquela emoção ruim em algo bom, algo ruim se transforma
em algo útil.
Processos do condicionamento
Extinção: diminuição e/ou extinção da resposta condicionada
devido à ausência do estímulo não condicionado (quando o
experimentador fazia tocar a campainha, repetidas vezes, sem
apresentar a carne, o cão salivava cada vez menos, até deixar de
salivar)
Numa primeira fase o animal investia contra as grades repetidas vezes, e após repetidas
tentativas e erros accionava por acaso a dita alavanca, recebendo o alimento quando
saía. Ao
repetir a experiência o gato demorava cada vez menos tempo até que por fim já ia
directamente à alavanca. O animal aprendeu a resolver o problema – aprendizagem por
tentativas e erros.
O ponto de partida para as investigações levadas a cabo por Skinner é a lei do efeito de
Thorndike: a aprendizagem é uma associação entre o estímulo e a resposta resultante de
um acto do sujeito. Desenvolve um conjunto de experiências na Caixa de Skinner ou
Câmara de Condicionamento Operante (operar = trabalhar, agir ) – se uma tecla for
premida é libertado o alimento. Após carregar nela por acaso e receber o alimento, o
animal repete o comportamento, obtendo de todas as vezes comida – o reforço (neste
caso positivo). Contudo esse reforço pode ser negativo – Skinner desenvolveu outras
experiências em que utilizou estímulos dolorosos ou desagradáveis: o rato caminha
sobre uma rede metálica por onde passa uma corrente eléctrica, que pode ser
interrompida ao carregar-se num pedal. Depois de várias tentativas e erros o animal
aprende a evitar a dor, carregando no pedal.
Reforço positivo – estímulo cuja presença serve para manter ou fortalecer a
resposta (ex. Comida)
Reforço negativo – estímulo que quando eliminado põe fim a uma situação
adversa ou desagradável. Serve para manter ou fortalecer a resposta [não se
pode confundir reforço negativo com castigo ou punição – enquanto o reforço
negativo fortalece a resposta (o rato prime o pedal para evitar a dor), o castigo
enfraquece-a. Diz-se negativo porque diminui a situação adversa].
A busca do prazer e a fuga à dor são os dois princípios motivadores que estão na base
dos reforços positivos e negativos. Tal como no condicionamento clássico a resposta
extingue-se se o reforço for suspenso, podendo depois ser recondicionada.
A recompensa é muito mais eficaz no reforço da aprendizagem do que a punição no
enfraquecimento de um comportamento indesejável.
A imitação de um adulto também pode ser estimulada se a criança observar que ele é
elogiado por se ter comportado de determinada forma – é o que se denomina por reforço
vicariante. A criança prevê que se se comportar da mesma forma obterá uma aprovação
semelhante.
Quadro resumo dos tipos de aprendizagens: por condicionamento clássico, operante e aprendizagem social
9. 3 Factores de Aprendizagem:
9. 4 Métodos de Aprendizagem:
Sabe-se que se o aluno souber o tempo que dispõe para as diferentes tarefas,
consegue uma melhor organização mental e um maior investimento no trabalho.
9. 5 Conceito de Memória:
A memória pode ser classificada de forma simples, de acordo com a duração e os tipos
de informação envolvidos. Por isso grande parte dos autores distinguem três tipos de
memória – memória sensorial, memória a curto prazo e memória a longo prazo.
Atenção
Concentração
Interesse/motivação
Tempo de aquisição
Idade
Por outro lado, existem também factores que favorecem a memória, como a motivação e
as emoções, . Quanto maior for o interesse em aprender algo, melhor será o
armazenamento das informações obtidas nesse processo, assim quanto maior o número
de emoções (sejam elas positivas ou negativas) atribuídas a um evento mais
possibilidade dele permanecer na memória para uma futura recuperação.
Há vários tipos de amnésias, temos o grupo dos que têm : incapacidade de adquirir
novas lembranças é o caso da paralisia geral e da epilepsia que pode ser causado por
um traumatismo físico ou emoção violenta que é a amnésia de fixação;
Incapacidade de evocar lembranças que já foram evocadas anteriormente
ex: a pessoa que perde a fala ou a escrita que se chama amnésia de
evocação;
Incapacidade de recordar os gestos que faziam. Ex: o pianista que deixa
de saber tocar o piano, o pintor que deixa de saber pintar.
Incapacidade de lembrar uma palavra falada, é o caso do doente que
deixa de saber falar - afasia ou esquecimento da palavra falada;
Incapacidade de recordar a palavra escrita: é o caso do doente que deixa
de saber escrever, pode ainda desenhar as letras mas não sabe o que
significam;
Incapacidade de recordar o significado das coisas. O doente olha para os
objectos e não sabe o que são e nem sabe para que serve (cegueira
psíquica) que se chama amnésia de compreensão de agnosias;
Há cegueira verbal ou alexia que é a incapacidade de leitura, por outro lado há também
surdez verbal que é a perca de memória da palavra falada.
Hipermnésias: a hiperamnésia é a perca da faculdade de esquecer, isto é o hipermnésico
é o indivíduo que não consegue esquecer.
Por outro lado a memória panorâmica é o fenómeno da hiperamnésia em que o
indivíduo assiste como espectador passivo ao desfile das lembranças em série que nada
tem haver com a situação presente, ocorre aos moribundos e aos indíviduos que
estiveram em perigo de morte;
-delírios: aqueles em que a memória reproduz-se desordenadamente as lembranças
importunas isto é quando o indivíduo tem febres altas.
Temos os obsessos: indivíduos que não conseguem esquecer a sua prática é o caso dos
criminosos;
Temos os cleptomaníacos os que têm mania de praticar suicídios ou
roubos qualificados;
Outros são obsessos inibidoras ou fobias ex: os agorafobia os que têm
medo do espaço de se deslocar do lado a outro;
claustrofobia: os que têm medo de recintos fechados e os aerofobia os
que têm medo do espaço aéreo ;
Paramnésias: falso reconhecimento e ilusão do já visto: o sujeito vê uma pessoa, diz
uma coisa pela primeira vez e de súbito tem a ilusão de que já a tinha visto ou de que já
lhe tinha dito.
A paramnésia é a confusão da percepção com a lembrança do presente com o passado.
Pode-se dar o contrário o sujeito considera o passado como presente e isto acontece nos
casos de sonambulismo, delírio e sonho e dá-se o nome de ecmnésia. Se a paramnésia
afecta o reconhecimento do presente a ecmnésia afecta o reconhecimento do passado.
Desmnésias: a Desmnésias é a impossibilidade de fixar e conservar as lembranças isto
acontece com as pessoas da 3ª idade bem como os idiotas.
-Inibição retroactiva: efeito negativo que a informação nova tem sobre a anterior.
Retomando o exemplo anterior, depois de várias vezes do uso do cartão com o novo
código, a pessoa tem dificuldade de recordar o código anterior.
Como já vimos, os conhecimentos anteriores podem facilitar novas aprendizagens, por
exemplo: saber andar de bicicleta facilita aprender a andar de mota; o conhecimento do
latim facilita a aprendizagem do francês, etc…
A todo o momento o homem é atingido por estímulos que tem de captar de forma a
compreender e a transformar o real, bem como para comunicar com os seus
semelhantes. Os estímulos concorrem para o desenvolvimento do intelecto do homem,
mediante o qual se compreende a si mesmo, compreende os outros e o universo; levam-
no a agir, completando-se deste modo a sua realização, já que é através da acção que o
indivíduo põe em prática os projectos idealizados pelo pensamento, com vista à
transformação e aproveitamento do real.
Algumas vezes o sistema perceptivo nos pode induzir em erro, como acontece nas
ilusões de distância, ou nas formas de movimento. Mas são excepções muito raras. De
qualquer modo, os processos de percepção prestam-nos um bom serviço como
mensageiros do mundo real exterior. Ver o mundo real é ver as propriedades dos
objectos distais a sua cor, forma, tamanho e localização: o seu movimento através do
espaço, a sua permanência ou a sua transitoriedade.
O gestaltismo
O Construtivismo
Por outro lado, percepcionar o mundo implica, pois, organizar estímulos. Esta
organização não é inata nem de forma acabada, submetendo o mundo ao quadro das
suas estruturas inatas do sistema nervoso (como pretende o gestaltismo) nem o
indivíduo é tábua rasa na qual se inscrevem as impressões vindas do exterior. As
impressões não se imprimem passivamente na mente da criança, uma vez que esta tem
de passar por um desenvolvimento de estruturas sucessivas, não redutíveis a uma
acumulação aditiva de aquisições. Portanto, a percepção resulta de uma actividade
construtiva do sujeito sobre os dados que o mundo exterior lhe proporciona. É a
actividade do sujeito sobre estes dados da experiência que lhe possibilita o
desenvolvimento das estruturas.
O processo de percepção tem início com a atenção que não é mais do que um processo
de observação selectiva, ou seja, das observações por nós efectuadas. Este processo faz
com que nós percebamos alguns elementos em desfavor de outros. A nossa percepção
não se processa de modo uniformizado em relação aos estímulos que nos chegam. A
atenção é um dos factores que contribui enormemente para a junção dos elementos da
nossa experiência perceptiva, desempenhando vários papéis: preparar a percepção (
estamos melhor preparados para percepcionar quando prestamos atenção), e
seleccionar certos aspectos de uma cena para os averiguar, ignorando os outros
(focamos a figura e não o fundo, e se estiverem presentes várias figuras, escolhemos
aquela a que prestamos atenção).
Deste modo, são vários os factores que influenciam a atenção e que se encontram
agrupados em duas categorias: a dos factores externos (próprios do meio ambiente) e a
dos factores internos (próprios do nosso organismo).
Factores externos
Factores internos
De facto, não basta que a atenção desperte. O organismo, depois de estar atento
durante algum tempo a dados objectos, cansa-se. Para que a atenção se mantenha
contribuem outros factores que inerentes ao próprio indivíduo, se vão juntar aos factores
oriundos do meio.
6. 5. Princípios da percepção
Outros factores
Percepção visual
Percepção de formas;
Percepção de relações espaciais, como profundidade. Relacionado à percepção
espacial;
Percepção de cores;
Percepção de intensidade luminosa.
Percepção de movimentos
Percepção auditiva
Percepção de timbres;
Percepção de alturas ou frequências;
Percepção de intensidade sonora ou volume;
Percepção rítmica, que na verdade é uma forma de percepção temporal;
Localização auditiva, um aspecto da percepção espacial, que permite distinguir o
local de origem de um som
Percepção olfactiva
Percepção gustativa
Percepção táctil
O tacto não é distribuído uniformemente pelo corpo. Os dedos da mão possuem uma
discriminação muito maior que as demais partes, enquanto algumas partes são mais
sensíveis ao calor. O tacto tem papel importante na afectividade e no sexo. Entre os
factores presentes na percepção táctil estão:
Além da percepção ligada aos cinco sentidos, os humanos também possuem capacidade
de percepção temporal e espacial
Percepção temporal
Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as
pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no
próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos
filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento do
cérebro (neurociência).
A percepção temporal já foi objecto de diversos estudos desde o século XIX até os dias
de hoje, quando é estudado por técnicas de imagem como a ressonância magnética. Os
experimentos destinam-se a distinguir diferentes tipos de fenómenos relevantes à
percepção temporal:
a percepção das durações;
a percepção e a produção de ritmos;
a percepção da ordem temporal e da simultaneidade.
Resta saber se estes diferentes domínios da percepção temporal procedem dos mesmos
mecanismos ou não e também algumas novas considerações que decorrem da escala de
tempo utilizada. Segundo o psicólogo francês Paul Fraisse, é preciso distinguir a
percepção temporal (para durações relativamente curtas, até alguns segundos) e a
estimativa temporal que é designada como a apreensão de longas durações (desde
alguns segundos até algumas horas.
Percepção espacial
Propriocepção
O conjunto das informações dadas por esses receptores permitem, por exemplo, desviar
a cabeça de um galho, mesmo que não se saiba precisamente a distância segura para se
passar, ou mesmo o simples facto de poder tocar os dedos do pé e o calcanhar com os
olhos vendados, além de permitir actividades importantes como andar, coordenar os
movimentos responsáveis pela fala, segurar e manipular objectos, manter-se em pé ou
posicionar-se para realizar alguma actividade.
1. PERSONALIDADE
10.1 Conceito
A origem da expressão “ Personalidade” remete-nos para persona, termo latino
que significa máscara utilizada no teatro grego para representar as emoções dos actores.
- É o elemento relativamente estável da conduta de uma pessoa, a estrutura que subjaz à
constelação das características de cada um de nós. É o que nos torna unos e únicos,
distinguindo-nos de todos os outros.
A personalidade é um conceito que apela para o individuo, para a sua unicidade, no que
há de mais nuclear e específico em sim mesmo, mas, também, para a sua diferenciação,
no que há de distintivo dos outros. A personalidade permite que nos reconheçamos e
sejamos reconhecidos. A personalidade representa uma fidelidade, uma continuidade,
uma consistência de formas de ser e estar.
A personalidade permite distinguir no homem que actua aquilo que faz com que seja um
homem e o que faz com que seja aquele homem.
A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa vida, é uma
elaboração da nossa história, da forma como sentimos, representamos e interiorizamos
as nossas experiências; ela acompanha e reflecte a maturação psicológica e esta avalia-
se por características da personalidade como a autonomia, o autocontrolo, a capacidade
de comunicação interpessoal, a expressão das ideias e dos afectos, e a construção de
projectos de vida. O processo de maturação obtém-se através dos conflitos, gratificações
afectivas, frustrações, realizações, crises… com que nos confrontamos.
Por exemplo ser-se emocionalmente estável ou instável poderá estar condicionado pela
actividade do tipo do sistema nervoso simpático que herdámos (e como se sabe este
sistema controla a tensão arterial, a frequência cardíaca, a respiração, etc.), embora
possam existir factores de má orientação psíquica que provocam situações emocionais
semelhantes. Outros aspectos da nossa personalidade são modelados por acontecimentos
externos e resultam sobretudo da nossa aprendizagem e adaptação ao mundo externo.
Segundo o grande psicólogo e profundo pensador Carl Jung, a personalidade saudável
é aquela que consegue o equilíbrio entre o consciente e o inconsciente, entre a vida
interior e exterior. Mais do que qualquer outra escola psicológica, a psicologia
analítica de Jung busca a unidade do indivíduo no mais profundo de si mesmo, com
uma técnica que conduz à individuação. A personalidade saudável é "Una" e
dependemos em proporções angustiantes de um funcionamento pontual do nosso
psiquismo inconsciente, dos seus referentes e das suas falhas ocasionais.
A psicanálise
Teoria psicossocial
A fase fulcral no processo da construção da identidade era, para Erikson, a quinta idade
(Identidade vs Confusão – entre os 12 e os18/20 anos). A adolescência, devido às suas
grandes potencialidades, com novas características pulsionais, cognitivas, emocionais e
corporais permite formular avaliações, reelaborar o passado e “organizar o futuro” com
opções de formas de ser, pensar e viver.
A personalidade não é inata nem apenas determinada pelo meio: é no jogo das
interacções entre os diferentes factores e variáveis que se podem compreender o
comportamento actual das pessoas. Em todo este processo assume particular
importância a aprendizagem por modelação: o indivíduo aprende observando modelos
como os pais, adultos significativos, colegas e amigos.
Na sua teoria, que o autor designa por personalogia, destacam-se dois conceitos:
necessidades e pressão.
Necessidades
A necessidade é uma força que pode ter origem no interior ou no exterior da pessoa,
organiza e orienta os mais diferentes processos psicológicos: a memória, o pensamento,
a percepção, a acção. Isto é, as necessidades organizam o modo como as pessoas
percebem, sentem, pensam, recordam e se comportam.
Murray identificou 12 necessidades viscerogénicas, isto é, primárias ou orgânicas e 18
necessidades psicogénicas, secundárias ou psíquicas. As primeiras estão relacionadas
com a sobrevivência: necessidade de ar, de oxigénio, de alimento, etc.
Pressão:
O desenvolvimento da personalidade:
A personalidade de uma pessoa é produto quer do seu passado – a sua história de vida
- , quer dos objectivos que aponta para o futuro.
Uma das aplicações mais conhecidas da teoria das necessidades é a construção do TAT,
que é um dos testes projectivos mais utilizados em que se pretende a apreensão e
interpretação dos aspectos menos visíveis da personalidade: fantasias, desejos,
conflitos…
É uma mistura entre a consciência e órgãos dos sentidos, podemos concluir que o
objecto da Psicologia não pode ser só percebido pela consciência, mas também pelos
órgãos dos sentidos, é um misto de psíquico e fisiológico. Por isso é que nos países mais
desenvolvidos ao lado de médico está o psicólogo. Enquanto o médico trata o paciente
com medicamentos para procurar a sua cura, o psicólogo cuida o mesmo paciente para
velar os problemas psicológicos .
Se o paciente tiver problemas em casa com seu marido ou esposa, se a criança em casa
os seus pais estão sempre em brigas, se é problemas de ciúmes ou problemas de dívidas
ou outros problemas, a dor de cabeça que este paciente sentir, não passará com
paracetamol ou problemas de frustração provocada por um desejo que queria atingir, o
médico não vai conseguir curar o paciente, aí tem que entrar o psicólogo, senão ainda
pode esse paciente suicidar-se ou praticar homicídio.
O temperamento é uma particularidade psíquica íntegra que exprime a intensidade, o
ritmo, a velocidade da actividade psíquica do indivíduo e manifesta o tónus do acto do
gosto e a forma de falar do mesmo, isto significa que, através do temperamento, a
psicologia do indivíduo é susceptível de manifestar-se dum modo rápido ou lento,
normal ou anormal.
O ilustre médico grego Hipócrates (460-356 a.n.e. ), ao lidar com doentes que
padeciam de doenças semelhantes, constatou que ao ser aplicada a mesma dose de
medicamentos, cada um, manifestava uma forma peculiar e própria de reacção. Uns,
mantinham-se quietos, enquanto que outros saltavam gemidos.
Características negativas
O sujeito possuidor deste tipo de temperamento é impaciente, por vezes
precipitado, manifesta sentimentos pouco profundos e de fácil alteração. A sua vontade
acha-se isenta da firmeza, ele desalenta-se facilmente.
Para esse tipo de temperamento, deve-se educar a paciência, perseverança e
encorajá-lo continuamente.
Características Negativas:
É tímido, inquieto, teme pela realização de uma nova acção, é utópico, possuí
uma capacidade de reacção lenta, é pessimista e fraco, é medroso ao enfrentar as
dificuldades, fechado e sem auto confiança, sempre céptico, sombrio, evita travar
conhecimento com as outras pessoas.
É necessário educar para este tipo de temperamento, o optimismo, a confiança
em si, dando-lhe tarefas dinâmicas evitando amedrontar-lhe ou criticá-lo bruscamente, é
necessário encorajá-lo continuamente.
O termo Quociente de Inteligência ( QI) é usado pela primeira vez por Stern, na
Alemanha, e retomado nos EUA por Terman que publica, em 1916, uma versão revista
do teste Binet- Simon. A nova versão passa a ser denominada por Escala Stanford-
Binet- nome da Universidade onde Terman leccionava.
O Quociente de Inteligência (QI) é a razão entre a idade mental (IM), avaliada pela
aplicação de testes, e a idade cronológica (IC). Para calcular o QI, Terman divide a
idade mental, obtida pela aplicação de uma bateria de testes, pela idade
cronológica multiplicando o resultado por 100.
Se a uma criança de 8 anos eu aplicar um teste que na realidade correspondesse a uma
criança de 12 anos, essa criança apresenta um QI alto “ acima da média”, mas se eu
aplicasse um teste de inteligência correspondente a uma criança de 5 numa de 8 anos, na
realidade significaria que esta última apresenta o QI baixo ou seja de uma criança de 5
anos.
A situação de avaliação é artificial podendo por isso afectar os resultados. Por outro
lado, o estado do sujeito no momento em que realiza os testes pode afectar os
resultados.
Os testes só podem ser aplicados aos indivíduos que se enquadram nas características da
população para a qual foram construídos. Quando esta norma não é respeitada os
resultados obtidos podem, por exemplo, prejudicar pessoas de origem e condição social
mais baixa podendo provocar levar à discriminação. No passado os testes de
inteligência não tinham em conta o contexto sociocultural dos indivíduos que os
realizavam. Ao serem utilizados incorrectamente, de forma redutora e abusiva
conduziram e justificaram a discriminação social e racial.
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