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Roteiro de
Estudos
Autor(a): Esp. Lilian Maia Borges Testa
Revisor(a): Luiza Cristina de Azevedo Ricotta
Há muita discussão sobre o processo de aprendizagem do ser humano, como ele aprende e
retém o conhecimento aprendido. Para compreendermos melhor como esse processo ocorre,
é necessário fazermos um breve estudo sobre o cérebro humano e sobre as especificidades de
cada uma de suas partes. Sabemos que o nosso cérebro é muito estudado e ainda há muitos
mistérios sobre o seu desenvolvimento. Tudo isso nos leva a refletir sobre formas de estimulá-
lo satisfatoriamente.
Introdução
Ao considerarmos todos os aspectos que envolvem o desenvolvimento do ser humano ao
longo dos anos, não podemos deixar de estudar o desenvolvimento do cérebro humano e suas
funções. Há vários estudos, atualmente, que nos levam aos estímulos que devemos fazer para
que o nosso cérebro se desenvolva retendo informações, ou seja, aprendendo e retendo o
conhecimento aprendido.
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Dessa forma, você estudará, neste roteiro, sobre a relação entre a filogênese e a ontogênese do
cérebro humano, bem como as questões cognitivas que estão diretamente ligadas à
aprendizagem e à neuropsicologia.
Sabemos que a teoria evolutiva do ser vivo leva em conta que o ser humano tem apenas
elementos ancestrais em comum com outros animais, que, com o tempo, deram origem a
outras espécies que também sofreram suas evoluções de acordo com o ambiente ao qual
pertenciam.
Nesse contexto, observamos que o sistema nervoso central de outros animais também se
desenvolveu, podendo ser comparado ao sistema nervoso central do ser humano. No entanto,
se distinguem em relação à organização do cérebro humano.
Sabemos que, nos primeiros seres vivos, a principal função desempenhada pelo sistema
nervoso central era promover a adaptação ao meio ambiente em que eles estavam inseridos;
quando o ser era estimulado, respondia ao estímulo. Em relação aos primeiros seres humanos
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que habitaram a Terra, nos deparamos com os estudos relacionados ao crânio de “Lucy”, fóssil
do hominídeo mais antigo encontrado até o momento, pertencente ao gênero Australopithecus,
também conhecido como macacos meridionais. Os estudos relacionados ao crânio desse
hominídeo concluíram que esses primatas já andavam eretos, possuíam 1,40 m de altura,
viviam em sociedade, possuíam o corpo coberto de pelos, parecidos com chimpanzés. O
tamanho do cérebro era igual ao de um bebê recém-nascido, ou seja, possuía volume de
aproximadamente 400 cm³.
Caminhando um pouco mais no processo evolutivo do ser humano, chegamos aos primeiros
seres considerados pertencentes ao gênero Homo, cujo volume cerebral era maior que dos
primatas pertencentes ao gênero Homi. O Homo sapiens, por exemplo, possui um volume
cerebral de aproximadamente 1.400 cm³.
Ao longo dos séculos, é notório o processo evolutivo do cérebro humano, desde os tempos
mais remotos até os dias atuais. O homem desenvolveu a inteligência e a capacidade de se
adaptar a diferentes ambientes, além de existir estímulo ao seu poder de criação, como a
construção de ferramentas, a descoberta do fogo, o poder de comunicação, entre outros.
A Ontogênese do Cérebro
Humano
A ontogênese consiste na formação embriológica, fetal e pós-natal do ser humano. Assim, em
conformidade com os estudos sobre a filogênese, podemos afirmar que fazemos parte de uma
espécie, a espécie humana, que passou por processos evolutivos ao longo dos anos. Ao
analisarmos a espécie humana sob o ponto de vista ontogenético, podemos afirmar que temos
uma carga genética que nos permite viver após nosso nascimento, crescer e envelhecer, ou
seja, essa carga genética é herdada da espécie, provocando o nosso desenvolvimento
psicológico.
De acordo com Jones (1980), Freud, em seus estudos, estabelecia uma relação entre os estudos
filogenéticos e os estudos ontogenéticos (ambos se relacionam quando falamos no ser
humano ao longo dos anos). No entanto a ontogênese considera o desenvolvimento do
sistema nervoso central desde o período embrionário do ser humano.
Nesse contexto, observamos que, por meio dessa genética, o ser humano possui funções
psicológicas específicas, como a compreensão, a sucção, a atenção involuntária, a
memorização, a aprendizagem, e essa herança genética da espécie humana nos diferencia dos
demais seres vivos, conforme elucida Pino (2005, p. 48):
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A teoria que envolve a ontogênese considera que o nascimento do bebê humano possui
diferentes significações que são marcadas durante a gestão embrionária, antes mesmo de seu
nascimento. O bebê possui uma carga genética da espécie e condições biológicas para se
desenvolver enquanto ser humano. Segundo Pino (2005), o nascimento de um humano é
marcado por questões sociais e culturais, positivas ou negativas, que são apresentadas desde o
momento em que o feto está em período gestacional.
Dessa forma, observamos que, para a ontogênese, o cérebro humano é formado ainda no
embrião, ou seja, refere-se à evolução que o ser humano passa ao longo dos anos, mas que se
inicia ainda em sua fase embrionária, dando condições biológicas para o desenvolvimento e
maturidade das outras fases da vida, como o nascimento, o crescimento e o envelhecimento,
até chegar a morte.
A Neuropsicologia
Muitos estudos baseados em discussões sobre os mistérios que envolvem o cérebro humano e
o seu desenvolvimento foram realizados ao longo dos anos para que se pudesse chegar à
teoria que rege a neuropsicologia do século 20. Da relação entre neurologia e psicologia, nos
deparamos com os estudos de Luria (1902-1977), que dava ênfase ao comportamento humano.
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Todos esses estudos levaram a discussões relacionadas à forma como o ser humano aprende,
assim, temos a junção da neurologia, da psicologia e da pedagogia, surgindo a neuropedagogia.
Sabemos que a relação entre mente e corpo vem sendo discutida há muitos anos, desde a
Idade Média. A questão que rege tal discussão consiste em responder de onde vem a alma.
Com o surgimento da neurociência, as respostas para a questão estão baseadas no dualismo e
no fisicalismo. Conforme evidencia Lopes (2020, p. 24):
A relação entre mente e corpo vem sendo discutida desde a Idade Média,
buscando-se responder à questão “O que é a alma?”, com explicações de
diversos pensadores que utilizavam a espiritualidade para fundamentar seus
dogmas da época. No entanto, com o surgimento da neurociência, dois modos
clássicos de avaliar o problema, à luz da filosofia, são estabelecidos
historicamente com a discussão do dualismo e do fisicalismo.
Sob esse viés, notamos que o dualismo foi estudado por René Descartes (1596-1650) e refere-
se à relação entre corpo e consciência. Para o estudioso, corpo e mente consistem em
substâncias da natureza, da realidade, que, embora separadas, interagem entre si. Segundo
Lopes (2020), o fisicalismo é a teoria desenvolvida por Otto Neurath (1882-1945) e Rudolf
Carnap (1891-1970) em que a mente é considerada algo físico, e os sentimentos, emoções,
sensações e desejos são apenas atividades cerebrais.
Os estudos passaram a se fundamentar nas funções cognitivas do cérebro. Luria afirmava que
os vínculos funcionais entre as regiões cerebrais são elaborados historicamente. Leia o texto de
Andreza Carla de Souza Lopes, que aborda a Neuropsicopedagogia.
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LIVRO
Neuropsicopedagogia
Autor: Andreza Carla de Souza Lopes
Editora: Intersaberes
Ano: 2020
Comentário: o livro apresenta um breve histórico dos estudos
desenvolvidos sobre a neuropsicologia e como o cérebro é
estudado atualmente. Também apresenta algumas
considerações sobre as questões cognitivas do funcionamento
do nosso cérebro, como a memória, as emoções, entre outras.
Para que você consiga compreender um pouco da história da
neuropsicologia, sugiro a leitura do capítulo 1.
Esse título está disponível na Biblioteca Virtual Laureate.
As Bases Neurobiológicas da
Aprendizagem
Sabemos que o cérebro humano possui uma capacidade impressionante de plasticidade e de
adaptação, ou seja, se adapta aos diferentes fatores externos aos quais é submetido.
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A memória também vem sendo estudada, pois faz parte da aprendizagem. De acordo com o
modelo da psicologia cognitiva, a memória está dividida em codificação, armazenamento e
recuperação. Segundo Lopes (2020), a codificação consiste na representação mental que
acontece no decorrer da aprendizagem, transformando as informações e os estímulos em um
código neural; o armazenamento consiste na retenção da informação que foi codificada; e a
recuperação é a fase em que se buscam as memórias que foram armazenadas.
A memória faz parte do processo de aprendizagem e existem muitos estudos sobre essa base
neurobiológica, pois ela pode ser devidamente estimulada para que a plasticidade cerebral se
desenvolva.
Os Processos de Cognição
Muitas teorias possuem hipóteses das habilidades que o ser humano poderia ter se
conseguisse utilizar 100% da capacidade cerebral, no entanto, nada é comprovado, pois nosso
cérebro é um órgão complexo. É válido destacar que o cérebro tem várias divisões e
subdivisões, cada uma com suas funções específicas, vejamos: ele possui dois hemisférios,
direito (conhecido como o “lado da emoção”) e esquerdo (“lado da razão”).
Dessa forma, sabemos que as teorias cognitivas começaram a ser investigadas após os
estudiosos do behaviorismo não darem conta de explicar todas as ações do homem com o
passar dos anos. Assim, de acordo com as teorias cognitivas, o ser humano busca informações
o tempo todo.
Nesse contexto, os processos cognitivos mostram como o ser humano aprende e retém esse
conhecimento, ou seja, como faz uso das concepções de atenção, percepção e memória. Esse
aprendizado refere-se à forma como ele dirige suas ações para alcançar seus objetivos,
baseado no conhecimento metacognitivo e em experiências anteriores. Dessa forma, quando
falamos em processo cognitivo, devemos levar em conta a interação entre os seres humanos e
o ambiente ao qual estão inseridos, seja físico, seja social.
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Um grande estudioso do processo de cognição da criança foi Vygotsky (1896- 1934), que
considerava os estímulos sociais e físicos grandes propulsores para a aprendizagem. Para ele, a
aprendizagem ocorre por meio das interações sociais que o indivíduo faz. Assim, para que uma
criança aprenda, ela precisa da mediação de um adulto.
Outro estudioso foi Piaget (1975), que, ao longo de 60 anos de sua vida como pesquisador da
lógica infantil, era contrário à visão dominante sobre a infância e mostrou que o mundo das
crianças constitui-se de elementos lógicos, morais e de afetividade diferentes dos adultos. Essa
constatação, em nosso entender, transformou um conjunto de ciências que trata da vida e da
educação das crianças pequenas. É por isso que, em Piaget, podemos encontrar duas
concepções de infância quando procuramos dar resposta a sua pergunta.
Uma é a educação unilateral, pela qual a criança é chamada a receber de fora os produtos do
saber e da moral dos adultos. A outra é a educação pautada na reciprocidade, na qual a criança
é compreendida como um ser em formação que tem inteligência e é curiosa. Nesse segundo
caso, Piaget (1975, p. 140-141) afirma: “a criança tende a se aproximar do estado adulto não é
mais recebendo totalmente preparadas a razão e as regras da boa ação, mas conquistando-a
com seu esforço e suas experiências pessoais”.
Em nossa cultura, essas duas concepções conflitam entre si. Uma acredita em uma criança
como um cérebro em branco; a outra age em uma pedagogia da troca com os pequenos. Na
segunda perspectiva, a criança não vai ser “algo quando crescer”, ela já é. É um ser que pensa,
levanta hipóteses sobre o mundo e amplia seus pontos de vista e seus conhecimentos
conforme a troca de experiência, linguagem e conhecimentos.
Para fazermos algumas reflexões em torno das duas visões de infância apontadas por Piaget,
tentaremos levantar duas tendências sobre a educação das crianças: a que concebe a criança
como adulto e o conhecimento como cópia e a que concebe como igual – em seus direitos
humanos – e, ao mesmo tempo, radicalmente diferente dos adultos – na sua forma (e
conteúdo) de construir as relações morais, afetivas e cognitivas.
Conclusão
Ao fazermos uma breve análise sobre a formação do cérebro humano, devemos levar em conta
a evolução biológica que este sofreu ao longo dos séculos, assim, notamos que, fisicamente, o
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Referências Bibliográficas
CARLSON, N. R. Filologia do comportamento. São Paulo: Manole, 2002.
JONES, E. Sigmund Freud: life and work. Londres: Hogarth Press, 1980.
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