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(Enem 2016) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses
filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo
social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que todas as questões são
levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada. Não é com exames sumários e por
meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir as leis de uma realidade tão
complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão apressadas não são
suscetíveis de nenhum tipo de prova.
O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na
a) vinculação com a filosofia como saber unificado.
b) reunião de percepções intuitivas para demonstração.
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.
e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H., MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios
de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
3. (Enem 2013) Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas
relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção
correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de
produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade —
fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual
correspondem determinadas formas de consciência social.
MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São
Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com
que
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.
4. (Enem 2013)
O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a
a) opressão das minorias sociais.
b) carência de recursos tecnológicos.
c) falta de liberdade de expressão.
d) defesa da qualificação profissional.
e) reação ao controle do pensamento coletivo.
6. (Enem 2013) Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não
adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem que a
supervisão do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do escritório do que para os
presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.
8. (Enem 2017) Uma sociedade é uma associação mais ou menos autossuficiente de pessoas
que em suas relações mútuas reconhecem certas regras de conduta como obrigatórias e que,
na maioria das vezes, agem de acordo com elas. Uma sociedade é bem ordenada não apenas
quando está planejada para promover o bem de seus membros, mas quando é também
efetivamente regulada por uma concepção pública de justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade
na qual todos aceitam, e sabem que os outros aceitam, o mesmo princípio de justiça.
RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997 (adaptado).
A visão expressa nesse texto do século XX remete a qual aspecto do pensamento moderno?
a) A relação entre liberdade e autonomia do Liberalismo.
b) A independência entre poder e moral do Racionalismo.
c) A convenção entre cidadãos e soberano de Absolutismo.
d) A dialética entre indivíduo e governo autocrata do idealismo.
e) A contraposição entre bondade e condição selvagem do Naturalismo.
9. (Enem 2016) Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos
passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento. Três deles
eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro. Numa sociedade comercial,
esse fornecimento só poderia ser organizado de uma forma: tornando-os disponíveis a compra.
Agora eles tinham que ser organizados para a venda no mercado. Isso estava de acordo com a
exigência de um sistema de mercado. Sabemos que em um sistema como esse, os lucros só
podem ser assegurados se se garante a autorregulação por meio de mercados competitivos
interdependentes.
11. (Unicamp 2021) Como justificar que somos uma humanidade, se mais de 70% estão
totalmente alienados do mínimo exercício de ser? A modernização jogou essa gente do campo
e da floresta para viver em favelas e em periferias, para virar mão de obra em centros urbanos.
Essas pessoas foram arrancadas de seus coletivos, de seus lugares de origem, e jogadas
nesse liquidificador chamado humanidade. Se as pessoas não tiverem vínculos profundos com
sua memória ancestral, com as referências que dão sustentação a uma identidade, vão ficar
loucas neste mundo maluco que compartilhamos.
(Adaptado de Ailton Krenak, Ideias para adiar o fim do mundo. Apple Books, 2018, p. 10.)
13. (Unicamp 2020) Da perspectiva do senso comum, dizer que uma ideia ou uma declaração
é “ideológica” implica sugerir sua falsidade, o que logicamente leva à conclusão de que seu
oposto é a verdade. Esse binarismo é uma forma de construir visões de mundo simplistas e
manipuláveis, que ocultam interesses sociais.
Texto 2
Só pelo fato de pertencer a uma multidão, o homem desce vários graus na escala da
civilização. Isolado seria talvez um indivíduo culto; em multidão é um ser instintivo, por
consequência, um bárbaro. Possui a espontaneidade, a violência, a ferocidade e também o
entusiasmo e o heroísmo dos seres primitivos e a eles se assemelha ainda pela facilidade com
que se deixa impressionar pelas palavras e pelas imagens e se deixa arrastar a atos contrários
aos seus interesses mais elementares. O indivíduo em multidão é um grão de areia no meio de
outros grãos que o vento arrasta a seu bel-prazer.
Descreva duas diferenças entre os dois textos, quanto às suas concepções sobre o papel das
multidões na história.
Texto 1
Ora, a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, é a última e mais perfeita expressão
do modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na exploração
de uns pelos outros. Neste sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula
única: a abolição da propriedade privada. (…)
(…)
A ação comum do proletariado, pelo menos nos países civilizados, é uma das primeiras
condições para sua emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo homem e tereis
suprimido a exploração de uma nação por outra. Quando os antagonismos de classes, no
interior das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade entre as próprias
nações.
Texto 2
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para nos livrar de nossos males. Segundo
eles, o homem é inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, mas a instituição da
propriedade privada corrompeu-lhe a natureza. (…) Se a propriedade privada fosse abolida,
possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a partilha de sua fruição, a má vontade
e a hostilidade desapareceriam entre os homens. (…) Mas sou capaz de reconhecer que as
premissas psicológicas em que o sistema se baseia são uma ilusão insustentável. (…) A
agressividade não foi criada pela propriedade. (…) Certamente (…) existirá uma objeção muito
óbvia a ser feita: a de que a natureza, por dotar os indivíduos com atributos físicos e
capacidades mentais extremamente desiguais, introduziu injustiças contra as quais não há
remédio.
Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre a relação entre a propriedade privada e
as tendências de hostilidade e agressividade entre os homens e as nações? Explicite, também,
a diferença entre os métodos ou pontos de vista empregados pelos autores dos textos para
analisar a realidade.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[D]
A sociologia durkheimiana pega emprestado das ciências naturais seu modelo de análise
científica. Assim é que Durkheim procura tornar a sociologia uma ciência objetiva, com um
objeto de análise (fato social) e um método (método sociológico).
Resposta da questão 2:
[D]
Resposta da questão 3:
[B]
Para Marx, a sociedade existe a partir das relações materiais de produção, que são
fundamentadas no trabalho humano. Sendo assim, somente a alternativa [B] está correta.
Resposta da questão 4:
[E]
Resposta da questão 5:
[E]
Resposta da questão 6:
[E]
Resposta da questão 7:
[B]
Resposta da questão 8:
[A]
John Rawls é um dos expoentes pensadores do liberalismo do século XX. Sua concepção de
justiça de fato apresenta uma relação entre liberdade e autonomia, como bem apresenta a
alternativa [A].
Resposta da questão 9:
[C]
A alternativa [A] é a única que pode ser correta. O cartum projeta uma inversão na relação
entre o homem e as máquinas. Ali, são os homens (na figura do engraxate) que servem as
máquinas, sendo estas que compõem a classe trabalhadora. Essa é uma perspectiva futurista,
que critica a noção de progresso como desenvolvimento tecnológico e industrial, considerando
que isso nada vale se não há a garantia de melhores condições de vida e de trabalho para os
seres humanos.
O modelo de produção de uma sociedade industrializada vai muito além das relações de
trabalho, gerando formas de vida e hábitos culturais que, no contexto capitalista, favorecem
ações individualistas e consumistas.
A ideologia pode ser definida como uma ideia que oculta formas de dominação e de exploração
na sociedade. Assim, esse conceito está diretamente relacionado a formas de exercício de
poder, exatamente como descrito na alternativa [B].
Resposta da questão 14:
Os textos apresentam concepções antagônicas no que diz respeito à relação entre indivíduo e
sociedade. Para Marx, a plena existência do indivíduo somente se dá quando ele está inserido
dentro da coletividade, ou seja, dentro de sua classe social, que age politicamente. Já o
segundo texto, enxerga que os indivíduos em coletividade perdem o seu caráter subjetivo,
agindo somente instintivamente. Além disso, vale pensar considerar a ideologia que está
embutida em cada um dos pensamentos: enquanto a primeira é mais coletivista, a segunda é
individualista.