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Um dos mais fascinantes temas da ciência diz respeito a como surgiu a inteligência humana
ao longo da evolução dos grandes primatas aos hominídeos, chegando até o ser humano
moderno. A inteligência é um tema fascinante justamente porque nos dá a chave para o
tesouro do entendimento sobre nós mesmos, e de como a selecção natural foi capaz de
produzir tamanha maravilha como o cérebro humano e suas assombrosas capacidades
num tempo evolucionário tão curto. Também fornece uma explanação sobre a natureza da
nossa singularidade no reino animal e porque nós somos assim hoje.
Este passo evolucionário foi espectacular porque deu origem a um círculo cada vez mais
rápido de retroalimentação positiva entre a evolução cultural (trazida pela linguagem) e o
desenvolvimento posterior do cérebro, ao aumentar enormemente o sucesso reprodutivo e
as chances de sobrevivência do organismo assim armados com um cérebro capaz de alta
flexibilidade, adaptabilidade e capacidade de aprendizagem. Num período de um a dois
milhões de anos (praticamente um piscar de olhos em termos de tempo geológico), este
poderoso impulso de evolução neural levou ao que somos hoje e ao que o homem foi nos
últimos 100.000 anos.
Estaria a inteligência presente apenas nos seres humanos? É claro que não. A inteligência
humanas parece ser composta de um número de funções neurais correlacionadas e que
operam cooperativamente, muitas das quais já estão presentes em outros primatas, tais
como a desteridade manual, visão colorida estereoscópica altamente sofisticada e acurada,
reconhecimento e uso de símbolos complexos, coisas abstratas que representam outras)
memória de longo prazo, etc. De facto, a visão científica actual é de que existem vários
graus de complexidade de inteligência presente em mamíferos e que nós compartilhamos
com eles muitas características que anteriormente pensávamos que eram únicas ao homem
(tais como linguagem simbólica, como já foi provado que ocorre em primatas).
Parece que existem tantas definições de inteligência quanto existem cientistas a trabalhar
no campo. De acordo com a Enciclopédia Britânica (EB), "é a habilidade de se adaptar
efectivamente ao ambiente, seja fazendo uma mudança em nós mesmos ou mudando o
ambiente ou buscando um novo ambiente". Esta é uma definição inteligente, porque ela
incorpora os conceitos de aprendizagem (uma mudança em nós mesmos), manufactura e
abrigo (mudança do ambiente) e migração (encontrando um novo ambiente). A inteligência
é uma entidade multifactorial, envolvendo coisas tais como linguagem, pensamento,
memória, raciocínio, consciência (a percepção de si mesmo), capacidade para
aprendizagem e integração de várias modalidades sensoriais. De modo a nos adaptarmos
efectivamente, o cérebro deve usar todas estas funções. Portanto, "inteligência não é um
processo mental único, mas sim uma combinação de muitos processos mentais dirigidos à
adaptação efectiva do ambiente", prossegue a definição da EB.