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INTRODUÇÃO ÀS

NEUROCIÊNCIAS E
NEUROEDUCAÇÃO

Belo Horizonte
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 06

1 A FISIOLOGIA HUMANA .............................................................................. 09

2 SISTEMA NERVOSO .................................................................................... 12


2.1 Estrutura e funcionamento do sistema nervoso........................................... 12

3 FREUD E O CÉREBRO – INTEGRAÇÃO ENTRE


PSICANÁLISE E NEUROFISIOLOGIA ......................................................... 25

4 NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO ..................................................... 28

ANEXOS ………………………………………………………………………………36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………..39

AVALIAÇÃO…………………………………………………………………………..41

GABARITO ....................................................................................................... 45

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INTRODUÇÃO

Sejam bem vindos ao curso de Especialização em NEUROCIÊNCIAS E


APRENDIZAGEM, oferecido pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais - IPEMIG.

Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação


daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências
atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso.

As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são
neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos
institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia
a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento
científico, testado e provado pelos pesquisadores.

Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos


colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada
está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e
melhorar nosso trabalho.

Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância,


vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se,
lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e
que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte,
para a formação dos nossos/ seus alunos.

De acordo com Relvas (2010), para entender o mecanismo de aprender, é


preciso saber um pouco sobre o funcionamento do sistema nervoso central (SNC),
o organizador dos nossos comportamentos, pois cada tipo de habilidades ou
comportamento pode ser bem relacionado a certas áreas do cérebro em particular.

Assim, há áreas habilitadas a interpretar estímulos que levam à percepção


visual e auditiva, à compreensão e à capacidade linguística, à cognição, ao
planejamento de ações futuras, inclusive de movimento, e assim por diante.

Disciplina recente que agrupa neurologia, psicologia e biologia, a


neurociência vem despontando positivamente com estudos que podem auxiliar na

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compreensão dos aspectos envolvidos na aprendizagem.

Poderíamos também dizer que é uma prática interdisciplinar, resultado da


interação de diversas áreas do saber ou disciplinas científicas como, por exemplo:
neurobiologia, neurofisiologia, neuroquímica, neurofarmacologia, neuroanatomia e
neuropsicologia.

As duas principais correntes em Neurociências são:

CORRENTE LOCALIZACIONISTA, que teve início na Frenologia com


Franz Joseph Gall (1758-1828). Gall acreditava que as “faculdades” (funções
cerebrais) se encontravam em áreas circunscritas do cérebro.

CORRENTE HOLÍSTICA, GLOBALÍSTICA OU UNITARISTA, onde


destaca-se o fisiologista francês Marie-Jean-Pierre Florens (1794-1867) o qual
acreditava que as funções mentais não dependiam de áreas particulares do
sistema nervoso, mas que este funcionava como um todo, de modo orquestrado,
integrado.

Bartoszeck (2007) constata que nos últimos anos muitos aspectos da


fisiologia, bioquímica, farmacologia e estrutura do sistema nervoso de
invertebrados e o cérebro de vertebrados foram elucidados. Estudos fundamentais
sobre a função da percepção, emoções, aprendizagem e memória mostraram
significativo progresso, especialmente adotando abordagens da neurociência
cognitiva.

Veremos ao longo do curso que a aprendizagem e educação não só


podem como devem ser estudadas como um novo campo das ciências naturais,
variando do ambiente fetal até a idade adulta avançada.

Não temos dúvidas e as pesquisas comprovam que a alfabetização,


utilizando-se das neurociências, reveste-se de importância para o cotidiano,
ajudando a população a ter melhor entendimento de si e dos avanços científicos,
evitando especulações e a crença em neuromitologias. Várias das implicações
educacionais decorrentes das interações do cérebro são explicadas a partir dos
princípios de neurociência como veremos ao longo do curso.

Ressaltamos que o material para estudo trata-se de uma reunião do


pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a
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disciplina.

Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de


redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico.

Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao


final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para
sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos.

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1. A FISIOLOGIA HUMANA

Se entendermos que do cérebro depende nossa existência, então, nada


mais importante do que conhecê-lo por dentro e encontramos na neurofisiologia,
meios de nos fazer entender seu intrincado modo de funcionamento, suas nuances
e suas particularidades.

O cérebro é o organismo que nos possibilita desde o exercício do


pensamento e do raciocínio, até o controle de todas as atividades de nosso corpo,
sem entrarmos no campo da parapsicologia, quando ele é considerado o elemento
gerador das energias que provocam todos os fenômenos considerados
“paranormais”.

Contrariando os filósofos naturalistas e materialistas, a consciência não é


uma simples propriedade biológica dos organismos mais complexos dos seres
humanos, embora a sua realidade subjetiva dependa do correto funcionamento
objetivo dos intrincados mecanismos cerebrais.

Mas seja qual for a linha de raciocínio adotada (científica, teológica ou


filosófica), o estudo dos intrincados mecanismos neuronais serve tanto para que
os extremados espiritualistas “cartesianos” entendam o funcionamento da base de
sustentação material da sua mente extracorpórea, quando terão a oportunidade de
entender que mente não é só espírito, mas necessita também de um pouco de
matéria, como também ajudará os materialistas “damasianos” a abrir seus
horizontes e entender que o homem não deve ser tão auto suficiente como
pensam, e que fica muito difícil sustentar como obra de simples acaso, e
totalmente independente de qualquer energia superior a nossa, o desenvolvimento
de órgãos tão intrincados como nossos sistemas neuronais.

O termo fisiologia humana, cuja definição mais apropriada para os dias de


hoje é: “[...] a ciência que descreve como o corpo dos organismos vivos funciona
(...)” (Santos, 1998, p.13); foi primeiramente utilizado pelos gregos, cerca de 600
anos antes de Cristo, para descrever o questionamento filosófico da natureza das
coisas.

Etimologicamente a fisiologia humana é entendida como a história da


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natureza humana; mas, empregada numa acepção mais restrita, designa a ciência
dos fenômenos da vida humana ou a ciência que estuda as funções dos seres
multicelulares.

Embora a fisiologia dos gregos não tenha sido exatamente a mesma que
conhecemos hoje, muitas das ideias que ainda são verdadeiras para o seu
desenvolvimento foram formuladas nos livros da Escola de Medicina de
Hipócrates, ainda antes do ano 350 a.C., principalmente o tratado “De natura
hominis”, que pode ser atualmente interpretada como a teoria da doença causada
pelos fatores emocionais.

Também bastante significante para a definição da fisiologia durante a


época dos grandes pensadores foi a teleologia de Aristóteles, quando dizia que
“cada parte do corpo é formada para uma finalidade e esta função pode ser
deduzida de sua estrutura”.

A definição de fisiologia como Anatomia em Movimento apareceu no


século XVIII com a publicação de “Elementa physiologiae corporis humani”
(Albrecht von Haller, 1757-1766) em 8 volumes.

No século XIX as pesquisas na área da fisiologia de todos os organismos


vivos tomou uma importância fundamental devido a curiosidade, às necessidades
médicas e aos interesses econômicos.

A descoberta de estruturas semelhantes e funções comuns a todos os


organismos vivos resultaram no desenvolvimento de um conceito praticamente
unificado de fisiologia geral.

A partir da segunda metade do século XIX a palavra fisiologia passou a


significar a utilização de métodos experimentais, assim como técnicas e conceitos
das ciências físicas para investigar as causas e os mecanismos das atividades de
todas as coisas vivas.

O significado da fisiologia humana desde o final do século XX quase se


aproxima ao estudo do comportamento do organismo humano de forma
exclusivamente mecanicista ou matemática, ou seja: “[...] os fisiologistas
contemporâneos consideram os organismos como máquinas que,
embora incrivelmente complexas, são compreensíveis pelo estudo de seus

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componentes (...)” (SANTOS, 1998, p.14) ou, segundo defende Dennett: “[...] todas
as relações entre a mente e o cérebro humano podem ser compreendidas com a
aplicação de modelos matemáticos (...)” ( Dennett, 1998), pensamento também
próximo das ideias de Damásio: “Existo e sinto... logo, penso”(Antônio Damásio
em “O erro de Descartes”) ou ainda, quase da mesma forma: “[...] o ser humano é,
na verdade, um autômato, e o fato de sermos dotados de sensibilidade,
sentimentos e conhecimentos é parte dessa sequência automática da vida; esses
atributos especiais nos possibilitam existir sob uma ampla variedade de condições
que, de outra maneira, tornariam a vida impossível” (GUYTON, 1986).

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2. SISTEMA NERVOSO

A neurociência é o estudo da realização física do processo de informação


no sistema nervoso animal e humano. O estudo da neurociência engloba três
áreas principais: a neurofisiologia, a neuroanatomia e neuropsicologia.

A neurofisiologia é o estudo das funções do sistema nervoso. Ela utiliza


eletrodos para estimular e gravar a reação das células nervosas ou de área
maiores do cérebro. Ocasionalmente, os pesquisadores separam as conexões
nervosas para avaliar os resultados.

A neuroanatomia é o estudo da estrutura do sistema nervoso, em nível


microscópico e macroscópico. Os neuroanatomistas dissecam o cérebro, a coluna
vertebral e os nervos periféricos fora dessa estrutura.

A neuropsicologia é o estudo da relação entre as funções neurais e


psicológicas. A principal questão que a neuropsicologia procura responder é qual
área específica do cérebro controla ou media as funções psicológicas. O principal
método de estudo usado pelos neuropsicólogos é o estudo do comportamento ou
mudanças cognitivas que acompanham lesões em partes específicas do cérebro.
Estudos experimentais com indivíduos normais também são comuns.

2.1 Estrutura e funcionamento do Sistema Nervoso

Observando a estrutura do sistema nervoso, percebemos que eles têm


partes situadas dentro do cérebro e da coluna vertebral e outras distribuídas por
todo corpo. As primeiras recebem o nome coletivo de sistema nervoso central
(SNC), e as últimas de sistema nervoso periférico (SNP). É no sistema nervoso
central que está a grande maioria das células nervosas, seus prolongamentos e os
contatos que fazem entre si. No sistema nervoso periférico estão relativamente
poucas células, mas um grande número de prolongamentos chamados fibras
nervosas, agrupados em filetes alongados chamados nervos.

Classes de células no sistema nervoso e regiões morfológicas dos neurônios


típicos:

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A célula neural, ou neurônio, e as células da glia, ou neuróglia, ou
gliócitos, são os dois tipos básicos de células do sistema nervoso.

O neurônio constitui a unidade básica, estrutural e funcional, e tem a


função de receber, integrar, processar e transmitir informações.

Os neurônios possuem um corpo celular, um axônio (elemento


transmissor) e vários dendritos (elemento receptor).

A neuróglia, por sua vez, desempenha uma série de funções auxiliares


fundamentais para permitir o funcionamento normal dos neurônios.

Embora a forma neuronal apresente uma enormidade de variações, o


neurônio típico pode ser apresentado como sendo constituído por: dendritos, que
são os elementos receptores das informações (impulsos); o corpo celular, que
constitui o seu centro metabólico, onde a informação recebida pelos dendritos é
processada; e o axônio, que é o elemento que transmite essas informações
(impulsos), já processados, para os dendritos dos próximos neurônios. Há também
os botões terminais, na extremidade do axônio, por onde a transmissão é
efetuada.

Entre o terminal pré-sináptico do axônio de um neurônio e os receptores


situados nos dendritos de um neurônio pós-sináptico, existe um estreito espaço
intercelular, de aproximadamente 200Å a 300Å (Angstrons), chamado de fenda ou
fissura sináptica (Santos, 1984, p. 31).

Características dos neurotransmissores

Os neurotransmissores medeiam efeitos imediatos e curtíssimos sobre a


célula pós-sináptica e atendem aos seguintes requisitos: são sintetizados no
neurônio; estão presentes na terminação pré-sináptica, sendo liberados em
quantidades suficientes para exercer ação definida sobre o neurônio pós-sináptico
ou órgão efetor; administrado de forma exógena em concentrações adequadas,
imita a ação do transmissor endógeno liberado; e deve existir um mecanismo
específico para sua remoção do sítio de ação.

Quanto à sua função os neurônios são classificados como: aferente ou


sensitivo; eferente ou motor; e interneurônio ou neurônio de associação.
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Os aferentes transmitem as informações dos órgãos sensoriais ao sistema
nervoso central.

Os eferentes transmitem os comandos motores para os músculos,


vísceras, glândulas, etc...

Os interneurônios, localizados no interior do sistema nervoso central,


estabelecem os contactos entre os aferentes e os eferentes, e constituem mais de
90 % da população neuronal.

A formação do sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico


(SNP)

O sistema nervoso central é composto pelo encéfalo, encerrado na caixa


craniana, e pela medula espinhal, encerrada na coluna vertebral.

O encéfalo, por sua vez, compõe-se de: cérebro (telencéfalo e diencéfalo),


cerebelo e tronco encefálico ou tronco cerebral (mesencéfalo, ponte e bulbo).

O sistema nervoso periférico é constituído de: nervos periféricos (31 pares


de nervos espinhais, que partem da medula espinhal e 12 pares de nervos
cranianos, que partem do encéfalo); e corpos celulares neuronais (gânglios da raiz
dorsal e receptores periféricos).

Parte do sistema límbico desempenha papel importante no controle das


emoções com ação sobre o sistema endócrino

A amígdala medeia o prazer e as reações emocionais apetitivas,


controlando as emoções, sendo necessária para o condicionamento de um
organismo ao ambiente no qual vive, isto é: condicionamento de lugar.

Se não existir o controle das emoções por meio da amígdala, o


funcionamento do hipotálamo, que “[...] representa o centro de elaboração e de
exteriorização das emoções, sempre sob a ação inibidora do córtex cerebral”
(Santos, 1984, p. 152), passa a ser livre e exagerado, gerando fenômenos do tipo
emocional forte, como o medo, a raiva, etc.

Estruturas cerebrais envolvidas nos mecanismos de memória

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O hipocampo acompanhado dos corpos mamilares, núcleos anteriores do
tálamo, colunas anteriores dos fórnices e núcleos mediais dorsais do tálamo é o
conjunto responsável pela gravação da memória a longo prazo.

A formação hipocampal no lobo temporal, parte do sistema límbico, é


importante no mecanismo da memória, principalmente para transferir a memória a
curto prazo para memória a longo prazo. Essa afirmativa deriva de experiências
efetuadas com pessoas que foram submetidas à remoção de ambos os
hipocampos (ou de outras estruturas límbicas associadas) e que conseguem
manter a memória pré-existente sem nenhuma alteração, desenvolvendo, porém,
o fenômeno da amnésia anterógrada, ou seja, incapacidade de formar novas
memórias.

O mesmo tipo de amnésia anterógrada foi observado em pacientes que


sofreram lesões: 1) dos corpos mamilares; 2) dos núcleos anteriores do tálamo; 3)
das colunas anteriores dos fórnices; 4) dos núcleos mediais dorsais do tálamo.

Tais observações mostram que, para se consolidar a memória, todas


essas estruturas cerebrais são essenciais e que a falta de uma só delas
impossibilita tal processo (ANDERSEN, 2007).

O tálamo é o responsável pela codificação, armazenagem e acesso ao


arquivo de memória a longo prazo.

O tálamo é o órgão responsável pelo acesso consciente à memória a


longo prazo, dirigindo a atenção da pessoa para a informação arquivada,
desempenhando importante papel na codificação, armazenamento e lembrança
dessas memórias.

Tem sido proposto que lesões na área talâmica provoquem amnésia


retrógrada, ou seja, a incapacidade de lembrar memórias acumuladas nos
depósitos de memória a longo prazo, reforçando a ideia de que o tálamo seja o
principal responsável por tal acesso.

Alterações físicas ou químicas nas sinapses devem constituir o arquivo


propriamente dito.

Andersen (2007) ressalta que acredita-se que esse arquivo, que constitui a
memória a longo prazo, resulte realmente de certas alterações físicas ou químicas
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nas sinapses, principalmente devido às observações de pessoas submetidas a
anestesia geral, hipoxia, isquemia e resfriamento cerebral. Elas não perderam a
memória a longo prazo, significando que esse arquivo não depende da contínua
atividade do sistema nervoso.

Lobos cerebrais

Os lobos cerebrais são o lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo
temporal, nomes esses oriundos dos ossos cranianos nas suas proximidades e
que os recobrem.

O lobo frontal fica localizado na região da testa, o lobo accipital na região


da nuca, o lobo parietal na parte superior central da cabeça e os lobos parietais
nas regiões laterais da cabeça, por cima das orelhas.

Estrutura responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais

O corpo calosoI, localizado no fundo da fissura sagital ou inter-hemisférica,


é a estrutura responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais.

Essa estrutura, composta por fibras nervosas, seria a responsável pela


troca de informações entre os dois hemisférios cerebrais, mantendo, conforme
teorias ainda sem confirmações experimentais conhecidas, muitos arquivos de
memória em reservas duplicadas no outro hemisfério.

Dentre as funções mais importantes do lobo frontal temos:

o comando motor primário referente aos dedos, mão, braço, ombro, tronco,
laringe, língua, face, etc.;

funções cognitivas e emotivas;

programação e preparação dos movimentos e controle da

postura; controle do movimento conjugado do olhar;

processamento das informações olfatórias;

Função da área de Broca: produção do padrão de respostas motoras que


resultam na expressão verbal com sentido;
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Função da região homóloga à área de Broca: capacidade de expressão da
emoção na palavra falada.

Existe uma síndrome apresentada por pacientes que ignoram um dos


lados do seu corpo (e algumas vezes metade do mundo exterior) chamada de
negligência da metade contralateral do corpo, ou neglect. Essa síndrome
caracteriza-se pelo total abandono mental de metade de seu corpo, como se essa
metade não existisse.

É bastante comum que pacientes que estejam sofrendo dessa síndrome


deixem de barbear metade de sua face ou vistam apenas metade do corpo. Ela é
normalmente causada por algum tipo de lesão do lobo parietal esquerdo.

Divisão do sistema nervoso autônomo que controla as respostas “flight or


fight” e as respostas “rest and digest”

O sistema nervoso autônomo é constituído de duas divisões, a divisão


simpática e a divisão parassimpática.

A divisão simpática controla as respostas “fight or flight” (luta ou fuga)


enquanto que a divisão parassimpática controla as respostas “rest and digest”
(repouso e digestão).

Dentre as estruturas do sistema límbico relacionada ao medo


condicionado temos a amígdala que está envolvida diretamente na aquisição do
medo condicionado, assim como na sua expressão motora e neuroendócrina.

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Abaixo veremos algumas representações esquemáticas das estruturas
discorridas.

Ilustração esquemática dos hemisférios cerebrais ligados pelo corpo


caloso. A visão é processada pelo lobo occipital, sendo a audição, aspectos de
memória e o “eu” processados pelos lobos temporais. Os lobos parietais abrigam o
córtex sensorial e motor. O cerebelo controla os movimentos. Os lobos frontais
(área pré- frontal) estão envolvidos com antecipação, planejamento, pensamento
ético e religioso (adaptado de RESTAK, 1994).

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O sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) é composto de dois
tipos básicos de células: o neurônio (1) e a glia que dá suporte estrutural e
fisiológico, como o astrócito (4) e o oligodendrócito (6). O neurônio é composto de
corpo celular (1), núcleo (2) e dendritos (3), por onde entra a informação e o
axônio
(5) e terminais (7) de onde esta sai a informação eletroquímica (adaptado de
BRAIN BASICS, 2002).

O funcionamento do sistema nervoso

Os nervos (conjunto de neurônios) podem ser divididos em nervos que


levam informação para o SNC e nervos que levam informação do SNC. Os
primeiros são chamados fibras aferentes e os últimos de fibras eferentes. As fibras
aferentes enviam sinais dos receptores (células que respondem ao estímulo
sensorial nos olhos, ouvidos, pele, nariz, músculos, articulações) para o SNC. As

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fibras eferentes enviam sinais do SNC para os músculos e as glândulas.
Os neurônios são formados por três partes: a soma, os axônios e os
dendritos. A parte central, corpo celular ou soma, contém o núcleo celular. Pode-
se observar que a soma possui grande número de prolongamentos, ramificando-se
múltiplas vezes como pequenos arbustos, são os dendritos. É através dos
dendritos que cada neurônio recebe as informações provenientes dos demais
neurônios a que se associa. O grande número de neurônios é útil a célula nervosa,
pois permite multiplicar a área disponível para receber as informações aferentes.
Saindo da soma também, existe um filamento mais longo e fino, ramificando-se
pouco no trajeto e muito na sua porção terminal, é o axônio. Cada neurônio tem
um único axônio, e é por ele que saem as informações eferentes dirigidas às
outras células de um circuito neural.

A região de contato entre um terminal de fibra nervosa e um dendrito ou o


corpo (mais raramente um outro axônio) de uma segunda célula, chama-se
sinapse, e constitui uma região especializada fundamental para o processamento
da informação pelo sistema nervoso. Na sinapse, nem sempre, os sinais elétricos
passam sem alteração, podem ser bloqueados parcial ou completamente, ou
então multiplicados. Logo, não ocorre apenas uma transmissão da informação,
mas uma transformação durante a passagem.

A transmissão sináptica pode ser química ou elétrica. Na sinapse elétrica,


as correntes iônicas passam diretamente pelas junções comunicantes (região de
aproximação entre duas células) para as outras células. A transmissão é
ultrarrápida, já que o sinal passa praticamente inalterado de uma célula para outra.
Na sinapse química, a transmissão do sinal através da fenda sináptica (região de
aproximação entre duas células, bem maior que as junções comunicantes) é feita
através de neurotransmissores. A sinapse química pode ser exitatória, quando
ocorre um aumento no estímulo recebido pelo neurônio pós-sináptico, ou inibitória,
quando ocorre uma diminuição do estímulo no neurônio pós-sináptico. São essas
transformações ocorridas durante a sinapse que garantem ao sistema nervoso a
sua enorme diversidade e capacidade de processamento de informação.

Uma das melhores maneiras de perceber a influência dos


neurotransmissores na cognição é observando a quantidade de drogas cujo efeito

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provém da modificação da atividade dos neurotransmissores, como a nicotina.

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Plasticidade

Plasticidade é a capacidade do sistema nervoso alterar o funcionamento


do sistema motor e perceptivo baseado em mudanças no ambiente.

Estudos comprovam a hipótese sobre o desenvolvimento neural e a


aprendizagem na qual funções particulares de processamento de informação são
controladas por grupos especiais de neurônios, mas quando uma dessas funções
fica inutilizada, os neurônios associados a ela passam a controlar outra função.
Por exemplo, se os neurônios que normalmente recebiam estímulos do olho
esquerdo pararem de receber esse estímulo, eles se tornariam responsáveis pelos
estímulos do olho direito. O inverso também é verdadeiro, quando as funções
neurais são limitadas, os neurônios podem passar a controlar novas funções.

No entanto, nem sempre esse processo ocorre. A plasticidade é mais


comum em crianças.

Memória de curto e longo prazo

Um dos conceitos mais importantes dessa área é a distinção entre


memória de curto e longo prazo. Uma razão para acreditar nessa distinção é que,
algumas vezes depois de um severo golpe na cabeça, uma pessoa pode ser
incapaz de lembrar eventos que aconteceram antes do golpe (amnésia
retrógrada), mas continuaria lembrando dos eventos que ocorreram bem antes. A
fragilidade das memórias recentes sugere que elas estavam num estado fisiológico
diferente das memórias mais antigas.

Uma outra razão para essa distinção é que nós somos capazes de lembrar
um pequeno número de itens que nós acabamos de guardar na memória, mas
podemos lembrar uma grande quantidade de informação de um passado distante.
Esses fatos sugerem que a memória de curto prazo e a memória de longo prazo
podem ter propriedades físicas distintas.

Memória de Curto Prazo (MCP): Capaz de armazenar informações por


períodos de tempo um pouco mais longos, mas também de capacidade
relativamente limitada.

Memória de Longo Prazo (MLP): Capaz de estocar informações durante


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períodos de tempo muito longos, talvez até indefinidamente.

Apesar do nosso cérebro ser dividido em dois hemisférios não existe


relação de dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto,
utilizando-se dos milhões de fibras nervosas que constituem as comissuras
cerebrais e se encarregam de pô-los em constante interação. O conceito de
especialização hemisférica se confunde com o de lateralidade (algumas funções
são representadas em apenas um dos lados, outras nos dois) e de assimetria (um
hemisfério não é igual ao outro).

Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de


95% dos seres humanos, mais isso não quer dizer que o direito não trabalhe, ao
contrário, é a prosódia do hemisfério direito que confere à fala nuances afetivas
essenciais para a comunicação interpessoal.

O hemisfério esquerdo é também responsável pela realização mental de


cálculos matemáticos, pelo comando da escrita e pela compreensão dela através
da leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e no
reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de aspectos gerais. O
hemisfério esquerdo participa também do reconhecimento de faces, mas sua
especialidade é descobrir precisamente quem é o dono de cada face.

Da mesma forma, o hemisfério direito é especialmente capaz de identificar


categorias gerais de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as
categorias específicas. O hemisfério direito é melhor na detecção de relações
espaciais, particularmente as relações métricas, quantificáveis, aquelas que são
úteis para o nosso deslocamento no mundo. O hemisfério esquerdo não deixa de
participar dessa função, mas é melhor no reconhecimento de relações espaciais
categoriais qualitativas. Finalmente, o hemisfério esquerdo produz movimentos
mais precisos da mão e da perna direitas do que o hemisfério direito é capaz de
fazer com a mão e a perna esquerda (na maioria das pessoas).

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Fonte: Lent (2002)

E onde entra a aprendizagem?

A aprendizagem é definida por Santos (1999, p. 85) como o processo


neural pelo qual a experiência modifica o comportamento centralmente regulado.

Ele pode ser do tipo associativo ou do tipo não associativo, ou seja, pode
ter relação direta com os estímulos, como nos condicionamentos clássicos e
condicionamentos operantes, para o aprendizado associativo; ou não depender
dessa relação entre estímulos e respostas, como na habituação e na sensitização,
para os aprendizados não associativos.

Ou, conforme a classificação apresentada em Krech (1978, p. 50): “[...] os


tipos de aprendizagem podem ser agrupados em três categorias de complexidade

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crescente:

1) aprendizagem de resposta condicionada;

2) memorização;

3) aprendizagem por ensaio-e-erro”.

Implicações dos estudos do sistema nervoso nas Ciências Cognitivas

Existem redundâncias consideráveis no sistema nervoso. A existência de


processamento paralelo é amplamente aceita na neurociência e acredita-se que
ele seja necessário devido a rapidez e complexidade do processamento da
informação no cérebro das criaturas vivas. O poder da computação paralela pode
ser observado nos modernos computadores seriais que demoram muito mais que
o cérebro humano para processar informações visuais. Nos últimos anos,
reconheceu-se que computadores com processamento paralelo são necessários
para acelerar o processamento de imagens, aproximando-o da velocidade do
cérebro humano.

Esse é um dos caminhos pelo qual a neurociência pode ajudar as ciências


cognitivas. A psicologia cognitiva tem se esforçado para modelar as atividades
intelectuais com elementos que interajam numa maneira neurologicamente
plausível. Esses modelos estão ajudando a mostrar como a cognição pode ser
estruturada através dos princípios básicos de operação da mente (LENT, 2002).

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3. FREUD E O CÉREBRO – INTEGRAÇÃO ENTRE PSICANÁLISE E
NEUROFISIOLOGIA

Sempre existiram, no meio psicanalítico, aqueles que se interessaram em


buscar fazer correlações entre a neurociência e os conhecimentos adquiridos na
investigação psicanalítica. Com isso, puderam ser mostradas as contribuições que
a psicanálise poderia dar para um enriquecimento mútuo nas investigações
neuropsicológicas e traduzir em termos psicanalíticos as conquistas
neurocientíficas (SOUSSUMI, 2001).

O desenvolvimento da neurociência começa a tornar realidade o vaticínio


de Freud de que no futuro as hipóteses psicanalíticas seriam explicadas pela
biologia (ANDRADE, 2003).

As aquisições recentes da neurobiologia indicam que a neuroplasticidade


pode ser um dos caminhos para a reconciliação entre a psicanálise e a
neurociência. Dentre os achados neurocientíficos no âmbito do psiquismo,
destaca-se a ação da relação afetiva sobre circuitos neurais de bebês, os quais
podem sofrer atrofia cerebral se cuidados inadequadamente. Também há
evidências de que métodos psicológicos podem promover modificações no
cérebro. Este ponto é de especial interesse para a psicanálise, cujo método se
baseia numa relação afetiva (transferência) (ANDRADE, 2003).

Recentes avanços no estudo interdisciplinar da emoção também indicam


possibilidades de uma aproximação bem-sucedida entre a psicanálise e a
neurociência. O conhecimento atual dos mecanismos psicobiológicos, por meio
dos quais, por exemplo, o hemisfério direito processa informações sociais e
emocionais em níveis subconscientes e mediante os quais o córtex orbitofrontal
regula o afeto e a motivação, permite uma compreensão mais profunda da
“Estrutura Psíquica” formulada por Freud (SCHORE, 1997 apud LIMA, 2009).

A descrição tradicional de inconsciência como concebida por Freud é de


significância histórica e não somente ganhou ampla aceitação, mas também atraiu
muito criticismo. Entretanto, hoje se sabe que o modo fundamental de
processamento das funções cerebrais é de ordem inconsciente. Partes do

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processamento simbólico-declarativo e do processamento de funções emocionais
do cérebro são permanentemente inconscientes. Outras partes desses processos
são conscientes ou podem ser trazidas à consciência ou, alternativamente, podem
ser excluídas da consciência. Ressaltando o papel essencial dos processos
psíquicos inconscientes, Winograd et al (2005) citam como exemplo a verificação
de que o comportamento de pacientes incapazes de se lembrar de acontecimentos
passados, por causa de lesões em estruturas cerebrais responsáveis pelo
armazenamento de memória, é claramente influenciado pelos fatos “esquecidos”.
Esses dados corroboram a teoria de Freud, segundo a qual o inconsciente domina
a maior parte dos processos psicofisiológicos.

Segundo estudos de Lima (2010) a neurociência também demonstrou que


as estruturas do cérebro essenciais para a formação de memórias conscientes não
são funcionais durante os dois primeiros anos de vida, explicando o que Freud
identificou como “amnésia infantil”. Assim como Freud hipotetizou, não poder
trazer à luz da consciência a maior parte de nossas memórias de infância não
significa que elas não tenham se inscrito em nós nem que não afetem nossos
sentimentos, pensamentos e comportamentos atuais. As experiências da primeira
infância, sobretudo entre mãe e bebê, influenciam o padrão das conexões
cerebrais e, correlativamente, o padrão de nossos comportamentos e
pensamentos.

A vasta contribuição de Freud relativamente à função dos sonhos foi em


grande parte ignorada pela ciência, pela falta de um método quantitativo e de
hipóteses testáveis. Felizmente, os avanços da neurociência convergiram nos
últimos anos para dois importantes insights psicanalíticos. O primeiro consiste na
observação concreta de que os sonhos, frequentemente, contêm elementos da
experiência do dia anterior, denominados de “restos do dia”. O segundo é o
reconhecimento de que estes “restos” incluem atividades mnemônicas e cognitivas
da vigília, persistindo nos sonhos na medida de sua importância para o sonhador.
Assim, ainda que de maneira difusa, a psicanálise prevê que a consolidação de
memórias e o aprendizado sejam importantes funções oníricas (SIDARTA, 2003).

Segundo Freud, os sonhos constituem “uma realização (disfarçada) de um


desejo (reprimido)”. A hipótese de que o sistema dopaminérgico mesolímbico-

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mesocortical, relacionado aos estados motivacionais, é essencial para a formação
dos sonhos também oferece algum respaldo à teoria freudiana. Assim, as
emoções parecem exercer um papel fundamental na formação dos sonhos
(CHENIAUX, 2006).
Estudos experimentais recentes trazem à tona duas grandes contribuições
de Freud aos conhecimentos atuais sobre a supressão e/ou inibição de memórias.
Ambos os processos, largamente estudados por ele, a repressão e a extinção, já
têm boa parte de seus mecanismos conhecidos. Essa inibição ou supressão é
inerente à nossa natureza. Por um lado, precisamos impedir o acesso à
consciência de muitas memórias, porque sua evocação seria prejudicial ou
insuportável. Por outro, precisamos fazê-lo porque devemos recordar ou aprender
outras memórias (IZQUIERDO, 2006).

Em seu estudo, Izquierdo cita achados interessantes de outros


pesquisadores (Anderson ET al, 2004): no momento em que o cérebro exclui da
consciência a expressão de memórias indesejadas, ocorrem: a) inibição da
evocação dessas memórias (repressão); b) ativação do córtex pré-frontal
anterolateral (envolvido na memória de trabalho); c) inibição da atividade do
hipocampo. O hipocampo é o “diretor” da “orquestra” de áreas corticais envolvidas
na evocação de memórias.

O estudo desses cientistas pretendeu explicar casos de bloqueio de


memória especialmente nas situações de abusos sexuais sofridos por crianças
que não se lembram dos abusos quando se tornam adultas. Sua existência foi
percebida por meio da utilização de imagens cerebrais que mostravam os
sistemas neurológicos participantes do bloqueio da evocação de memórias
indesejáveis. Esses dados corroboram a hipótese de Freud sobre o processo de
“recalque”.

Analisando todos esses dados, Lima (2010) considera que as visões


psicanalítica e neurocientífica podem ser complementares e mutuamente
enriquecedoras. Tomados em conjunto, esses achados indicam não só a
viabilidade, mas a necessidade de reavaliar o legado psicanalítico de Freud, com
uma diferente abordagem.

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4. NEUROCIËNCIA E NEUROEDUCAÇÃO

Segundo Ventura (2010) a neurociência está em grande expansão, e foi


eleita com destaque pelo Governo dos EUA como prioritária na década de 1990,
que ficou conhecida como a „Década do Cérebro‟ (Library of Congress, 2010).
Muitos também consideram o século XXI o século do cérebro, no qual as grandes
conquistas da humanidade estarão dirigidas para a compreensão das funções
neurais humanas.

A neurociência estuda também as doenças do sistema nervoso e seus


reflexos em todas as funções do indivíduo, procurando métodos de diagnóstico,
prevenção e tratamento, além da descoberta das causas e mecanismos. Desde
uma dor de cabeça até a doença de Alzheimer, o custo social e econômico dessas
afecções é imenso, e é também muito grande a parcela da economia dedicada ao
desenvolvimento e à produção e comercialização de fármacos e de equipamentos
de diagnóstico. O aprofundamento da pesquisa traz o reconhecimento de novas
doenças, permitindo seu estudo e tratamento. São muitos os exemplos de novas
descobertas. No século XIX, Freud descreveu a paralisia cerebral, tendo usado
esse nome para distinguí-la da paralisia infantil. Nas últimas décadas foi
reconhecida a síndrome do pânico e há menos de 10 anos, a morte súbita, as
graves consequências de distúrbios do sono e os príons e seu possível
envolvimento em patologias neurológicas e mentais. É surpreendente pensar que
as doenças do sono, que sempre afligiram a humanidade, só tiveram
reconhecimento muito recentemente.

A pesquisa em neurociência visa, dentre seus objetivos, esclarecer os


mecanismos das doenças neurológicas e mentais por meio do estudo do sistema
nervoso normal e patológico.

As funções do sistema nervoso podem ser alteradas por eventos


ambientais como trauma, agentes infecciosos ou tóxicos; por tumores, mutações
gênicas e defeitos congênitos; por eventos vasculares e deficiências nutricionais, e
por muitos outros fatores. Muitas doenças do sistema nervoso são totalmente
incapacitantes, outras provocam prejuízos de diferentes níveis de gravidade.
Infelizmente, segundo Ventura (2010) não temos acesso a dados de prevalência
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brasileiros. Para exemplificar alguns números mais relevantes são citadas a seguir
informações dos EUA.

Dados do National Institute of Health - NIH (2002) mostram que, na


população dos EUA, dentre as doenças neurológicas que em geral se instalam na
infância:

(1) a epilepsia afeta cerca de 2,5 milhões de norte-americanos;

(2) a paralisia cerebral ocorre em 750.000 nascimentos;

(3) o autismo atinge 400.000 crianças; e,

(4) os tumores cerebrais são a segunda causa de morte por câncer em crianças
até 15 anos.

Dentre as doenças que afetam adultos, causando anos de invalidez, perda


de vida e impacto econômico, os dados do NIH indicam que:

(1) acima dos 60 anos, a demência do tipo Alzheimer, o acidente vascular


encefálico e a doença de Parkinson são frequentes;

(2) os acidentes vasculares encefálicos (cerebrais) são a terceira entre todas as


causas de morte e uma causa importante de invalidez (mais de 700.000
americanos são afetados);

(3) o trauma cerebral e as lesões medulares ocorrem principalmente antes dos 30


anos, sendo o trauma cerebral responsável por mais de 5,3 milhões de
comprometimentos e mais de 50.000 óbitos;

(4) a esclerose múltipla começa por volta dos 30 anos de idade. Finalmente, a dor
é a principal queixa para a procura de atendimento médico em geral. A prevalência
de dor crônica é alta e suas causas difíceis de tratar.

A neurociência contribui também para o esclarecimento das doenças


mentais. O National Institute of Mental Health - NIMH (2002) define doenças
mentais como aquelas em que há alteração no pensamento, humor ou
comportamento (isoladamente ou combinados), acarretando sofrimento e/ou
prejuízo funcional. Dados daquela agência mostram que durante um período de
um ano, 22% da população americana adulta (44 milhões de pessoas) têm
alguma doença mental diagnosticável por critérios confiáveis; dentre essas
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pessoas, 3% associam o abuso de drogas à doença mental.

A neurociência no Brasil está representada principalmente pela Sociedade


Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), que congrega a pesquisa
básica da área. A produção neurocientífica está também presente nas Sociedades
Brasileiras de Psicologia, de Farmacologia, de Fisiologia, de Bioquímica, e na
Brazilian Research Association on Vision and Ophthalmology. Na área clínica, a
neurociência brasileira é apresentada nas Sociedades Brasileiras de Neurologia,
de Psiquiatria e de Neuropsicologia (VENTURA, 2010).

A SBNeC, originalmente Sociedade Brasileira de Psicobiologia, tem 34


anos de existência. Foi fundada por Elisaldo Carlini, que reuniu um grupo de
psicólogos, psicofarmacólogos, neurofisiologistas, psiquiatras e outros
especialistas. A ata de fundação gerada nessa reunião histórica mostra a
argumentação desses pesquisadores na época, muito interessados em promover
a integração entre psicologia e neurociência. Esse grupo decidiu pela fundação da
nova sociedade a partir da Sociedade Latinoamericana de Psicobiologia, cujo
sucesso tinha sido comprometido pelas dificuldades políticas dos países da região
na década de 1970. O nome Sociedade Brasileira de Psicobiologia perdurou até
os anos 1990, quando, para evitar a criação de uma segunda sociedade na
mesma área, dedicada à neuroquímica, decidiu-se mudar o nome da entidade
para Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento.

A manutenção da palavra comportamento como parte do nome tem


grande relevância para a área de Psicologia, pois constitui a forma de integrar os
psicólogos experimentais na sociedade, valorizando o enfoque no estudo do
comportamento.

Essa ênfase espelha a motivação original do grupo fundador de integrar


psicólogos, estudiosos do comportamento, com os demais ramos da fisiologia,
farmacologia, morfologia, e outras áreas de estudo do sistema nervoso
(VENTURA, 2010).

Tokuhama-Espinosa (2008 apud ZARO ET AL, 2010) localiza o início das


preocupações da Neuroeducação nos anos 1970, com duas referências principais:
Show e Stewart (1972) e Gardner (1974), sendo este último autor bastante
conhecido no Brasil, através de sua teoria das inteligências múltiplas.
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Ambos os autores, diz, já naquele momento estabeleceram diversos
princípios-chave em neuroeducação, incluindo a compreensão de que não existem
dois cérebros idênticos, devido tanto à natureza (questões congênitas) quanto à
criação (experiência). Em 2007, Howard Gardner apontou diretamente para a falta
de um elo, visivelmente necessário, entre a neurologia, a psicologia e a educação,
para formar o que seriam “neuro-educadores” (ZARO, 2010)

Do ponto de vista psicológico, o objetivo principal da Neuroeducação seria


explicar os comportamentos da aprendizagem, ressaltando que os neurologistas
se ocupam disto através do cérebro, enquanto os psicólogos se debruçam sobre a
mente, o que, certamente, para qualquer um que se mantenha em uma razoável
distância crítica do tema, aponta para questões complementares e não
antagônicas.

Uma destas questões seria, por exemplo, buscar explicações sobre o


papel das emoções no aprendizado, nos processos de tomada de decisão e nas
várias possibilidades de motivação dos alunos para o aprendizado. Já para os
educadores, estas informações seriam usadas para melhorar suas práticas em
sala de aula. Poderiam, por exemplo, aproveitar o conhecimento já consolidado
sobre as mudanças neuronais que ocorrem no cérebro, durante o aprendizado
(área de pesquisa das Neurociências), e as técnicas e métodos de observação e
documentação dos comportamentos observáveis (área de pesquisa da Psicologia),
para fundamentar de forma consistente e verificável a eficiência de tais práticas
(ZARO ET AL, 2010).

Possivelmente, cabe às três categorias de profissionais – e a outras


categorias hoje integradas às equipes educacionais como, por exemplo, os
produtores de mídias, os designers, os cientistas da informação e os produtores de
tecnologias educacionais – identificar as possibilidades de pesquisa e,
principalmente, os padrões e metodologias de pesquisa que poderiam dar conta
desta integração.

Hardiman e Denckla (2009 apud ZARO, 2010) definem a Neuroeducação


como um novo campo do conhecimento que integra “neurocientistas que estudam
a aprendizagem e educadores que pretendem fazer uso de pesquisas desta
natureza”. Comentam que, embora esta integração pareça óbvia, nem sempre foi

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ou será fácil e direta, uma vez que os campos profissionais estruturam linguagens
e abordagens diferenciadas, definindo seus respectivos métodos de produção e
validação do conhecimento. Talvez por isso recomendam que ambos os grupos se
dediquem à busca de um método comum para traduzir resultados da pesquisa
científica, através de um caminho cujo sentido inicia nos laboratórios dos
neurocientistas cognitivos e segue para o planejamento de estratégias
pedagógicas aplicáveis.

Sugere-se que o mesmo caminho continue em direção à produção e ao


uso de tecnologias educacionais, como vídeos, multimídia, games e outros
produtos educacionais, refletindo sobre a possibilidade de desenvolver e aplicar
estes recursos de forma a que possam, comprovadamente, dar suporte a alguma
das variáveis dinâmicas que compõem a cognição humana, identificando essas
variáveis observáveis e seus processos de inter-relação.

Tokuhama-Espinosa (2008 apud ZARO, 2010) também concorda que os


pesquisadores que quiserem integrar-se à área multidisciplinar da Neuroeducação
precisam realizar um exercício de flexibilidade das suas próprias formas de
pensar, agir e definir prioridades, uma vez que, como todas as áreas de interface
de vários tipos de conhecimento, é preciso perceber as abordagens e integrá-las
de forma equilibrada, sem que uma se imponha sobre as demais. Daí a
importância de seu trabalho, que tratou de delimitar o que seriam alguns dos
temas comuns às áreas, como conhecimento já estruturado ou como instrumento
ou metodologia de pesquisa. A seguir, resumem-se alguns desses temas, tratados
pela pesquisadora como tópicos básicos ou princípios.

Entre os tópicos citados por Tokuhama-Espinosa (2008 apud ZARO,


2010), a partir de sua pesquisa na bibliografia já existente, que delimitam
possíveis abordagens para pesquisa em Neuroeducação, estão as várias técnicas
de captação de informações neuronais, por sinais elétricos ou imageamento
cerebral como instrumento de observação de aprendizagem, a neurogênese e
plasticidade; as teorias da consciência e da inteligência, a neuroética; as
diferenças de aprendizado; e as relações corpo-mente (sono e exercícios físicos,
entre outros itens a esse respeito).

Enumera ainda o que seriam 14 princípios básicos, a serem usados como

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fio condutor da Neuroeducação, em torno dos quais se articulariam premissas das
três áreas estruturadoras (neurociências, psicologia e educação, segundo a
autora), não necessariamente em ordem hierárquica de relevância:

a) estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que


quando não têm motivação;

b) stress impacta aprendizado;

c) ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado;

d) estados depressivos podem impedir aprendizado;

e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro


como ameaçador ou não ameaçador;

f) as faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e.,


intenções boas ou más);

g) feedback é importante para o aprendizado;

h) emoções têm papel-chave no aprendizado;

i) movimento pode potencializar o aprendizado;

j) humor pode potencializar as oportunidades de aprendizado;

k) nutrição impacta o aprendizado;

l) sono impacta consolidação de memória;

m) estilos de aprendizado (preferências cognitivas) são devidas à


estrutura única do cérebro de cada indivíduo;

n) diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas


diferentes inteligências dos alunos.” (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008 apud ZARO
ET AL, 2010).

Além desses princípios, que seriam relativos a cada aprendiz,


individualmente, diz a pesquisadora, outros dizem respeito a qualquer um deles,
podendo ser seguido em qualquer prática instrucional. São eles:

a) cada cérebro é único e unicamente organizado;

b) cérebros são especializados e não são igualmente bons em tudo;

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c) o cérebro é um sistema complexo, dinâmico e em modificação diária,
pelas experiências;

d) cérebros são considerados „plásticos‟ e continuam a se desenvolver ao


longo de suas vidas;

e) aprendizado é baseado em parte na habilidade do cérebro de se auto-


corrigir e aprender pela experiência, através da análise de dados e auto-reflexão;

f) a busca por sentido é inata na natureza humana;

g) a busca por sentido ocorre através de „padronizações‟;

h) aprendizado é baseado em parte na habilidade do cérebro de detectar


padrões e fazer aproximações para aprender;

i) emoções são críticas para detectar padrões;

j) aprendizado é baseado em parte na capacidade do cérebro para criar;

k) aprendizado é potencializado pelo desafio e inibido pela ameaça;

l) o cérebro processa partes e todo simultaneamente (é um processador


paralelo);

m) cérebros são projetados para flutuações mais do que atenção constante;

n) aprendizado envolve tanto atenção focada quanto percepção periférica;

o) o cérebro é social e cresce na interação (tanto quanto na reflexão


pessoal);

p) aprendizado sempre envolve processos conscientes e inconscientes;

q) aprendizado é desenvolvimental;

r) aprendizado recruta a fisiologia completa (o corpo impacta o cérebro e o


cérebro controla o corpo);

s) diferentes sistemas de memória (curto prazo, de trabalho, longo prazo,


emocional, espacial, de hábito) aprendem de formas diferentes;

t) informação nova é arquivada em várias áreas do cérebro e pode ser


evocada através de diferentes rotas de acesso;

u) o cérebro recorda melhor quando os fatos e habilidades são integrados

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em contextos naturais; e,

v) Memória + Atenção = Aprendizado (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008


apud
ZARO ET AL, 2010).

Entre os achados finais da pesquisa de Tokuhama-Espinosa, estão alguns


que justificam a relevância e urgência da consolidação da nova área de pesquisa,
apontando para a necessidade do diálogo entre a ciência e sua aplicação, de
maneira justificada e fundamentada em evidências observáveis:

“[...] enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar vários


aspectos da neurociência (como animais, incluindo humanos, aprendem), apenas
uns poucos estudos neurocientíficos tentaram explicar como os humanos
deveriam ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas de
dissertações devotadas ao „ensino baseado no cérebro‟, ou „métodos
neurocientíficos de aprendizado‟, nos últimos cinco anos, a maioria documentou a
aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las.” (TOKUHAMA-ESPINOSA,
2008, p. 117 apud ZARO ET al, 2010).

Compreendendo um quadro de múltiplas necessidades, que estruturam a


realidade da ecologia educacional contemporânea, sugere-se, então, que a área
de pesquisa da Neuroeducação, não se limite a integrar o conhecimento de
pedagogos, neurocientistas e psicólogos, mas de todas as demais áreas que
constituem as chamadas Ciências Cognitivas, bem como com as áreas de
conhecimento da Comunicação e das Ciências da Informação, todas elas
imbricadas na ecologia tecnológico-cognitivo-informacional-comunicacional de
Internet, sala de aula, entretenimento e interação, aprendizado e aplicação,
produção e recepção, entre tantas outras características tanto opostas como
complementares que caracterizam a educação no Século XXI. Assim como não
há retorno possível do ser humano ao mundo do telégrafo sem fio, também não é
plausível supor que os processos de ensino-aprendizagem voltem a depender
apenas de uma boa teoria, ou de um bom quadro-negro, mesmo que estejam
integrados a um bom fundamento neurocientífico.

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ANEXOS

LINHA DO TEMPO EM
NEUROCIÊNCIA

Numa breve linha do tempo temos que:

130.000 a.C. – Surge o Homo sapiens neanderthalensis

30.000/35.000 a.C. – surgimento do Homo sapiens

sapiens

7.000a 20.000 a.C. – são descobertos os crânios trepanados (ritual?curas?)

1.700 a.C. - Egito – papiro Edwin Smith descrição clínica de 48 casos clínicos,
aparece o termo encéfalo, meninges, liqüor e medula

Pitágoras (580-510 a.C.) - encéfalo mente – coração alma e sensações

Hipócrates (460-370 a.C.) - epilepsia distúrbio do encéfalo – sede da inteligência e


sensações (tese cefalocentrista)

Platão (427-347 a.C.) – problema corpo e alma - encéfalo (1) sede do


processo mental (2) a alma tríplice: coração (alma afetiva), o cérebro (alma
intelectual), e o ventre (concupiscência - apetite sexual)

Aristóteles (384-322 a.C.) - (1) coração - centro das sensações, das paixões e da
inteligência (tese cardiocentrista), (2) encéfalo (função refrigerar o corpo e a alma)

Cláudio Galeno, (129-200 a.C.) – médico de gladiadores - encéfalo formado de


duas partes: uma anterior, o (1) cerebrum (sensações e repositório da memória)
(2) cerebellum (controle dos músculos) (2) nervos eram condutos - levavam os
líquidos vitais ou humores. 4 líquidos essenciais (sangue, fleuma, bile amarela e
bile negra) que, quando em equilíbrio e harmonia(eucrasia) asseguravam a saúde
do indivíduo, enquanto a doença era devida ao seu desequilíbrio e
desarmonia(discrasia). Tese dos 4 humores: indivíduo otimista, falante,
irresponsável (tipo sanguíneo); calmo, sereno, lento, impassível (tipo fleumático);
explosivo, ambicioso (tipo colérico); introspectivo, pessimista (tipo melancólico).

Período Medieval – corpo era desprezível e a alma mais importante

Leonardo da Vinci (1452-1519) e Andreas Vesalius (1514-1564) – anatomia


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através de desenhos e a obra De humani corporis fabrica libri septem

René Descartes (1596-1650) - “je pense, donc je suis” definiu a alma como
substância consciente ou pensamento. A alma era diferente do corpo por possuir
uma natureza indivisível enquanto o corpo era sempre divisível reestabeleceu a
ontologia dualista de que alma e corpo eram constituídos por diferentes
substâncias. Definiu a localização da alma na glândula pineal.

Sigmund Freud (1895) - estudos funcionais do inconsciente. Entende que os


processos físicos não poderiam ocorrer na ausência dos processos fisiológicos,
mas que os físicos precediam ao fisiológico.

Thorndike, Watson e Skinner (....) associacionismo, funcionalismo, behaviorismo


comportamentalismo - estudos do comportamento Gestalt (...) a relação funcional
entre neurônios decorre da ativação conjunta de uma estrutura difusa de células
no córtex, constituindo um sistema fechado, capaz de manter-se integrado por um
breve tempo.

Franz Joseph Gall (1758-1828) Pai da Frenologia. Localização cerebral das


funções cerebrais. Estudou a relação entre afasia e cérebro tornando-se assim um
importante precursor da neuropsicologia. acreditava que o cérebro era na verdade
um conjunto de órgãos separados, cada um dos quais controlava uma “faculdade”
(aptidão) inata separada.

Pierre Paul Broca (1824-1880) Suas ideias são baseadas em avaliações clínicas
e estudos anatômicos no estudo de dois pacientes e suas posteriores autópsias.
Mostrou a relação entre lobo frontal esquerdo e a linguagem. Suas conclusões são
consideradas, atualmente o marco inicial da neuropsicologia (afasia motora).

Carl Wernicke (1848-1905) descrevia a relação causal entre a lesão no primeiro


giro temporal esquerdo e uma das formas clínicas da afasia, a afasia sensorial
(afasia sensorial) e postulou sobre a afasia de condução.

John M. Harlow (1848-1849) Relata o caso de Phineas Gage, um paciente com


alterações comportamentais decorrentes de lesão frontal.

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Lev S. Vygotsky (1896-1934) procurou uma alternativa às posições
localizacionistas e globalistas Vygotsky considerou as funções corticais superiores
em três princípios centrais: a) relacionamentos interfuncionais, plásticos e
modificáveis; b) sistemas funcionais dinâmicos como resultantes da integração de
funções elementares; e, c) a reflexão da realidade sobre a mente humana.

Alexander Romanovich Luria (1902-1977) concebia uma ciência que mantinha, ao


mesmo tempo, consonância com a fisiologia e a neurologia, sem depender
integralmente destas (Cole,1992) e, mais importante, sem nunca perder de vista a
perspectiva humanista na compreensão e entendimento das condições clínicas
estudadas (Luria, 1992). Outra grande contribuição de Luria refere-se às
inovações metodológicas propostas no exame clínico: técnicas aparentemente
simples, mas orientadas pela sua visão das funções corticais superiores, ou seja,
Luria propõe um modelo teórico que dirige o trabalho neuropsicológico. “desde
uma perspectiva da localização sistemática das funções, consideramos os
processos corticais superiores como sistemas funcionais complexos
dinamicamente localizados”.

Camillo Golgi (1843/4-1926) e do histologista espanhol Santiago Ramón y Cajal


(1852-1934) descreveram a estrutura das células nervosas.

Wilder Penfiled (1940) usando métodos de estimulação elétrica estudou e mapeou


as funções motoras, sensoriais e da linguagem no córtex humano de pacientes
submetidos à neurocirurgia.

Charles Scott Sherrington (1857-1952) propôs os termos “sinapse”, definido como


o local de contato entre dois neurônios, e “transmissão sináptica”, definida como a
passagem de informações por meio da sinapse.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSEN, Roberto. Neurologia. (2007).


http://www.iupe.org.br/ass/psicanalise/psi-neurologia.htm Acesso em: 12 jun. 2011.

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clínica da psicanálise na perspectiva da interface com a neurociência. Rev Bras
Psicanál. 2003;37(4):1051-65.

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