O documento discute o processo de criação artística individual e coletiva. Apresenta elementos como percepção, memória, imaginação e expressão como parte do processo de criação. Também analisa como registros históricos de obras artísticas funcionam como "documentos de processo", influenciando o desenvolvimento da arte e cultura ao longo do tempo de forma coletiva, assim como tendências e acaso influenciam tanto processos individuais quanto coletivos de criação.
O documento discute o processo de criação artística individual e coletiva. Apresenta elementos como percepção, memória, imaginação e expressão como parte do processo de criação. Também analisa como registros históricos de obras artísticas funcionam como "documentos de processo", influenciando o desenvolvimento da arte e cultura ao longo do tempo de forma coletiva, assim como tendências e acaso influenciam tanto processos individuais quanto coletivos de criação.
O documento discute o processo de criação artística individual e coletiva. Apresenta elementos como percepção, memória, imaginação e expressão como parte do processo de criação. Também analisa como registros históricos de obras artísticas funcionam como "documentos de processo", influenciando o desenvolvimento da arte e cultura ao longo do tempo de forma coletiva, assim como tendências e acaso influenciam tanto processos individuais quanto coletivos de criação.
AND CULTURE CONSTITUTION Ariane Daniela Cole Doutora em Design e Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo e professora pesquisadora do Centro de Comu- nicao e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail: acole@uol.com.br RESUMO Este artigo tem como objetivo presentar os elementos que compem o processo de criao artstica pela tica da crtica gentica e propor uma reflexo acerca da construo da cultura e das cidades como processo de criao coletivo. Palavras-chave: Arte; Percepo; Expresso; Cidade; Cultura. ABSTRACT Discuss the elements that compose the process of artistic creation presented in genetic criticism and proposing reflections about the culture construction and cities as collective creations are the principal subject of this article. Keywords: Art; Perception; Expression; City; Culture. 1. INTRODUO
P or meio da histria da arte, da fenomenologia e do estudo do proces- so de criao, pudemos observar estreitas relaes entre a produo artstica e o seu contexto, que se realiza pelas funes de percepo, memria, imaginao, criao e expresso. O desenvolvimento das cidades, ou o contexto urbano, foi considerado, assim, no bojo desta investigao, O PROCESSO DE CRIAO ARTSTICA E A CONSTITUIO DA CULTURA O processo de criao artstica e a constituio da cultura Ariane Daniela Cole 93 parte integrante do processo de criao no desenvolvimento da prpria his- tria da arte, tanto em um plano individual como coletivo. Observando os processos de percepo na direo de realizar uma apro- ximao com o processo de criao, constatamos quanto a percepo elemento inaugural do processo de criao e quanto est diretamente ligada aos processos da memria e da imaginao. Por meio da crtica gentica, tecemos analogias entre os processos de criao individual e coletivo, e, assim, pudemos observar semelhanas entre eles. 2. PROCESSO DE CRIAO Para realizarmos essa aproximao e traarmos relaes entre os proces- sos de criao individual e coletivo, trazemos, sobretudo, as contribuies de Salles (1998), em seu estudo sobre a crtica gentica. O crtico gentico tem a funo de interpretar, narrar, relacionar os documentos do processo de criao e realizar associaes para desvendar seus caminhos. 3. DOCUMENTOS DE PROCESSO Os documentos de processo podem ser entendidos como registros tem- porais de uma obra em desenvolvimento. Eles cumprem funes ligadas, sobretudo, ao armazenamento de idias e experimentao. O estudo dos documentos de processo de criao em um plano indivi- dual foi investigado com base em dois pontos de vista: a criao de apenas uma obra destacada de um conjunto de obras, como a pintura intitulada Les Demioselles D Avignon, de Pablo Picasso, e a anlise da obra do artista como um todo, em que cada pintura produzida um registro temporal e um componente de. Essa metodologia desdobrou uma possibilidade de anlise do processo de criao coletivo. Verificamos a possibilidade de identificar uma corres- pondncia entre o que se denominou documentos de processo, no mbito de criao de uma obra individual, e a confluncia das vrias obras produ- zidas ao longo da histria, na constituio da linguagem da pintura como expresso cultural de uma coletividade. Desse modo, foi possvel observar os movimentos coletivos com base em duas formas de investigao. A primeira estuda como um grupo de ar- tistas rene-se com o intuito de conceber um ideal de arte como o fizeram os impressionistas, por exemplo. Tanto em um processo de criao indi- vidual como em manifestaes promovidas por grupos de artistas, vimos, no Perodo Clssico, os artistas voltarem-se para as cincias. Desenhos in- Educao, Arte e Histria da Cultura Volume 5/6 Nmero 5/6 2005/2006 94 fantis foram traduzidos para pinturas com o fauvismo, esculturas africanas foram referncia para a produo de pinturas na constituio do cubismo. Atualmente testemunhamos a utilizao de outros meios de expresso, como meios digitais e fotografias, na criao de pinturas. A segunda forma de investigao observa como os registros histricos da produo artstica produzida pela humanidade, vistos como documentos de processo, so apreendidos, apropriados ou mesmo descartados, para o encaminhamento do desenvolvimento artstico e cultural. Na passagem do sculo XII para o sculo XIII, a busca da representao da natureza foi apropriada e levada adiante por artistas de sucessivas gera- es. No decorrer do tempo, com a contribuio das geraes, a valorizao da observao da natureza resultou em abordagens diferentes, assumindo diversas configuraes na direo de conquistar uma representao mais aproximada do mundo. Foram necessrias geraes de artistas na busca de sua configurao, preparando o que mais tarde resultaria na paisagem dos fatos, assim denominada por Clark (1961), anunciando as disposies cientficas incorporadas no Renascimento. Todas essas obras se apresen- tam nossa percepo, habitam nossa memria e instigam nossa imagina- o. Criamos, afinal, a partir de experincias vividas. 4. MOVIMENTO PERMANENTE Na busca de um encadeamento dos fenmenos que envolvem o processo de criao, observamos que a temporalidade em arte no se d de forma linear, nem como pura sucesso. Num mesmo perodo conflitam precoci- dades, atrasos e atualidades. Entretanto, veremos que possvel identificar uma comunicao entre artistas de diversas regies, geraes ou mesmo concepes. No processo histrico da arte, observamos como determinadas concep- es so em alguns momentos levadas adiante e em outros so descartadas para dar lugar a um novo iderio, ou, ainda, so resgatadas de tempos ime- moriais. De todo modo, seja qual for a ao, sempre aponta para uma con- tinuidade, para uma interlocuo com o processo como um todo. Seja qual for a ao, ela se d como resposta a um contexto e, mesmo que se coloque de forma a promover uma negao ou um descarte, est intimamente ligada quilo que est negando, e mesmo assim estar sempre afirmando a vitali- dade da arte. O processo de criao se d num encadeamento de aes estreitamente ligadas num contnuo operar sobre a realidade, na busca de um aprofunda- mento do olhar sobre o mundo, por meio de reorganizaes significativas dos dados percebidos. O processo de criao artstica e a constituio da cultura Ariane Daniela Cole 95 5. TENDNCIAS Tendncias de processo tambm puderam ser identificadas tanto no pro- cesso de criao individual como em manifestaes de natureza coletiva. Para engendrar uma obra significativa, o artista busca realizar uma apro- ximao daquilo que est expressando com o que deseja expressar. Mas qual das possibilidades que se apresentam ser a que mais se aproxima do desejo de expresso? A questo difcil, sobretudo se lembrarmos que cada configurao que se apresenta traz consigo novos desafios, novas possibili- dades, desencadeando novos processos. O artista no sabe de antemo para onde se dirige. Uma tela em branco pode resultar em um sem-nmero de pinturas, por mais que ela esteja pre- figurada na imaginao do artista. No entanto, ele persegue um rumo, fiel a uma tendncia que se torna mais clara no processo de criao. Assim, as aes criadoras incidem sobre a tendncia como mais um elemento gerador desse processo. Em processos de criao que envolvem uma coletividade de artistas, ten- dncias tambm foram identificadas em vrios momentos da histria, seja quando artistas voltaram-se para um determinado assunto, como a His- tria Sagrada, o retrato, a paisagem; seja para uma determinada forma de expresso, ora idealizada, ora valorizando a observao, a imaginao, a expresso ou pesquisando aspectos formais. Podemos observar em Van Gogh, com muita nitidez, o desejo de expres- so da intensidade dos sentimentos no embate de suas cores, no ritmo de suas pinceladas, na vitalidade pulsante em sua obra. 6. ACASO Para Ostrower (1990), o acaso um elemento importante de ser inves- tigado nos processos de criao artstica. Vivemos imersos em um mundo pleno de estmulos visuais, sonoros, olfativos e intelectuais. Muitos desses estmulos nos passam despercebidos, mas alguns deles brilham em nossa mente, incendiando nossa imaginao. O acaso, assim, passa a ser uma decorrncia da prpria vida. Entretanto, um acaso s percebido e apro- priado quando estamos em um estado de predisposio, ento ele deixa de ser um mero acaso e passa a ser um acaso significativo. O acaso se apresenta de forma muito clara na anlise do processo de criao de William Turner, que, a partir da experincia da chuva ou da tem- pestade, pode produzir pinturas no limite da abstrao. Do mesmo modo, podemos identificar a importncia do acaso no processo de criao de Leo- Educao, Arte e Histria da Cultura Volume 5/6 Nmero 5/6 2005/2006 96 nardo da Vinci, que sugere a observao de paredes manchadas para a cria- o de obras. A identificao na obra desses artistas foi possvel sobretudo porque foram explicitadas por meio de textos autorais ou testemunhos. No fossem esses documentos de processo, talvez no tivssemos acesso a esse fenmeno nas obras desses artistas. Dessa maneira, o acaso se d em um mbito muito ntimo nos processos dos indivduos, tornando a sua identifi- cao mais difcil de verificarmos em fenmenos coletivos. Suscetvel ao acaso, e ao criadora, o processo de criao em con- stante movimento torna-se assim uma atividade que explora o terreno do desconhecido. Desvendar o desconhecido se apresenta como uma ao que se direciona a um processo de construo de conhecimento, seja na direo do conhecimento da natureza, para compreender melhor a subjetividade humana, seja a realidade no contexto do mundo, entre tantas possibili- dades. No possvel prever quantos aspectos ainda se apresentaro para a sua explorao e compreenso, j que cada descoberta prope novos de- safios. Assim, o processo de criao sempre apresenta novos aspectos a desvendar, a superar, a descobrir, a compreender. Quando o acaso intervm em uma tendncia, apresenta-se um conflito. O artista deve escolher se o acolhe ou no, pois, a cada alterao no rumo de sua trajetria, ele sabe que estar optando por todos os desdobramentos conseqentes e abandonando outros. 7. PRODUO DE CONHECIMENTO A percepo um elemento fundamental e inaugural do processo de cria- o, tornando-se, junto memria e imaginao, instrumento de elabora- o da realidade. Ao devolver sua interpretao do real, por meio do dilogo com a obra de arte, da percepo, da memria e da imaginao, o artista cria a realidade da obra que, por sua vez, incide sobre a prpria realidade, transformando o nosso olhar, a nossa apreenso e o aprofundamento da compreenso do real. Assim, a arte clssica apontou para as propores harmnicas, para o conhecimento da natureza. O maneirismo props um contato com a emoo, o cubismo mostrou o aspecto multifacetado da rea- lidade, a arte abstrata elabora a autonomia da arte. A criao assemelha-se a uma viagem. No poderamos descrev-la sem antes nos aventurarmos nela. O criador assemelha-se ao homem que se lana em uma aventura, em um universo desconhecido, sem saber se conseguir vencer os obstculos, se sofrer, se conseguir retornar. Entretanto, ao conquistar a sua liberdade de expresso, a autonomia na escolha de seu percurso, transforma-se, produz identidade que se reveste de conhecimento. O processo de criao artstica e a constituio da cultura Ariane Daniela Cole 97 8. POTICA O ato de perceber j implica um ponto de vista. Trata-se de uma operao ativa que se realiza de acordo com o ser que percebe, que, por sua vez, se constitui por meio da vivncia, da memria e da imaginao. O artista, visto como um explorador da existncia, torna-se um coleciona- dor atento de fragmentos da realidade que atendem sua tendncia. Dessa forma, a memria e a imaginao podem ser vistas como interlocutoras, instrumentos de elaborao da realidade. A potica consiste em uma trans- figurao do mundo, investida da capacidade de reorganizar e de criar no- vas realidades. Em Natureza morta com cupido, de Paul Czanne, vemos a pintura retra- tada dentro da pintura. Essa obra, de natureza claramente metalingstica, destaca-se do real, cria sua autonomia e discute a sua realidade interna. Figura 1. Natureza morta com cupido, Paul Czanne. 9. SENSAO, PENSAMENTO, AO Aes promovem conhecimento na medida em que levam o artista a lidar com o objeto de sua ao, e, para dar continuidade a esse processo, o artista tambm levado a adquirir novos conhecimentos. Assim, a pesquisa, que Educao, Arte e Histria da Cultura Volume 5/6 Nmero 5/6 2005/2006 98 abrange desde conhecimentos tcnicos, cientficos, filosficos, antropolgicos, entre outros, tambm elemento integrante do processo de criao. Pudemos observar sua presena e importncia em processos de criao tanto de na- tureza individual quanto coletiva. O artista agente e testemunha do ato criador, acompanha passo a pas- so a gnese da sua obra, julgando, estabelecendo relaes, refletindo, arma- zenando idias, interferindo no processo sempre que julga necessrio. Observamos que sensaes e pensamentos sem a inferncia da ao no so suficientes para concretizar o processo de criao. por meio da ao que se realiza o dilogo com a prpria obra em processo de elaborao, quando se aprofunda o projeto potico, quando se promove o desvendamen- to de suas tendncias, pela interlocuo entre sensao, pensamento e ao. A cada ao, novas sensaes e pensamentos se apresentam solicitando no- vas aes. A ao criativa, afinal, pensamento e sensao materializados.
10. RECURSOS E INSTRUMENTOS Para que a ao possa se realizar, necessrio que o artista incida sobre a sua matria, por meio de instrumentos que guardam suas prprias leis e seus prprios recursos. Por intermdio da potica, identificamos uma proximidade entre concepo e matria, em que referncias ou imagens geradoras podem se apresentar como objeto de pesquisa artstica, que, ao habitar a memria e a imaginao, tambm pode se tornar matria sobre a qual incidir uma ao, na medida em que uma determinada configurao e seus contedos inerentes esto intimamente ligados a recursos e instru- mentos de criao. Os procedimentos criativos esto tambm ligados ao momento histrico, a aspectos sociais, culturais e tecnolgicos em que o artista se insere. Po- dem ser manipulados e criados. Recursos criativos foram apropriados em processos de criao por grupos de artistas, assim como por artistas, caso de Picasso, que, em Guernica, utilizou o monocromatismo para expressar a ruptura que se deu entre o homem e a natureza, entre o homem e a vida. Vimos tambm como instrumentos foram criados e posteriormente apro- priados coletivamente, como foi o caso da tinta a leo inventada por Van Eyck, no sculo XV, a fotografia e as imagens digitais no sculo XX. 11. DECISES A utilizao de recursos criativos e instrumentos exige conhecimento da matria com a qual o artista est lidando, e esse conhecimento alcanado O processo de criao artstica e a constituio da cultura Ariane Daniela Cole 99 por meio de testes e pesquisas que se desenvolvem por meio da ao, do embate com a matria. A necessidade de expresso e a busca por novas possibilidades expres- sivas fazem da transgresso um agente importante do processo de criao, j que, por meio da transgresso, novos caminhos se apresentam para o de- senvolvimento do processo. Giorgione transgride na medida em que pinta sem antes ter desenhado, como recomendavam as prticas renascentistas; da mesma forma, seus temas foram considerados, muitas vezes, enigmti- cos. A transgresso no se restringe apenas aos recursos criativos, ma- tria. Opera tambm na esfera das concepes. Assim, mais uma vez se apresenta uma proximidade entre matria e concepo. Transgresso e experimentao so aes intimamente relacionadas. Em qualquer momento do processo de criao, possibilidades de expresso so consideradas e testadas. Os testes sero ento avaliados, com o propsito de observar o quanto correspondem tendncia do projeto potico. Assim, experimentos sero apropriados, reservados, ajustados ou ento descarta- dos, mas qualquer uma dessas aes implica uma deciso, que inscrever de forma determinante na continuidade do processo de criao. Finalmente, verificamos como os elementos que constituem o processo de criao se enlaam em um fluxo de continuidades, que o processo de criao opera uma permanente apreenso de conhecimento, uma contnua descoberta de novas formas de perceber e expressar os fenmenos da vida e a inaugurao de obras que, afinal, se constituem como universos prprios. 12. O PROCESSO DE CRIAO E A CONSTITUIO DA CIDADE Desenvolveremos, neste momento, uma aproximao entre arte e cida- de, j que a cidade, segundo Argan (1995), no s favorece a arte, como ela mesma obra de arte. Para Alberti (1992) e Argan (1995), todas as ar- tes concorrem construo da cidade. Tudo que se apresenta no contexto urbano passvel de interpretao, anlise e avaliao. Deve-se, portanto, manter a possibilidade de contnua interpretao e avaliao dos fatos ur- banos pela comunidade que nela habita, a fim de garantir a interao entre a cidade e a comunidade. Partindo da idia de que a cidade feita de coisas e que elas se oferecem nossa percepo como imagem, Argan (1995) prope uma apropriao da imagem pela cidade, por meio da atribuio de imagens s coisas. Com essas reflexes, emerge a importncia da contribuio dos artistas e da arte no processo de reflexo e de gesto da cidade. Educao, Arte e Histria da Cultura Volume 5/6 Nmero 5/6 2005/2006 100 Indagando sobre o que tem valor e de como estes so atribudos, Argan (1995) explica que os valores so atribudos, de maneira geral, por toda uma comunidade, e afirma a importncia dessa participao. Observar a cidade, vivenci-la, nos faz mais conscientes dela. Assim, os dados visuais da cidade fazem aflorar em cada indivduo valores simblicos diferenciados. Esses valores so engendrados a partir de imagens que atin- gem nossa percepo, que habitam nossa memria e imaginao. A reside a funo do artista registrar essas imagens, elabor-las, torn-las concre- tas, para a apreciao e reflexo do espectador. A experincia individual representativa na medida em que apresenta certos pontos de convergncia de uma coletividade. Observamos hoje a necessidade de assegurar um carter humano s cidades. Assim, devemos estar atentos necessidade do devaneio e da cria- o inerentes ao ser humano. Se a tarefa do urbanista administrar valo- res, sua atividade caracteriza-se mais por uma ao interpretativa do que deliberante, interpretao que deve ser balizada pela coletividade de tal for- ma que as pessoas possam reconhecer-se na forma da cidade. A equivalncia entre arte e arquitetura torna-se, assim, evidente. O con- vite a uma reflexo que volta seu olhar sobre a cidade como um processo de criao, segundo a abordagem proposta pela crtica gentica, um dos desdobramentos que se apresentaram no desenvolvimento desta pesquisa, abrindo a possibilidade de uma nova pesquisa e o desenvolvimento de no- vas reflexes. REFERNCIAS ALBERTI, Leon Battista. Da pintura. Traduo Antonio da Silveira Men- dona. 2. ed. Campinas: Ed. da Unicamp, 1992. ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. So Paulo: Schwartz, 1992. _______. Guia da histria da arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1992. _______. Histria da arte como histria da cidade. So Paulo: Martins Fon- tes, 1995. _______. Histria da arte italiana: de Michelangelo ao futurismo. So Pau- lo: Cosac&Naify, 2003. v. 3. CLARK, Kenneth. A paisagem na arte. Lisboa: Ulissia, 1961. COLE, Ariane Daniela. A paisagem: sua potica, sua representao. 2005. 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