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ESPECIFÍCIDADES DAS LINGUAGENS ARTÍSTICAS

A arte é uma das mais inquietantes e eloquentes produções do homem. Arte como
técnica, lazer, processo intuitivo e criativo, genialidade, intelectualidade, comunicação,
expressão, transformação são variantes do conhecimento em arte que fazem parte de nosso
universo conceitual, ligado à visão de mundo e à expressão da humanidade.
Sobre a arte como conhecimento, Ianni (2001:12) afirma com propriedade que:

A arte, a ciência e a filosofia podem ser vistas como formas de ‘conhecimento’ e ao


mesmo tempo como formas de ‘encantamento’. Tudo sobre o que se debruçam realidades ou
imaginárias, fragmentos ou plenitudes do presente, do passado ou do futuro, adquirem outras e
novas significações; esclarece, obscurece ou resplandece. Cada uma a seu modo, tanto
clarificam meandros e situações, impasses e perspectivas ou modos de ser e fantasias, quanto
apontam tendências, imaginam possibilidades, inventam horizontes. Sim, as linguagens
artísticas, científicas e filosóficas podem ser vistas como narrativas de distintas modalidades e
potencialidades, com as quais se elucidam, compreendem ou explicam situações e eventos,
impasses e crises, transformações e retrocessos, desencontros e tendências, possibilidades e
impossibilidades envolvendo indivíduos e coletividades, povos e nações, culturas e civilizações.
Arte envolve a construção de linguagem, modo singular de reflexão humana, onde interagem o
racional e o sensível. O elemento racional existente no processo de produção artística afirma o
seu valor cognitivo. Arte, portanto, é conhecimento, pois no fazer artístico estão presentes
processos mentais de raciocínio, memória, imaginação, abstração, comparação, dedução,
generalização, dedução, indução e esquematização (CASTANHO, 1982).

Por sua vez, o processo criativo, enquanto materialização do fazer constitui-se em pura
intencionalidade. Assim, insere-se num processo mais amplo que revela o universo de cada ser,
seu olhar, sua visão de mundo, num contexto de interação social, referindo-se a um registro
geral de acontecimentos e envolve a interioridade e a contemplação, desencadeando a atribuição
de significados, carregando consigo as potencialidades cognitivas. Na produção artística revela-
se o esforço de explicitar a ideia, o pensamento e a visão. É a representação simbólica da
realidade, do mundo interior e exterior. Sob esse olhar, a arte se constitui num sistema de
representações, construtora de símbolos, que envolvem processos psicológicos e intelectuais,
que propiciam o desvelar da cultura e o acesso a ela, a um modo de saber e de construir
conhecimento. São esses fundamentos que sustentam a função da arte, diante das necessidades
educacionais contemporâneas.

- Classificação das artes.


A arte em geral pode ser entendida como uma forma de linguagem que os criadores utilizam
para comunicar ideias, expressar sentimentos e naturalmente provocar sensações ou reações nas
pessoas. Cada gênero artístico (pintura, escultura, cinema, música, etc) tem a sua própria
linguagem. Para interpretarmos uma obra de arte, como veremos, devemos ter em conta a
especificidades de cada uma destas linguagens.
Exemplo de nova expressão artística: Video Art - Qual a especificidade da sua linguagem?
- A Interpretação da Obra de arte.
A linguagem artística é por natureza polissêmica, isto é, admite uma pluralidade de sentidos,
apelando à nossa capacidade para descobri-los. Não existe pois uma única forma de interpretá-
las, como não existe uma maneira de senti-las.

Elementos para abordagem de uma obra de arte pictórica

1.Dimensão Técnico-formal:

 Materiais e técnicas utilizadas


 Cor, Desenho

2.Dimensão Simbólica:

 Tema, Iconografia, Códigos, etc.


 Para a interpretação simbólica da arte ocidental é fundamental conhecer as Lendas e
Mitos da Antiguidade Clássica, a Bíblia e a vida de Cristo, os santos e os seus milagres,
mas também símbolos da natureza (frutos, plantas, árvores, animais, etc). Eles foram
largamente utilizados pelos artistas.

3.Dimensão Contextual:

 Integração da obra no contexto da história da arte


 Integração da obra na época histórica (sociedade, mentalidade, concepções filosóficas,
científicas e técnicas dominantes)
 Integração da obra no contexto da produção do artista
 Conhecimento da biografia do artista (origem, formação, influências, concepções
artísticas, etc).

- Atitudes perante a arte. A relação com a arte depende da perspectiva como a encaramos.

Como espectadores: A nossa sensibilidade artística é adquirida através do contacto com as


obras de arte, a educação do gosto, a compreensão das correntes estéticas e formas de expressão
artística. Nas apreciações que fazemos sobre estas obras, não deixa de se refletir os gostos
dominantes da sociedade, ou os padrões correntes nos grupos sociais em que nos movemos.
. Como artistas.
. Como críticos de arte
. Como historiadores de arte
. Como sociólogos da arte.

- Arte e Sociedade. As relações entre a arte e a sociedade tem sido encaradas de múltiplas
formas.
Uns encaram os artistas como simples seres mais ou menos passivos que se limitam a expressar
ou espelhar as ideias da sociedade e seus grupos dominantes, ou ainda a servirem os interesses
do poder, nomeadamente em termos propagandísticos.
Outros autonomizam a função dos artistas e encaram-nos como interpretes das preocupações ou
dos valores de uma sociedade, muitas vezes antecipando-se mesmo à sua própria evolução,
revelando as consequências de determinadas tendências sociais. Neste sentido, a arte tem
funcionado como um instrumento de crítica social.
Não podemos, como é obvio, reduzir as criações artísticas apenas ao tempo em que foram
produzidas, a arte manifesta essa invulgar capacidade também de superá-lo. Para a compreensão
da criação artística, temos que levar em conta dois planos essenciais:

1. Sociedade onde decorrem as vivências e as aprendizagens do artistas;


2. O imaginário real ou fictício que o artista materializa em cada obra.
3. O próprio artista que nunca deixa de "pôr tudo aquilo que é no mínimo que faz" (Fernando
Pessoa).

- Arte: Produção e Consumo

a ) Acesso à Arte: As revoluções democráticas do século XIX promoveram o acesso da


população à Arte, que até aí era de uma minoria social. Começaram a ser criados museus,
organizadas exposições e espetáculos e muitos outros eventos culturais, com a finalidade de
promoverem a fruição estética e educação artística da população. O problema que desde logo se
colocou é que a disponibilidade destes meios, não significa só por si uma efetiva
democratização da arte. Sem uma formação e atitude estética adequada, por mais meios que
sejam disponilibilizados à população, a experiência estética pode continuar a ser medíocre,
estando apenas reservada a uma minoria social.
O turismo de massas, característico das nossas sociedades, se aumentou o contacto das pessoas
com grandes valores culturais, tende a criar uma cultura superficial e redutora das experiências
estéticas. O seu impacto é por vezes de tal modo negativo que chega destruir os próprios bens
culturais que pretendia promover o acesso.

b ) Arte de Massas: A industrialização do mundo que começou no século XVIII, tem vindo a
alterar profundamente a nossa relação com a ate. A peça única, características da produção
artesanal, tem vindo a ser substituída pela peça em série própria da produção industrial. O
artesão deu lugar ao "designer" (desenhista industrial). Muitos críticos deste sistema, tem
afirmado que a reprodução em massa de uma obra, provoca perda do caráter único dos objetos,
banalizando-os, e desta forma diminuiu o seu valor e autenticidade.
A arte passou ser estar subordinada às estratégias comerciais e ao consumo imediato.
c ) Industrias culturais e mercantização da arte: As novas formas de comercialização da arte
(exposições, galerias, feiras, agentes, negociantes, promoção, etc) alteraram por completo a
nossa relação com a arte, assim como a relação dos artistas com o público. Qual a sua
importância desta nova realidade na fruição e valoração de uma obra de arte ? O valor de uma
obra pode ser manipulado ?

d ) Funções da arte na nossa sociedade: Arte como conhecimento, arte como catarse, arte
como diversão.

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