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Calvino a sua obra e o seu legado

por Paulo Varela

Monografia elaborada para a


Disciplina Historia da Igreja II
do docente António Gonçalves

FANHÕES
31de Março de 2022
Retirado dhttps://www.revistaadventista.com.br/reforma-500/joao-calvino/
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 1

I. A OBRA DE JOÃO CALVINO 2

A. OBRA LITERÁRIA 2

II. LEGADO DE JOÃO CALVINO 4

A. AS ARTES 4

B. A ECONOMIA 6

C. A EDUCAÇÃO 7

D. A CIVILIZAÇÃO MODERNA E AS CIÊNÇIAS 8

CONCLUSÃO 11

BIBLIOGRAFIA 12

WEBGRAFIA 12
INTRODUÇÃO

Neste trabalho é abordada a “Obra e o legado de João Calvino”, o reformador


que nasceu no dia 10 de julho de 1509, em Noyon, Picardy, noroeste da
França. Filho de Gérard Cauvin e sua esposa, Jeanne le Franc, faleceu a 27 de
maio de 1564 em Genebra, Suíça sendo considerado um dos pilares da
teologia reformada.

Formado em Direito, era conhecido como um humanista clássico. De família


humilde, porém com certa ascensão social decorrente das alterações
socioeconómicas ocorridas no final do séculoXV, que fizeram surgir a
burguesia comercial, João Calvino aproximou-se da nobreza e adquiriu a sua
cultura e os seus valores.

No primeiro capítulo será abordada a obra de João Calvino mais


especificamente a parte literária sendo feitas referências das suas principais
publicações: as Institutas, comentários bíblicos, sermões, Opusculo e tratados,
escritos eclesiásticos e as Cartas. Já no segundo capítulo a abordagem passará
pelo legado deixado por João Calvino através das suas obras nas artes na
economia, na educação, na civilização moderna e nas ciências, ou seja, na
formação cultural da modernidade.

1
I. A OBRA DE JOÃO CALVINO

A. OBRA LITERÁRIA

As obras de João Calvino o reformador de Genebra, marcam não somente pelo


seu volume, mas por sua qualidade e erudição, em especial nos campos da
Teologia e da Interpretação Bíblica. Os frutos dessa reflexão encontram-se em
seis categorias de escritos.

As Institutas: Calvino produziu ao todo oito edições de sua obra


magna em latim e cinco traduções para o francês. A 1ª edição (1536)
tinha apenas seis capítulos e a última (1559) totalizou oitenta. Essa
edição equivale em tamanho ao Antigo Testamento somado aos
evangelhos sinóticos e segue o padrão geral do Credo dos Apóstolos,
tendo como objetivo ser um guia para o estudo das Escrituras. É
composta de quatro livros: I – O conhecimento de Deus, o Criador;
II – O Conhecimento de Deus, o Redentor; III – A maneira como
recebemos a graça de Cristo; IV – Os meios externos pelos quais
Deus nos convida para a sociedade de Cristo. Comentários bíblicos:
os comentários de Calvino são um importante complemento das
Institutas. Ele escreveu comentários sobre todos os livros do Novo
Testamento (exceto 2 e 3 João e Apocalipse), bem como sobre o
Pentateuco, Josué, Salmos e Isaías. Além disso, foram preservadas as
suas preleções sobre todos os profetas. Sermões: em suas pregações,
Calvino fazia a exposição sistemática dos livros da Bíblia. Ele
costumava pregar sobre o Novo Testamento aos domingos e sobre o
Antigo Testamento durante a semana. Seus sermões eram anotados
taquigraficamente por um grupo de leais refugiados franceses. A
2
série Corpus Reformatorum contém 872 sermões do reformador.
Opúsculos e tratados: Calvino escreveu muitas obras de natureza
apologética ao polemizar com católicos, anabatistas, libertinos e
outros grupos. Alguns exemplos são a Resposta ao
Cardeal Sadoleto, reações ao Concílio de Trento e a questão das
relíquias. Outros escritos seus tratam de temas como a Ceia do
Senhor, a doutrina da trindade, a predestinação e o livre arbítrio.
Escritos eclesiásticos: o reformador também produziu muitos textos
voltados para diferentes aspetos e necessidades da vida da Igreja
(escritos catequéticos, confessionais, litúrgicos e outros). Dentre eles
se destacam: Instrução e Confissão de Fé, Ordenanças
Eclesiásticas, Catecismo da Igreja de Genebra, Saltério de
Genebra, Forma das Orações e Cânticos Eclesiásticos e Confissão
Galicana. Cartas: finalmente, Calvino produziu uma volumosa
correspondência dirigida a outros reformadores, governantes de
diferentes países, igrejas perseguidas, crentes encarcerados, pastores
e colportores.1

1
https://cpaj.mackenzie.br
3
II. LEGADO DE JOÃO CALVINO

A. AS ARTES

João Calvino, por sua vez, tinha o entendimento de que tudo o que é
verdadeiro, bom e belo no homem procede da graça de Deus.
Mesmo sendo pecador, o homem não estaria inteiramente privado
da graça divina, que é comum a toda humanidade. Sobre haver
momentos de verdade em todos os homens, mesmo na condição de
pecadores, nas Institutas da religião cristã, Calvino escreve:
Quantas vezes, pois, [quando] entramos em contato com escritores
profanos, somos advertidos por essa luz da verdade que neles
esplende admirável, de que a mente do homem, quanto possível
decaída e pervertida de sua integridade, no entanto é ainda agora
vestida e adornada de excelentes dons divinos. Se reputarmos ser o
Espírito de Deus a fonte única da verdade, a própria verdade, onde
quer que ela apareça, não a rejeitaremos, nem a desprezaremos, a
menos que queiramos ser insultuosos para com o Espírito de Deus.
Ora, nem se menosprezam os dons do Espírito sem desprezar-se e
afrontar-se ao próprio Espírito (1985-1989, II.2.15). 2

Calvino relata acerca das coisas boas que são produzidas pela
cultura secular — aqui ele fala sobre a literatura, mas logicamente é
aplicável a outras manifestações culturais seculares proveitosas aos
cristãos, como música, artes plásticas, fotografia etc. Se o ser
humano foi feito à imagem de Deus, além de amar, pensar e sentir,
o homem também é capaz de criar. Nesse quesito, vale ressaltar que
mesmo tendo valor em si, a arte produzida por homens nem sempre
vai ser moral e intelectualmente boa, uma vez que todos estão
corrompidos, o que conduz ao fato de que nem toda criação seja
uma nobre expressão de arte. 3

O povo israelita no Antigo Testamento derivava sua adoração do


símbolo; já o calvinismo, alicerçado na plenitude da revelação que
nos foi dada no Novo Testamento, “abandonou a forma simbólica
de adoração e rejeitou encarnar seu espírito religioso em

2
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág.81

3
Idem, Pág.82
4
monumentos de esplendor, conforme a exigência da arte” pois,
desde que o propósito das sombras e símbolos tiveram seu
comprimento, não é mais possível encontrar na literatura apostólica
nenhum vestígio ou sombra de arte com propósito de adoração.

Ao apresentar sua doutrina da eleição, o calvinismo apresentou ao


meio artístico um novo pano de fundo sobre o qual produzir. Ao
mostrar que Deus escolhe para si tanto grandes como pequenos e
que o povo comum, por eleição divina, também partilha da atenção
e do cuidado de Deus, o artista pode mover seus olhos do alto,
sublime e celeste, descrito pela ordem eclesiástica, e voltá-los para o
simples, humilde e discreto. O pintor pode encontrar nova
inspiração nos dramas do homem comum e seus detalhes. No
calvinismo — diferente dos esforços empregados pela Igreja
Católica como na Contrarreforma —, não há́ busca por um estilo
artístico próprio; entretanto, não se deve inferir daí que não haja
qualquer espaço para a arte no pensamento calvinista, ou mesmo um
desprezo por esta. Apesar do distanciamento dos símbolos
constituintes das artes objetivas, o calvinismo teve grande influência
na promoção das artes subjetivas, como a pintura e a música. O
calvinismo, com seu dogma da graça comum, trouxe verdadeira
liberdade à expressão artística, pois, já que seu ponto de partida se
encontra na firme convicção da soberania de Deus, atestou
categoricamente que “a arte não pode originar-se do Diabo; pois
Satanás é destituído de poder criativo. Tudo o que ele pode fazer é
abusar das boas dádivas de Deus”. Uma vez que não considerava a
arte profana e mundana, Calvino levantou-se contra o uso indevido
da arte; contudo, em seu uso legítimo, ele considerou a arte como
um dom do Espírito Santo e declarou que “todas as artes vêm de
Deus e devem ser consideradas como invenções divinas”4

Calvino e ainda aprovada por nosso próprio instinto artístico. O


mundo dos sons, das formas, das cores e das ideias poéticas não
pode ter outra fonte senão Deus; e é nosso privilégio, como
portadores de sua imagem, ter uma percepção deste mundo belo,
para reproduzir artisticamente, para desfrutá-lo humanamente.5

4
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág.82,83
5
Idem, Pág. 101
5
B. A ECONOMIA

Considerado o teólogo da Reforma religiosa, Calvino pode ensinar a


sociedade contemporânea a libertar-se dos grandes problemas
políticos, económicos e sociais que está atravessando atualmente,
não só́ no Brasil, mas no mundo de maneira geral. Grandes são os
problemas, e são de toda ordem, mas a questão política e económica
parece ser o cerne de todo esse desconforto que a sociedade vem
enfrentando. São problemas criados pelos próprios homens e estão
inseparavelmente ligados à sua natureza. Nesse sentido, qualquer
interpretação — quer pela ciência, quer pela filosofia ou mesmo
pela teologia — é muito bem-vinda e, por isso, o pensamento de
Calvino poderá́ contribuir sobremaneira.6

O pensamento económico e social de Calvino, de André́ Biéler,


especificamente o capítulo 4 (item 1), denominado “As riquezas e o
domínio do poder económico”, em que são abordados o direito de
propriedade e o uso que se deve fazer das riquezas.7

Assim, o pensamento económico do reformador genebrino, embora


originado no século XVI, é um grande alento à sociedade atual,
pois, quando se trata da natureza humana, o tempo não conta. Se
Thomas Hobbes no século XVII imputa à filosofia politica sua
incapacidade de criar normas e regras para uma vida em sociedade
que seja harmoniosa e moralmente constituída, o genebrino no
século anterior não fica a dever, pois entende que para, uma vida
socialmente plena, é indispensável seguir os verdadeiros preceitos
bíblicos, porque ali está a verdadeira dimensão humana, ali está o
retrato fiel de sua natureza. A Bíblia apresenta a verdadeira causa
pela qual os homens se desvirtuaram, e só́ na Palavra de Deus
poderá́ ser encontrada uma resposta para esses graves problemas
que os afetam.8

É com João Calvino que temos uma excelente reflexão, portanto,


não só́ das questões sociais de seu tempo, mas especificamente o
aspecto económico que há́ poucos anos passou a ser entendido com
mais afinco.9

6
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág.119
7
Idem, pág. 119
8
Idem,bidem, pág. 119,120
9
Idem, Bidem, pág. 121
6
C. A EDUCAÇÃO

Para os estudiosos de Calvino, em sua primeira estada em Genebra


(1536-1538), o reformador busca alterar a maneira como a educação
vinha sendo administrada. Ele, juntamente com Conselhos
genebrinos, procura aperfeiçoar as ambiências educacionais, bem
como promover o levantamento de subsídios para a educação.

O reformador genebrino leva ao conselho municipal um “projeto


educacional (1536) gratuito que se destinava a todas as crianças —
meninos e meninas —, tendo com isso um grande apoio da
sociedade genebrina. Dessa proposta surgiu o Collè-ge de Rive.
Temos aqui, segundo Hermisten Maia Pereira da Costa, o
surgimento da primeira escola primaria, gratuita e obrigatória de
toda a Europa. 10

Para o sociólogo francês, Calvino e Lutero são, na verdade, os que


orientarão uma educação para a vida (experiencia de fé́ , trabalho,
conhecimento pratico etc.) a partir de uma nova abordagem
teológica. Segundo Durkheim, ambos influenciarão de uma maneira
decisiva o pensamento pedagógico da modernidade. Quando
Calvino chegou a Genebra, sua população girava em torno de 12 mil
habitantes. Isso significa dizer que a cidade já era próspera e com
um forte e estruturado comercio. André́ Bieler (1970) a definiu
como uma cidade que não havia proletariado urbano, ou uma classe
camponesa numerosa. Acentuamos ainda nas transformações do
pensamento pedagógico ocorridas em Genebra o processo de
escolarização pós-Reforma protestante. Segundo Petita (1994, p.
76), o processo de escolarização, ou, como ele mesmo descreve, o
primeiro “momento decisivo” da escolarização, tem seu inicio
marcado pós século XVI. Os colégios formados a partir desse
século possuíam dispositivos escolares, tais como: concentração dos
cursos dentro dos estabelecimentos, gradação sistemática de
matérias, programa centrado no latim e no grego, controle contínuo
dos conteúdos adquiridos, supervisão e disciplina.11

10
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág.163
11
Idem, Pág.164
7
Como reformador da Igreja Cristã, Calvino, em Genebra dos anos 30 do
século XVI, também se destacaria para as autoridades municipais que,
sendo a formação religiosa consequência da protestação da fé, deveria ser
firmada uma escola, capaz de articular leitura, escrita e ortodoxia cristã
[...] O calvinismo, nesse nível, apresentou-se como uma modificação nas
estruturas mentais que regulavam não apenas a vida religiosa mas o modo
de estar no mundo; e, muito particularmente, a ética no trabalho. Em
1559, Calvino agregaria o ensino de algumas escolas latinas com a
reunião ginásio/academia [...]. Seu propósito institucional supunha uma
estratégia pedagógica calcada na preparação do espírito mediante uma
estrita disciplina, meticulosamente planejada, com divisão de horários e
de tarefas de instrução e de catecismo.12

Educar é para Calvino a oportunidade de o homem resgatar sua


verdadeira natureza, ou, como afirma na Instituição da Religião
Cristã (II, II, 14), auxiliá-lo, iluminando-lhe a alma, adormecida no
pecado em sua relação com Deus. O modelo proposto por Calvino
para a educação de crianças e jovens em Genebra seria o de “formar
o cidadão útil para a sociedade com base nos ensinos das Escrituras
Sagradas, no domínio das línguas clássicas e nas humanidades (artes
e ciências)” com o intuito de construtor de um novo mundo.13

D. A CIVILIZAÇÃO MODERNA E AS CIÊNÇIAS

O historiador Emile G. Leonard na sua obra “Histoire Générale du


Protestantisme” apresenta João Calvino (...)como o pai de uma nova
civilização e como o criador de um novo tipo de homem, o reformado,
considerando que uma das principais características desse novo homem
reformado é a sua concepção de valorização do ser humano(...).14Emile G.
Leonard apresenta um pensamento chave sobre a concepção e a valorização
do ser humano segundo João Calvino.

[...] depois da libertação das almas, a fundação de uma


civilização. [...]. Estava reservado ao francês e ao jurista Calvino
criar mais que uma nova teologia, um homem novo e um mundo
novo. Nela, esta é a obra que predomina e a que nos dá a razão
do seu autor. E é realizada também não somente em Genebra
senão na totalidade de sua extensão através do mundo e dos

12 12
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág.165
13
Idem,Pág.167
14
Idem,bidem, Pág.228,229
8
séculos senão na totalidade de sua extensão através do mundo e
dos séculos.15

Léonard desenvolve a sua tese sobre o reformador genebrino


descrevendo-o como “fundador de uma civilização” Começa
apresentando pormenores a partir da descrição do homem Calvino,
sua vida e seu pensamento religioso. Defende que Calvino faz parte
da segunda geração de reformadores, portanto, “não tinha que criar
o protestantismo, senão consolidá-lo e organizá- lo”. Ordem e
organização, aspectos centrais da mentalidade do reformador que se
constituem parâmetros estruturalmente fundantes de seu sistema de
pensamento.16

Léonard entende que a ênfase em ordem e organização é


características singular em Calvino, uma vez que a desordem não
provém de Deus; mostra esse aspecto como o reflexo de sua
formação em artes, no humanismo, em letras antigas e direito.
Propõe que: “a importância que [Calvino] deu a organização e a
administração é outra característica do mundo moderno” Calvino é
descrito como um ativista em oposição ao quietismo inerte próprio
de sua época. Outro aspecto importante enfatizado por Léonard é o
conceito de vocação concebido por Calvino que se estende além das
fronteiras eclesiásticas e atinge as esferas do mundo secular.17

“A influência de Calvino se espalhou por toda a Europa. Na época


de sua morte, ele havia se tornado o líder internacional da Reforma
e uma das figuras mais importantes na formação do pensamento do
18
mundo moderno”.

[...] visto que no conhecimento de Deus está posta a finalidade


última da vida bem-aventurada, para que a ninguém fosse obstruído
o acesso à felicidade, não só implantou Deus na mente humana essa
semente de religião a que nos temos referido, mas ainda de tal modo
se revelou em toda a obra da criação do mundo, e cada dia
nitidamente se manifesta, que eles não podem abrir os olhos sem
serem forçados a contemplá-lo. Por certo que sua essência
transcende a compreensão, de sorte que sua plena divindade escapa
totalmente aos sentidos humanos. Entretanto, em todas as suas
obras, uma a uma, imprimiu marcas inconfundíveis de sua glória, e
na verdade tão claras e notórias, que por mais brutais e obtusos que

15
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág.228
16
Idem, Pág.228
17
Idem,bidem, Pág.230
18
Idem, Bidem, Pág.235
9
sejam, tolhida lhes é a alegação de ignorância. [...] desde o instante
em que, na criação do mundo, exibiu seus adereços, em virtude dos
quais agora, quantas vezes volvemos os olhos para qualquer lado,
sua glória nos é patente. [...] essa ordem tão admiravelmente
estruturada do universo nos serve de espelho em que podemos
contemplar ao Deus que de outra sorte seria invisível. [...]
Inumeráveis são, tanto no céu quanto na terra, as evidências que lhe
atestam a mirifica sabedoria. Não apenas aquelas coisas mais
recônditas, a cuja penetrante observação se destinam a astronomia, a
medicina e toda a ciência natural, senão também aquelas que saltam
à vista a qualquer um, ainda o mais inculto e ignorante, de sorte que
nem mesmo podem abrir os olhos e já se veem forçados a ser-lhes
testemunhas” (CALVINO, 2008, I.5.1-2).19

Para Calvino, toda a ciência e conhecimento humano verdadeiro são


dadivas de Deus que objetivam a glória do próprio Criador. Assim,
quanto mais o homem se aprofundar nesse conhecimento verdadeiro
produzido pela investigação da criação, mais se aproximará dos
segredos da sabedoria divina.20

Do mesmo modo que a hermenêutica de Calvino contribuiu para a


formação da ciência moderna, especificamente as ciências naturais
com o seu conceito de acomodação de linguagem, a teologia bíblica
de Calvino influenciou o desenvolvimento das ciências humanas —
“Calvino era um genuíno humanista, estando profundamente
interessado pelo ser humano” — e, consequentemente, a
antropologia também será́ influenciada pela sua estrutura de
pensamento.21

“Calvino contribuiu para forjar um tipo novo de homem: ‘o


reformado’, que vive no tempo, o seu tempo, para a glória de
Deus!”. Eis apenas um pequeno lampejo da influência intelectual do
reformador João Calvino na construção do mundo moderno.22

19
MEDEIROS Christian, O legado de Calvino, pág. 237
20
Idem, Pág. 237
21
Idem, bidem, pág. 238
22
Idem, bidem, pág 246
10
CONCLUSÃO

Concluímos neste trabalho que João Calvino foi um autor de referência na


Reforma e vimos que nas suas obras nos mostram o teólogo, o exegeta, o
polemista, o pastor e, acima de tudo, o cristão preocupado em glorificar a
Deus e honrar a sua Palavra. A influência de Calvino foi vasta na Suíça e em
todas as regiões atingidas pela Reforma protestante. O seu pensamento
teológico e a sua ética permeiam o campo da economia, literatura, filosofia,
política, ciência e a vida em família e sociedade, sendo consideradas
intemporais.

A produção literária de João Calvino foi vasta e dela pode-se extrair as suas
ideias e posições que contribuíram para a construção de uma ética protestante
e para outras áreas do conhecimento. De entre as suas publicações, As
institutas é a que mais se destaca. Nela, Calvino tratou de uma grande
variedade de temas ligados às doutrinas do cristianismo, uma refutação intensa
do catolicismo romano, da relação entre o poder civil e o poder espiritual, as
guerras, a resistência ao Estado quando necessária e o amor ao próximo. Esses
esforços contribuíram para a difusão do movimento reformador por quase toda
a Europa.

11
BIBLIOGRAFIA

NELSON. Thomaz (2021). O Legado de Calvino. Vida Melhor: Rio de Janeiro

WEBGRAFIA

https://cpaj.mackenzie.br/historia-da-igreja/movimento-reformado-calvinismo/historia-do-
movimento-reformado/a-obra-literaria-de-calvino/

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