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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DA AMAZÔNIA

Curso de Bacharel em Teologia


Prof. Rev. Arnobio Dourado

HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRISTÃO 1


JOÃO CALVINO
JOÃO CALVINO (1509-1564).

Nascido em Noyon, Picardia, França, estudou em Paris,


para o sacerdócio católico, seguiu-se um período em
preparo para advocacia, teve contato com o humanismo
cristão. Sua primeira obra, um comentário sobre a obra De
Clementia, de Sêneca.
Experimentou, conversão e se voltou ao estudo das
Escrituras e do ensino da Reforma. Em 1536, publicava em
Basiléia a primeira edição de suas Institutas da Religião
CALVINO

Cristã.
Foi trabalhar em Genebra e foi expulso de lá, e teve um
profícuo ministério de ensino e pastoral em Estrasburgo,
de 1538 a 1541. Voltou a Genebra. Assumiu a liderança da
definição de novas formas de vida e de trabalho cristão, da
igreja e da vida comunitária.
A teologia de Calvino é uma teologia da palavra de Deus.
Ele sustentava que a revelação dada a nós por meio das
Escrituras é a única fonte confiável de nosso conhecimento
de Deus. Embora a natureza também revele Deus, e todos
CALVINO

os homens e mulheres tenham um instinto natural para a


religião, a perversidade humana nos impede de sermos
capazes de saber aproveitar sadiamente aquilo que a
natureza nos apresenta. Desse modo, devemos nos voltar
para o testemunho da revelação dada por Deus a seus
profetas e servos no AT e para o testemunho apostólico.
As Escrituras são inspiradas e, “ditadas” por Deus. Suas
afirmativas, narrativas e verdades devem ser consideradas
como dotadas de autoridade infalível.
Acreditava em uma unidade básica no ensino das Escrituras,
CALVINO

cabendo ao teólogo procurar esclarecer e dar expressão a essa


unidade na composição ordenada de suas doutrinas. Como
teólogo, procurava, assim, atender a todo o conteúdo da
palavra escrita de Deus. O teólogo deveria colocar-se em
comunhão e confrontação com o próprio Senhor e, ao dar
forma à sua teologia, levar em conta todos os eventos
originais, nos quais e pelos quais Deus se revelou ao seu povo.
Calvino escreveu comentários sobre quase todos os
livros da Bíblia. Esses comentários tiveram ampla aceitação
e são ainda de grande uso nos estudos. Aplicou métodos
da erudição humanista à Bíblia a fim de encontrar o
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significado exato das palavras no texto, bem como as


circunstâncias históricas particularmente envolvidas na
narrativa. Sua crença na autoridade e integridade da
palavra tornava impossível, no entanto, uma abordagem
crítica ao texto. Reconheceu o uso da tipologia como chave
para o entendimento da unidade existente AT e NT.
Interpretava a totalidade das Escrituras como um só
texto. A ênfase de Calvino é sempre sobre os atributos
morais ou “poderes” de Deus. Ele vê tais qualidades
devidamente listadas em dois textos específicos: Êxodo
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34.6,7 e Jeremias 9.24.


Na igreja e na administração civil, Calvino sempre
procurou mostrar que Deus era tanto “um Deus justo
quanto salvador”, sem que um aspecto de sua bondade
excluísse o outro.
Para ele a Trindade e o centro de discussão sobre a
natureza de Deus, uma vez que a revelação nos faz
ingressar no cerne do mistério do próprio ser divino. Deus
se revela plenamente em Cristo e a única é o evangelho.
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Em sua providência, Deus está sempre atuante,


sustentando e guiando a totalidade de sua criação e
dirigindo todo o curso da história humana, com
preocupação paternal e graciosa. A igreja e o cristão, não
obstante, estão sob cuidado especial nas mãos de Deus, tal
como Cristo estava.
Foi o primeiro teólogo a interpretar sistematicamente a
obra de Cristo em termos do tríplice ofício de profeta,
sacerdote e rei. Destacou o elemento penal nos
sofrimentos de Cristo sobre a cruz, enfatizando o valor
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colocado por Deus sobre sua obediência constante, tanto


obediência ativa como passiva, e sua autoidentificação
empática para conosco em nossa humanidade.
A encarnação, Calvino, criou uma “santa irmandade’”
entre ele e nós, de tal modo que ele pudesse “tragar a
morte e substituí-la pela vida, vencer o pecado e substituí-
lo pela justiça”.
A luz divina brilhava nos antigos legisladores pagãos na
concepção dos seus códigos legislativos, reconhecendo que
o homem foi capacitado por Deus, mesmo em seu estado
de decaído, com brilhantes dons, que adornariam sua
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existência, permitindo seu conforto e um tanto de


contentamento e autoexpressão artística em sua vida na
terra. Na criação, Deus proveu para o nosso uso não
somente as coisas que são necessárias para sustentar
nossa vida, mas também muitas outras coisas, proveitosas
e belas, destinadas a nos proporcionar prazer e alegria.
Fundou a academia em Genebra onde as “artes liberais e
a ciência” eram ensinadas por mestres versados em
estudos humanísticos. Calvino, contudo, preocupava-se
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com que o desenvolvimento e o uso dessas artes e ciências


estivessem de acordo com a lei de Deus e que fossem
especialmente usadas no serviço da palavra de Deus e na
promoção de uma comunidade cristã estável.
O que Cristo sofreu e fez por nós em sua obra redentora
só terá valor se estivermos unidos a ele pela fé a fim de
recebermos pessoalmente dele a graça que nos quer
propiciar. É a chamada “união mística” entre nós e Cristo. É
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obra do Espírito Santo. O cristão deve não só estar unido, a


Cristo, mas viver em conformidade com ele, em sua morte
e ressurreição. Tem de ouvir a ordem imperativa de Deus:
“Sejam santos, porque eu sou santo”, assim como o
chamado do Senhor para negar-se a si mesmo, tomar sua
cruz e segui-Lo.
Calvino ataca a raiz do pecado humano, que reside no
amor a si mesmo, mostrando que somente a autonegação
pode ser a base de um eminente amor a todas as pessoas.
Insta quanto à aceitação triunfal de toda forma de
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sofrimento para nos conformarmos à imagem de Cristo.


Ajudar o crente a viver a vida cristã em plena segurança
é a objetividade da doutrina da predestinação em sua
teologia. Era seu pensamento que nenhum cristão poderia
ser finalmente vitorioso e se sentir confiante a menos que
tivesse algum senso de sua eleição para a salvação.
Para Calvino, a forma de ministério na igreja,
especialmente o do pastor, deve refletir o próprio
ministério de Cristo, de completa humildade, interesse
voltado a cada indivíduo e fidelidade à verdade, exercido
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no poder do Espírito.
Preocupava-o a instrução, a disciplina e a assistência aos
pobres. Por isso, cria que, juntamente com o pastor, no
ministério, Deus colocava mestres ou “doutores”
(especialistas nas Escrituras e em teologia), presbíteros e
diáconos.
As cerimônias eclesiásticas deveriam ser simples,
claramente inteligíveis e justificáveis à luz da Bíblia. Estava
convencido de que o segundo mandamento proibia não só
o uso de imagens na adoração, mas também a invenção de
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cerimônias para simplesmente estimular a emoção


religiosa. Encorajava o cântico congregacional, embora
achando que os instrumentos musicais tinham um som
muito incerto para constituir um acompanhamento
adequado da adoração racional.
O sacramento, era o sinal visível de uma graça invisível.
Só o batismo e a ceia do Senhor eram sacramentos com
autoridade dominical. Denunciou a doutrina da
transubstanciação e a ideia de que um sacramento fosse
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eficaz em virtude de ser meramente apresentado como


ritual. Mas rejeitou também a ideia de que o pão e o vinho
fossem dados por Cristo como meros símbolos,
representando seu corpo e sangue, apenas para estimular
nossa memória, devoção e fé. Os sacramentos oferecem o
que representam, insistia ele.
É um sinal de que, entre ele e nós há uma união de
doação de vida. Essa união é dada e criada quando a
palavra é pregada e respondida em fé; é, também,
aumentada e fortalecida quando o sacramento é recebido
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pela fé.
Insistia em que um sacramento era ineficaz
independentemente da fé do recipiente. Justificava o
batismo infantil por sua visão de unidade da antiga com a
nova aliança, realçando ainda que a eficácia de um
sacramento não precisa estar necessariamente ligada ao
momento mesmo de sua administração.
O relacionamento entre a igreja e o Estado era uma
questão crucial no tempo de Calvino. Seus embates em
Genebra o colocaram em uma posição firme contra as
tentativas da autoridade civil de interferir nas questões
CALVINO

relativas à disciplina eclesiástica, que ele achava que devia


estar inteiramente sob o controle de uma corte
especificamente eclesiástica. Tinha o Estado em alta conta,
salientando o dever dos cidadãos de obedecer à lei e
honrar seus governantes.
Enfatizava também, no entanto, o dever dos governantes
de, semelhantemente aos pastores, cuidar de cada um e
de todos os seus súditos. Aconselhava a obediência dos
cidadãos até mesmo aos tiranos e a aceitação do
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sofrimento injusto como opção preferível a ter de recorrer


à conspiração revolucionária. Acreditava, no entanto, que
um tirano poderia vir a ser afastado pela ação deliberada
de uma autoridade inferior, devidamente constituída, do
mesmo Estado ou por intermédio de um agente “vingador”
procedente de outro lugar, tendo sido para isso levantado e
eleito por Deus./
CALVINO
SOLI DEO GLORIA

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