O termo “ escolástico” foi usado pela primeira vez por
humanistas e, no século XVI, por historiadores da filosofia para se referir aos filósofos e teólogos da Idade Média. De forma negativa, depreciativa, querendo indicar uma mentalidade presa à tradição e contrária à mudança de lógica, implicando rígido servilismo às ideias de Aristóteles. A palavra diz respeito à forma de filosofia e teologia predominante da metade ao final da Idade Média. Os cristãos medievais estavam convencidos de que a revelação divina tornara disponível a eles toda a verdade, pois, de outra forma, teria ultrapassado o entendimento ESCOLASTICISMO
humano. Consequentemente, as Escrituras, aceitas como
divinamente inspiradas, eram para ser estudadas e comentadas. Clareavam as coisas espirituais, iluminando também o entendimento do homem e do mundo. Com a descoberta dos escritos de Aristóteles, um método dialético sofisticado e uma narrativa alternativa da realidade surgiram no cenário. Mais do que qualquer outra coisa, o problema de um acordo possível ou não com as ideias de Aristóteles passou a dominar o debate nas escolas medievais. A fé, no ESCOLASTICISMO
entanto, ainda permanecia mais importante, alguém não
poderia procurar entendimento a fim de crer, mas deveria crer para poder entender. O exemplo mais antigo da espécie de análise racional da doutrina que se tornaria característica do escolasticismo é encontrado na obra de Boécio Sobre a Trindade. E a maior influência é de Abelardo que procurou proporcionar explicações das afirmações de fé. Em sua obra Sim e não, ele desenvolveu um método teológico que ESCOLASTICISMO
tornava parte da tarefa dos teólogos a solução das
diferenças entre as autoridades eclesiásticas. As Sentenças, de Pedro Lombardo se tornariam o manual didático mais amplamente usado em teologia. Era uma coleção de textos da Bíblia e dos pais da igreja sobre tópicos como Deus, criaturas, encarnação, redenção, sacramentos e últimas coisas. O estudo do texto bíblico continuou no século XIII, mas, gradativamente, os mestres passaram a tratar ESCOLASTICISMO
também de questões cruciais e difíceis por si mesmas.
Assim, desenvolveu-se o que ficou sendo chamado de “questão disputada”, exame abrangente de um único tópico baseado na Bíblia, nos pais e na tradição filosófica. Eram questões tratando de assuntos tais como verdade, o poder de Deus, a vontade divina e o livre-arbítrio. A realização máxima do escolasticismo é a Summa, uma apresentação ordenada das questões teológicas, sendo a mais conhecida de todas, certamente, a Summa ESCOLASTICISMO
Theologica, de Tomás de Aquino, que a escreveu para os
iniciantes em teologia. Nela, Tomás de Aquino discute questões numa ordem adequada para os neófitos, tratando cada tópico mais brevemente do que o faria nas questões disputadas. De posse dos escritos de Aristóteles, mas percebendo a dificuldade era que esses escritos continham ideias fundamentalmente opostas à doutrina cristã, a escolástica ESCOLASTICISMO
se dedicou a uma tentativa de associar tais escritos com o
cristianismo, alguns personagens se destacam: Guilherme de Auvergne, Alberto Magno, Boaventura, Rogério Bacon, e Tomás de Aquino. O escolasticismo, em concepções modernas (pós séc. XIX), não era uma simples teologia ou filosofia, mas, sim, uma multiplicidade de posições buscando tratar de um ESCOLASTICISMO
problema comum: o desafio do pensamento de Aristóteles.
Tomás de Aquino insistiu, em princípio, que toda
verdade é uma só, e criticou Aristóteles e seus comentadores, mostrando, assim, que a razão não contradiz a fé. Por volta de 1350, o escolasticismo estava em declínio. As palestras sobre a Bíblia não eram mais obrigatórias e havia também declinado o estudo dos ESCOLASTICISMO
escritos dos pais da igreja.
Historicamente, os escolásticos são os que mais cuidadosamente consideram a relação entre fé e razão, assim como a relação da teologia com outras ciências. Por esse motivo, os escolásticos ainda permanecem como fonte de inspiração para os filósofos e teólogos mesmo nos dias de hoje./ SOLI DEO GLORIA