Apresenta-se neste texto um resumo na forma de listagem, segundo a ordem da
própria obra lida, de seus pontos-chave e informações mais relevantes, que são os seguintes: 1. Idade Média é um termo inventado pelo pedagogo alemão Christoph Keller e, segundo ele, vai da 324, época de Constantino até 1453, quando da tomada de Constantinopla pelos turcos. Atualmente, a datação de início sobre a qual há mais consenso é a de 476, ano em que houve a tomada de Roma pelo chefe germânico Odoacro. 2. Fases da teologia medieval baseadas em seus instrumentais intelectuais específicos: a. Século IX - Gramática; b. Século XII - Dialética; c. Século XIII - Filosofia. 3. Cabe observar que, para os medievais, filósofo tem o sentido de intelectual pagão, santo o sentido de padre da Igreja (patrística), e teólogo filosofante é aquele que recorre à filosofia. 4. É citado no texto que o apóstolo São Paulo apresenta, em sua pregação para os atenienses no Areópago, a teologia cristã como aperfeiçoamento e não ruptura da teologia grega. Porém, esta pregação é motivo de chacota, não chegando ao efeito conversor esperado. Quando ele faz uma pregação mais despretensiosa e sobrenatural para os ouvintes em Corinto, esta obtém resultados mais eficazes. 5. Consequentemente, há duas linhagens de cristãos, tal como as duas modalidades da pregação paulina. Uma delas quer relacionar o cristianismo com as coisas deste mundo, tendo-o por consumação delas. A outra pretende pensá-lo como absolutamente separado deste mundo. 6. Fazendo parte da primeira linhagem, o filósofo e teólogo Santo Agostinho a faz predominar por um milênio, marcando profundamente o início do pensamento cristão ocidental. A visão agostiniana da relação entre fé e razão está baseada no axioma "compreender para crer e crer para melhor compreender". 7. É indicado pelo autor do texto que o imperador analfabeto Carlos Magno convida o ilustrado monge Alcuíno, mestre nas artes liberais da antiguidade, para incentivar e estruturar a educação romana. As disciplinas de tais artes eram as do trívio (palavras) e do quadrívio (números), e seu uso por parte de Agostinho e outros escritores posteriores visou estabelecer interpretação mais acertada das Escrituras. 8. O autor mais relevante após Agostinho é do século IX e se chama John Scott "Erígena" (o irlandês). Ele cria a primeira grande suma de teologia ("A divisão da natureza"), dando início ao estilo muito usado por autores posteriores, entre os anos de 862 e 866. Pontos de vista semelhantes ao seu, em que pensa a filosofia como inteligência da fé, reaparecem em Pedro Abelardo e Anselmo de Cantuária. 9. O século X é um ponto do período medieval realmente tido como obscuro, sendo marcado por pouca produção intelectual e grandes invasões na europa. 10. São Pedro Damião estabelece críticas à aplicação da dialética como método de interpretação da Palavra de Deus, implicando nela algo de perigoso e, até mesmo, inútil. Para ele, a filosofia pode ser, no máximo, serva da teologia. 11. Santo Anselmo (1033-1109), autor que teve o “Proslogion” por sua obra-prima, visou aplicar o “fides ut intelligam” (crer para compreender) agostiniano. a. Ele apresenta um argumento ontológico da existência de Deus, em que, sendo Deus "aquilo tal que não se pode pensar algo de maior", Ele não pode existir somente na inteligência sem fazê-lo também na realidade. Pois assim, certamente, haveria algo de maior que Ele e a contradição não permitiria que isso fizesse sentido. É isto mais um reforço racional da fé do que uma prova exata e direta da existência de Deus. 12. Pedro Abelardo (1079-1142) buscou uma dialética aplicada à teologia. Analisava posicionamentos teológicos divergentes entre os Padres da Igreja, mas, sem tentar resolver as contradições e sim desvelá-las. Isso pelo fato de os "santos" utilizarem a linguagem de modo, talvez, descuidado ou só não muito técnico, incorrendo em problemas para expressar raciocínios provavelmente válidos. Também influenciou ao enfatizar a importância de levar em consideração as vicissitudes do texto e do autor nas interpretações de tais textos, propondo ser possível haver escritos inautênticos ou alteração/corrupção dos autênticos, além de os autores poderem realmente ter incorrido em erros e até, talvez, terem se corrigido em textos seguintes que foram perdidos. Ele vai mais fundo na dialética do que Santo Anselmo, passando da pura meditação para uma investigação mais apurada e argumentativa. Esse método de questionamento se torna central no exercício acadêmico do século XIII, tanto que Santo Tomás de Aquino inicia sua suma de teologia com a pergunta filosófica "Será que há um Deus?". 13. Uma mudança na forma de estudar teologia é estabelecida pelo italiano Pedro Lombardo na obra "Os Quatro Livros das Sentenças" (cerca de 1160), em que propõe que o método não seja criar e anexar comentários às partes distintas da Bíblia, mas sim produzir um compêndio extra, estruturado em uma divisão por assuntos e que reúna as questões centrais da fé, como: Deus Uno e Trino; a criação, graça e pecado; encarnação e redenção; Sacramentos e os Novíssimos. 14. Além da influência central de Abelardo e Lombardo, a partir do século XII, a catedral de Chartres e a Abadia de São Vítor também se tornaram relevantes na aplicação do trívio e do quadrívio na teologia. Com relação ao quadrívio, em Chartres se destacou a figura de Teodorico de Chartres (falecimento em 1150), que se valia da aritmética para basear conceitos teológicos. Abelardo foi criticado por seu professor por não ser apto para o quadrívio e, ao mesmo tempo, criticou outro professor, acabando com sua carreira ali e o forçando a ir para a Abadia de São Vítor. Guilherme de Champeaux, o professor em questão, chegando lá, acabou por gerar muito desenvolvimento acadêmico, influenciando até mesmo ao seu aluno e futura figura de destaque, Hugo de São Vítor. 15. Hugo, "novo Agostinho", julga necessário ligar as artes liberais à filosofia, esta à teologia que, por sua vez, deve levar à beatitude. 16. Até o século XII, as bibliotecas eram pouco volumosas. A partir dele, as traduções do grego e do árabe se multiplicaram efusivamente. a. Os Diálogos de Platão só vieram a ser traduzidos no século XV. Sua fama anterior a isso só pôde se dar devido aos neoplatônicos que influenciaram Santo Agostinho. Somente Aristóteles era, então, entre os séculos XII e XV, lido diretamente, graças às traduções do primeiro. 17. No século XIII, as escolas ligadas às catedrais urbanas foram as primeiras universidades. Este termo sendo usado no sentido de um conjunto/sindicato de mestres e estudantes, não no mais atual significado de união de vários cursos, sendo que algumas delas possuíam apenas um. a. A mais bem-sucedida, a de Paris, tinha Artes, Direito, Medicina e Teologia, em que o primeiro curso era uma propedêutica obrigatória para todos os outros e era formado pelas disciplinas do Trívio e do Quadrívio. 18. As funções do ofício de mestre em teologia: a. Lecionar (Ler) - partir dos textos Sagrados e seus comentários para ensinar. b. Disputar - mediar as questões que, a partir de então, eram institucionalizadas, gerindo o debate entre defensores e opositores das teses a respeito de certas questões, e dando a palavra final quanto a resolução das mesmas. c. Dar consultoria - especialmente para autoridades, nos assuntos de sua competência. 19. Esses debates, denominados disputatio, se tornaram entretenimento e eram de dois tipos, uns de tema pré-estabelecido, outros de tema livre. 20. Para conseguir o mestrado em teologia, um bacharel devia comentar por 2 anos as sentenças de Lombardo. Isso gerou numerosos textos que hoje servem de indicativos documentais a respeito da época. As próprias sessões de disputa tinham registros escritos que se enquadram na mesma situação. 21. As sumas pretendem ser uma resolução das limitações ligadas aos comentários e às disputas - entre eles: desordem, especificidade e profundidade excessivos. Ela, por sua vez, visava ser enciclopédica, sintética e pedagógica. 22. As tendências reformistas em geral são marginalizadas pelas autoridades eclesiásticas. Para acolher as que se deram no século XIII e, simultaneamente, evitar heresias, a Igreja deu abertura às "ordens mendicantes" que, além de despojadas, eram fundadas por homens retos, como São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão. 23. Muitas condenações foram feitas quanto aos erros doutrinários incorridos pelos textos filosóficos recém-traduzidos, em comparação com a visão da Igreja, especialmente os de Aristóteles. A instituição tenta não perder poder intelectual, político e moral. 24. A condenação feita pelo bispo Tempier, de Paris, em 1277, a 219 teses, é um marco de mudança no pensamento medieval, causando mais tarde a instauração da mentalidade de dispensabilidade da filosofia para embasar a produção teológica. Ela visou, também, dissociar as especulações sobre Deus das bases metafísicas aristotélicas, ligadas teoricamente às essências naturais ou ao princípio lógico de não-contradição. 25. John Duns Scott julga que o ser humano seja incapaz de estabelecer racionalmente os reais predicados de Deus, para poder afirmar com tanta certeza que Ele seja mesmo onipotente e onipresente. Só a teologia o pode reconhecer. 26. Guilherme de Ockam propõe um "princípio de economia" pelo qual julga que a multiplicidade de termos não deve implicar em equiparação numérica de objetos ou qualidade reais significados pelos mesmos. 27. Do século XII em diante, a condenação às obras aristotélicas acaba influenciando o surgimento de preocupações acadêmicas com disciplinas físicas, como a mecânica. No entanto, até isso é utilizado para ser base de especulações teológicas, como no exemplo da força transitória impressa por Deus na natureza em ímpeto para o movimento físico e espiritual, que é relevada na teologia sacramental. 28. Crises de teor intelectual e religioso se emaranharam entre os séculos XIII e XVI, levando a várias rupturas de unidade eclesial e da metodologia da produção acadêmica medieval, desembocando em autores com predominante preocupação racional, como Descartes, Bacon, Espinoza e Leibniz. 29. Para concluir, é necessário apontar que a importância histórica da filosofia medieval é ressaltada, especialmente, por sua ligação direta com as obras realizadas antes e depois de si, sendo indispensável para quem visa compreender a formação da forma de pensamento ocidental.
Patrística - Explicação de algumas proposições da Carta aos Romanos | Explicação da Carta aos Gálatas | Explicação incoada da Carta aos Romanos - Vol. 25
Patrística - Comentário às Cartas de São Paulo 1 - Vol. 27 1: Homilias sobre a epístola aos Romanos, Comentários sobre a epístola aos Gálatas, Homilias sobre a epístola aos Efésios