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FILOSOFIA

MEDIEVAL
LUIZ SAYÃO
AULA 4
FILOSOFIA MEDIEVAL

A Filosofia Medieval é o resultado do encontro


do cristianismo, de origem hebraica, com o
pensamento grego clássico. As influências de
Platão e Aristóteles serão determinantes para
a construção do pensamento medieval.
ÉPOCA MOVIMENTOS FILOSÓFICOS TEMAS PRINCIPAIS

ANTIGA Períodos: - a metafísica:


1. Pré-Socrático: A arche, a origem primeira de tudo;
Séc.
2. Clássico: O logos, princípio de unidade, lei fundamental
6 a.C. - Sócrates/Platão do mundo.

a 6 d.C. - Aristóteles - a busca da verdade.


3. Helenístico: - natureza e ética do homem: o bem, a alma e
- Estoicismo - Epicurismo a virtude.
- Neoplatonismo

MEDIEVAL Períodos: Tomismo: Aquino


1. Patrístico: - escolástica tardia – questão metafísica.
Séc.
- Pais da Igreja - relação fé/conhecimento.
2-15 d.C. - Agostinho - base nos pais da Igreja e na Bíblia.
2. Escolástico: - adequação e relação entre o cristianismo e a
- 1a escolástica filosofia grega.
- alta escolástica
FILOSOFIA
CLÁSSICA
MUNDO
GREGO
IMPÉRIO
ROMANO
SÉC. 1
A FÉ
CRISTÃ
NO
IMPÉRIO
EXPANSÃO
CRISTÃ:
EUROPA
MEDIEVAL
ESCOLÁSTICA: INÍCIOS.
Do século 5 ao 8, com a queda do Império Romano Ociden-
tal, decai a produção intelectual na Cristandade, a ponto de
se poder dizer que não se vê nada de original no pensamento
dessa época. Trata-se do período da Alta Idade Média, quan-
do a Igreja cuidou de compilar em manuais o conhecimento
antigo. A filosofia ficou, em geral, estacionária.
ESCOLÁSTICA: INÍCIOS.
Destacam-se nesse período alguns fatores importantes:
1. A expansão do horizonte geográfico.
2. Invasões da Ásia Central e a expansão muçulmana. No
mundo bizantino, islâmico e no Oriente Próximo floresce
muito da cultura de Roma e da Grécia antigas.
3. Nesse contexto surge o segundo período da filosofia
cristã: a Escolástica (sec. 9-16), ou filosofia das escolas,
ensinada nas escolas e que será predominante na
Europa, do século 11 ao século 14.
Bizantinos
e o Islã

Séc. 6-8
ESCOLÁSTICA: CONTEXTO
Duas tendências definem o pensamento dessa época:

1. A tradição religiosa da cristandade, que, como princípio


de autoridade que pertence à Igreja, determina a investi-
gação intelectual e avalia o pensamento da perspectiva
teológica e dogmática.
2. A perspectiva filosófica (no início, a platônica-agosti-
niana e depois a aristotélica), que serve de instrumento
para essa abordagem.
ESCOLÁSTICA: INÍCIOS.
As origens da escolástica estão nas obras de Carlos Magno.
Ele traz um novo enfoque. É com razão que se fala de uma re-
nascença carolíngia. Nas escolas nascidas em seu império,
floresce o início da escolástica. O monge anglo–saxão Alcuíno,
em 781, vem de York para a escola de Aquisgrana (Aachen). Na
escola monástica de Fulda ele tem alunos como Rábano Mauro
(f 856). Pascásio Radberto (+ 860) e Ratramo. Escoto Erígena
(s.9) procura relacionar ideias platônicas e neoplatônicas com
o pensamento cristão da Patrística e de Agostinho. De Aristó-
teles, só se conhecia seus escritos de Lógica.
ESCOLÁSTICA
Escolástica ou Escolasticismo (do latim scholasticus e do grego
σχολαστικός, instruído) torna-se o pensamento dominante no
ensino nas universidades medievais europeias entre 1100 a 1500.
Assim, no século 11, o método se propaga. Com o estudo da
dialética, o interesse dos estudiosos se volta para o problema
dos universais, o tema mais debatido no século 11.
O universal é uma ideia que tem uma essência comum a muitos
seres e que, portanto, deve ser aplicável a todos esses seres.
Exemplo: a ideia de homem representa uma essência, animal ra-
cional, que permanece sempre a mesma. Não importa se se apli-
cam a vários indivíduos do mesmo gênero (homem) (e a todos
deve ser aplicável) e à distinta aparência desses indivíduos.
ANSELMO DE CANTUÁRIA
Anselmo de Cantuária (1038-1109) nasceu em Aosta, foi abade
da abadia do Bec, na Normandia, e se tornou depois bispo de
Cantuária. Com ele começa a escolástica propriamente dita. O
que existe antes dele pode chamar-se pré-escolástica. Suas
duas célebres obras são o Monologium, que trata da sabedoria
divina, e o Proslogium, cujo foco é a existência de Deus.
Ele seguiu principalmente as ideias de Agostinho e construiu
suas ideias principais baseado num enfoque chamado realista.
PEDRO ABELARDO
Pedro Abelardo (1079-1142), notável por sua personalidade e vida agitada
como por suas realizações e originalidade de pensamento. Para avivar a
problemática e aprofundar o estudo dos temas, explora o método dos
canonistas (Bernardo de Constança), que consiste em enfrentar dialetica-
mente as "autoridades" opostas em torno de uma certa questão. Este é o
pensamento fundamental da sua obra Sic et Non (Sim e Não). Exerceu
grande influência sobre a formação da escolástica, especialmente sobre a
técnica das discussões, que, como já vimos, constituíam o arcabouço das
Sumas. Sua obra sobre ética ganhou nome. Seus escritos lógicos o
colocam "na primeira linha filósofos da Idade Média" .
ESCOLÁSTICA: S. 9-12.
Discute-se o Problema dos Universais.
Artes divididas em Trivium (gramática, retórica e dialética) e
Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música.
Escoto Erígena. Não há contradição entre fé e razão. A criação é
teofania do Deus oculto que se determina a si mesmo.
Anselmo. O conteúdo do ensino cristão pode ser deduzido dos
fundamentos racionais sem ajuda da Bíblia ou dos pais da igreja.
Abelardo. A linguagem é a fonte que une o pensamento às
coisas; o sic et non é o método de reunir teses opostas para se
chegar à verdade. A razão separa-se da fé; é independente.
MIGRAÇÃO DOS JUDEUS
MAIMÔNIDES 1135-1204
Influência aristotélica

Maior pensador judeu medieval

Referência do judaísmo

13 princípios de fé

Filósofo, teólogo e médico.


FILOSOFIA NO ISLÃ
Como os filósofos cristãos, também os
muçulmanos tentaram conciliar o con-
teúdo do fé com a filosofia, ou melhor,
esforçaram-se para explicar racional-
mente a doutrina religiosa através da
filosofia. Queriam lidar com a fé a partir
da luz da razão natural, conciliar a fé
com a razão, síntese que muitas vezes
chega a modos originais de pensar.
Essas obras foram escritas em árabe.
FILOSOFIA NO ISLÃ
A filosofia medieval em árabe, orientada pelo interesse científi-
co, teve em dois médicos seus representantes mais notáveis:
Avicena, no Oriente (980-1037) e Averróis de Córdoba, no Oci-
dente (1126-1198). Esses estudiosos se dedicaram, fundamen-
talmente, ao estudo de Aristóteles, mas de um Aristóteles que
conheceram através da visão de intérpretes neoplatônicos e não
da obra do próprio filósofo grego. Foi esse Aristóteles, traduzido
do grego ao siríaco e do siríaco ao árabe, que eles legaram ao
Ocidente; mas, não se pode negar o imenso valor que teve para
a cultura o empenho árabe na conservação do pensamento anti-
go. Os judeus tiveram papel único nisso.
TOMÁS DE AQUINO
TOMÁS DE AQUINO
Tomás de Aquino é “o príncipe da escolástica”, pois é de fato seu
expoente. Antes dele, a escolástica recebeu como novidade as
ideias de Aristóteles, mediante os árabes ou traduções diretas do
grego, e tudo isso ele empregou para fazer uma coesa constru-
ção filosófica. E a síntese artística que criou, com as antigas e as
novas ideias, é de extraordinária e, sobretudo, de uma clareza
única. E. Gilson escreveu, sobre a posição do Aquinata na esco-
lástica, o seguinte: "O distintivo de São Tomás, entre todos os
escolásticos, não é a originalidade, mas a ousadia e o desfecho
da construção.
TOMÁS DE AQUINO
 Nascido em 1225.
 De Roccasecca, Itália.
 Estudou Aristóteles na Itália.
 Estudou e foi professor em Paris.
 Morreu em 1274.
 O Papa Leão XXIII declara-o
“maior mestre entre todos os
doutores da escolástica“ em 1879.
TOMÁS DE AQUINO
 Aplicou a filosofia recuperada de Aristóteles
à teologia cristã.
 Desafiou a teologia de Agostinho.
 Distinguiu claramente entre o que pode e o
que não pode ser demonstrado pela razão
sem a revelação.
 Argumentou em favor da existência de Deus
a partir da existência do universo.
TOMÁS DE AQUINO
 Pode-se argumentar que a filosofia revela tudo sobre o ser
sem recorrer à revelação.
 Mas também é necessário que haja o conhecimento revelado.
 O objeto da teologia é Deus.
 Usa a razão para argumentar a partir de primeiros princípios,
que são os artigos de fé.
 Usa argumentos de autoridade, que são os mais fortes visto
que a autoridade é divina.
 Suas reivindicações não podem ser contestadas por aqueles
que rejeitam os artigos de fé.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.
 Só se conhece algo como autoevidente quando o
predicado está incluído na essência do sujeito (o
homem é um animal).
 A existência está incluída na essência de Deus.
 Mas nós não conhecemos a essência de Deus.
 Portanto, temos de inferir a existência de Deus a
partir de efeitos de Deus na natureza.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.
 Anselmo argumentou que só se sabe que Deus
existe quando se compreende o que Deus é.
 Muitas pessoas não entendem Deus como algo
maior do que qualquer coisa que possa ser pensada.
 Compreender isto significa apenas que o que se
entende existe na mente.
 Não é possível que algo exista na mente e não na
realidade. Só posso supor que esse algo existe na
realidade também.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.

1. Um objeto não pode mover e ser movido ao mesmo


tempo e da mesma forma.
2. Assim, se um objeto é movido, existe um motor dele
distinto.
3. A série de motores não pode retroceder infinitamente.
4. Assim, há um primeiro motor que não é movido.
5. O motor imóvel é Deus.
6. Logo, Deus existe.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.
1. Nada pode ser anterior a si mesmo.
2. Logo, nada na natureza pode ser a causa
eficiente de si mesmo.
3. A série de causas eficientes não pode
retroceder infinitamente.
4. Logo, há uma primeira causa eficiente.
5. A primeira causa eficiente é Deus.
6. Logo, Deus existe.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.
1. Tudo na natureza não pode “ser”.
2. O que não pode ser, por vezes, não é.
3. Se tudo não pode ser, houve tempo quando nada existia.
4. O que existe só veio a ser a partir do que já existe.
5. Portanto, se tudo não pode ser, então nada existiria.
6. Então, algum ser não pode não ser.
7. O ser que “não pode não ser” é Deus.
8. Logo, Deus existe.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.
1. Todas as coisas na natureza estão em graus.
2. Se alguma coisa está em certo grau, deve ser
comparável a um máximo.
3. O valor máximo de um gênero é a causa de
todos os que pertencem a este gênero.
4. Logo, deve haver um máximo de bondade e de
todas as perfeições.
5. O máximo da perfeição é Deus.
6. Logo, Deus existe.
TOMÁS DE AQUINO:
O Argumento DEUS.
do Governo
1. Os corpos naturais agem em função de um fim.
2. Agir por fim depende de um propósito.
3. Propósito depende de conhecimento.
4. Muitos seres que agem por um fim carecem de conhecimento.
5. Logo, esses seres são dirigidos por um ser que tem conheci-
mento.
6. Deus é o ser que dirige todas as coisas naturais.
7. Logo, Deus existe.
TOMÁS DE AQUINO: DEUS.
O Problema do Mal
 O argumento a partir do problema do mal

Se Deus existe, logo a bondade é infinita, e não há espaço


para o mal no mundo
Todavia, o mal existe.
Então, Deus não deve existir.

 Mas a existência do mal é compatível com a de Deus.

 Deus permite o mal para produzir o bem


TOMÁS DE AQUINO: RAZÃO.
A teologia (revelação) e a filosofia (razão humana) se fundem
numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação
comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser
substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou
que não pode haver contradição entre fé e razão.
Tomás de Aquino defende uma certa autonomia da razão na
obtenção de respostas, por força da inovação do aristote-
lismo, mas defende a subordinação da razão à fé.
TOMÁS DE AQUINO
Síntese de Aristotelismo e Cristianismo. A perfeição máxima é o ser; os
seres criados, entes, participam da perfeição do ser. A verdade consiste
na correspondência entre pensamento e ser. Deus é o ser que subiste por
si mesmo. O mundo surgiu da comunicação do ser divino. A alma é imortal.
Cinco argumentos em favor da existência de Deus:
O motor não movido; a causa última de tudo;
o ser necessário; o ser perfeito; a ordem universal.
Ética intelectualista: Deve-se agir em conformidade com a razão. Razão é
fé são distintas, mas não se contradizem. São também modos diferentes
de conhecer: a razão aceita a evidência, a fé, a autoridade. Deus não
interfere no processo do conhecimento racional. A filosofia deve
subordinar-se à teologia; o estado deve subordinar-se à igreja.

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