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• MEDIEVAL.
§ Contexto filosófico-histórico:
No pensamento filosófico medieval, que abrange tanto a fase da Patrística quanto a era da
Escolástica, a filosofia desempenha um papel fundamental como uma disciplina subordinada à
teologia, com a missão de preparar a mente humana para acolher as verdades reveladas. A base do
conhecimento nesse contexto reside na crença de que a verdade se encontra em Deus, estabelecendo,
assim, uma inicial superioridade da fé sobre a razão. Em todo o panorama filosófico medieval, Deus é
o primeiro objeto de reflexão, seguido pelo estudo do homem e do mundo.
Ao contrário dos filósofos gregos, cuja concepção divina não envolvia a criação da matéria, a visão
cristã apresenta Deus como o criador de toda a matéria, ordenando-a em direção a um fim
eternamente presente em sua mente. Apesar dessa superioridade da fé, a relação entre fé e razão é
marcada por uma complementaridade e harmonia, uma vez que se busca a inteligibilidade (razão)
daquilo em que se crê (fé). Dessa forma, a filosofia medieval promoveu uma busca incessante pelo
entendimento e reconciliação entre esses dois pilares, contribuindo para a rica tradição do pensamento
filosófico medieval.
§ Conceitos Fundamentais:
Santo Agostinho elabora sua Teoria do conhecimento, na qual o homem depende da iluminação
divina para atingir a verdade, e Deus, para o autor, seria fonte desta verdade.
Agostinho expõe o problema do mal, demonstrando que o mal é a ausência de bem. Deus é
completamente bom, mas o mal existe devido à liberdade humana. Temos a noção de “livre-
Arbítrio”, que significaria, para Agostinho, “ter acesso ao poder de decisão ou opção”, porém, o
mal não vem de Deus, mas sim do poder de escolha que o homem exerce através de sua vontade. Já
que o mal não vem de Deus, e o livre-arbítrio é um bem, pois vem de Deus, então passa-se a busca
pela causa do pecado.
O pensador obteve influência duradoura no pensamento cristão e ocidental. Sua teologia moldou a
doutrina da Igreja Católica e influenciou pensadores posteriores, como Thomás de Aquino. A
Patrística, incluindo os escritos de Agostinho, contribuiu para a cristianização da filosofia e
estabeleceu as bases para a filosofia medieval. Suas reflexões sobre fé, razão e moral continuam a ser
estudadas e debatidas até hoje.
§ Conceitos fundamentais:
O principal objetivo de Tomás de Aquino era sintetizar a filosofia aristotélica com a teologia cristã
demonstrando que a razão e a fé não eram incompatíveis, mas complementares, e que a razão
poderia ser usada para compreender a fé de maneira mais profunda. Dessa maneira, Aquino
desenvolveu a ideia da "teologia natural", que argumenta que a existência de Deus pode ser
provada pela razão. Também explorou a natureza humana, argumentando que a razão era uma
característica fundamental que distinguia os seres humanos dos outros seres. Ele definiu a alma
como a forma substancial do corpo, uma ideia derivada da filosofia aristotélica.
O filósofo influenciou profundamente a ética cristã; desenvolvendo uma ética baseada na razão e na
lei natural. Argumentava que o objetivo moral era alcançar a virtude e a felicidade eterna. Neste
ponto, temos a ideia de “livre Arbítrio” para o autor, que estaria ligada diretamente com a concepção
de “graça”: a graça tem relação com o livre arbítrio, mas no sentido de dotar o homem da
capacidade de escolha voltada para as boas ações, mas não algo determinado de antemão pelo curso
da vida escrita por Deus. Pois senão, não seria livre arbítrio e sim determinismo.
O livre arbítrio seria consequência direta da natureza racional do homem. Como único ser, assim
como os anjos, com a capacidade de escolha nas ações. Diferentemente dos animais, guiados pelo
instinto, o homem, sendo racional, tem a escolha entre o caminho que leva a felicidade (ligada aos
preceitos divinos) e o caminho que leva a miséria (ligada aos aspectos mundanos).