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Filosofia Cristã

Escrito por Pedro Menezes

Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

A filosofia cristã representa um conjunto de ideias baseadas


nos preceitos de Jesus Cristo. Sua principal característica é a busca
da explicação para a existência de Deus por meio da ciência.

A base do pensamento está na tradição racionalista filosófica


grega e romana em consonância com os dogmas cristãos. O
fundamento principal da filosofia cristã é justificar a fé tendo a razão
como instrumento.

Essa corrente de pensamento empresta da Metafísica grega a


explicação científica para a existência de Deus defendida no
Cristianismo.

Também são adaptados ao conceito para justificar a fé,


fundamentos do neoplatonismo, estoicismo e gnosticismo.

Os primeiros pensadores da filosofia cristã foram: São Paulo, São


João, Santo Ambrósio, Santo Eusébio e Santo Agostinho.

Principais doutrinas da filosofia cristã:

 Há separação entre material-corporal e espiritual-corporal


 Deus e o mundo material são separados
 Deus se manifesta em três pessoas distintas, a Santíssima Trindade
(Pai, Filho e Espírito Santo)
 O Pai é considerado o Ser do mundo, o Filho é a alma do mundo e
o Espírito Santo a inteligência
 A verdade está nas Escrituras (Bíblia Sagrada)
 Há no mundo: anjos, arcanjos, serafins e um reino espiritual
 A alma humana participa da divindade e é superior ao corpo
 A Providência divina governa todas as coisas
 Para ser perfeito, o homem precisa entregar-se à Providência divina
e abandonar os impulsos carnais
 É preciso crer em Cristo para ser santificado
 O mal é identificado com o demônio
 O mal age sobre a matéria, a carne, o mundo e o homem

História da Filosofia Cristã


As pregações de Paulo de Tarso (São Paulo), um judeu
helenizado, são consideradas os primeiros passos para a formação
da filosofia cristã. Paulo era funcionário do exército romano e se
converteu ao Cristianismo.

Suas pregações são descritas nas chamadas Epístolas, onde defende


a universalização da mensagem cristã. Segundo Paulo, as
mensagens deixadas por Cristo não eram dirigidas somente aos
judeus porque Deus criou os homens à sua imagem e semelhança.

Nesse contexto, o Cristianismo é difundido por meio de grupos de


fiéis reunidos em centros urbanos que recebem as pregações de
Paulo. As comunidades se encontravam para a realização de rituais e
práticas religiosas.

Essas comunidades eram denominadas ecclesia, termo grego para


igreja. A prática religiosa nessas comunidades não era unificada e a
filosofia cristã foi usada como instrumento para o processo de
hegemonia.

Os pensadores que defendiam a unificação da doutrina cristã foram


denominados apologetas. O nome é uma referência à apologia que
faziam ao Cristianismo.

Filosofia Cristã na Idade Média

A filosofia cristã é estabelecida como marco para a filosofia


medieval. O primeiro período, que vai do século II ao VIII, é
denominado "patrística" e tem como principal expoente Santo
Agostinho.
A patrística buscou unir a doutrina cristã com o conhecimento e as
bases filosóficas prévias desenvolvidas pela filosofia grega clássica. A
razão, base do pensamento filosófico grego, torna-se uma
ferramenta para a justificação da fé.

A partir do século IX e século XV, a filosofia cristã passa a ser


chamada "escolástica", tendo como destaque São Tomás de Aquino.

Fundamenta-se a ideia de que o conhecimento (cristão) pode e


deve ser transmitido e ensinado, surgem as primeiras universidades.
A lógica aristotélica torna-se base para o desenvolvimento de um
conhecimento cristão.

Tomás de Aquino toma a lógica como um princípio da fé.

(As cinco vias de Tomás de Aquino são um reflexo claro desse


pensamento, busca construir bases lógicas para a doutrina cristã a partir
das provas da existência de Deus.)

O saber religioso é identificado como um saber lógico e


racional.

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