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Filosofia Medieval:

Santo Agostinho
3ºEM
A formação da filosofia medieval
• A passagem do mundo antigo para o medieval
transcorre com a crise social, econômica,
cultural e política do Império Romano do
Ocidente que têm início no século III, mas
atingem o seu ápice no século V.
• As transformações culturais que caracterizam
as sociedades medievais têm início no Império
Romano, principalmente com a difusão do
cristianismo.
• O cristianismo, institucionalmente fortalecido
na Igreja Católica, passou a influenciar todos
os domínios da existência humana,
estendendo-se do nascimento à morte e
preenchendo os modos de pensar, de agir, de
sentir e de escolher.
As relações entre razão e fé
• A primazia do cristianismo católico na cultura Santo Agostinho (354 –
medieval impôs consequências para a reflexão 430) afasta qualquer
filosófica: a especulação racional tinha de se antagonismo entre saber
racional e saber revelado,
adequar à noção de ser supremo identificada acentuando uma
no Deus criador. complementaridade entre
ambos.
• A religião cristã, ao apresentar respostas reveladas
São Tomás de Aquino
ao que antes era objeto de especulação racional, (1225 – 1274) afirma que é
instaura uma tensão entre razão e fé. possível atestar
racionalmente a
• Uma das questões centrais da filosofia medieval é existência de Deus,
a relação entre o conhecimento racional e a enquanto a fé revela o que
está para além da
verdade revelada no evangelho, de modo que capacidade racional dos
muitos filósofos desse período buscaram definir homens.
de que modo fé e razão se relacionam.
Patrística e Escolástica
• A Patrística teve início no século I e perdurou até o século VII.
• A fim de dotar o cristianismo de um arcabouço filosófico, a Patrística foi buscar
inspiração nas obras dos filósofos gregos e seus sucessores.
• Os filósofos da Patrística procuraram construir uma verdadeira filosofia cristã, a fim de
converter os infiéis dos fundamentos cristãos a partir de algo além da fé.
• Os valores que irão permear essa filosofia estão associados à pureza e à humildade.

• O termo Escolástica refere-se à produção filosófica que ocorreu na Idade Média, entre
os séculos IX e XIII, marcada pelo surgimento das escolas e Universidades medievais.
• Por conta da valorização cultural e do ensino, além do resgate a Aristóteles, imperou
durante a Escolástica uma intensa mobilização para o conhecimento das questões
metafísicas e das ciências naturais.
• A fé, já abordada nos escritos dos pensadores cristãos desde o século II, passa a ser
encarada em conjunto com a razão e, inclusive, se estabece a autonomia da filosofia em
relação à teologia.
• Aurélio Agostinho nasceu em 354 em Tagaste
(África), filho de um pequeno proprietário pagão e A vida de Santo
de uma mãe cristã fervorosa. Agostinho
• Estudou retórica em Cartago e em 384 se
transferiu para Roma e, depois, para Milão, onde
converteu-se ao cristianismo. Em 388 retornou à
África, onde fundou uma comunidade religiosa e
adquiriu notoriedade pela santidade de sua vida.
• Quando jovem, Agostinho tentou ler a Bíblia
algumas vezes, mas não a compreendeu por conta
de seu estilo refinado. Antes de se converter ao
cristianismo, Agostinho abraçou o maniqueísmo,
uma religião persa fundada no dualismo entre bem
e mal.
A vida de Santo
• Os encontros decisivos de Agostinho deram-se em Agostinho
Milão: 1) do bispo Ambrósio, que lhe ensinou o
modo correto de abordar a Bíblia; 2) a leitura dos
livros neoplatônicos lhe revelou a realidade do
imaterial.
• A conversão de Santo Agostinho foi precedida por
uma vida errante, dividida entre estudos, prazeres
mundanos, busca de prestígio social e procura por
respostas às suas aflições.
• Santo Agostinho escreveu 93 obras, sendo as mais
importantes A Trindade (399-419) e Confissões
(397).
O filosofar na fé

• É com Santo Agostinho que nasce a "filosofia cristã" como uma síntese
madura entre fé e filosofia, dotando o cristianismo de um arcabouço
teórico.
• A filosofia de Santo Agostinho foi elaborada com base em uma
aproximação entre o neoplatonismo de Plotino e os ensinamentos bíblicos.
• "Crer para compreender e compreender para crer": fé e razão são,
segundo Agostinho, complementares.
• Para Agostinho, a fé não substitui a razão, mas estimula e promove-a,
assim como a razão não elimina a fé, mas a fortalece e a clarifica.
A verdade e a iluminação divina
• Como pode a mente humana, falível, extrair verdades a partir do mundo
sensível que, por sua vez, também é mutável e imperfeito?

• Sua resposta a essa questão se encontra em sua teoria da iluminação divina,


elaborada com base na teoria platônica da reminiscência.

• Os objetos sensoriais agem sobre os sentidos e a alma, por sua vez, extrai de seu
interior a representação do objeto (corpo = passivo; alma = ativa).

• Uma vez que os objetos são mutáveis e imperfeitos, enquanto as representações são
imutáveis e perfeitas (ex. geometria), a alma não extrai dos objetos nem produz por si
mesma os critérios com os quais julga as coisas.

• Agostinho conclui que existe uma natureza imutável, superior à alma humana, que
comunica a verdade, ou as Ideias, ao intelecto.
A apropriação de Platão pelo pensamento de
Agostinho
• A filosofia de Agostinho segue a inspiração inatista da filosofia platônica (o
conhecimento não pode ser derivado inteiramente da apreensão sensível ou da
experiência concreta).
• Agostinho não aceita a doutrina platônica da reminiscência, mas desenvolve sua
teoria da interioridade e da iluminação divina.
• Agostinho faz das Ideias, portanto, pensamentos de Deus, comunicados aos
seres humanos através da luz eterna da razão, instalando-se na memória (Mestre
Interior).
• Para Agostinho, o homem interior é imagem e semelhança de Deus. Assim, Deus
se espelha na alma, de modo que é escavando a alma (interioridade) e não o
mundo, que se encontra Deus e a verdade.
A teoria da iluminação divina

No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de
quem fala, a qual soa por fora, mas a verdade que dentro de nós preside à própria
mente, incitados talvez pelas palavras a consultá-la. Quem é consultado ensina
verdadeiramente e este é Cristo, que habita, como foi dito, no homem interior [cap. XI,
38].
A apropriação de Platão pelo pensamento de
Agostinho
A prova da existência de Deus
A demonstração da existência da certeza e da verdade coincide,
para Agostinho, com a demonstração da existência de Deus.
Assim, o ser humano passa da exterioridade das coisas à
interioridade do espírito humano, depois da Verdade que está
no espírito ao princípio de toda a verdade, que é Deus.
"Não é toda e qualquer alma que é apta, mas somente aquela que é santa e pura, ou seja, aquela que tem o
olho santo, puro e sereno com o qual pretende ver as Ideias, de modo que seja semelhante às próprias Idéias".

(Agostinho. Solilóquios, 1, 1 , 3).


A questão da origem do mal
• Todas as criaturas são originalmente boas, uma vez que foram geradas pelo ser
repleto de bondade. Assim, não seria racional concluir que da vontade divina
surgissem seres maléficos.
• Para Agostinho, o mal não existe como um ser, mas é apenas a ausência de
bem.
• Se o mal não é produto da vontade de Deus, descende de outra vontade,
inversa à do criador, isto é, do livre-arbítrio do ser humano, a mais elevada das
criaturas na Terra, concebida por Deus à sua imagem e semelhança.
• O pecado representa, portanto, a má vontade, isto é, a preferência da criatura a
Deus dos bens inferiores aos bens superiores. Assim, o pecado original foi o
primeiro desvio da vontade.
A graça divina e a felicidade
• O pecado original foi o primeiro desvio da vontade, que se corrompeu e se
enfraqueceu, tornando o homem dependente da graça divina para ser
verdadeiramente livre.
• Assim, o homem não pode ser "autárquico" em sua vida moral: ele necessita da
ajuda divina. Pelo contrário, liberta-se do mal com o poder de crer na graça que
o salva, e com a livre escolha dessa graça.
• A felicidade só é verdadeira quando a vontade é livre, isto é, quando escolhe
o bem superior em vez do inferior, vive para Deus e regula-se por suas leis
eternas.
• Portanto, a felicidade se distingue das alegrias mundanas, como a luxúria, a
ambição, o orgulho e a vaidade. No entanto, quando são transformadas em
hábito, tais alegrias são tomadas como a verdadeira felicidade.

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