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Filosofia - Aluno 1074 EMANUEL FREITAS

• A filosofia medieval é desenvolvida no período da Idade Média.


o Queda do Império Romano do Ocidente (476) até a Tomada de Constantinopla, pelos turcos (1453).
o A “idade das trevas” não pode ser vista como um bloco compacto/singular, nem a filosofia
desenvolvida nesse período de pluralidade.
• Na Idade Média ocorreu um intenso sincretismo entre o conhecimento clássico e as crenças religiosas.
• A Idade Média como Conceito Cultural → ideal de vida cultural, política e religiosa, que deixou marcas estáveis
na arte, na organização social e política e na cultura.
• A história da filosofia medieval é geralmente escrita do ponto de vista do cristianismo ocidental.
• A filosofia Medieval preserva e eleva a Filosofia Antiga, incorporando e aperfeiçoando tudo o que teve de
conquistas permanentes da esfera do conhecimento especulativo sobre a essência das coisas.

• Os valores cristãos norteavam a base cultural da Idade Média → Predomínio de temas religiosos.
• Leitura dos primeiros pensadores cristãos sobre a filosofia grega → Seletiva.
o Eles tomavam aquilo que era compatível com o cristianismo.
➢ É Cristã toda Filosofia que:
1. Distingue entre os domínios da ciência e da fé;
2. Demonstra suas proposições com razões naturais;
3. Vê na revelação cristã um auxílio valioso e moralmente necessário para a razão.

➢ As propriedades da filosofia cristã:


A. conta de proposições susceptíveis de demonstração natural;
B. jamais irá opor-se às verdades de fé presentes na Sagrada Escritura e formuladas pela Igreja;
C. norteia-se pela tradição;
D. tende, quase sempre, a fazer uma seleção entre os seus problemas;
E. manifesta forte tendência sistematizadora.

• Com os ataques dos povos bárbaros ao Imp. Rom. do Ocidente → Desenvolveu-se uma nova estruturação da
vida social europeia.
• Em meio a todas as mudanças, a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição social e:
o consolidou sua organização e difundiu sua doutrina;
o incorporou e preservou muitos elementos da cultura greco-romana;
o passou a exercer importante papel político na sociedade medieval;
o agiu como conciliadora entre elites dominantes e conquistou enorme quantidade de bens materiais.
• No plano da cultura, a configuração do quadro intelectual passou a ter a fé cristã como pressuposto de toda
vida espiritual → Isso marcou todo pensamento filosófico produzido nesse período.

 O cristianismo é uma religião que surgiu no interior do Império Romano, no ano 1, a partir dos seguidores de
Jesus Cristo. O seu desenvolvimento inicial ocorreu juntamente com a edificação da Igreja Católica.
 Devido à influencia da filosofia grega entre as autoridades e as camadas mais cultas da população de Roma,
parte da doutrina cristã integra elementos de diversas correntes do pensamento grego.
 As principais concepções gregas absorvidas p/ cristianismo vieram das escolas helenísticas e greco-romanas.
 Construção da doutrina cristã → resultado do trabalho dos padres da Igreja e outros expoentes eclesiásticos.
• O Cristianismo baseia-se na fé → crença irrestrita ou adesão incondicional às verdades reveladas por Deus a
alguns homens – relatadas na Sagradas Escrituras e interpretadas segundo a autoridade da Igreja.
Segundo a doutrina católica, a fé seria a fonte mais elevada das verdades reveladas, especialmente as
consideradas essenciais ao ser humano e que dizem respeito a salvação.
Ou seja, toda investigação filosófica ou científica não poderia contrariar as verdades estabelecidas pela
fé católica.
• Logo, os filósofos não precisavam mais se dedicar à busca da verdade → Restava-lhes apenas demonstrar
racionalmente as verdades de fé.
Alguns dispensaram a comprovação racional da fé, outros defenderam o conhecimento da filosofia
grega como instrumento a serviço da fé e do cristianismo.

➢ A produção filosófico-teológica pode ser dividida em 4 momentos principais:


1. Padres Apostólicos (séc. I e II); → Início do cristianismo, quando os apóstolos e seus discípulos disseminaram
a palavra de Cristo. Destaque para Paulo de Tarso, pelo volume literário de suas epístolas.

2. Padres Apologistas (séc. III e IV); → Relativo à defesa e ao elogio do cristianismo contra a filosofia pagã,
realizada por padres e escritores eclesiásticos. Destacaram-se Orígenes, Justino e Tertuliano.

3. Patrística (séc. IV-VIII); → Pretendeu uma conciliação entre a razão e a fé. Agostinho se destaca, bem como
a grande influência da filosofia platônica.

4. Escolástica (séc. IX-XVI). → Buscou a sistematização da filosofia cristã, sobretudo da filosofia de Aristóteles,
com destaque para Tomás de Aquino.

• As questões teológicas tiveram maior ênfase.


➢ Temas mais centrais:
1. O dogma da Trindade;
2. A encarnação de Deus-filho;
3. A liberdade e a salvação;
4. A relação entre a fé e a razão.

• Houve também:
o Produção filosófica medieval desvinculada da tradição cristã → Roger Bacon e Guilherme de Ockham.
o Filosofia não europeia e não cristã → Avicena, Averróis e Maimônides.

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• A partir do séc. IV, os primeiros padres da Igreja elaboraram diversos textos sobre a revelação e a fé cristã,
cujo conjunto era chamado de Patrística – por ter sido escritos principalmente por grandes padres da Igreja.
• A filosofia patrística – inspirada na filosofia greco-romana – tentou munir a fé de argumentos racionais.
o Ou seja, buscou a conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão.
• Agostinho foi o principal expoente/representante, reconhecido como santo pela Igreja Católica.
• Aureliano Agostinho ( ‫ ٭‬Tagaste / † Hipona) ambas cidades da província romana de Numídia (África).
• Professor de retórica, aquele que se tornaria bispo de Hipona despertou para a filosofia com a leitura de Cícero,
orador e político romano.
o Posteriormente, recebeu influências do maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo
dominado por dois grandes princípios opostos... (Bem e o Mal, Deus e o Diabo, Alma e o Corpo...)
o Mais tarde, insatisfeito com o maniqueísmo, Agostinho passou a lecionar em Roma e, posteriormente,
em Milão. Nesse período entra em contato com o ceticismo e depois com o neoplatonismo.
• Agostinho enfrentou uma grande crise existencial. Nesse período sentiu-se atraído pelas pregações de Santo
Ambrósio, bispo de Milão. Pouco tempo depois converteu-se ao cristianismo e tornou-se seu grande defensor
para o resto da vida.
• Suas obras mais famosas são: Confessiones (Confissões), autobiografia escrita em 13 tomos, e as
Retractaciones, obra em dois livros, onde a autor retrata os erros que pra ele existem nas suas obras anteriores.

• Em sua obra, Agostinho argumenta em favor da supremacia do espírito sobre o corpo (a matéria).
• O pecador utiliza-se do livre-arbítrio e inverte essa relação fazendo o corpo assumir o governo da alma.
o Provocaria assim, a submissão do espírito à matéria; o que seria equivalente a subordinação do
eterno ao transitório, da essência à aparência.
• A verdadeira liberdade para Agostinho, estaria na harmonia das ações humanas com a vontade de Deus.

• Segundo o bispo de Hipona, o ser humano que trilha a via do pecado só consegue retornar aos caminhos de
Deus e da salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal de vontade e a concessão, imprescindível,
da graça divina. (ele só volta ao caminho de Deus se botar saco e se Deus o quiser lá)
• Esta graça seria concedida apenas aos predestinados à salvação.
o Sem a graça de Deus o ser humano nada pode conseguir.
o A doutrina da predestinação à salvação foi posteriormente adotada por alguns ramos da teologia
protestante (Reforma Protestante).
• Na mesma época de Agostinho, o teólogo Pelágio afirmava que a boa vontade e as boas obras humanas
seriam suficientes para a salvação individual (pelagianismo). (se eu fizer o bem, tô salvo)

▪ Ser livre é servir a Deus – diz Agostinho – pois o prazer de pecar é escravidão.
▪ Ser livre é fazer o que se deve, inspirado no amor verdadeiro a Deus
• Para Agostinho, A vontade não é uma função ligada ao intelecto, conforme acreditavam os gregos, mas um
impulso que nos inclina – desde o nascimento – às paixões pecaminosas. (pecado)
o Para o filósofo medieval, a liberdade humana deriva de uma vontade viciada que alimenta o pecado
– e não da razão, que tende a discernir o que é bom do que é mau.
• Agostinho se contrapõe ao intelectualismo moral → segundo Sócrates, uma pessoa poderia chegar ao bem
por meio da ascensão dialética, ou seja, pela razão e pelo conhecimento. (Só de ter noção, não irei fazer o mal)
o Comete-se o pecado porque pela tendencia à bens inferiores, embora sejam bons, abandona-se
outros maiores e mais elevados (como por exemplo, Deus, a verdade e a sua lei).
• Para o bispo de Hipona, o ser humano não pode ser autônomo, isto é, deliberar livremente sobre sua conduta
(fazer o que quer), pois está sempre inclinado ao mal e a praticar o pecado.
o Somente com a graça divina ele poderá se salvar.
• Agostinho tratou do tema da diferença entre fé cristã e razão, afirmando que: a fé nos faz crer em coisas que
nem sempre entendemos pela razão!
• Para o bispo de Hipona, a fé revela verdades ao ser humano de forma direta e intuitiva. Depois vem a razão,
desenvolvendo e esclarecendo aquilo que a fé já antecipou.
o Por este motivo, afirma existir uma precedência da fé sobrea razão.

• O pensamento de Agostinho reflete os principais passos de sua trajetória intelectual anterior à conversão ao
catolicismo (quando sofreu a influência do pensamento helenístico).

└ Do maniqueísmo herdou a concepção dualista no âmbito moral (simbolizada pela luta entre o bem e o mal...);
└ Do ceticismo, ficou a permanente desconfiança nos dados dos sentidos (conhecimento sensorial);
└ Do platonismo, assimilou a concepção de que a verdade (como conhecimento eterno) deveria ser buscada
intelectualmente no mundo das ideias.
o Defendeu a via do autoconhecimento, o caminho da interioridade como instrumento legítimo para a
busca da verdade.
└ O ser humano tem uma inclinação natural para o mal, para os vícios, para o pecado.
└ Já nascemos pecadores e somente um esforço consciente pode nos fazer superar essa deficiência “natural”.
└ Considerando o mal como afastamento de Deus, defendia a necessidade de uma educação religiosa, com a
finalidade de reduzir essa distância.
└ Somente no íntimo de nossa alma – iluminada por Deus – poderia atingir a verdade das coisas.
└ Semelhante ao modo como os olhos do corpo precisam da luz para enxergar os objetos do mundo sensível,
para Agostinho, os olhos da alma necessitam da luz divina para visualizar as verdades eternas da sabedoria.

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