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Módulo 22:

Santo Agostinho
Filosofia - Ciclo 1
• Aurélio Agostinho nasceu em 354 em Tagaste
(África), filho de um pequeno proprietário pagão e A vida de Santo
de uma mãe cristã fervorosa. Agostinho
• Estudou retórica em Cartago e em 384 se
transferiu para Roma e, depois, para Milão, onde
converteu-se ao cristianismo. Em 388 retornou à
África, onde fundou uma comunidade religiosa e
adquiriu notoriedade pela santidade de sua vida.
• Quando jovem, Agostinho tentou ler a Bíblia
algumas vezes, mas não a compreendeu por conta
de seu estilo refinado. Antes de se converter ao
cristianismo, Agostinho abraçou o maniqueísmo,
uma religião persa fundada no dualismo entre bem
e mal.
A vida de Santo
• Os encontros decisivos de Agostinho deram-se em Agostinho
Milão: 1) do bispo Ambrósio, que lhe ensinou o
modo correto de abordar a Bíblia; 2) a leitura dos
livros neoplatônicos lhe revelou a realidade do
imaterial.
• A conversão de Santo Agostinho foi precedida por
uma vida errante, dividida entre estudos, prazeres
mundanos, busca de prestígio social e procura por
respostas às suas aflições.
• Santo Agostinho escreveu 93 obras, sendo as mais
importantes A Trindade (399-419) e Confissões
(397).
O filosofar na fé

• É com Santo Agostinho que nasce a "filosofia cristã" como uma síntese
madura entre fé e filosofia, dotando o cristianismo de um arcabouço
teórico.
• A filosofia de Santo Agostinho foi elaborada com base em uma
aproximação entre o neoplatonismo de Plotino e os ensinamentos bíblicos.
• "Crer para compreender e compreender para crer": fé e razão são,
segundo Agostinho, complementares.
• Para Agostinho, a fé não substitui a razão, mas estimula e promove-a,
assim como a razão não elimina a fé, mas a fortalece e a clarifica.
A verdade e a iluminação divina
• Segundo Santo Agostinho, há dois tipos de conhecimento:
provenientes dos sentidos e provenientes da razão.

• Provenientes dos sentidos (mutáveis e não necessários) -


verdades inferiores.

• Provenientes da razão (eternos e imutáveis) - verdades


superiores. Ex: Deus, geometria, moral.

• Como pode a mente humana, falível, extrair verdades


superiores a partir do mundo sensível que, por sua vez,
também é mutável e imperfeito?
A verdade e a iluminação divina
• Sua resposta a essa questão se encontra em sua teoria da iluminação
divina, elaborada com base na teoria platônica da reminiscência.

• Os objetos sensoriais agem sobre os sentidos e a alma, por sua vez,


extrai de seu interior a representação do objeto (corpo = passivo; alma
= ativa).

• Uma vez que os objetos são mutáveis e imperfeitos, enquanto as


representações são imutáveis e perfeitas (ex. geometria), a alma não
extrai dos objetos nem produz por si mesma os critérios com os quais
julga as coisas.

• Agostinho conclui que existe uma natureza imutável, superior à alma


humana, que comunica a verdade, ou as Ideias, ao intelecto.
A apropriação de Platão pelo pensamento de
Agostinho
• A filosofia de Agostinho segue a inspiração inatista da filosofia platônica (o
conhecimento não pode ser derivado inteiramente da apreensão sensível
ou da experiência concreta).
• Agostinho não aceita a doutrina platônica da reminiscência, mas
desenvolve sua teoria da interioridade e da iluminação divina.
• Agostinho faz das Ideias, portanto, pensamentos de Deus, comunicados
aos seres humanos através da luz eterna da razão, instalando-se na
memória (Mestre Interior).
• Para Agostinho, o homem interior é imagem e semelhança de Deus.
• Assim, Deus se espelha na alma, de modo que é escavando a alma
(interioridade) e não o mundo, que se encontra Deus e a verdade.
A teoria da iluminação divina

No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não


consultamos a voz de quem fala, a qual soa por fora, mas a
verdade que dentro de nós preside à própria mente, incitados
talvez pelas palavras a consultá-la. Quem é consultado ensina
verdadeiramente e este é Cristo, que habita, como foi dito, no
homem interior [cap. XI, 38].
A apropriação de Platão pelo pensamento de
Agostinho
A prova da existência de Deus
A demonstração da existência da certeza e da verdade coincide,
para Agostinho, com a demonstração da existência de Deus.
Assim, o ser humano passa da exterioridade das coisas à
interioridade do espírito humano, depois da Verdade que está
no espírito ao princípio de toda a verdade, que é Deus.
"Não é toda e qualquer alma que é apta, mas somente aquela que é santa e pura, ou seja, aquela que tem o
olho santo, puro e sereno com o qual pretende ver as Ideias, de modo que seja semelhante às próprias Idéias".

(Agostinho. Solilóquios, 1, 1 , 3).


A questão da origem do mal
• Todas as criaturas são originalmente boas, uma vez que foram geradas
pelo ser repleto de bondade. Assim, não seria racional concluir que da
vontade divina surgissem seres maléficos.
• Para Agostinho, o mal não existe como um ser, mas é apenas a
ausência de bem.
• Se o mal não é produto da vontade de Deus, descende de outra
vontade, inversa à do criador, isto é, do livre-arbítrio do ser humano, a
mais elevada das criaturas na Terra, concebida por Deus à sua imagem
e semelhança.
• O pecado representa, portanto, a má vontade, isto é, a preferência da
criatura a Deus dos bens inferiores aos bens superiores. Assim, o
pecado original foi o primeiro desvio da vontade.
A graça divina e a felicidade
• O pecado original foi o primeiro desvio da vontade, que se corrompeu e se
enfraqueceu, tornando o homem dependente da graça divina para ser
verdadeiramente livre.
• Assim, o homem não pode ser "autárquico" em sua vida moral: ele necessita
da ajuda divina. Pelo contrário, liberta-se do mal com o poder de crer na
graça que o salva, e com a livre escolha dessa graça.
• A felicidade só é verdadeira quando a vontade é livre, isto é, quando
escolhe o bem superior em vez do inferior, vive para Deus e regula-se por
suas leis eternas.
• Portanto, a felicidade se distingue das alegrias mundanas, como a
luxúria, a ambição, o orgulho e a vaidade. No entanto, quando são
transformadas em hábito, tais alegrias são tomadas como a verdadeira
felicidade.

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