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si o encargo
enc argo de pensa
pe nsarr em lugar
luga r do
do povo,
povo, que apenas aplaudia.
aplau dia. A
geração da ditadura, que depois entrou para as responsabilidades da
administração, sofreu com a deficiência de não haver exercido a
liberdade e o exercício da responsabilidade política no tempo de sua
juventu
juve ntude.
de. Este
Es te foi um dos maior
ma iores
es males
ma les da ditad
dit adur
ura,
a, que não veio
a ser compensado por nenhuma das decantadas vantagens oferecidrs
pelos homens
hom ens so sorri
rride
dent
ntes
es de então.
então .
É claro que as massas também são alcançadas pela sabedoria
filosófica através do ensino democratizado, que vem sendo progres
sivamente instalado. Através deste o Brtsil de amanhã será também
uma cabeça pensante, além de continuar o coração afetivo que sem
pree foi.
pr
Particularmente a propósito das tarefas vitais consegue a mrssa
fazer uma Filosofia, pois estas são de sua vivência profunda. A
intuição exercida pelo povo é notoriamente espontânea em tudo o
que diz respeito à sobrevivência.
A reflexão filosófica não deve fugir à História. Há de ocupar-se
com as correntes filosóficas ocasionalmente vigentes. Sem qualquer
restrição à valid-de da questão em si mesma, o filósofo há de
inquirir pelo relativismo, pragmatismo, vitalismo, intuicionismo
alógico, existencialismo, neopositivismo, materialismo dialético, mate
rialismo científico e espiritualismo, porquanto estas modalidades de
pensa
pe nsame
mento
nto se enco
en contr
ntram
am pr
pres
esen
ente
tess nos es
espír
pírito
itoss de hoje.
hoj e. E st
star
aría
ía
mos fora do tempo não examinando o que eventualmente ocupa o
homem atual.
A ciência experimental ofereceu importantes oportunidades à
retificação
ceram dos conceitos
a Filosofia filosóficos.
da Natureza, A que
quer no Físicadize respeito
a Biologia esclare
aos corpos,
quer no que é da vida. O mesmo acontece com a Psicologia Experi
mental que aclarou a Psicologia Racional. Esclareceu ainda a signi
ficação de manifestações pseudo-religiosas atribuídas, indevidamente,
ao sobrenatural. Assim também a Sociologia do Pensamento lança
um pouco de luz sobre a formação mental de cada época. A Paleon
tologia revolucionou o conceito sobre o lugar do homem no universo,
estabelecendo-o como continuidade de um tronco animal e identifi
cando-o como estrutura instável através dos milênios.
A Filosofia, além de se instituir como um valor apreciável em
si mesmo, exerce também uma função na ordem prática do homem.
Ne
Nesta
sta apresenta
mente apre
as sentam-se
m-se m
imediatas etas
eta s gerais
gera is e como
configuram-se outra
ou trass mais
mais
mai s humanas.
imediat
ime diatas.
as.Marcam,
Segura
Seg ura
sobretudo, o que leva o peculiar nome de humanismo. O humanismo
tem, contra si, toda a espécie de moralismos radicalizantes, que
234 EVALDO
EVALDO PA
PAUL
ULI
I
pr etend
prete ndem
em alcan
alc ança
çarr os fins último
últ imoss sem os objetiv
obj etivos
os imediat
ime diatos
os da
civilização terrestre. Todavia, por mais efêmeros que sejam, os bens
passag
pa ssageiro
eiross oferecem
oferec em ainda
ain da algum valor.
pa rteA
p a rt humanização
e no todo semépre
plena
tod o é sempre menquando
menos
os impocoloca
im porta ntee odoacento
rtant que onoindivíduo
indivíduo.
indivíd A
uo autô
au tô
nomo, sobretudo quando liberado como pessoa, isto é, como composto
racional. Mesmo quando trabalha pelo bem da comunidade, este
conteúdo coletivo só se exerce, em última instância, em benefício dos
componentes da comunidade.
Pode haver uma Filosofia Brasileira ou Nacional em tudo o
que diz respeito à temática mais em foco, no país. Também os seus
pensa
pe nsado
dores
res estão
estã o su
sujei
jeitos
tos à eventualid
even tualidade,
ade, imprim
im primind
indoo ao pensam
pen samen
en
to direções ora mais, ora menos felizes. É claro, ainda, que para um
relativista, historicista, culturalista somente pode haver uma Filosofia
Brasileir
Bra sileiraa como
como há Filosofia Alem Alemã,ã, Francesa
Fran cesa etc., porque
porq ue nestas
ne stas
modalidades
cias cósmicasdee humanas.
pensamento nada existe de absoluto, apenas tendên
À pergunta se a reflexão filosófica deve abrir-se prra uma visão
transcendental da realidade na perspectiva das razões metafísicas
importa responder que nada há de se estabelecer sem antes ques
tionar. Até para os dados intuitivamente evidentes (evidência explí
cita) é preciso colocar-se num instante abstrato anterior, a fim de
indagar sobre sua procedência intuitiva. Mas o transcendente não é
intuitivamente conhecido; a ele, portanto, só se poderia chegar atra
vés de uma operação raciocinativa. Mesmo assim, é necessário levan
tar a questão, porque não o fazer seria estabelecer dogmaticamente
a sua não-existência.
Uma vez situado o problema como dependente de uma operação
raciocinativa, dependerá do valor das premissas. São bem conhecidas
as posições dos sistemas filosóficos neste particular. Os princípios
que sustentam o silogismo valem em Aristóteles; nesta área, portanto,
caminha-se até o transcendente. Não acontece o mesmo em Kant,
que os reduz a formas do entendimento, de sorte que deles somente
nasce um Deus-idéia. No monismo Deus morre para renascer de outro
modo; aqui o transcendente se confunde com o próprio mundo em
que vivemos. Esta posição encontra dificuldades, porquanto lhe é
difícil conciliar a noção de Deus (suficiente e perfeito), com a do
mundo (pelo menos aparentemente contingente e imperfeito).
2 36 EVALDO PAUL
PAULI
I
séculos.
Não há Filoso
Filosofia
fia Cr
Cristã
istã se, pela pa
pala
lavr
vraa cristã
cri stã,, se deva ind
indica
icarr
um conteúdo de revelação sobrenatural a ser integrado no corpo da
Filosofia. Este, intrinsecamente, é um saber especificamente racional,
a caminhar pelas conexões das evidências alcançadas pela razão.
O cristianismo, entretanto, criou como que uma situação socioló
gica para a Filosofia. Sob esta perspectiva extrínseca, admite-se a
denominação de Filosofia Cristã. Em tal condição, pode ela ser dos
mais variados matizes, desde a que simplesmente não contraria o
cristianismo até a que positivamente toma a revelação cristã sobre
natural (como o admitem os cristãos), como critério extrínseco da
verdade filosófica.
Entretanto, não é aconselhável uma denominação de motivação
extrínseca. A Filosofia deve denominar-se, antes de mais nada pelo
seu modo intrínseco de se definir. As denominações extrínsecas,
admissíveis na Sociologia e na História do Pensamento, estão, por
causa desta condição acidental, sujeitas a um alargamento nunca
bem definido. Po
Porr isso ho
hoje
je não se sabe verda
ve rdade
deira
irame
mente
nte o que
denominar Filosofia Cristã, se quisermos com isso apenas referir-nos
ao conteúdo,
Fe r n a n d o A r r u d a Ca m p o s
11
MEU NEOTOMISMO
I. DADOS BIOGRÁFICOS
onde tenhoreais
quecedor, encontrado, atravésdedorer.lizar-me,
possibilidades diálogo aberto e realmente
no campo enri-
da reflexão
filosófica.
MEU
MEU NEOTOMISMO 243
II
II.. ESTRUTURA DO PENSAM
PENSAMENTO
ENTO FILOSÓFIC
FILOSÓFICO
O
cursoFechar-se,
sobre o portanto, ao discurso
fundamento, filosófico, entendido
enclausurando-se como
na pretensa o dis
auto-sufi
ciência do saber científico, é fechar-se ao próprio sentido do ser;
é, portanto, declarar absolutamente incognoscível tudo o que ultra
pass
pa ssaa os limite
limitess do conh
conhecime
ecimento
nto científico.
M E U N E O T O M I S M O 245
Mister hegeliana,
expressão se faz queaquireflitamos,
transpostaatentamente, sobre oassaz
para um contexto, sentido da
diverso
do idealismo de Hegel.
Ela significa, em primeiro lug?.r, que o pensamento do Doutor
Angélico não é, de forma alguma, uma "filosofia acabada”: dizer a
verdade foi talvez a preocupação exclusiva do Aquinatense, o princípio
norteador de seu pensamento, a finalidade de toda a sua atividade
reflexiva. Jamais pretendeu ele, contudo, ter dito toda a verdade,
como se, após a elaboração do tomismo histórico, conforme se
apresenta em sua obra, nada mais houvesse a dizer, estando aos
pensad
pen sadore
oress vindouro
vind ouros,
s, que lhe quisessem
quise ssem ju rar
ra r fidelidade, reser
res erva
vada
da
apenas a banal tarefa de comentar-lhe a doutrina e glosar-lhe as
teses, definitivamente elaboradas.
Para o Aquinatense, sabemo-lo bem, não é a verdade propriedade
exclusiva de homem algum, nem pode ela ser exaurida, em sua
totalidade, por nenhum sistema filosófico. A prova disto é que, ade
rindo à Filosofia de Aristóteles, em suas teses fundamentais, inte-
grou-a, através de original e profundo esforço de reflexão, numa
visão mais vasta e muito mais profunda da realidade. Em conse
quência disto, os princípios da Filosofia do Estagirita, reelaborados
e repensados à luz do Platonismo e do Cristianismo — não se olvi
dando aqui a valiosa contribuição do pensamento pré-aristotélico —
pude
pu deram
ram re
ress
ssur
urgi
girr numa
nu ma nova
nov a síntese,
sínte se, que constitu
con stitui,i, talvez, a mais
mai s
expressiva manifestação da cultura medieval, no âmbito da Filosofia.
Ela significa, em segundo lugar, que aquilo que, no pensamento
do Doutor das Gentes, aparece como mais valioso não é, talvez, o
que foi pensado e expressamente dito, mas o que é latente,
os princípios que, raramente formulados, são, no entanto, prenhes
de sentido, capazes, portanto, pela riqueza que encerram, de dar um
sentido original e profundo ao pensamento pensado. Isto vem
perm
pe rmiti
itir,
r, por
po r outro
ou tro lado, que eles sejam
sej am vividos, em seu genuíno
significado, sem perda de sentido, sem deturpações nem distorções,
num contexto cultural bastante diverso daquele em que foram
originalmente vividos.
Em terceiro lugar, isto significa que o tomismo, assim entendido,
encontra-se aberto a um constante e proveitoso diálogo com todas
as formas do pensamento moderno e contemporâneo. É justamente
esta abertura ao pensamento moderno e atual que lhe permite um
aprofundamento constante e sucessivo de sua doutrina e um repen-
samento de suas teses fundamentais.
II
III.
I. ATIVIDADES NO CAM
CAMPO CIENTÍFICO
CIENTÍFICO
M E U N E O T O M I S M O 247
vium, ano XIII, n.° 4, vol. 17, julho-agosto (1974) pp. 342-354; “A reela-
boraçã
bor açãoo do tomismo
tom ismo,, na obra
ob ra de Régis Joliv
Jol ivet”,
et”, in Convivium, ano
XIV, n.° 4, vol. 18, julho-agosto (1975) pp. 320-352.
M E U N EO T O M ISM O 249
No mundo
mu ndo hodiern
hod iernoo não há mais condições
condiçõe s p a ra a existênc
exist ência
ia de
uma única corrente
um diálogo sério efilosófica. A reflexão
proveitoso, abrir-se deve, portanto,
a todas através do
as correntes de
pensa
pe nsame
mento
nto mode
mo derno
rno e contemp
con temporân
orâneo.
eo.
Importa, portanto, conforme já salientamos, que o neotomismo
atual, ao mesmo tempo que se mantém fiel aos princípios da dou
trina do Aquinatense, esteja em condição de manter um diálogo
vivo e profundo com o pensamento filosófico contemporâneo.
MEU
MEU NEOTOMISMO 251
figura viva,
viva, por quem está disposto a sacrificar
sacrificar até sua vida,
vida,
pois que sabe reconhe
reco nhecer
cer nele a imagem
image m do Absoluto.
E visto que esta união se realiza, no mundo, a humanização deste
e,
de para
si a ele,
seus oirmãos,
mais profundo e fundamental
na luta por “compromisso”:
estrutura e condições de vidao mais
dom
humanas. É, pois, “comprometendo-se” no mundo, que o ser humano
se une ao Absoluto e se projeta para a paz de Deus, onde encontra a
realização plena e harmoniosa de sua natureza humana, sua eterna
e perene felicidade.
Esta é, segundo creio, a maneira mais profunda e autêntica de
experimentar-se o homem como existente: abrir-se ao mundo e,
através do trabalho no mundo, abrir-se ao Outro, reconhecido e
amado como a imagem real e autêntica do Ideal, conhecido e amado
em cada ato de conhecimento e de amor do Outro. E, porque esta
abertura se dá através de um ato de conhecimento e de liberdade
que, realizando se no tempo, permite, concomitantemente, ao homem,
projet
pro jetar-
ar-se
se p a ra além do tempo,
tem po, em direção
dire ção à Liberdade,
Liberda de, Fonte
Fon te de
toda liberdade, o ato livre, no qual e, pelo qual, o homem se experi
menta como existência presente, é também a assunção de seu passado
e a projeção deste em direção à sua existência futura.
Na verd
verdade,
ade, o sa
sabe
berr filosófic
filosófico,
o, que se co
cons
nstitu
tituii e se desenvolve
em moldes realmente científicos, encontra na Faculdade de Filosofia,
integrada na Universidade, seu clima natural de vida.
Desenvolvendo-se, portanto, no seio de nossas faculdades de Filo
sofia, estruturando-se, segundo as exigências do saber científico, a
reflexão filosófica, que se realiza no Brasil de hoje, encontra-se em
condições de produzir obras de real valor e originalidade no campo,
que lhe é peculiar.
Entretanto, a fim de que se possa falar, em sentido próprio, de
Filosofia Brasileira,
Brasil eira, é preciso que o filosofar, qu
quee nasc
nascee e cresce,
em nossa Pátria, seja uma reflexão estruturada em bases autenti
camente nacionais, de modo que, sem negar a universalidade do saber
filosófico, brote das mais profundas exigências da Nacionalidade.
Deverá este saber estruturar-se na unidade orgânica de nossa
cultura e orientar-se no sentido de uma vasta e profunda compreensão
desta. Deverá, ainda, num esforço contínuo, a fim de penetrar-lhe a
essência, atingi-la, naquilo que ela possui de realmente válido e
valioso, estando, deste modo, apto a apresentar, segundo a visuali
zação própria a seu objeto formal, soluções para os problemas dela
emergentes.
Cabe frisar, aqui, a valiosa contribuição que vem prestando neste
sentido a Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos, a qual, con
gregando
gregan do uma elite de pensadores nacionais, unidos po porr um idênti
idênticoco
amor à verdade e irmanados na mesma fé cristã, está apta a cola
bora
bo rar,
r, de modo eficaz e rea
realme
lmente
nte en
enriqu
riquece
ecedo
dor,
r, p a ra a con
constitu
stituiçã
ição
o
de um saber filosófico de bases autenticamente nacionais.
MEU NEOTOMISMO 25 3
Não creio, en
entr
tret
etan
anto
to,, que toda
to da refle
reflexão
xão metafí
me tafísica
sica,, n a época
atual, para ser autêntica, deva ater-se aos estreitos quadros da Crí
tica da Razão Pura. Importa transcender o mundo das idéias e das
essências puras e ingressar na própria realidade transubjetiva.
Julgo, ademais, que a posição de um Absoluto de exigência
reve
revela
la-s
-se,
e, no final do pró
próprio
prio processo dialé
dialético
tico,, qual imperiosa
impe riosa ne
cessidade de superamento da essencial inadequação existente, entre o
dinamismo da intenção da consciência, infinita, porque voltada a todo
objeto possível, e a expressão dos objetos, finita, porque circunscrita
aos horizontes do mundo.
IV.8.1. — A Gnosiologia
Na verdade,
verd ade, conform
con formee nota
no ta com prop
pr oprie
rieda
dade
de Jacqu
Jac ques
es MariUi
Mar iUin,
n,
afirm ar o objeto como
como ser é afirmar
afirm ar algo
algo,, relacionado
relacionado com o ato
de existir — esse — algo que é. Julgar é colocar na existência
(real ou possível) uma coisa, em que se identificam dois objetos de
pensam
pen sament
ento,
o, pensa
pe nsado
doss como fo form
rmalm
almen
ente
te distinto
dist intos.
s. Quando julgo,
realizo sobre meus noemata, no seio de meu pensamento, uma ope
ração, que não tem sentido, senão enquanto estes noemata são inten
cionados por mim enquanto referidos à maneira pela qual existem
(pelo menos possivelmente), fora de minha consciência.
A solução do problema do conhecimento compete, pois, à reflexão
crítica. Esta deve transcender a síntese categorial, o plano predica-
mental
mento, aestrito
fim dedaelevar-se
síntese adeumconceitos,
último e tal qual se
supremo realiza
plano no julga
de unificação,
não estático, mas dinâmico, analógico e metacategorial, em que o
ser aparece, em sua natureza de ato existencial, em sua característica
existencial, visto qual termo extramental.
É preciso salientar que não se desenvolve este plano na linha
da limitação formal ou da essência, mas da finalidade, em que a
essência, o "dado” é inserido no plano da existência, referido ao ato
existencial, visto qual termo extramental.
É, portanto, no juízo, enquanto tem este por termo próprio não a
natureza ou a essência — plrno da limitação formal — mas o ato
existencial, que a inteligência exprime, formalmente, sua conformi
dade com o objeto, constituindo-o, desta forma, em seu ser de
objeto", libertando-o das condições subjetivas de assimilação.
IV.8.2. — A Metafísica
256 FER
FERNANDO
NANDO ARRUDA CAM
CAMPOS
POS
Masdao ser
limites que sequal
essência, manifesta
posiçãoao da
homem,
sínteseque
dosse conceitos,
desvela nosnãoexatos
é o
ser em sua totalidade; o ser, ato de existir, esse, escapa-nos sempre,
em cada ato em que procuramos apreendê-lo: ele é, desta forma, um
puro
pu ro horiz
ho rizont
ontee de inteligibilida
intelig ibilidade,
de, aquilo em cuja
cu ja luz toda
to da essênci
essê nciaa
se toma luminosa, em cuja consistência todo ente se torna consistente.
O ser, ato existencial, manifesta-se, portanto, ao homem ao mesmo
tempo que se esconde em sua Essência, em sua Alétheia, e se esconde
ao mesmo tempo que se manifesta. É o homem, por conseguinte,
o pastor e não o senhor do ser: experimentando-o, fundamento
do ente é, entretanto, incapaz de experimentá-lo na inexaurível ri
queza de sua totalidade.
Não pode, deste
de ste modo, o ser
se r reduzir-se
reduzir- se aos limites
limite s es
estre
treito
itoss da
essência. Proceder desta forma, tomá-lo essência, é dissimulá-lo e
na dissimulação está o desconhecimento do verdadeiro sentido do ser.
Assim, a fim de se conhecer o verdadeiro sentido do ser, impe
rioso se faz transcender o plano meramente fenomenológico e, pas
sando ao nível ontológico, descobrir o ser, posição do fenômeno,
aquilo que lhe dá sentido e consistência.
Recusando o espírito sua natural condição de e-sistente , de ser
aberto ao Ser, enclausurando-se numa fenomenologia do eu, experi
menta o vazio de sua idéia e, finalmente, o vazio de si mesmo, de
sua existência tornada idéia; experimenta o seu nada, o nada que
"absorveu” o ser, porque relegouse ao esquecimento o sentido do
ser. É este, com efeito, ao que me parece, o caminho que, em suas
últimas consequências, leva à destruição do ser e do próprio espírito
MEU NEOTOMI
NEOTOMISMO
SMO 257
IV.8.3. — A Moral
MEU
MEU NEOTOMI SMO 259
razão reta, que visa a este Ideal, estando aberta para o Absoluto. A
prim
pr imeir
eiraa corres
co rrespo
pondê
ndênc
ncia
ia é, com efeito, conhecida
conh ecida atrav
atr avés
és da segunda,
segund a,
no próprio exercício da atividade julgadora.
O valornomoral
mentação do ato visto
Absoluto, humano
qualserá, pois, que
Valor apreciado em sua
vale absolu funda
absolutamen te.
tamente.
O ato humano será, assim, portador de valor moral, enquanto que
e, na medida em que, conformando-se à racionalidade plena, à retidão
da razão prática, estiver de acordo com o Valor que vale absoluta
mente.
Mas, se é em torno do valor moral do ato humano que se estru
tura o saber ético, necessária se faz, na sistematização deste saber,
a abordagem prévia do problema concernente ao universo de valores,
no qual se situa o valor moral. A axiologia integra-se, assim, numa
ética tomista, reelaborada segundo exigências do pensamento atual.
es
“tomar-se
função da deus sem humana,
liberdade Deus e contra
como Deus”. Aquideé águas.
separadora que seÉ,coloca a
na ver
dade, pela liberdade e, através dela, que o homem decide sua
existência, dando um sentido a seu próprio ser, a seu humano
existir. Note-se, ademais, que se trata de uma decisão fundamental,
de decidir
decidir-se
-se a respeito de qual será o próprio
pró prio fundamento
fundam ento da
existência.
Ressalte-se, finalmente, a correlação das preposições "sem” —
“por”; “contra” — “com”. “Tornar-se deus sem Deus” significa, para
o homem, divinizar-se por seu próprio esforço, através do fecha
mento sobre si mesmo, o que denota a afirmação do mais genuíno
egoísmo. “Tornar-se deus por Deus” significa, diversamente, ver em
Deus a causa primeira, eficiente e final de seu humano ser e agir.
Significa, além disso, afirmar a efetiva presença de Deus em cada
um de seus atos, em cada momento de sua história, em cada etapa
do processo, pelo qual e através do qual se realiza o “tornar-se”.
Enfim, “tornar-se deus contra Deus” significa, para o homem,
divinizar-se de modo a colocar-se no lugar de Deus, a declarar a
morte de Deus, a fim de poder existir como deus. “Tornar-se deus
com Deus” significa, diversamente, ascender à plenitude de si mesmo,
convertendo-se em real imagem e semelhança de Deus. É o homem o
único ser mundano que, na qualidade de espírito, participa, por sua
inteligência, da autotransparência e, por sua vontade livre, da autode
terminação
po
porta
rtant
nto,
o, redo
reto mSer
tom subsistente.
ar su
suaa essência Tornar
essênc ia hu
hum an a se
m ana deus com Deus
e “realizá-la” modsignifica,
de modoo pleno,
elevá-la à plenitude, o que, entretanto, só se torna possível, na medida
em que, realizando-a através da participação do ato existencial esse,
MEU
MEU NEOTOMISMO 263
po rtan
port anto
to en
enqu
quan
anto
to existe
existente,
nte, rea
realiza
liza a per
perfeiç
feição
ão ideal, a idéia de Deus,
Deus,
da qual participa e que, em Deus se identifica com o próprio Ser
divino.
Humanismo ateu e humanismo teísta são, por conseguinte, as
duas pa
partes
rtes do d
dilem
ilema,
a, as duas opções
opções,, que se apr
apresenta
esentam
m para o
homem de hoje.
O homem é, antes de tudo, um ser espiritual; é ele, com efeito, um
espírito-no-mundo. Porque é espírito, está, por sua própria natureza,
aberto a seu Ideal, que dá sentido e consistência à sua humana
existência. Porque espírito-no-mundo, é através do trabalho que
ele se relaciona com o Outro, a cujo nível é capaz de erguer o
mundo; relacionando-se com o Outro pelo conhecimento e pelo amor,
ele se abre a seu Ideal, implicitamente conhecido e amado no conhe
cimento e no amor do Outro — Deus.
Humanismo ateu e humanismo teísta (penso, sobretudo, no hu
manismo cristão) são, por conseguinte, posições antitéticas e incon
ciliáveis.
O humanismo ateu, por mais paradoxal que possa parecer, em
face de suas expressões, preponderantemente socializantes, é, a meu
ver, a mais lídima manifestação do egoísmo, do homem que, fechado
em si mesmo, “ensimesmado” em seu eu eu,, pretende
pretend e afirm ar se
auto-suficiente; do homem que se diviniza, colocando-se no lugar de
Deus, declarando a “morte de Deus”, pois é necessário que Deus
morra a fim de que ele se torne um deus.
Assim procedendo, esquece-se ele do verdadeiro sentido do ser.
E, porque é o Ser que dá sentido, o seu fechamento coloca o homem
numa posição completamente absurda. Apercebe-se, então, do nada
que lhe corrói a existência. Recusando o Ser, entrega-se, de todo, ao
nada de ser. Visto que só o Ser pode dar sentido à sua existência,
esta lhe aparecerá sem sentido, absurda portanto.
Contrariamente, no humanismo cristão, em que o homem é a
imagem de Deus, é o próprio Ser, conseguido através da luta e do
sofrimento, que dá um sentido à existência e, portanto, uma razão à
pró
pr ó pr
pria
ia lu
luta
ta e ao pr
próp
óprio
rio sof
sofrim
riment
ento.
o. Mas, na pe
persp
rspec
ectiv
tivaa de um
existir sem sentido e absurdo, não há razão alguma explicativa da
existência. O hom homem
em é, aqui, relegado não apeapenas
nas à angústia, mas,
ainda, ao desespero
desespero,, eis que
que,, criado pa ra a Esp
Esperança,
erança, encontra
enco ntra
o último fundamento de seu ser e de sua existência na desilusão
e na desesperança de seu nada.
Na abord
ab ordage
agemm do pr prob
oblem
lemaa do relacio
rela ciona
name
mento
nto entr
en tree Filosofia
Filo sofia e
Cristianismo, Razão e Fé, Filosofia e Teologia, ao que me parece,
deve-se evitar toda posição exclusiva e radical, quer no sentido de
um total racionalismo — em que a razão, absorvendo a fé, acabaria
po
p o r divinizar-se a si pr próp
ópria
ria — quer
qu er de u m fideísmo, em que a fé,
absorvendo a razão, levaria o homem à aceitação do irracional e
do absurdo.
Filosofia e Teologia são, deste modo, ciências independentes,
radicalmente distintas, tendo cada uma um campo próprio de inves
tigação, delimitado por um objeto formal peculiar a cada uma delas.
Elas se unem, contudo, numa ordem hierárquica, em que a Teologia,
quer pela natureza sobrenatural de seu objeto de estudo, quer pela
razão formal, garantidora de sua verdade, a infalível palavra de
Deus, ocupa o plano superior.
O saber teológico desenvolve-se, assim, num plano realmente
superior ao do discurso filosófico, no qual a Verdade é transmitida,
através da Palavra infalível de Deus, ao homem elevado pela graça.
É através da Palavra que lhe são comunicadas aquelas verdades que
poder
po deriam
iam,, de direito,
dire ito, ser
se r conheci
con hecidas
das pela razão
razã o n at
atuu ral
ra l (por
(p or exem
plo, a existên
ex istência
cia de Deus) e as que u ltr ltrap
apas
assa
samm todo limite
lim ite do conhe
cer humano (por exemplo, a existência de Três Pessoas na Essência
Divina).
O saber teológico é, portanto, irredutível ao filosófico, a fé irre
dutível à razão. A fé não deve ser vista, por conseguinte, qual
natural prolongamento da razão natural; se, com efeito, comple
menta
pla
plano a razão
no da gra çaé eporque
graça do so a eleva
sobre
brena
natu a .um plano, absolutamente superior,
tural
ral.
Penso que não se deve, entretanto, exagerar esta "irredutibili-
dade”, a ponto de tornar impossível a união e a hierarquização deste
dois planos de conhecimento, destas duas ciências.
Com efeito, tanto a Filosofia quanto a Teologia visam a posse de
uma idêntica Verdade. Segundo penso, a ordem natural e a sobre
natural, objeto da reflexão filosófica e teológica, são duas traduções
da mesma e idêntica Verdade, da Verdade subsistente que constitui
a própria Essência de Deus. A primeira procede através da vivência
da Verdade, experimentada pelo espírito de forma imediata, na inti
midade de seu logos — não, porém, diretamente, em sua Essência,
mas de modo indireto, qual o fundamento e razão última de seus
reflexos criados. Na segunda, a Verdade é experimentada, diretamente
em sua Essência — não, porém, de forma imediata, mas através do
véu obscuro da Palavra.
MEU
MEU NEOTOMISMO 265
FILOSOFIA E VIDA
I. CURRICULUM
CURRICULUM VITAE
Nasci em 3 de se
setem
tembr
broo de 1918, em São Paulo,
Paulo , SP.
OBRAS PUBLICADAS
A Noção de SeSerr em Maritain e Heidegger , ed. Cupolo, S. Paulo, 1955,
95 pp.
A Filosofia no Br
Bras il , in Histó
asil História
ria da Filosofia Contempor ânea, J. Hirs-
Contemporânea,
chberger, Herder, S. Paulo, 1963, 2/ ed. 1968, pp. 221 a 312.
A Crítica Filosó
Filosófica
fica e o Livro Fatos do Es
Espír
pírito
ito Hum
Humano
ano de Gonçah
Gonçah
ves de Magalhães, tese de doutorado, mimeografada, PUCSP, 1974,
114 pp. Microficha em IMS-Informações, Microformas e Sistemas
S. A., S. Paulo, 1975.
DIVERSOS
Artig os: O Desafio Filosófico de Jac
Artigos: Jackso n de Figueiredo , revista “Pre
kson
sença Filosófica”, São Paulo, 1975; Bre
Breves
ves Ap
Apont
ontam
ament os sobre a
entos
Fenomenologta Pura de Husserl, revista A Ordem , Rio, abril
de 1955; Exis
Existen
tencia
cialism
lismo
o e Re
Realis mo , revista “A Ordem”, Rio, abril
alismo
de 1952; Posição da Lógica, revista “Universidade”, Rio, julho de
1949; etc. etc.
pa rteEra
parte da ohi quadro
histó ria depropício
stória qu
qualq uerpara
alque r br
bras perpe
pe
asile rpetra
iro trar
ileiro de aquele
r ntre
dentr soneto
e os que nos que fazia
anteced
ante cede
e
ram. Não só o fizemos como pagam pagamos os preço mais al alto.
to. Edi
Editam
tamosos
para
pa ra a pop
populaç
ulação
ão do entã
então
o Inst
In stit
itut
utoo de Ciências e Letra
Le trass um jo
jorn
rnal
al
— O Símbolo — que teve o fôlego de sobreviver, impresso em ca
racteres tipográficos, quatro a oito páginas em cada número, creio
que cerca
cerca de d dois
ois anos. Consi
Consignam
gnam essas páginas perdidas um iné
dito de Mário de Andrade — Viver — que reproduzi em A Filosofia
no Brasil 1 e que Washingt
Washingtonon ViVitata iincorporou
ncorporou à admirável
admirável sísíntese
ntese
de Tendências do Pensamento Estético Contemporâneo no Brasil , -
uma de suas últimas obras.
Em tomo desse escrito de Mário de Andrade foi que se articulou
a visita querelatar
Coube-me lhe fizemos em grupo,
o encontro na sua residência,
no O Símbolo. Como bom emrepórter
São Paulo.
no
vato, não deixei indicado um só dado concreto da entrevista — onde,
como,
com o, q ua n do ... O que se me fixofixouu porém deste paulista pouco
reverente naquela hora e meia de conversa foi o seguinte episódio.
Um dos meninos declarou a Mário que desejava ser escritor. Ele
respondeu ao pé da letra que precisava estudar muito muito!! A su
surpr
rpres
esaa
não foi
foi pequen
pequena. a. Ap
Aproxi
roximo
mo esta re
respo
spo sta daqu
daquela
ela dada por Manoel
Manoel
Bandeira, segundo o anedotário corrente: a um jovem poeta que
prete
pr etend
ndia
ia expr
exprimir
imir-se
-se em ver
versos
sos mo
moder
derno
noss livres, aco
aconselh
nselhou
ou a que
aprendesse bem a metrificação!
* $
1. G e r a l d o P i n h e i r o M a c h a d o , o . c ., in Histó
História
ria da Filos
Filosof
ofia
ia Contem
Contempo po
rânea, J. Hirsch
Hir schber bergerger,, He Herde
rder,r, S. Paulo, 2. 2.aa ed., 1
19
968, p,
p, 29 artig o Viver
298. O artigo
é um
um rept
repto o endereçado à arte art e no Brasil e para o Brasil. Efetivamente o
traço dominante sobre qualquer outro da influência de Mário de Andrade
se nos afigura — assinalamos no loc. loc. cit.
cit. — o brasileirismo,
brasileirismo , tant
tantoo de inten
in ten
ção como de fat fato.
o. AntoAntonio nio Carl
Carlos os Vilaça
Vilaça observou
observou recentemente (Jornal (Jo rnal do
Brasil, Caderno B, 22-02-1975) com muita exatidão a nosso ver: “Se tivésse
mos de escolher uma tendência geral em sua obra tão variada, um aspecto
principal,
princ ipal, que a cara caracteri
cterizass
zassee como um conjunto, conju nto, sublin
sub linhar
haríam
íamos
os a aspira
asp ira
ção, tipicamente dela, de criar uma arte brasileira, uma obra que exprimisse
o Brasil, uma fala e até uma gramatiquinha brasileira que nunca chegou a
escrever, mas anunciou para que se percebesse que havia na sua língua tão
própr
pró pria
ia uma sistematic
siste maticidadeidade,, ou um rum o consciente,
conscie nte, um prog
pr ogra
ram
m a“
a“..
2. Luís W a s h i n g t o n , o . c ., Civilização Brasileira, 1967, p. 9.
função que supomos acima exercida pela literatura passa a ser exer
cida pela Filosofia e em que os espirituais compõem outra galeria
igualmente
igualmen te respeitável
respeitá vel atravé
atra véss dos
dos séculos?
séculos? Em que a exigência
exigência de
estudo apareça
apare ça menos surpreendente?
surpreenden te? Sobretudo, haverá no Brasil
a presença de uma tal modalidade de vida espiritual?
Podem enumerar-se quatro autores que oferecem, logo à primei
ra inspeção, elementos documentais para uma análise deste tipo.
Gonçalves de Magalhães, Farias Brito (ambos optando por certa for
ma de espiritualismo no esquema espiritualismo-materialismo), Gue
des Cabral (optando por certa forma de materialismo) e Jackson de
Figueiredo. Refiro-me
Refiro-me ao primeiro
prim eiro Jackson
Jack son de Algumas Ref
Reflexõ
lexões
es so
bre a Filosofia de Farias Brito (1916), não propriamente ao Jackson
de Pascal e a Inquietação Moderna (1922) que já assumira a espi
ritualidade cristã.
Dos quatro autores mencionados aleatoriamente acima, Jackson,
seguramente
lista, mas sem o mais inteligente,
embargo o maisaointelectual,
mesmo tempo o menos
representa um caso su
intelectua-
gestivo para a pesquisa de vez que a empresa filosófica registrada
nas Refle xõess destinava-se a resolver um problema pessoal.A an
Reflexõe
gústia do ceticismo — bem característico do ambiente literário do
começo do século — afrontava o jovem sergipano, ser crepuscular
como dizia de si mesmo, que se debatia para escapar ao niilismo e
à imobilização
imobilização da inteligência decorrente
deco rrentess da posição cética.
cética. É um
desafio clássico
clássico que apela pa para
ra a Filosofia.
Filosofia. A reflexão,
reflexão, ou as refle
xões como denominou Jackson,3 4 eram exig
exigid
idas
as por uma conjuntur
conjunturaa
vital.
vital. Conjuntura
Con juntura de tipo intelectual,
intelectual, por certo, neste sentido vital,
vital,
mas nada intelectual no sentido acadêmico.
acadêmico. É o caso,
caso, a nosso
nosso ver,
único na ehistória
telectual da éFilosofia
filosófico
filosófico pon to brasileira,
o ponto par tidaa em
de partid de que
uma um problema in
biografia.
Assumir a Filosofia como instrumento para medir-se com o uni
verso, para dominar talvez os duros embates cósmicos e humanos
que desafiam cada homem, constitui projeto de extrema sedução a
certo tipo de inteligência. Na idade juvenil apresenta possivelmente
a este tipo de inteligência sedução quase
qu ase irresistível. Parece não só
3. Em sentido
sentido estritame
estrita mente
nte ac
acadêmico
adêmico possivelmente
possivelmen te não caiba
caiba a pre
pr e
ferência pelo texto de Jackson por este motivo de representar o equaciona-
mento e a tentativa de solução de um problema pessoal, embora intelectual.
E mais sugestivo quanto ao nosso ponto — Filosofia e Vida.
4. As idéias de Farias
Faria s Brito, como observa G.G. Francovich, serviram
serv iram a
Jackson para definir
evocavam-lhe as suas filosofia
as
“la dramática próprias
próp rias de
idéias.
idéias. Decla
Declarando
rando
Kierkegaard”, que asas
o crítico
Reflexões
Reflexões
de língua
castelhana acrescenta: “El filósofo danés pensaba por oposición a Hegel.
Jackson de Figueiredo profunidizió sus ideas contraponiéndolas a las de
Farias Brito" (Filósofos Brasilenos, Losada, Buenos Aires, 1943, p. 121).
po ssibi
poss ibilita
litarr o esta
estabele
belecim
cimento
ento de um esqu
esquema
ema de co
comp
mpor
ortam
tamen
ento
to de
finindo objetivos e regrando o relacionamento, como alimentar uma
forma de vida do espírito perdurável e progressiva.
Não poss
posso
o dizer que a Filoso
Filosofia
fia ten
tenha
ha rep
repres
resen
entad
tado
o esse papel
alguma vez para mim de modo claro e devo admitir que não fre-
qüentei aqueles ou outros filósofos brasileiros, senão depois de con
cluída a graduação universitária em Filosofia, em 1947, na Pontifícia
Universidade
Univer sidade Católic
Católicaa do Rio de Janeiro. A tartarefa
efa filosófica já se
me apresentava então sob outra perspectiva que não essa e eu dela não
esperava, nem lhe pedia, o ônus de fornecer-me o modelo do
minador da angústia existencial, tendo passado de permeio pela con
vocação militar e pela participação na Segunda Guerra em solo eu
ropeu. Mesmo quando comecei o curso de gradua graduação,
ção, em 194
1943, cla
ramente eram a curiosidade e o interesse de encontrar os autores
e os problemas filosóficos e me inteirar de uma pressentida riqueza
274 GERALDO PI
PINHE
NHEIR
IROO MACHA
MACHADO
DO
* * *
A leitura
criatividad
criatividade e dofilosófica
homem. da Masrealidade é certamente
a Filosofia — antes umdirigir
ante s que didesempenho
rigir — pareceda
dirigida por uma opção vital anterior. Não parece ter a eficácia de
produz
pro duzir
ir uma
um a opção. Parece
Par ece ter
te r a capacid
cap acidade
ade de estabele
esta belecer
cer modelos
modelo s
para
pa ra expre
ex pressa
ssarr e para
pa ra equip
eq uipar
ar operac
ope raciona
ionalme
lmente
nte uma
um a opção que lho
c anterior e que, em parte, escapa-lhe à análise, embora em par^e
possaa não escapar-lhe.
poss
Na verda
ve rdadede a categ
ca tegoria
oria Filosofia é em si mesma uma categoria
problem
prob lemátic
ática.
a. Não é pequepe quena
na a dificulda
dific uldade
de para
pa ra su
surp
rpre
reen
ende
derr a sua
identidade
identida de for
f oraa do universo grego grego antigo de onde provém. Encon En con
tra-se bastante ambígua fora dele. É ambígua na cultura latina e
na cultura cristã: particularmente o é na cultura cientifica moderna
e contemporânea onde a busca do específico filosófico — da identi
dade da Filosofia, do “o que é Filosofia?” e do “o que é filosofar?”
— é um te temm a constan
con stante.
te. E, certam
ce rtamen
ente,
te, é um abuso
abu so ocidenta
ocid entall —
permissível, n a tura
tu ralm
lm e n te..
te .... — prprop
opor
or e pesq
pe squi
uisar
sar uma
um a Filosofia
Filoso fia
Oriental. Será quase infalivelmente uma categoria inadequada à iden
tificação do pensamento onde aparentemente ela não foi pensada nem
foi necessária.
Resta verdadeiro, não obstante, que uma estante ponderável de
documentos se constituiu ao longo dos séculos indexada sob esta ca
tegoria. Um patrimônio onde se encontram alguns modelos amadu
recidos sob a pressão de desafios persistentes. Hoje este patrimônio,
ele próprio, se nos afigura um desafio à criação que tenha êxito em
passa
pa ssarr do tema
tem a para
pa ra a vida.
Outro repto é a comunicação. Estão decorridos quarenta anos
depois do artigo sobre a Finalidade. Assumi devagar, com dificuldade,
a custo — em oposição ao desembaraço e à gratuidade juvenis —
que não se há-de escrever uma linha, uma frase, uma palavra se ela
não for exigida,
exigida, reclam
reclamada,
ada, necessária. Ainda
Ainda que apenas
apen as um modesto
mod esto
apelo acadêmico... Reclamada de fora ou de dentro, ou de fora e de
dentro. Se não for um imperativo irrecusável. irrecusável. Noutras
Nou tras condiçõe
condiçõess
escrever é vão, é inútil.
inútil. É desperdício.
Ora, este reclam o.
o..... Será possível
possível — comunicativamente — ser
a Filosofia reclamada para além do questionamento, da problemati-