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EDUSC
I
com fre
. 1
ou enfatizar
afastando-os de qual -
que considerem ser
19
algum evento humano.
No campo da historiografia, este termo ganha destaque com o progressivo afastamento dos
trans-
a continuidade e pressu
ele
questiona- de do homem e da
20
, ou seja, inventiva do
Ob-
pensados como
-nos,
nomeiam-nos, classificam- -nos a ver e a dizer.
conc
Arno
Wehling3
Certeau, 4
21
jeto como algo que preexiste ao
discurso, como algo que, estando oculto, seria revelado ou espelhado pelo discurso do historiador.
ria
, o ceticismo ou o construcionismo ou a
sempre um misto de natureza, cultura e sociedade, o homem foi colocado do lado da cultura e
-
-la do plano do divino, tornando-a um todo imanente regido por
suas pr
aceitar as misturas, as ga
22
hompson, o conceito e a
8
existencialis
exposta por Wehling no texto citado anteriormente, que aparece em texto de Ciro Flamarion
Cardoso9 como sendo os paradigmas rivais ou que se materi nhestra
Ponto de clivagem
e de encontro
23
de, a objetividade, a
-lo em sua totalidade ou
tal como ele foi. Mas o defeito es
cial,
de dado acon
vezes, como sugere Hobsbawm, 10
mente
e, mui
extradiscursiva, passa-
realidade entendida como materialidade extradiscursiva e aprisionada no passado, que vai ser
descoberta, decifrada, revelada, resgatada, retomada, explicada, interpretada pelo discurso do
conceito
sucessivas, de um lado, e a pes da
24
priedades determinadas. A
-
que dirigiria o pro
- -la.
si mesma
um sentido a ser revela -
por puro acaso foi produzido no seu tempo obedecendo a intencionalidades, ou seja, as
-
25
rio do que nos faz parecer o texto de Thompson, as contradas nos arquivos,
do do
cair no extremo de negar qualquer materialidade para o fato ou acontecimento. Os fatos seriam
vas, os sujeitos e os objetos existiriam apenas no e como texto, como
mitologias. 15
Talvez para sairmos deste impasse, desta dicotomia moderna, que
26
mos este impasse com um acontecimento, e que
este se define, como faz Lacan, 20 por uma que de algo, pela ruptura com a lei e
com a seme banal que seja, mas
este acontecimento, que no in l, signo sem sentido,
desnorteam ncia viril, nar
relata
Lacan, 21 que um
dia toma a ca
-
ultural. A dor da partida do pai logo deve ser explicada, entendida,
justificada, deve tornar- sociedade e
27
Hipercomensurabilidade (pós-modernos)
Incomensurabilidade (Habermas)
Tensão insuperável (fenomenologia)
Contradição (Hegel)
Trabalho de
Separação (Kantismo) purificação
Trabalho de
Quanto mais os quase-objetos mediação
Se multiplicam, mais cresce a
Distinção entre os dois pólos. Multiplicação dos
quase-objetos
cristalizados, definidos, tidos como materiais e se, de outro lado, na outra margem, temos as formas de sujeito
belecidas, subjetividades
t
28
para o redemoinho do tempo, tornando-
e diferenciada,
que sempre visualizamos apenas parcialmente e pomos em evi mentos que o
figu
turam, remoinham-se, enovelam-se, hibridizam- samos, se as
zem o rio, mas
engano costumamos
tanto quando colocamos os objetos, a realidade, a materialidade como
sendo seu ponto de partida, como quan
possui objetos e sujeitos porque os fabrica, inventa-os, assim como o rio inventa o seu curso e suas margens
mesma forma que as margens
constituem parte insep
faz crer as dicotomias que atravessam nosso campo de estudo
ria da margem di
habitar a margem do objetivismo ou a margem do subjetivismo, a margem da natureza ou a margem da
historiografia, como nos diz Hartog, 23 o pode ser mais a barca de Ulis
lendas e viver as lend
29
, como o pai da terceira margem, a
navegar indefinidamente, a nunca aportar em porto seguro -lo. Ancorar em uma
das margens, do objeto
mudadas de forma pela passagem do tempo. Como afirmava , "para os que entram nos mesmos rios,
24 25 pensar a possibilidade
do saber sem referentes fixos, sem fundamento, um
encantados e encantadores pelas e das sereias, do
estabelecimento de pontes passageiras es
estruturais que tanto se observam entre os objetos, como nas subjetividades, que tanto podem ser
observadas na natureza, como na cultura. Precisamos estar atentos para o fato de que no rio do tempo nem
sitos, assoreamentos, o aparecimento de ilhas de
onde se pode empreender uma arqueologia das camadas constitutivas da nossa 26 Os
eventos, como nos diz Veyne,27 es
28 em que
podemos estacionar nossa canoa provisoriamente para podermos divisar horizontes de expectativa e analisar
29,
que nos encontramos, dos fluxos que nos arrastam, dos abismos em que podemos naufragar, momento de
descanso onde podemos elaborar projetos e buscar alternativas de caminhos nes
historicidade. Mas, como nos lembra Ginzburg, 50
em furos,
ar em nada ou em lugar nenhum. No rio, como
30
Guattari, 31
.
bitada pela semelha
re dade, pela descontinuidade,
lar um fato
realismo e o cons
31
Pensar assim seria pensar a possibilidade de o bordado fazer-
achar que se pode tecer
escrever
nem sem as ferramentas que a cultura historiog nos proporciona, inclusive os conceitos. Tecer, costurar,
bordar, escrever,
Certeau, 33
Trabalho de purifica
-
particular.
32
sociedades e culturas de tempos distintos. Colo
presente, o historiador tem a tarefa de construir com sua narrativa uma canoa que possa mediar, fazer se
tocar as margens do passado e do futuro. Ao habitar o tempo, como passa a fazer o pai da terceira margem,
canoa daquela historiografia que era escrita em nome de um futuro, que desprezava o presente para viver
deixados pelo
heterotopias. 36
trumento a
fundamental
-
33
ficado, pela sign
materialidade
estabeleci
margens da inventividade, esta terceira margem em que se transporta sentido, veiculam-se diferentes formas
mo-las. Somos seres da terceira margem do rio, seres que, na con-
34
-barcos, que privilegiam um ou outro
acidente do percurso, um ou outro elemento que s dizer que nossa
finitiva, que ancoramos no porto final da verdade derradeira ou que retorna
omposto,
descobriremos o momento em
assim
caos, agroval, 39 onde todas as fo em. Se o
materiais
podem res
tro inesperado e acidental de elementos que jaziam separados. O momento
de
contornos definidos
,
sociedade e o discurso.
Como historiador, historiador de 40 habitante desta terceira margem, sei que sou rio, pois sei
sorrio, pois a
nica de meu tempo me faz praticar meu oficio como um lugar de
sei que n
oduzido
35
-las, a elas resistir, com elas me divertir e divergir, muitas vezes com um simples
sorriso de ironia. Sou discipli -
go, arrasto em meu caminho
NOTAS
1 BANN, Stephen. Unesp, 1994; 0'GOR-MAN, Edmundo.
Paulo: Ed. da Unesp, 1992; STAR.O-BINSKI, Jean.
Rio de Janeiro: Editora 34, 1994; KATZ, Jonathan Ned.
Ediouro, 1996; HUNT, Lynn. a in
ed. Rio de Janeiro: Ed. da
FGV, 2005; GONDIM, Neide.
de. cife: Massangana, 2001; CIRNE, Moacy.
-DO, Leila
Bicalho. O
Rio de
Janeiro: Ed. da FGV, 2005; CASTRO, Celso. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992; STENGERS,
Isabelle. Rio de Janeiro: Editora 34, 2002; ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti de.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 2000; FAVARETTO, Celso.
Edusp, 2000; SCHNEEWIND, Jerome. cida. A
36
NEIBURG, Frederico; PEREIRA, Vera.
pectiva, 1996; SACRISTAN, J. Gimeno. Rio de Janeiro: Artmed, 2005;
Campinas: Papirus, 1999; LAFON, Guy.
1998; SPANG, Rebecca. aulo: Record, 2003.
2
economia patriarcal. 21. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981; PRADO JR., Caio.
FURTADO, Celso.
3 WEHLING, Arno.
4 DETIENNE, Marcel. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1998; HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997 e CERTEAU, Michel de.
9
13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 1997. p. 1-23.
12
15
37
16
er cado a outrem". Ver CASSIN,
Editora 34, 2005 e BARNES, Jonathan.
2003.
17 Sobre o lugar da literatura na modernidade, ver: FOUCAULT, Michel. Rio de Janeiro: Forense-
e MACHADO, Roberto. a filosofia e a literatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
20 p. 116.
21 Ibid.
22 Referimo- entre 540 e 470 a.C, seus ensinamentos teriam sido reunidos numa obra chamada
em que em um dos mais conhecidos fragmentos afirmava: "Para os que entram nos mesmos rios, afluem sempre
- Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1980. p. 51.
24 Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1980. p. 51. Ver ainda: SCHULER, Donaldo.
Porto Alegre: L&PM, 2001.
25
30 GINZBURG, Carlo.
31 - o liso e o estriado.
34,1997. v. 5, p. 179-214.
38
nuvem. In: FOUCAULT, Michel. Rio de Janeiro: Forense-Universi -334.
33 ________ .
ed. Rio de Janeiro: Forense- -119.
34 Ver BLOCH, Marc. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001 e FEBVRE, Lucien.
36 fruto
. Rio de Janeiro:
Forense- -422.
39 Agroval -
cios e cantos
redondas...
uma
-
39