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em geral e por Geertz em particular ainda são de outra de suas irmas, a histéria social. Um dominio em queo
Visiveis, deslocamento na abordagem é em particular visivel é a histéria
mas a chamada “nova histéria cultural” tem mais de
das cidades. A histéria politica das cidades, a “história munici-
uma fonte de inspiragdo. Ela é mais eclética, tanto no pal”, como se pode chamar, vem sendo praticada desde o século
plano coletivo como no individual. XVIII, talvez antes. A histéria econdmica e social das cidades
A çxprcssão “nova história cultural” (daqui por A histéria cultural,
tomou impulso nas décadas de 1950 e 1960.
rdiante/ NHC) entrou em uso no final da década de das cidades é ainda mais recente, uma terceira onda que se tor-
980. Em-1989, o historiador norte-americano Lynn nou visivel com o livro Viena, fin de siécle (1979), de Carl
Hunt publicou um livro com esse nome que se tor* Schorske, e com estudos posteriores. Schorske focaliza a alta
cultura, mas coloca-a em um contexto urbano. Outros historia-
nou muito conhecido, mas os ensaios ali reunidos
dores culturais estão mais preocupados com as subculturas ur-
foram originalmente apresentados em um seminário
banas, em particular com a cidade grande como palco que ofe-
realizado em 1987 na Universidade da Califórnia, em rece muitas oportunidades para a apresemaçãu ou mesmo a
ral, que será discutida mais adiante, deve muitoa Foucault. Trés, trinta ou trezentos? L
o
Em terceiro lugar, Foucault escreveu uma histéria intelec-
1 Emsegundo lugar, Foucault encarava os sistemas dªd”:.
tual que inclufa tanto préticas como teorias, tanto corpos como
Ilficação, chamados por ele de “epistemes” ou “regimes %™
im analisar. Ainda que criticada como muito dªlºrminis;n:: buscar paralelos entre o desenvolvimento de diferentes domi-
nios, como 0 exército e a educagdo, com foco, em ambos os
{)rcdudonisra, ela nos obriga a reexaminar nossas Suposições casos, na importancia da disciplina. De Derrida vem a idéia do
tanto sobre a tradição como sobre a mudança cultural, significado como “jogo da diferença”, central em um capítulo
Juntos, esses quatro teóricos levaram os historiadorescul- que trata do efeito da imprensa, introduzida por volta do ano de
turais a se preocuparem com as representações e as pratics,o 1800, sobre a prática da escrita.
dois aspectos característicos da NHC segundo um deseuse A história da linguagem, mais especialmente a história da
res, Roger Chartier. fala, é outro campo que a história cultural das práticas está co-
meçando a colonizar, ou, mais exatamente, a partilhar com os
sociolingiiistas que têm sentido a necessidade de dar uma di-
Práticas mensio histérica aos estudos da linguagem. A polidez é um do-
minio da fala que atraiu os historiadores culturais, enquanto
o insulto os atraiu ainda mais.”
a
“Práticas” é um dos paradigmas da NHC: histór piic
dasia
A pritica religiosa há muito vem sendo uma preocupagio
religiosas e não da teologia, a históriada fala e não da lingif: dos historiadores da religião, mas o crescente volume de traba-
tica, a história do experimento e não da teoria cientifica. G lhos sobre meditação e peregrinagdo (hindu, budista, cristd ou
a essa virada em diregdo as pra’tica:;,' a histéria do esporte Q mugulmana) sugere uma mudanga de ênfase. Ruth Harris, por
antes era tema de amadores, tornou-se profissionalilªdªrw" exemplo, vé a peregrinagio a Lourdes em seu contexto
politico,
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campo com suas próprias revistas, como International como um movimento nacional de peniténcia que começou na
for the History of Sport.
to os historiadores do imp
ério es tudam a distril disse-
nos quartéis e barracas.
Os hist, oriadores da a buiçãão do Spagy corpos desmembrados, anoréxicos, atléticos, e_l,;
galerias de arte e muse os dos santos e dos pecadores. À revista
ista :Bodi
us não só com Tte e
Xamingp, símbolo, -.
espaços; os historiadores o inst
do teatry O estud
ituiçõe
S Mas co;
cados E M s ººrpdqdª em 1995, é um fórum para hxfmna o
culo; oshistoriadores da mus am g cas;
as de espe; and Societ¥r fund
á se dedicaram
ara livros à histéria da limpeza dos
ica exami ºwdúlggªí nl;SdoS exercicios, da tatuagem, do gesto. A histó-
de ópera e de concerto; nam o de 'senho das
en quanto os hi rpos, da ! :
desenvolveu-se a paxl'tir da histér_ia da medícina
Pprestam atenção à org storia dores da | e
aniza ção física da Ura |
s biblio, tecas, ria do corpº É dores da arte e da literatura, assim como os an
mas 05 Justor 'º'l 0s, se envolveram no que poderia ser cha-
tropólogos e sociO o an" — como se já não houvesse tantas
A história do corpo
mado dº NVimdª' Cºfiºc;)rrcm o risco de ficar tontos.
Se existe um dominio da NHC
que h oje é Ínuito Pr viadss que (:15 l:lr::/os estudos podem ser mais bem descritos
pareceria quase inconcebivel
uma 8eTagao atrás
óspero, mas que Algunív: de reivindicar outros territórios para o histm.'ia—
8amos —, este é a histéria do — em 1970,di-
co Tpo.ºº As poucas co - [Í?tíó:'ia do gesto é um exemplo óbvio. O medievalista
feitas nesse campo em década ntribuições ?:n::s ]l:cques Le Goff inaugurou o ca_mpoi um grupo interna-
s anteriores eram Po
uco conheci-
das ou consideradas marginais. cional de académicos, de classicistas a historiadores da arte, con-
Da década de 1930 em diante, tribuiu também, enquanto um ex-aluno de Le Goff, Jean-Clau-
por exemplo, 0 sociólogo-
historiador brasileiro Gilberto Freyre de Schmitt, dedicou um trabalho importante ao gesto na Idac!e
estudou a ap. aréndia física
dos escravos tal como registrada em Média. Schmitt percebeu o crescente interesse pelo tema no sé-
anúncios de fugitivos pu-
blicados nos jornais do século XIX. Observ alo XII, que deixou um corpus de textos e imagens que lhe
ou as referéncias às permitiu reconstituir gestos religiosos, como rezar, e gestos
marcas tribais que revelavam de que parte da Africa
os escravos feudais, como armar um cavaleiro ou prestar homenagem a um
provinham, as cicatrizes dos repetidos agoitamen
tos e aos sinais senhor. Ele argumenta, por exemplo, que rezar com as mãos
especificos do trabalho, tais como a perda de cabelo em homens
que levavam cargas muito pesadas na cabega. Da mesma forms, Postas (e não com os bragos abertos) e também se ajoelhar para
&a eram transferéncias para o dominio religioso do gesto
um estudo publicado em 1972 por Emmanuel Le Roy Ladurie
feudal de homenagem, ajoelhar-se diante do senhor e colocar as
e dois colaboradores usou os registros militares para estudar o
mãos entre as dele 31
fisico dos recrutas franceses no século XIX, observan#v, por
Um exemplo vindo da histéria russa mostra como &
exemplo, que eles eram mais altos no Norte e mais bax_xos no impor-
'nte prestar atenção histérica a diferenças aparentemente
Sul, diferenga de altura que quase certamente se devea diferen- pe-
Quenas. Em 1667, a Igreja Ortodoxa Russa cindiu-se em
ças de nutrição.*º duas,
: ante, ando um conselho reunido em Moscou apoiou inovações
Em compensação, do inicio da década de 1980 em di - re-
ºªmºf € excomungou os defensores da tradigdo, mais tarde
uma corrente cada vez maior de estudos conc co-
ent"‘.{“_s‘E nocsofmfl “:ednos como “velhos crentes”. Uma das questf)es_
pos masculino e feminino, no corpo como experiência € em debate
8esto de abençoar deveria ser feito com dois
dedos ou
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