Você está na página 1de 45

F O N T E S IM P R E S S A S

História dos, nos


e por meio dos periódicos'
Tonia R eçin a d e Luca

Na década de 1970, ainda era relativam ente pequeno o núm ero de


trabalhos que se valia de jornais e revistas como fonte para o conhecim ento
da história no Brasil. A introdução e difusão da imprensa no país e o itinerário
de jornais e jornalistas já contava com bibliografia significativa, além de
am iudarem -se as edições fac-sím iles e os catálogos dando conta de diários e
revistas que haviam circulado em diferentes partes do território nacional,2
Reconhecia-se, portanto, a im portância de tais im pressos e não era nova a
preocupação de se escrever a H istória da im prensa, m as relutava-se em
m obilizá-los para a escrita da H istória por meio da imprensa.
Vários fatores explicam tal situação, que não constituía particularidade
brasileira. Não se pode desprezar o peso de certa tradição, dominante durante
o século xix e as décadas iniciais do xx, associada ao ideal de busca da verdade
Fontes liistÓTicas

dos fatos, que se ju lgava atingível por interm édio dos docum entos, cuja
natureza estava longe de ser irrelevante. Para trazer à luz o acontecido, o
historiador, livre de qualquer envolvimento com seu objeto de estudo e senhor
de métodos de crítica textual precisa, deveria valer-se de fontes marcadas
p ela objetiv id ad e, n eu tralid ad e, fid ed ign id ad e, cred ib ilid ad e, além de
suficientem ente distanciadas de seu próprio tempo* Estabeleceu-se uma
hierarquia qualitativa dos documentos para a qual o especialista deveria estar
aten to . N esse co n tex to , os jo rn a is p areciam p ou co ad eq u ad o s para a
recuperação do passado, uma vez que essas "enciclopédias do cotidiano"
continham registros fragm entários do presente, realizados sob o influxo de
interesses, compromissos e paixões* Em vez permitirem captar o ocorrido,
dele forneciam imagens parciais, distorcidas e subjetivas*
A crítica a essa concepção, realizada jã na década de 1930 pela chamada
E sc o la d os A nnales , n ão im p lico u o r e c o n h e c im e n to im e d ia to d as
potencialidades da imprensa, que continuou relegada a uma espécie de limbo*
Percorrer o caminho que vai da desconsideração à centralidade dos periódicos
na produção do saber histórico im plica acompanhar, ainda que de forma
bastante sucinta, a renovação dos temas, as problem áticas e os procedim entos
m etodológicos da disciplina*

A História Nova e além


A prática historiogrãfica alterou-se significativamente nas décadas finais
d o s é cu lo xx. N a F ra n ç a , a te r c e ir a g e ra ç ã o d os A n n ales3 re a liz o u
deslocam entos que, sem negar a relevância das questões de ordem estrutural
perceptíveis na longa duração, nem a pertinência dos estudos de natureza
econôm ica e dem ográfica levados a efeito a partir de fontes passíveis de
tratam ento estatístico, propunha "novos objetos, problemas e abordagens".
Os aportes analíticos provenientes de outras Ciências H um anas, como
a Sociologia, a Psicanálise, a Antropologia, a Lingüística e a Sem iótica, ao
m esm o tem po em qu e in cen tivavam a in terd íscip lin aríd ad e e traziam
contribuições m etodológicas importantes, forçavam o historiador a refletir
sobre as fronteiras da sua própria disciplina, cada vez mais difíceis de precisar.
N a introdução da coletânea que pretendia dar conta das transformações em
curso, Jacques Le Goff e Pierre Nora explicitaram:

1 12
Hi&ÈÓria dos, nos e por rneio dos periódico*

Obra coletiva e diversificada, pretende, no entanto, ilustrar e


promover um novo tipo de história [...]. A novidade parece-nos
estar ligada a três processos; novos problemas colocam em causa
a própria história; novas abordagens modificam, enriquecem,
subvertem os setores tradicionais da história; novos objetos, enfim,
aparecem no campo epistemológico da história d

A face m ais e v id e n te do p ro cesso de a la rg a m e n to do cam p o de


preocup ação dos h istoriad ores foi a renovação tem ática, im ediatam ente
perceptível pelo título das pesquisas, que incluíam o inconsciente, o mito, as
m entalidades, as praticas culinárias, o corpo, as festas, os film es, os jovens e
as crianças, as m u lh eres, aspectos do cotid ian o, en fim um a m iríad e de
questões antes ausentes do território da H istória, O utras m enos visíveis,
apesar d e talvez m ais profu nd as, apontavam para a "p assagem de um
parad igm a em que a analise m acroeconôm ica era prim ordial para um a
H istória que focaliza os sistem as culturais", a fragm entação da disciplina, o
esm aecer do projeto de um a H istória total e o in teresse crescen te pelo
episódico e pelas diferenças, processo que recebeu elegante formulação do
historiador M icheí de Certeau;

O historiador não é mais um homem capaz de construir um


império. Nem visa mais o paraíso de uma história global. Ele
chega a circular em tomo das racionalizações conquistadas. Ele
trabalha nas margens. Sob esse aspecto, ele se toma um erradio/

Tais m udanças alteraram a própria concepção de docum ento e sua


crítica, cujos pontos essenciais foram sistem atizados pelo historiador francês
Jacques Le G off.6
Ao lado do vendaval causado pela História N ova, há que se m encionar
a profunda renovação do m arxism o, particularm ente m arcante nos estudos
de Raymond W illiams, Perry A nderson, Christopher Hill, Eric Hobsbawm e,
sobretudo, E. P. Thom pson, reunidos em tom o da New Left Review (1960). O
abandono da ortodoxia econom icista, o reconhecim ento da importância dos
elem entos culturais, não m ais encarados com o reflexo de realidades mais
profu nd as, o que era com u m em leitu ras red u cion istas, e a verd ad eira
revolução copem icana efetuada por Thom pson ao propor que se adotasse a
p ersp ectiv a dos v en cid os, a h istó ria vista de baixo {history from below),
trouxeram ao centro da cena a experiência de grupos e cam adas sociais antes

1 13
Fontes históricas

ignorados e inspiraram abordagens m uito inovadoras, inclusive a respeito


de culturas de resistência*7
N ão cabe acom p anh ar aqu i cada um d os abalos ep istem ológicos da
disciplina, O que parece relativamente assente no momento é o fortalecimento
da História cultural, tributária, em grau bastante variável, da A ntropologia e
ancorada no estudo das práticas e representações sociais* A imagem de que se
valeu o historiador Le Roy Ladurie para descrever o itinerário das pesquisas de
seu colega Michel V o v elle- da adega ao celeiro (de la caveaugreníer) ou seja, das
estruturas econômicas e sociais à cultura, pode ser tomada como metáfora para
jlj o campo historiográfico, tantos foram os que percorreram a mesma estrad ai
Ao longo do trajeto, a visão telescópica, proveniente do am plo campo
de observação e das séries quantificáveis que não prescindiam do auxílio do
computador - o m esm o Ladurie afirmou, em tom de ironia, "d e agora em
diante ou o historiador será program ador, ou não será h istoriad or" - foi
confrontada com o olhar da m icro-história, sensível aos detalhes e objetos
modestos, o que colocou em pauta a questão dos complexos "jogos de escalas"
m anipulados pelos historiadores*9
Já a virada linguística ou desafio sem iótico (lingustic turn, semioticchallege),
ao mesmo tempo em que evidenciou o caráter narrativo do texto historiogrãfico
e fo rço u a d iscu ssã o de sua n a tu rez a , g erou ácid as p o lêm icas q u an to à
(in )ex ístên cia de referên cia s ex tern as ao p ró p rio d iscu rso *10 Os d ebates
ultrapassaram as fronteiras dos novos objetos, abordagens e/ou problem as e
introduziram outras fissuras no trato documental. Como assinalou o historiador
Antoine Prost, alterou-se o m odo de inquirir os textos, que "interessará m enos
pelo qu e eles d izem d o que pela m an eira com o dizem , pelos term os que
fi;
M utilizam , pelos cam p os sem ânticos que traçam " e, poderiam os com p letar,
H
tam bém pelo interdito, pelas zonas de silêncio que estabelecem .11
j
i- No cenário atual, dois outros pontos, relacionados e não coincidentes,
m erecem destaque: a história im ediata, voltada para o tem po presente, seara
até bem pouco exclusiva de jornalistas e sociólogos, e o que se consagrou
com o "re to rn o " da H istória política, nunca totalm ente abandonada, m as
vítim a de significativo ostracism o durante grande parte do século xx. René
Rém ond, organizador da coletânea que se tornou em blem a da reivindicação
de cid ad ania h istoriog ráfica p ara o político, d istinguiu entre a H istória
política e a do presente:

114
História dos, nos e por meio dos periódicos

Muito freqüentemente misturamos as duas porque os mesmos


historiadores militam pelas duas causas* Mas as duas não
coincidem. O interesse pelo político não é próprio da história
recen te e o p o lítico não está exclu sivam en te ligad o à
proximidade no tempo*12

A observação é im portante, p ois evidencia o esforço p ara libertar a


abordagem p olítica da acusação de ap eg o ao efêmero* Rém ond rebateu
outros ó b ices que pesavam sobre a H istória política (factual, subjetiva,
psicologizante, idealista) e, como convém num texto m anifesto, sublinhou
a profundidade das m udanças:

Abraçando os grandes números, trabalhando na duração,


apoderando-se dos fenômenos mais globais, procurando nas
profundezas da memória coletiva, ou do inconsciente, as raízes das
convicções e as origens dos Comportamentos, a história política
descreveu uma revolução completa* Como então acreditar que seu
renascimento possa ser apenas um veranico de maio?15

N o lu g a r de "r e to r n o " do p o lític o p arece m ais a p ro p ria d o u sar


revivescência ou renovação, uma vez que não se prescinde das contribuições
teórico-m etodológicas alcançadas nas últim as décadas, como bem atestam
não apenas a enfática declaração citada, m as tam bém as aproxim ações e
cruzam entos entre os âmbitos da H istória cultural, que está no centro das
renovações hístoriográficas, e da H istória política, na sua acepção renovada,
expressas em term os de política cultural e cultura política, que receberam
form ulação precisa na im portante coletânea assinada por Jean-Pierre Ríoux
e Jean-François Sirinelli-14
O panorama traçado, ainda que muito breve e esquemático, perm ite divisar
as grandes linhas de força do campo historiográfico, com as quais os especialistas
brasileiros têm m antido constante diálogo* Podem os então ju n tar os fios da
meada: diante do quadro sempre m utável de desafios e inquietações teórico-
m etodòlógicas, que lugar a historiografia brasileira tem reservado à imprensa?

A imprensa sob suspeíção


Na terceira edição de Teoria da História do Brasil (1968), o historiador
José H onório Rodrigues dedicou dois parágrafos à H istória da im prensa e,
em bora tom asse o jornal como uma das "principais fontes de inform ação

115
i5l
•;i
Fonteí hí&tóricas

histórica", ponderava que "nem sempre a independência e exatidão dominam


o conteú d o ed ito ria l", caracterizad o com o "m istu ra do im p arcial e do
tendencioso/do certo e do falso". E alertava:

a discussão de problemas desta natureza pouco tem preocupado


os historiadores da imprensa no Brasil. Eles se limitaram sempre
à exata ou inexata narração dos periódicos e jornalistas que
desde os tempos da independência formaram ou expressaram
a opinião pública.15

Jean Glénisson, professor francês que atuou no Departamento de História


da Universidade de São Paulo, autor do manual Iniciação ao$ estudos históricos,
sucessivam ente reeditado e que inspirou a criação de cursos de introdução à
disciplina pelo país afora, comungava posição bastante similar*16 Ao comentar
os procedim entos críticos dem andados pelos jornais, Glénisson ponderou i
que estes se revestiam de "com plexidade desanimadora. Sem pre será difícil
saberm os que influências ocultas exercíam-se num m om ento dado sobre um
órgão de in form ação, qual o pap el d esem p en h ad o, por exem p lo, pela
d istribuição da publicidade, qual a pressão exercida pelo gov ern o". Ele
en d ossou as p alav ras do h isto riad o r P ierre R en ou v in , que in sistia na
im portância crucial de se inquirir a respeito das fontes de inform ação de uma
dada publicação, sua tiragem , área de difusão, relações com instituições
p o lítica s, grupos eco n ôm icos e fin an ceiro s, asp ectos que con tin u avam
negligenciados seja pelos historiadores que recorriam à imprensa, seja pelos
que se dedicavam a escrever sua História*17
Nos dois casos, jã não se questionava o uso dos jornais p orsu afaltad eob je-
tividade - atributo que, de fato, nenhum vestígio do passado pode ostentar
antes se pretendia alertar para o uso instrum ental e ingênuo que tom ava os
i|
|j
periódicos como m eros receptáculos de inform ações a serem selecionadas,
extraídas e utilizadas ao bei prazer do pesquisador* D aí o am plo rol de
prescrições que convidavam à prudência e faziam com que alguns só se
dispusessem a correr tantos riscos quando prem idos pela falta absoluta de
fontes* O utros, por seu tu rno, encaravam as recom endações com grande
ceticism o, uma vez que tom avam a im prensa como instância subordinada as
classes dominantes, mera caixa de ressonância de valores, interesses e discursos
ideológicos* A ssim , ainda que por m otivos m uito diferentes, tais leitu ras
1!Í

116
História dos,, nos e por meio dos periódicos

contribuíam para alim entar o desprezo que os profissionais da área seguiam


conferindo à im prensa.16
N um texto pioneira, A na M aria de A lm eida C am argo foi além das
recom endações m etodológicas próprias dos ensaios teóricos e avaliou como
os desafios estavam sendo enfrentados na prática. D epois de reiterar as
arm adilhas reservadas pela imprensa - '"corremos o grande risco de ir buscar
num periódico precisam ente aquilo que querem os confirm ar, o que em geral
acontece quando desvinculam os uma palavra, uma linha ou um texto inteiro
de uma realidade"' - , apresentou diagnóstico preciso da situação:

A pouca utilização da imprensa periódica nos trabalhos de


História do Brasil parece confirmar nossas suposições. Alguns,
talvez, limitem seu uso por escrúpulo, já que encontram, tão em
evidência e abundância, as "confirmações" de suas hipóteses -
e com a mesma facilidade, também, argumentos contrários. A
m aioria, porém , pelo desconhecim ento, pela ausência de
repertórios exaustivos, pela dispersão das coleções. Quando o
fazem , tendem a end ossar totalm ente o que encontram ,
aproximando-se de seu objeto de conhecimento sem antes filtrá-
lo através de crítica mais rigorosa.1^

A pesar do balanço pouco anim ador, a autora defendeu com veemência


as possibilidades ensejadas pelos jornais, que ela m esm a se incum biu de
evidenciar a partir da análise dos trabalhos que até aquele m om ento (final
dos anos 1960) haviam se valido de forma sistem ática dessas fontes. Se o
pioneirism o inconteste cabia a Gilberto Freyre, que por m eío dos anúncios
de jornais estudou diferentes aspectos da sociedade brasileira do século xix/°
a produção de vários pesquisadores, formados segundo padrões de excelência
acadêm ica e que ocupavam lugar de destaque no m eio universitário - caso
de Emília Viotti da Costa, Fernando H enrique Cardoso, Stanley J. Stein, Nícia
Vilela Luz e Leôncio M artins Rodrigues21 não dispensava a ida aos jornais,
seja para obter dados de natureza econômica (câmbio, produção e preços) ou
dem ográfica, seja para analisar m últiplos aspectos da vida social e política,
sem pre com resultados originais e postura m uito distante da tão tem ida
ingenuidade.22 Foi justam ente no m om ento em que a im prensa passava a
figurar com o im portante fonte prim ária que veio a público o trabalho de
N elson W em eck Sodré, um dos poucos a abordar a história da imprensa
brasileira desde os seus prim órdios até os anos 1960.23

117
Fontes liístórloas

A Imprensa como objeto


O estatuto da im prensa sofreu deslocam ento fundam ental ainda na
década de 1970: ao lado da H istória da imprensa e por m eio da imprensa, o
próprio jornal tornou-se o b jeto da pesquisa histórica- A tese de doutoram ento
de Arnaldo Contier, Imprensa e ideologia em São Paulo (1973), já indicava esse
I
cam inho ao valer-se da Lingüística e da Semântica para estudar o vocabulário
político-social presente num conjunto de jornais publicados entre o fim do
Primeiro Reinado e o início da Regência (1827 e 1835) e identificar os matizes
da ideologia dominante num m om ento de acirrada disputa pelo controle dos *
quadros políticos e burocráticos da nação recém-independente*24
A partir de outra perspectiva m etodológica, as dissertações de Maria
Helena Capelato e M aria Ligia Prado (1974), fundidas no livro intitulado O
bravo matutino (1980), voltaram sua atenção para um jornal republicano de
grande circulação e bem afirm aram a novidade da abordagem escolhida:

Os estudos históricos no brasil têm dado pouca importância à


imprensa como objeto de investigação, utilizando-se dela
apenas como fonte confirmadora de análises apoiadas em
outros tipos de documentação. A presente pesquisa ensaia uma
nova direção ao instituir o jornal O Estado âe S. Paulo como
fonte única de investigação e análise crítica* A escolha de um
jornal como objeto de estudo justifica-se por entender-se a
im p ren sa fu n d am en talm en te com o in stru m en to de
manipulação de interesses e de intervenção na vida social;
nega-se, pois, aqui, aquelas perspectivas que a tomam como
mero 'Veículo de informações", transmissor imparcial e neutro
dos acontecimentos, nível isolado da realidade político-social
na qual se insere*25

A partir da análise dos editoriais (1927-1937), as autoras evidenciaram a


atuação do m atutino com o porta voz dos interesses de setores da classe
dom inante paulista e a m aleabilidade do liberalism o abraçado pelos seus
responsáveis, reformulado diante dos desafios impostos por circunstâncias
so cío p o lítica s esp ecífica s; C rise de 1929; m ovim en tos de 1930 e 1932;
im plantação do Estado Novo. Em trabalho posterior, Maria Helena Capelato
continuou a investigar os fundam entos do liberalismo, num período mais
am plo (1920-1945) e valendo-se de uma dezena de periódicos que tiveram
participação prolongada e ativa na política paulista e do país*26

118
História dos, nos t por rneio dos periódicos

Ainda na década de 1970, merece destaque a rigorosa e extensa pesquisa


levada a cabo por Vavy Pacheco Borges que, por interm éd io dos jornais
que com punham a grande im prensa paulistana - O Estado de S.Paulo, Correio
Paulistano e Diário Nacional - , investigou as relações entre G etúlio Vargas e
a oligarqu ia do estad o, desde o m om ento em que o p olítico assum iu a
liderança da bancada gaúcha na Câm ara Federal (1926) até às vésperas do
m ovim ento de 1932* (Borges, 1979)

Trabalho, cidade e imprensa


A H istória do m ovim ento operário, que desfrutou de grande prestígio
n os c írcu lo s acad êm ico s b ra sile iro s e sp ecia lm en te en tre 1970 e 1990,
encontrou na im prensa um a de su as fontes privilegiadas. A gora não se
tratav a m ais de lid ar com jo rn a is d e cu n h o e m p re sa ria l, cap az es de
influenciar a vida política, m as de m an ejar folhas sem periodicidad e ou
núm ero de páginas definidas, feitas não por profissionais, mas por m ilitantes
abnegados, por vezes redigidas em língua estrangeira, sobretudo italiano e
espanhol, im pressas em pequenas oficinas, no form ato perm itido pelo papel
e m áquinas disponíveis, sem receita publicitária e que, no m ais das vezes,
contava com subscrição dos próprios leitores para sobreviver, características
que foram estudadas por M aria N azareth Ferreira,27
A organ ização de arquivos, com destaque para o A rquivo Edgard
Leuenroth (a e l , 1974) da Unicamp, que publica os Cadernos do a e l , e da reunião
no Centro de Docum entação e M em ória da Unesp (cedem , 1996) dos arquivos
Mario Pedrosa e do M ovimento Operário Brasileiro, antes sediado em Milão,
colaboraram decididamente para evidenciar a riqueza desse corpo documental.
Dados acerca das formas de associação e composição do operariado, correntes
ideológicas e cisões internas, greves, mobilizações e conflitos, condições de vida
e trabalho, repressão e relacionamento com empregadores e poderes
estabelecidos, intercâmbios entre lideranças nacionais e internacionais, enfim,
resp ostas p ara as m ais d iversas qu estões acerca dos segm en tos m ilitantes
puderam ser encontradas nas páginas de jornais, panfletos e revistas, que se
constituíam em instrumento essencial de politização e arregimentação.
Quando, sob o influxo das renovações da disciplina, a atenção ampliou-
se para além do m ovim ento organizado com o acréscim o de questões sobre

119
Fontes históricas

gênero, etnia, raça, identidade, modos de vida, experiências e práticas políticas


cotidianas, form as de lazer e sociabilidade, produção teatral e literária, a
im prensa operária continuou a ser um m anancial im prescindível, ao lado
dos depoimentos orais, das fontes judiciais e dos arquivos policiais, os últimos
só mais recentemente abertos aos pesquisadores, caso do Departam ento de
Ordem Política e Social do Rio de Janeiro e Departam ento Estadual de Ordem
Política e Social de São Paulo. V ale assin alar tam bém o surgim ento de
investigações historiográficas consagradas a períodos bem m ais recentes,
rom pendo-se a ten d ên cia, antes m ajoritária, dos estudos sob re a classe
operária concentrarem -se no período da cham ada República V e lh a .28
Importância de ordem equivalente teve a imprensa para as pesquisas acerca
da imigração, intensificada a partir das últimas décadas do século xix e que teve
propósitos e sentidos bastante distintos nas regiões cafeeiras e no Sul do país.29
O mundo do trabalho industrial não pode ser dissociado das cidades e do
processo de urbanização, com os quais guarda a mais estreita vinculaçao. Os
estudos sobre o urbano constítuíram -se em im portante campo tem ático da
pesquisa h istórica.30 As transform ações conhecidas por algum as capitais
brasileiras nas décadas iniciais do século xx foram , em várias investigações,
perscrutadas por intermédio da imprensa, tal como na levada a efeito por Heloísa
Cruz, que bem apontou as relações entre o periodismo, que também se difundia
e diversificava, cultura letrada e o viver urbano em São Paulo.23 A aceleração do
tem po e o confronto com os artefatos que com punham a m odernidade
(automóveis, bondes, eletricidade, cinemas, casas noturnas, fonógrafos, câmaras
fotográficas), a difusão de novos hábitos, aspirações e valores, as demandas
sociais, políticas e estéticas das diferentes camadas que circulam pelas cidades,
os conflitos e esforços das elites políticas para im por sua visão de mundo e
controlar as "classes p erig o sas", a constitu ição dos espaços públicos e o$
m eandros que regiam seu usufruto e circulação, as intervenções em nome do
sanitarismo e da higiene, a produção cultural e as renovações estéticas, tudo isso
passou a integrar as preocupações dos historiadores, que não se furtaram de
buscar parte das respostas na imprensa periódica, por cujas páginas formularam-
se, discutiram-se e articularam-se projetos de futuro.32
O novo cenário citadino do início do século xx abrigava uma infinidade
de p u b lica çõ es p e rió d ica s: alm an aq u es; fo lh eto s p u b licitário s de casas
com erciais e indústrias; jorn ais de associações recreativas, de bairros e das

120
Histórto dos, nôí t por meio dos periódicos

destinadas a etnias específicas; folhas editadas por m utuais, ligas e sindicatos


operários, até os grandes matutinos e as revistas ditas de variedades, principal
produto da indústria cultural que então despontava* A publicação de catálogos
relativos a acervos institucionais abarca o itinerário da im prensa em diferentes
espaços e, além de se constituírem em importantes instrum entos de pesquisa,
perm item apreender o rápido increm ento e a diversidade desses m ateriais*33

"Tempos eufóricos": revistas, Imagem, publicidade..*


O impresso revista merece ser analisado com v ag ar O gênero aos poucos
se individualizou em face de outras formas de im pressos periódicos* A Revista
da Semana (Rio de Janeiro, 1900), de Álvaro Teffé, é unanim em ente apontada
com o m arco do surto - que se prolongaria por décadas - das cham adas
revistas ilustradas ou de variedades. Com apresentação cuidadosa, de leitura
fácil e agradável, diagram ação que reservava am plo espaço para as im agens
e conteúdo diversificado, que poderia incluir acontecimentos sociais, crônicas,
poesias, fatos curiosos do país e do mundo, instantâneos da vida urbana,
hum or, conselhos m édicos, moda e regras de etiqueta, notas policiais, jogos,
charadas e literatura para crianças, tais publicações forneciam um lauto
cardápio que procurava agradar a diferentes leitores, justificando o term o
variedades. Pode-se supor que tal uso cum pria função estratégica: diante do
relativam ente m inguado público leitor/consum idor, o sucesso do negócio
revista dependia de se cozrseguir am pliar ao máximo os possíveis interessados,
daí o recurso a um a rubrica ampla, que perm itia incluir de tudo um pouco*
Eram os "tem pos eufóricos" de Ilustração Brasileira (Paris, 1901), O Malho
(rj, 1902), A Avenida (rj, 1903), Kosmos (rj, 1904), Fon-Fon (rj, 1907), Careta ( rj,
1908), O Pirralho (sp, 1911), A Cigarra (sp, 1914), Dom Quixote (rj, 1917) e de
m uitas outras, algumas efêmeras, outras ativas por décadas a fio. Renovação
significativa somente ocorreria com O Cruzeiro (1928), quando a fotografia e
a reportagem ganharam novos sentidos e asseguraram à revista a liderança
no m ercado nacional* Sem anários como Manchete (1952) e Fatos e Fofos (1961)
nâo romperam com o padrão herdado de décadas anteriores, efetivam ente
alterado mais tarde pelas revistas semanais de informação, como Veja (1968).
A locução adjetiva "d e variedades" é aplicada para dar conta de uma
gama extrem am ente diversa de situações* Com o jã se destacou, sua escolha

121
Fonte? históricas

não era arbitraria, antes apontava para a relativam ente pequena segm entação
de mercado. Entretanto, o pesquisador deve estar atento para as armadilhas
que ela pode encerrar, pois tal caracterização, por si só, pouco colabora para
q u e se p erceb am d iferen ças e n u an ces ex isten tes entre as rev istas em
circulação nas prim eiras décadas do século passado. Ainda que grande parte
se autodenom inasse "d e varied ades", é possível distinguir a intenção de
atingir públicos diversificados. Eram revistas de variedades, m as ao m esmo
tem po femininas, masculinas, infantis, esportivas, pedagógicas e educacionais,
h u m o rística s, d ed icad as ao rád io, teatro e cin em a, étn ica s, relig io sas,
científicas, literárias, voltadas para os interesses do com ércio, lavoura ou
indústria, sem esquecer o mundo do trabalho, que seguia cam inhos próprios,
fora do âm bito do mercado.
Essa verdadeira explosão do m undo dos impressos periódicos tem sido
objeto de reflexão específica, No caso das revistas, conta-se com a alentada
pesquisa de Ana Luiza M artins, que enfrentou o desafio de conceituar esse
gênero de im presso, esclarecer suas condições de produção, m apear o seu
processo de difusão e inquirir acerca da natureza da am plíssim a gama de
sem anários e m ensãrios que circularam pela cidade de São Paulo entre 1 8 9 0
1922. Estudos dessa natureza, que exigem larga pesquisa, dom ínio de ampla
bibliografia e rigor conceituai são fundam entais não só pelos dados que
inventariam e organizam, mas pelo muito que sugerem e ensinam acerca dos
procedim entos teórico-m etodológicos adotados no tratam ento das fontes,34
À m edida que se avança no século xx, a especialização aumenta. Para
períodos m ais recentes, vale destacar o livro de Maria Celeste Mira, O leitor e
a banca de jornal, que traz um histórico da trajetória do im presso revista no
p a ís , m as c e n tra o fo co n o s an os 1960. A o b ra d is c u te , de fo rm a
circunstanciada, as origens e o contexto no qual ocorreram os principais
lançam entos editorias (Cláudia, Nova, Quatro Rodas, Placar, Playboy, Realidade,
Veja, Contigo , Caras , p or exem p lo) e en fa tiz a o d iá lo g o com m od elos
estrangeiros, além de inform ar, sem pre que possível, as tão perseguidas
tiragens. A analise da segm entação mais contem porânea do m ercado de
revistas, e sua relação com a construção de identidades a partir do consumo,
é das m ais instigantes. Indicação clara de que o interesse pelas revistas
extrapola o círculo dos especialistas está no fato de a Editora A bril comemorar
o seu cinqüentenário com o lançam ento de um a publicação, vendida em

122
História d o 5, nos e por rneio dos periódicos

bancas de jornal, que esboçou a trajetória da revista no Brasil e foi elaborada


> "n o estilo revista: variada, m ultifacetada e viva", observação que nos informa
i acerca do entendim ento que os proprietários de um dos principais grupos
\ editoriais do país têm acerca da natureza desse im presso,35
A publicidade tam bém se articulou às novas dem andas da vida urbana
do início do século xx e, no que diz respeito à im prensa periódica, transformou-
) se na sua p rin cip al fonte de recursos* O an ú n cio trilhou , então, n ovos
caminhos em relação à estrutura e linguagem e, ainda, no que concerne à
profissionalização da atividade, com o agenciador individual cedendo lugar,
L no decorrer da década de 1910, às empresas especializadas;36 A voracidade
dos cartazes e reclam es parecia insaciável, e eles se faziam presentes nos
m ais diferentes espaços: m uros, bondes, casas de espetáculos, restaurantes,
alm anaques, jornais e revistas.
Sua importância com o fonte para a com preensão da paisagem urbana e
d as re p r e s e n ta ç õ e s e id e a liz a ç õ e s s o c ia is é a te s ta d a p o r p e s q u is a s
historiográficas como a de M árcia Padilha, que, por meio da publicidade
presente nas páginas de Ariel e A Cigarra, discute o caráter m ultifacetado da
cidade de São Paulo, os diferentes estilos e padrões de vida que comportava,
a diversidade de expectativas, posturas e nuances dos vários grupos sociais
diante da m odernidade que se prenunciava*37
A ilustração, com ou sem fins comerciais, tom ou-se parte indissociável
dos jornais e revistas e os historiadores incum biram -se de transform á-la em
outro fértil veio de pesquisa. Ana M aria M auad valeu-se da perspectiva
histórico-sem iótica da m ensagem fotográfica para discutir os quadros de
representação social e os códigos de com portam ento da classe dom inante
carioca na prim eira m etade do século xx, tendo com o fontes privilegiadas
imagens provenientes das revistas Careta e Cruzeiro

A imprensa e o mundo das leiras


O im bricam ento entre H istória e Literatura, por seu turno, abriu outras
sendas. U m a delas colocava a questão da p ro d u ção e do consum o dos
impressos* Para a São Paulo das duas primeiras décadas do século xx, conta-
se com o estudo de Teresinha dei Fiorentino, que, p or intermédio da própria
im prensa periódica, traçou um quadro circunstanciado a respeito da prosa

123
Fôntei hi&íórtcas

de fic ç ã o - g ê n e r o s , tir a g e n s , d is tr ib u iç ã o , p u b lic id a d e , p ro d u ç ã o


p r o p ria m e n te d ita , e d ito r e s , liv re iro s e liv r a r ia s . A in d a que a
profissionalização do trabalho intelectual não fosse seu objetivo central,
abordou o problem a e evidenciou as tensões que envolveram o processo,
que teve na im prensa periódica seu local privilegiado.39
A p ro b le m á tica fo i d ecisiv a m en te e n fre n ta d a p or S é rg io M iceli,
preocupado em discernir o processo de constituição do campo intelectual no
Brasil, o que o levou a investigar a relação entre os hom ens de letras e a
imprensa. Num trecho, destacou;

No início do século xx, o jornalismo tornara-se um ofício


compatível com o stakus de escritor [...]. O que fora para alguns
autores românticos (por exemplo, Alencar e Macedo) uma
atividade e uma prática "tolerada", tornando-se depois para
certos escritores da geração de 1S70 (por exemplo. Machado de
Assis) uma atividade regular, que lhes proporcionava uma
renda suplementar cada vez mais indispensável, tornou-se a
atividade central do grupo dos "anatolianos".40

As várias tarefas desempenhadas por esses intelectuais subordinavam-se,


não raro, às demandas políticas das facções oíigárquicas proprietárias dos jornais
e que igualmente detinham as chaves que controlavam o acesso ao cenário da
política. Mas sobreviver da pena implicava transitar pelo mundo da publicidade,
a exem plo de Olavo Bílac e Emílio de Menezes, e produzir textos de natureza
variada, adequados às demandas do cliente em termos de forma e conteúdo. O
inquérito realizado pelo escritor João do Rio em 1908 acerca das relações entre
Literatura e imprensa constituí-se num testemunho importante na medida em
que oferece indícios sobre como os próprios escritores (e as poucas escritoras)
percebiam e vivenciavam os impasses da nova condição social.41
Ainda que os literatos tendessem a separar o que consideravam "as
obras" do "trabalho para a im prensa", tido como algo m enor, a pesquisadora
Flora Süssekind evidenciou como a convivência com os "m odernos meios de
reprodução, im pressão e difusão coletiva de im agens técnicas, textos, vozes
e reclam es" vincaram "na técnica e na sensibilidade literária, novas formas
de com preender o tempo, o personagem, a narração, a subjetividade".42 Ou
seja, as exigências d iárias de produzir em consonância com os ditam es
im postos por jornais e revistas deixaram suas m arcas no processo de escritura
desses que foram chamados pela autora de "hom ens sanduíches".

124
História des, nos e por meio do$ periódicos

P a rtin d o de p ro b le m á tica d iv ersa, M ôn ica V e llo so a co m p an h o u a


traj e tór i ad o gr up od e inte lectuais b oêm ios atuantes na c idade do Ri o d e Janeiro
na virada do século xix para o x x - Bastos Tigre, Emílio de Menezes, Lima Barreto,
José do Patrocínio Filho, Raul Pederneiras, Kalixto, J* Carlos, Stom , Yantok e
Ju líà o M a ch a d o . A p e s q u is a d o r a e v id e n c io u co m o e s s e s e s c r ito r e s e
caricaturistas construíram um pensar sobre a nacionalidade ancorado no humor
e na irreverência, sem deixar de ter o m oderno como horizonte. Sua estratégia
de abordagem não foi "discutir a instauração da m odernidade brasileira a partir
da idéia de um m ovim ento organizado e d atado", m as antes "adentrar pelo
domínio acidentado do cotidiano", a fim de verificar "p o r m eio de que idéias,
im agens e linguagens se exprim ia o m oderno".43
M ovendo-se no m esm o universo espaço-tem poral, N icolau Sevcenko
igualmente esquadrinhou a situação do literato no m eio social e reconstituiu
o am biente intelectual e a atm osfera cultural do Rio de Janeiro no início da
República* Adentrou a produção da época, mais especificam ente a de Lima
Barreto e Eudides da Cunha, para, a partir dela, elucidar, "quer as tensões
históricas do período, quer os seus dilemas culturais"*44
C o n fig u ra-se, p o rtan to , um v ig o ro so co n ju n to de obras que, com
abordagens e perspectivas distintas, discutiu a produção e o universo dos
hom ens de letras alocados no período "p ré-m od ern o" e cujos resultados
tom aram patente a inadequação da terminologia e do lugar que a História
literária lhes tem reservado.
A relação dos grupos literários com a im prensa com porta, ainda, outros
aspectos* As revistas em especial foram pólos aglutinadores de propostas estéticas,
bastando lembrar o exemplo clássico de Niterói; Revista BrasiJíense, Ciências, Letras e
Artes, lançada em Paris em 1836, apontada como m arco da introdução do
romantismo em nossas letras* Os movimentos de vanguarda souberam usar as
revistas como instrumento de luta e as elegeram como veículo privilegiado para
divulgar seus m anifestos.45 O estudo de publicações literárias e culturais tem
rendido frutos significativos, que colaboram, inclusive, para relativizar outras
periodizações e fissuras consagradas na produção historiográfica, caso do
m odernismo e de projetos de modernidade, discutidos por Angela de Castro
Gomes a partir de Lanterna Verde e Festa*46 Aqui os conceitos de lugares e redes de
sociabilidade, geração e cultura política constituem-se importante grelha de leitura
para compreender as formas de organização e ação dos intelectuais*

125
Fontes históricas

Propostas estéticas, culturais e científicas não se dissociam de batalhas e


perspectivas sociopolíticas, com o atestaram não apenas os trabalhos já citados,
m as tam bém o de Lilia Schw arcz, que esquadrinhou publicações editadas
p o r m useus, faculdades de M edicina e institutos históricos entre as últimas
décadas do Império e as prim eiras da República. Sua análise tom a patente o
lugar centrai ocupado pela questão racial nos debates e em bates travados em
tom o da construção da nacionalidade e os estreitos lim ites adquiridos pela
noção de cidadania. De form a análoga, publicações classificadas como de
cunho estreitam ente cultu ral foram espaço privilegiad o da articulação e
difusão de leituras sobre o país e os caminhos que deveria tomar, a exemplo
do que ocorreu na Revista do Brasil (1916-1925), epicentro do discurso em
prol da grandeza paulista.47

imprema, gênero e infância


O bserva-se um a relação estreita entre a diversificação das tem áticas
historíográficas e a escolha dos periódicos como fonte de pesquisa. Outro
cam po tem ático que corrobora a afirmação é o dos estudos de gênero, que se
constitui num dos mais dinâm icos da historiografia contem porânea brasileira,
responsável por periódicos acadêm icos, centros de docum entação e linhas
de pesquisas em program as de pós-graduação. Sem intenção de fazer um
inventário exaustivo, cum pre destacar os trabalhos de D ulcília Buitoni, que
no início da década de 1980 jã evidenciavam as potencialidades da imprensa
para a apreensão do lugar reservado as m ulheres em diferentes épocas.48 Com
abordagem propriam ente historiográfica, Joana M aria Pedro percorreu a
im prensa de D esterro/Florianópolís entre 1880 e 1920 e com pôs um vivo
quadro dos estereótipos construídos sobre mulheres "honestas"' e "faladas";
im ag en s essas que g an h am rig o r na m ed id a em que são an alisad as e
articuladas a contextos e conjunturas específicas. A autora tam pouco deixou
de enfrentar a tortuosa questão das filiações político-partidárias da imprensa
local e suas relações com a elite, num paciente trabalho de crítica das fontes,
que se constituí em im portante contribuição m etodológica.49
O utros pesquisadores voltaram -se para as fotonovelas, ou elegeram
com o fonte publicações específicas, a exem plo da Revista Feminina ou do
Suplemento Feminino do jornal O Estado de S.Paulo. M erece particular destaque
a in v e stig a ç ã o de C arla B a ssa n e z i, qu e, a p a rtir de um a p e rsp e ctiv a

126
HistótLa dos, nos e por rneío dos periódicos

comparativa, revisita as páginas de Querida, O Cruzeiro e, sobretudo, Jornal


das Moças e Cláudia, com o objetivo de evidenciar as mudanças e as muitas
permanências que marcaram as relações homem-mulher entre 1945 e 1964*50
Em registro diverso inscreve-se o livro de A lessandra El Far, que
pacientemente recompõe a literatura popular e pornográfica que circulou no
Rio de Janeiro entre 1870-1924, os ditos "rom ances de sen sação" que
encontravam amplo público leitor, sem descuidar dos jornais do chamado
"gênero alegre", como O Rio Nu*1
A grande im prensa d iária brasileira de 15 estados da federação foi
vasculhada entre 1995 e 1996 pelos integrantes do Movimento Nacional de
Direitos Humanos com o objetivo de coletar as notícias sobre homicídios. O
resultado, no que tange à violência contra as mulheres, é a coletânea Primavera
já partiu , qu e, ao lad o d o s m u itos d ad os (a terra d o res) que fo rn ece,
cuidadosamente discriminados eproblematízados, traz densas reflexões acerca
da construção do discurso jornalístico, sua pretensa neutralidade e objetividade*
Observações semelhantes aplicam-se ao livro A cor do medo, volume que enfocou
a questão das relações raciais no Brasil, a partir do mesmo tipo de fonte*52
A infância é outro tema recorrente nas pesquisas historiogrãficas atuais. No
que tange à imprensa, uma das produções mais emblemáticas destinadas a esse
público foi a revista O Tico-Tico f com circulação ininterrupta de 1905 a 1962. Várias
gerações de brasileiros deleitaram-se com os personagens Reco-Reco, Bola o,
Azeitona e acompanharam as aventuras de Chiquinho, Faustina e Zé Macaco.
Zita de Paula Rosa não apenas mergulhou nos mais de dois mil exemplares da
revista, como entrevistou leitores fiéis, numa das raras investidas para enfrentar
o sempre tão complexo problema da recepção, Na suas palavras, a revista

h*l criou novos hábitos e respondeu a diferentes necessidades


de entretenimento de crianças, pretendendo exercer, também,
uma ação pedagógica informal [,..]■ Suas histórias, ilustrações e
.; , editorias falam da casa, da rua, da idade, do campo, do quintal,
da família, da escola, da fábrica, da comunidade, da pátria entre
outros temas e fornecem um instigante quando de visões de
<* mundo de diferentes classes sociais* Essas visões de mundo se
expressam em atitudes, comportamentos e concepções de vida,
de sociedade e de homem, 53

Entre as muitas possibilidades ensejadas pela fonte, Rosa explora as


im agens de m u lh er e de fam ília, p on tu an d o as tran sfo rm açõ es que

127
Fontes históricas

experim entaram ao longo de mais de meio século de circulação da revista.


A s razões para o desaparecim ento do semanário, por sua vez, são discutidas
a partir de um am plo contexto que inclui, mas não se esgota na, a chegada
dos produtos de W alt Disney no Brasil.
Ainda no que diz respeito à im prensa voltada para o pú blico infantil,
m erece destaque o livro de Gonçalo Júnior, A guerra dos quadrinhos. O autor
realizou am pla pesquisa acerca da trajetória das histórias em quadrinhos no
Brasil e descreveu de forma envolvente os calorosos debates travados em torno
dos "p erigos" que cercavam a leitura de gibis, termo que, como ensina Gonçalo,
jã nasceu pejorativo. Partidários e opositores dessa literatura m antiveram
acirrada disputa, que durou décadas e atravessou conjunturas de particular
recrudescimento. Envolveram-se na questão destacados escritores, educadores,
pedagogos, jornalistas e políticos. Mas o problem a não se restringiu aos aspectos
educativos ou morais, antes comportou interesses políticos e editoriais - não
se pode esquecer a vendagem dos quadrinhos envolviam somas avultadas -
num enredo que incluiu jogadas nem sem pre nobres.54

Imprensa, política e censura


As renovações no estudo da História política, por sua vez, não poderíam
dispensar a imprensa, que cotidianam ente registra cada lance dos embates
na arena do poder. Os questionam entos desse campo, im bricados com os
aportes da H istória cultural, renderam frutos significativos. A título de
exem plo, pois seria im possível qualquer arrolam ento exaustivo, pode-se
m encionar os estudos acerca do comunism o e do anticom unism o no Brasil,
levados a cabo, com ampla utilização da imprensa, por Bethânia Mariani e
Rodrigo M otta.55
Estudo exemplar, que tam bém alia a perspectiva política e cultural, é o
de Silvia M iskuiin acerca da trajetória do suplemento Lunesf publicado pelo
jornal cubano Revoludón entre o início de 1959 e o final de 1961. Por intermédio
das páginas de Limes pode-se acom panhar as várias propostas culturais e os
intensos debates travados sobre elas no início do processo revolucionário,
bem como a crescente tensão com as diretivas governam entais, cada vez mais
estritas, o que culm ina com o encerram ento da publicação e a im posição de
um a política cultural oficiai, consoante com as m etas da revolução,5*

128
História dos, nos e por meio dos periódico?

A riq u eza da fo n te p erió d ica e su as m ú ltip la s p o ssib ilid a d e s de


abordagem tam bém são atestadas pelo exemplo da revista Seleções, lançada
no Brasil em 1942, no contexto da política de boa vizinhança arquitetada por
R oosevelt A o lado de outros veículos como o rádio e o cinema, a publicação
cumpria função estratégica na difusão dos valores e m odo de vida norte-
am ericano e, apesar de não ser uma iniciativa oficial, ajustava-se às demandas
do poder, como bem mostrou Antonio Pedro Tota. A mesma publicação foi
abordada por Mary Junqueira com o objetivo de discernir, a partir do universo
simbólico norte-am ericano, as representações construídas acerca da América
Latina, encarada como um novo oeste a ser dom ado e civilizado.57
Não hã como deixar de lado o espectro da censura. Em vários m om entos,
a imprensa foi silenciada, ainda que por vezes sua própria voz tenha colaborado
p a ra c ria r as c o n d iç õ e s q u e le v a ra m ao a m o rd a ç a m e n to . O p a p el
desem penhado por jornais e revistas em regim es autoritários, como o Estado
Novo e a ditadura m ilitar, seja na condição difusor de propaganda política
favorável ao regim e ou espaço que abrigou form as sutis de contestação,
resistência e mesmo projetos alternativos, tem encontrado eco nas preocupações
contemporâneas, inspiradas na renovação da abordagem do político.58
História e historiadores, de A ngela de C astro G om es, co n stitu iu -se
contribuição original, que colabora para a compreensão da historicidade da
própria disciplina. Tendo por fonte a revista Cultura Política e o suplemento
literário "A utores e Livros", do jornal governista A Manhã , a autora discerniu
o lugar reservado à H istória na política cultural do Estado Novo e precisou a
versão do passado nacional sancionada e propagada pelo regime, consoante
com seu caráter autoritário e centralizador.59
Maria A parecida de A quino, a partir de uma perspectiva com parativa,
discute a ação e os efeitos da censura imposta pelo regim e m ilitar ao semanário
Movimento e ao jornal O Estado de S. Paulo, que em prestou seu apoio ao golpe e,
posteriorm ente, sentiu o peso do regime autoritário, que tratou de denunciar
por meio de estratégias criativas.68Se há exem plos de resistência tenaz, como a
pungente im prensa alternativa das décadas de 1960 a 1980,61 outros veículos
de comunicação, no mesmo período, aceitaram a autocensura e resvalaram no
colaboracionísm o-não se pode subestimar a força persuasiva dos empréstimos,
verbas p u b licitárias e ou tros favores estatais lim ite que foi largam ente
ultrapassado pela Folha da Tarde, como atesta a pesquisa de Beatriz K u shn ir^
Fonte* históricas

' A s am bigü idad es e h esitações que m arcaram os órgãos da grande


im p rensa, suas ligações cotidianas com d iferentes poderes, a venalidade
sem pre denunciada, o peso dos in teresses pu blicitários e dos poderosos
do m om ento tam bém podem ser apreendid os a p artir de determ inadas
c o n ju n tu ra s, caso do g o v ern o Jo ã o G o u la rt e da m o rte do jo rn a lista
W lad im ir H erzog, que foram alvo de estu dos específicos/3 ou a partir da
atu ação de figuras p arad igm áticas com o Sam uel W ainer, Carlos Lacerda
e A ssis C h ateau brian d .64
A pesquisa sistemática nos arquivos do Deops tem colaborado para o
conhecim ento da imprensa política m ilitante, que amargou a ilegalidade e
foi d u ra m en te p erseg u id a p elo s p o d eres co n stitu íd o s, com o rev ela o
im pressionante acervo de jornais confiscados pela polícia política/5
Os exem plos poderiam ser m ultiplicados, m as im porta destacar que,
em to d o s os casos citados - e certam en te em outros não referid os a
im portância da palavra impressa nos periódicos está plenam ente assente. O
iji
ij;
seu uso generalizou-se a ponto de se tornar um dos traços distintivos da
produção acadêmica brasileira a partir de 1985. Analisando a situação paulista,
a h isto ria d o ra V av y P ach eco B org es fez o b serv a çõ es qu e p od em ser
extrapoladas para a historiografia como um todo:

[„,] parece-me interessante registrar que o pequeno uso da


imprensa como fonte, apontado no início dos anos 1970 [...],
inverteu-se completamente; nota-se hoje nos resumos [das teses
e dissertações consultadas] um frequente uso da imprensa, seja
como meio fundamental de análises das idéias e projetos
políticos, da questão social, da influência do Estado e da censura
etc., seja como fonte complementar para a História do ensino,
dos comportamentos, do cotidiano.*6

Diante do novo quadro, já não é possível comentar ou m esm o listar os


trabalhos que recorreram à imprensa. Entretanto, parece pertinente destacar
alguns aspectos m etodológicos que têm guiado a utilização dessas fontes e
que podem inspirar futuras pesquisas. Note-se que as observações que seguem
não devem ser encaradas como um roteiro rígido e tam pouco espécie de
fórm ula ou elixir aplicável a quaisquer im pressos, circunstâncias ou períodos.
Trata-se sim plesm ente de um esforço de sistem atização de procedim entos e

130
História dos, nos € por meio dos periódicos

sugestões analíticas que têm orientado as pesquisas na área, bastante úteis


para os que pretendem se debruçar sobre docum entos dessa natureza*

Técnicas de impressão e lugar social da imprensa


O prim eiro aspecto a destacar diz respeito à m aterialidade de jornais e
r e v is ta s em d ife r e n te s m o m e n to s , fa to q u e se to rn a ria e v id e n te se
percorrêssem os uma hem eroteca ideal que colocasse, lado a lado, exem plares
de épocas diversas* A atenção do visitante seria atraída pela notável variedade
de form atos, tipos de papel, qu alidade da im pressão, cores, im agens* O
inebriante apelo visual, como assinalou Ana Luiza M artins, de im ediato cria
"o risco da leitu ra am ena e lig eira, d ecorrente do m ero folhear d essas
publicações de época que acabam por envolver o leitor/historiador no tem po
pretérito que busca reconstruir"*67
A título de exemplo, pode-se consultar as edições fac-sím iles do Correio
Brazílíense , fundado pelo jorn alista H ipólito José da C osta, que circulou
m ensalm ente de junho de 1808 a dezembro de 1822*6® O jornal sem pre foi
impresso em Londres, o que o livrou do peso da rígida censura portuguesa*
O leitor acostum ado aos matutinos atuais talvez se surpreenda com o form ato,
m ais próxim o de um livro, com o núm ero de páginas, que podia chegar a
150, com a extensão dos artigos, que se prolongavam por vários núm eros, e
com a divisão interna da m atéria, que podia incluir as seguintes seções:
política; comércio e artes; literatura e ciências; miscelânea e correspondência.
Há mesmo dúvidas a respeito da m elhor form a de caracterizar o Correio, não
faltando aqueles que consideram m ais apropriado denom iná-lo de revista*
A fixação dos gêneros foi lenta e pode ser acompanhada a partir dos
sentidos atribuídos a term os com o jornal, revista, magazine, hebdomadário em
dicionários e com pêndios de diferentes épocas. As definições hoje correntes,
que reservam o termo jornal para a publicação diária, em folhas separadas, e
revista para as de periodicidade m ais espaçada, enfeixadas por uma capa e
com m aior diversidade temática, tam pouco esgotam a questão, pois sem pre
se pode citar os jornais semanais e seu afã de também tudo abarcar, ou as
re v is ta s e x tre m a m e n te e sp e cia liz a d a s* A s c la s s ific a ç õ e s a b s tr a ta s e
generalízantes, por muito útil que sejam, nâo prescindem da caracterização
Fontes histórica*

esp ecífica constru íd a a p artir da an álise do p róp rio corp o d ocu m ental
selecionado, das funções auto-atribuídas, em articulação constante com a
sociedade, o tem po e o espaço no qual a fonte se insere.69 Em outras palavras,
as diferenças na apresentação física e estruturação do conteúdo não se esgotam
em sí m esm as, an tes ap on tam p ara ou tras, relacio n ad as aos sen tid o s
assum idos pelos periódicos no m om ento de sua circulação.

À materialidade dos impressos


D ev e-se ter em v ista que a g ran d e v a ria çã o na a p a rên cia ,
im ed iatam en te ap reen sív el pelo olh ar d iacrôn ico, resu lta da in teração
entre m étodos de im pressão d isponíveis num dado m om ento e o lugar
social ocupado pelos periódicos*
No que diz respeito ao prim eiro aspecto, nas páginas dos exem plares
inscreve-se a própria história da indústria gráfica, dos prelos simples às velozes
rotativas até a im pressão eletrônica. O m esm o poderia ser dito em relação ao
p e rc u rso d as im a g e n s, qu e se in sin u a de form a tím id a n o s tra ço s d os
caricaturistas e desenhistas e chega a açam barcar o espaço da escrita com a
fotografia e o fotojom alism o* Paginas am arelecidas que tam bém trazem as
m arcas do processo de trabalho que juntou m áquinas, tintas, papel, texto e
iconografia, fruto da paciente ordenação do paginador e da composição manual
e cap rich osa de cada linh a do texto pelo tip ógrafo, p assand o pelos ágeis
operadores das linotipos e, agora, pelos m eios digitais/0 É importante estar
alerta para os aspectos que envolvem a materialidade dos impressos e seus
suportes, que nada têm de natural* D as letras miúdas comprimidas em m uitas
colunas às manchetes coloridas e im ateriais nos vídeos dos computadores, há
avanços tecnológicos, m as tam bém práticas diversas de leituras/1
Historicizar a fonte requer ter em conta, portanto, as condições técnicas
de produção vigentes e a averiguação, dentre tudo que se dispunha, do que
foi escolhido e por quê. É obvio que as máquinas velozes que rodavam os
grandes jornais diários do início do século xx não eram as m esmas utilizadas
peia m ilitância operária, o que cond u z a outro aspecto do problem a: as
funções sociais desses impressos.
A bibliografia sobre a H istória da im prensa tem insistido nas diferenças
entre folhas, gazetas, pasquins e jornais da m aior parte do século xtx, não

132
Hi&tória dos, no& e por meio dos periódicos

raro produto de um único indivíduo que arcava com os custos envolvidos


p ara se v aler da palavra im pressa com o instru m ento de combate/ e os
imperantes a partir das décadas iniciais do século xx, quando os proprietários
das em p resas jo rn a lística s ab an d o n aram os m étod os a rtesa n a is e, em
consonância com os interesses ditados pelo lucro/ passaram a administrar
racionalm ente o em preendim ento, atentos à otim ização dos recursos e à
constante atualização da m aquinaria e m aterial tipográfico, essencial para
uma atividade inserida no circuito capitalista.72 Ainda que se possa discordar
quanto ao grau de m ercantilização atingido nas décadas iniciais do século
xx, sobretudo se contrapostos a padrões imperantes em épocas posteriores/
parece adequado pontuar as m udanças em relação às práticas vigentes na
m aior parte da centúria anterior,73
H á que se co n sid erar que, até a ch eg ad a da F am ília R ea l (1808), as
tipografias eram proibidas no Brasil e os que se atreveram a violar as regras
foram duramente perseguidos. A Gazeta do Rio áe Janeiro, publicação do governo
lançada em setem bro de 1808, foi o prim eiro jornal legalm ente im presso em
terras brasileiras. Inform ava acerca dos atos do governo e trazia notícias do
exterior, p orém cuidadosam ente filtrad as pelos censores. N esse contexto,
com preende-se o papel fundam ental desem penhado pelo Correio Braziliense,
qu e co n tin h a am p lo n o ticiá rio so b re os a co n tecim en to s in te rn a cio n a is,
europeus e am ericanos, e colocava o Brasil em contato com o mundo. Objetivos
divergentes m oviam os responsáveis pelas duas publicações. Se a Gazeta era a
porta voz da ordem estabelecida, H ipólito pretendia

[...] informar os brasileiros do que se passava no mundo, para


influir sobre seus espíritos direcionando-os no sentido das
idéias liberais, para chamar a atenção para o caráter daninho
do Absolutismo ou de qualquer forma de despotismo que
Hipólito escrevia. Por isso boa parte do jornal era dedicada a
comentar e a criticar as autoridades portuguesas e os seus
equívocos administrativos.74

O caráter doutrinário, a defesa apaixonada de idéias e a intervenção no


espaço público caracterizaram a im prensa brasileira de grande parte do século
xix, que, é bom lem brar, contava com contingente dim inuto de leitores, tendo
em vista as altíssim as taxas de analfabetism o. Os aspectos com erciais da
atividade eram secundários diante da tarefa de interpor-se nos debates e dar

133
Fontes históricas

publicidad e às prop ostas, ou seja, divulgá-las e torn á-las conh ecid as,75 A
im prensa teve p ap el relev an te em m om entos p o lítico s d ecisiv os, com o a
Independência, a A bdicação de D, Pedro i, a Abolição e a República,
Insultos impressos, de Isabel Lustosa, é um exem plo significativo de
pesquisa d ed icad a à im prensa m ilitante que p roliferou às vésperas da
Independência e por cujas páginas esgrim iam -se d iferen tes projetos de
futuro. Ao percorrer as polêmicas sustentadas por jornais cariocas como O
Amigo do Rei e da Nação, O Bem da Ordem, O Constitucional, O Espelho, A
Malagueta, O Papagaio, A Sentinela da Uberdade à Beira âo Mar da Praia Grande,
O Revérbero Constitucional Fluminense, nomes que muitas vezes já estampavam
uma d eclaração de p rin cíp ios, a autora p recisou os recu rsos retóricos,
satíricos e de linguagem m obilizados pelos redatores na tentativa de fazer
valer seu ponto de vista, ou melhor, do grupo social a que se ligavam;

Para demolir o adversário valia a sátira, a ironia e a descrição


dos aspectos físicos, Nenhum dos jornais daquele período surgiu
com o objetivo exclusivo de fazer humor. O humor brotava da
polêmica, quando se esgotava o estoque de argumentos, Era
uma de suas armas, ao lado da agressão verbal pura e simples.
A ausência de caricaturas era compensada pela presença nos
textos das descrições dos personagens que os jornais combatiam
O que tomou diferente, o que deu um toque novo e original
ao debate político da Independência, obrigando a imprensa a
adotar recursos da oralidade popular, foram o fim da censura e
a democratização do prelo. A liberação da imprensa, em 1821,
possibilitou a escritores e leitores brasileiros a abertura para
uma multiplicidade de idéias e atitudes que lhes passaram a
ser oferecidas todos os dias pelos jornais. No lugar da unicidade
da linguagem da Gazeta, a polifonia proporcionada pelas
diversas vozes que se propuseram a entrar no debate e
conquistar o público p a r a s u a s idéias.7*

Imprensa Ilustrada
O advento da ilustração foi essencial para o im pulso e a diversificação
do im presso periódico, ainda m ais em um país onde o rarefeito público
leitor, que incluía um m odesto contingente fem inino, avançava lentam ente
" entre os anônim os leitores de folhetins e os assíduos freqüentadores de

134
Hislóíia dos, nos e por meio dos periódicos

teatros, circulavam intelectuais, hom ens de letras, estudantes, jornalistas,


algum as sinhãs-m oças e até velhotas capazes de leitu ra"-77 A dm ite-se que o
introdutor da novidade foi o pintor e escritor rom ântico M anoel de A raújo
Porto-A legre, Feito registrado com alvoroço em 14 de dezem bro de 1837
nas páginas do Jornal do Comércio : "sa iu à luz o prim eiro núm ero de uma
nova invenção artística, gravada sobre m agnífico papel [..♦] e, sem dúvida,
receberá do pú blico aqueles sinais de estim a que ele tributa às coisas úteis,
necessárias e agrad áveis",78
Porto-Alegre vivera em Paris entre 1831 e 1837, num cenário urbano jã
pleno de im agens provenientes da im prensa ilustrada, dos cartazes de rua,
d as p ran ch as sa tírica s e da n ascen te p rop ag an d a, m u ito d iferen te do
im perante no Rio de Janeiro, capital do país e sua cidade mais cosm opolita.
Deve-se a ele o lançam ento de uma das primeiras publicações a se valer de
forma sistem ática de ilustrações, A Lanterna Mágica, periódico píãstíco-filosófico
(.Rj, 1844). O títu lo ev o cav a a e x p e riê n c ia p a risie n se d os e sp e tá c u lo s
am bulantes das lanternas mágicas, aparelhos que projetavam p or meio de
lentes e espelhos imagens pintadas em lâminas de vidro.79
As publicações ilustradas de cunho satírico, em geral de curta duração,
proliferaram rapidamente, Elas não pouparam os poderosos do m om ento e
nem mesmo o Imperador, alvo constante dos chistes; passavam em revista
costum es e h ábitos em charges sensíveis e m ordazes que com põem um
registro social dos mais significativos. Da longuíssim a lista de títulos desses
m om entos inaugurais da litografia pode-se citar, por exem plo, A Marmota
(1849), Ilustração Brasileira (1854), Brasil Ilustrado (1855), Semana Ilustrada (1860),
Vida Fluminense (1868), O Mosquito (1869), Revista Ilustrada (1876), no Rio de
Janeiro; O Diabo Coxo (1864) e O Cobrido (1866), em São Paulo, A contribuição
de artistas estrangeiros que por aqui passaram ou se fixaram foi marcante,
caso do alem ão H enrique Fleuiss, do italiano Angelo Agostini e do português
R afael B o rd alo P in h eiro , que co la b o ra ra m com ou se en v o lv era m no
lançamento de várias publicações.
O trabalho de ilustração exigia grande perícia. O caricatu rista Raul
P ed ern eiras, que teve o p o rtu n id ad e de v er em ação a rtista s dos m ais
destacados, com o Agostini, comentou em 1922;

135
Fontes histéuitas

Todos e le s, exím ios no crayon lito g rá fico , desenhavam


diretamente sobre pesadas pedras, às avessas, para que, na
impressão, o resultado aparecesse natural. Tal destreza, tal
perícia adquiriam no manejo do lápis, que, em poucas horas,
davam conta de quatro grandes páginas de alentado formato,
cuidadosamente estilizadas.80

É digno de nota o recente esforço de editoras e instituições culturais


para trazer à iuz esses im pressos do século xix, que integram o acervo de
obras raras das b ib lio teca s ou se en co n tram nas m ãos de afo rtu n ad o s
colecionad ores. A lgu ns foram dados à luz em grand es exp osições que
extrapolam o p ú b lico acadêm ico, com alentad os catálogos, escrito s por
especialistas, Rafael Bordalo foi alvo de um a am pla exposição na Pinacoteca
do Estado de São Paulo, da qual, além do catálogo, resultou a edição fac-
símile de uma espécie de história em quadrinhos na qual o autor dava conta
das aventuras de D, Pedro n pela Europa, Jã o M useu de Arte Brasileira da
faap, além da jã citada exposição que problem atizou as relações socioculturais
entre França e Brasil no tempo de Araújo Porto-A legre, organizou tam bém a
exposição Traço, H um or e G a ., acerca da trajetória do desenho de hum or no
Brasil, dos prim órdios ao início do século xxi. N o âm bito editorial, destaque-
se, a título de exem plo, a reedição de O Cabrião,81
Se a H istória da caricatura tem na obra do escritor H erm an Lima a sua mais
com pleta form ulação até o presente, a H istória por m eio da caricatura e da
própria representação do hum or tem se adensado. Vale destacar o exaustivo
trabalho com a iconografia de D. Pedro n levado a cabo por Lilia Schw arcz, o
estudo de M arcos A ntonio da Silva sobre o personagem O Amigo da Onça e a
análise das concepções e práticas hum orísticas da Belle Époque à Era do radio,
entre as quais a charge e a caricatura, em preendida por Elias Thomé Saliba,82

Imprensa e lucros
A partir da segunda m etade do século xix, o Império desfrutou de relativa
tranqüilidade política e da prosperidade econôm ica advinda com o café. O
mundo urbano expandia-se, os trilhos das ferrovias rasgaram as regiões mais
prósperas, a navegação a vapor acelerava as trocas, as atividades com erciais e
os serviços com eçavam a se diversificar, contexto que a um só tempo favorecia
e dem andava a circulação da informação. Aliás, seus m ecanism os de difusão

136
História dos, n-os € por meio dos periódicos

foram aperfeiçoados com a invenção do telégrafo e a posterior ligação B ra sil-


Europa por cabo subm arino, A fam osa fórm ula "O últim o paquete trouxe a
notícia../' foi substituída pelos rapidíssim os informes telegráficos. Em 1877/ o
Jornal do Comércio (rj) publicou os primeiros/ distribuídos pela Reuter-Havas:
"Londres, 30 de julho as 2 horas da m anhã - Faleceu ontem ..."/3
Im prensa e progresso, letras e luzes eram frequentem ente associados,
como transparece nas rem iniscências de M aria Paes de Barros*4 sobre a São
Paulo da década de 1880:

A briu-se então uma nova era de reform as e progressos.


E xtraord in ário foi o d esen v olvim en to da im prensa,
demonstrado por um grande número de jornais e publicações
diversas. Expandiam-se as vias de comunicação, móvel de todo
o progresso A Paulicéia ia perdendo sua aparência de
pequena cidade para assumir ares de grande capital Dada
a grande publicação de periódicos, todos liam. A ssim se
formavam centros literários e, sobretudo, políticos [...], Nessa
época uma nova idéia se apresentava, ganhando forças e
empolgando todas as mentes; a libertação dos escravos. Os
jornais altamente a preconizavam/5

A chegada do século xx parecia anunciar m ais do que um a sim ples


mudança no calendário; tratava-se de adentrar um novo tempo, que deixava
para trás o passado m onárquico e escravista. A nascente produção fabril, o
crescim ento do setor de serviços, as levas de imigrantes, a nova paisagem
técnico-industrial que se delineava em algum as cidades, os avanços nas
com u n icações e no letram ento da p op u lação, preocu p ação do gov ern o
republicano recém-instalado, justificavam o otimismo, regado com os lucros
das exportações. Velocidade, m obilidade, eficiência e pressa tornaram -se
m arcas distintivas do m odo de vida urbano e a im prensa, lugar privilegiado
da inform ação e sua difusão, tom ou parte ativa nesse processo de aceleração.
Os jornais diários profissionalizavam -se, sem perder o caráter opinativo
e de in te rv e n çã o na v id a p ú b lic a / 6 O s n o v o s m éto d o s de im p re ssã o
p erm itiram exp ressiv o au m en to das tirag en s, m elh ora da q u alid ad e e
barateam ento dos exem plares, que atingiam regiões cada vez mais distantes
graças ao avanço dos sistemas de transportes, que agilizam o processo de
distribuição. A os im perativos ditados pela busca de produtividade e lucro
aliava-se a intenção de oferecer aos consum idores uma mercadoria atraente,

137
Fontes históricas

visualm ente aprim orada/ capaz de atender aos anseios da crescente classe
m édia urbana e dos novos grupos letrados*
A estruturação e distribuição interna do con teúdo alteraram-se. A o lado
das reportagens, entrevistas e inquéritos, adensavam-se as seções dedicadas
a assuntos policiais, esportes, lazer, vida social e cultural, crítica literária*
Os novos m étodos fotoquím icos perm itiram que a ilustração se incorporasse
definitivam ente aos diários, o que, de acordo com H erm an Lim a, "trouxe
para o jornalism o um a nota leve, espirituosa e atraente, a quebrar a monotonia
das grandes folhas onde a m atéria im pressa se estendia, em artigos de fundo,
crônicas, sueltos e noticiários, em colunas maciças de texto" -87
A fatura dos matutinos com eçou a exigir gam a variada de competências, #
fruto da divisão do trabalho e da especialização: repórteres, desenhistas,
fotógrafos, articulistas, redatores, críticos, revisores, além dos operários
encarregados da im pressão propriam ente dita* Esses artífices da im agem e
d a p a la v ra e n c o n tra v a m n a im p re n s a a tr a e n te s o p o r tu n id a d e s de
profissionalização, conform e já destacado.
Contudo, a m udança de maior monta, e que de certa forma abarca as
*
dem ais, resid iu na form a de ab ord ar a notícia, expressa no declínio da
doutrinação em prol da informação. Consagrava-se a idéia de que o jornal
cumpre a nobre função de inform ar ao leitor o que se passou, respeitando
rigorosam ente a "verdade dos fatos". M udança sem volta, em que pese o
percurso atribulado do jornal-em presa e os limites do seu grau efetivo de
m ercantilizaçao diante de entraves de caráter político, socioeconôm ico e
cultural. As transformações introduzidas a partir dos anos 1950, que se pode
considerar inauguradas com a reform a do Jornal do Brasil, conform aram , em
larga m edida, a prática jornalística hoje vigente, processo que tem recebido
particular atenção nos trabalhos da pesquisadora Alzira A breu.88
Em síntese, os aspectos até agora destacados enfatizaram a forma como
os impressos chegaram às mãos dos leitores, sua aparência física (formato,
tip o de p a p el, q u a lid a d e da im p re ssã o , cap a, p re se n ç a / a u sê n c ia de
ilustrações), a estruturação e divisão do conteúdo, as relações que manteve
(ou nao) com o mercado, a publicidade, o público a que visava atingir, os
o b jetiv o s propostos* C on d ições m a teria is e técn icas em si d otad as de
historicidade, m as que se engatam a contextos socioculturais específicos,

138
História dos, nos e por meio dos periódicos

que devem perm itir localizar a íonte escolhida numa série, uma vez que
esta não se constitui em um objeto único e isolado. N outros term os, o
conteúdo em si não pode ser dissociado do lugar ocupado pela publicação
na história da imprensa, tarefa prim eira e passo essencial das pesquisas
com fontes periódicas*

O conteúdo e os idealizadores
A d iscu ssão em torno do estatu to do que se p u b lica na im prensa
periódica jã foi - e continua sendo - objeto de acirrad as polêm icas* Há
objetividade e neutralidade? É possível distinguir notícia e interpretação?
Vejam -se as respostas do jornalista Danton Jobim e da escritora francesa
M arguerite Duras;

[Jobin:] A objetividade que persegue o repórter em nossos dias


[década de 1950] - "os fatos são sagrados" é a regra ideal -
concorre para melhorar, tornando mais fidedigno o registro
jornalístico. Parte cada vez mais importante desses registros se
constitui de fatos objetivos da história, os quais, para usar a
expressão de Butterfield, "podem ser estabelecidos por concreta
evidência externa" e "podem e devem ser validos tanto para
um jesuíta como para um marxista",

[Duras:] Um jornalista é alguém que observa o mundo e o seu


funcionamento, que diariamente o vigia muito de perto, que faz
ver e rever o mundo, o acontecimento. E não consegue fazer este
traba lho s em julga r o que vê. É impossível. Em o utras p alavras, a
informação objetiva é um logro total. Uma impostura.^

Os exem plos alertam para o risco de se adentrar num debate que, apesar
de em polgante, pouco colabora para o trabalho efetivo do historiador com
suas fontes. Pode-se adm itir, à luz do percurso epistem ológico da disciplina
e sem im plicar a interposição de qualquer limite ou óbice ao uso de jornais e
revistas, que a im prensa periódica seleciona, ordena, estrutura e narra, de
uma determinada form a, aquilo que se elegeu com o digno de chegar até o
público* O historiador, de sua parte, dispõe de ferram entas provenientes da
análise do discurso que problem atizam a identificação im ediata e linear entre
a narração do acontecim ento e o próprio acontecim ento, questão, aliás, que
está longe de ser exclusiva do texto da imprensa.
Fontes históricas

O pesquisador dos jornais e revistas trabalha com o que se tom ou notícia,


o que por si só jã abarca um espectro de questões, pois será preciso dar conta
das motivações que levaram à decisão de dar publicidade a alguma coisa.
Entretanto, ter sido publicado im plica atentar para o destaque conferido ao
acontecim ento, assim como para o local em que se deu a publicação: é muito
diverso o peso do que figura na capa de um a revista sem anal ou na principal
m anchete de um grande m atutino e o que fica relegado às páginas internas.
Estas, por sua vez, tam bém são atravessadas por hierarquias: trata-se, por
exem plo, da seção "política nacional" ou da "p olicial"? (Já se m ostrou como
grev es e m ovim entos sociais são sistem aticam ente alocad os na últim a.) O
assunto retorna à baiía ou foi abandonado logo no dia seguinte? Em síntese,
os discursos adquirem significados de muitas form as, in clu siv e p elos
procedim entos tipográficos e de ilustração que os cercam. A ênfase em certos
temas, a linguagem e a natureza do conteúdo tam pouco se dissociam do
público que o jornal ou revista pretende atingir.
Outros aspectos poderiam ser acrescidos. O historiador Jean-François
S ir in e lli b em o b se rv o u q u e "u m a r e v is ta é a n te s d e tu d o lu g a r de
ferm entação intelectual e de relação afetiva, ao m esm o tem po viveiro e
espaço de sociabilidade",90 observação extensiva aos jornais. De fato, jornais
e revistas não são, no mais das vezes, obras solitárias, m as em preendim entos
que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos coletivos,
por agregarem pessoas em tom o de idéias, crenças e valores que se pretende
difundir a partir da palavra escrita. Por isso Sirinelli os caracteriza como
um "ponto de encontro de itinerários individuais unidos em torno de um
credo co m u m ".91 D aí a im portância de se identificar cuidadosamente o
grupo responsável pela linha editorial, estabelecer os colaboradores mais
assíduos, atentar para a escolha do título e para os textos programáticos,
que dão conta de intenções e expectativas, além de fornecer pistas a respeito
da leitura de passado e de futuro com partilhada por seus propugnadores.
Ig u alm en te im portan te é inquirir sobre suas ligações cotidianas com
diferentes poderes e interesses financeiros, aí in clu íd os os de caráter
publicitário. O u seja, à análise da m aterialidade e do conteúdo é preciso
acrescentar aspectos nem sem pre imediatos e necessariam ente patentes nas
páginas desses impressos.

140
História dos, nos e por meio dos periódicos

As redações, tal com o salões, cafés, livrarias, ed itoras, associações


literárias e academ ias, podem ser encaradas como espaços que aglutinam
diferentes linhagens políticas e estéticas, com pondo redes que conferem
estrutura ao campo intelectual e perm item refletir a respeito da formação,
estruturação e dinâmica deste.92Nessa perspectiva, o sumário que se apresenta
ao leitor resulta de "intensa atividade de bastidores", cabendo ao pesquisador
recorrer a outras fontes de informação para dar conta do processo que
envolveu a organização, o lançamento e a manutenção do periódico.93
As considerações apontam , portanto, para um tipo de utilização da
imprensa periódica que não se limita a extrair um ou outro texto de autores
isolados, por mais representativos que sejam, mas antes prescreve a análise
circunstanciada do seu lugar de inserção e delinea uma abordagem que
faz dos impressos, a um só tempo, fonte e objeto de pesquisa historiográfica,
rigorosamente inseridos na crítica competente*

Sugestões práticas
A variedade da fonte imprensa é enorme e as suas possibilidades de
pesquisa são am plas e variadas. Assim, nao é viável sugerir um procedimento
m etodológico ou m esm o técnicas de pesquisa que deem conta de tantas
possibilidades- Entretanto, vale destacar alguns pontos m uito gerais para
quem deseja iniciar uma pesquisa nesse campo. Afinal, por onde se começa?
Hã acervos d e periódicos espalhados por todo o país. Universidades,
m useus, In stitu tos H istóricos, centros de docum entação, instituições de
pesquisa, bibliotecas e arquivos públicos ou privados, além das próprias
em presas jo rn alísticas, abrigam coleções significativas de periódicos. A
Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro), que possui vastíssima coleção, organizou
em 1994 o seu Catálogo de Periódicos Brasileiros Microfilmado$/ de grande valia
para os pesquisadores. Assim , o prim eiro passo é localizar a fonte numa
das in stitu ições de pesqu isa e averiguar as condições oferecidas para
consulta. Há m esmo a possibilidade de se adquirir os microfilmes. A internet
pode ser uma aliada importante nessa fase de busca.
Mas vale o alerta: nem sempre os exem plares estão organizados ou
microfilmados à espera do pesquisador. Pode-se enfrentar situações longe

141
fontes históricas

da id ea l, com ex em p lares em p éssim o estad o de co n serv ação . O u tro


problem a é a obtenção de longas séries completas, o que m uitas vezes
exige a peregrinação por varias instituições em busca de exemplares.
A segu ir, no boxf um a listagem de p ro ced im en to s qu e v ale com o
inspiração para que se dê o prim eiro passo. Nunca é demais lem brar que não
hã uma receita pronta a ser aplicada e que os esquem as, por mais abrangentes
que sejam, têm utilidade muito limitada, como você vai perceber assim que
folhear sua fonte. A partir deste ponto a aventura é sua.

□ Encontrar as fon tes e co n stitu ir uma longa e


representativa série,
□ Localizar a(s) publicação (ções) na história da imprensa.
□ Atentar para as características de ordem material (periodicidade,
impressão; papel, uso/ausência de iconografia e de publicidade).
□ Assenhorar-se da forma de organização interna do conteúdo.
□ Caracterizar o material iconográfico presente, atentando para as opções
estéticas e funções cumpridas por ele na publicação.
□ Caracterizar o grupo responsável pela publicação.
□ Identificar os principais colaboradores.
□ Identificar o público a que se destinava,
□ Identificar as fontes de receita.
□ Analisar todo o material de acordo com a problemática escolhida.

Notas

1 A g ra d e ç o a le itu ra e as su g e stõ e s d e A n a L u iz a M a rtin s e M á rcia R eg in a C N a x a ra .

2 Jo sé H o n ó rio R o d rig u es, T eoria da H istó ria do B rasil: in tro d u çã o m e to d o ló g ica , 3 , ed. rev., S ã o
P au lo, C o m p an h ia E d itora N acio n al, 1% 8, p p. 198-200 (1. ed., 1949) e N elso n W ern eck Sod ré, O
qu e se d ev e 1er p ara co n h ecer o B rasil, 5. ed . rev., R io d e Jan eiro, B ertran d , 1976, pp, 3 2 1-3 (L ed.,
1 9 4 5 ), lis ta m o b ra s s o b re a s te m á tic a s m e n c io n a d a s .

1 A p rim eira g eração é a d os fu n d ad o res, M arc B lo ch e L u cien F eb v re, resp o n sáv eis p elo lan çam en to
da revista Annales d'histoire économique et sociale (1929). E m 1956, co m a m orte d e Febvre, Fern an d

142
História dos, nos « por meio dos goriódkos

B r a u d e l to r n o u -s e o d ir e to r e fe tiv o d o s A nnales e o c u p o u lu g a r d o s m a is d e s ta c a d o s na
h isto rio g ra fia e n o sistem a u n iv e rsitá rio fra n cê s até su a a p o sen ta d o ria em 1972, te n d o ao s e u la d o
n o m es co m o E rn e st L a b ro u sse e E m m a n u e l L e R o y L ad urie, A terceira g e ra çã o co m p o e -se d e
am p la p lêia d e d e h isto ria d o re s, e n tre os q u a is F ra n ço is Fu ret, G e o rg e s D u b y , Ja c q u e s L e G off,
Ja cq u e s R ev el, M ich èle P e rro t, M o n a O z o u f e P ierre N ora. A resp eito , v er: P e te r B u rk e, A esco la
d o s Annates (1929-1989), S a o P a u lo , U n esp , 1991. P ara um a a n álise m a is a ten ta à s n u a n ces dos
Annates, ver, en tre o u tro s: G u y B o u rd é e H e rv é M a rtin , As e sc o la s h istó rica s, L isb o a , P u b lica çõ es
E u ro p a-A m é rica, 1983; F ra n ço is D osse, A H istó ria em m igalh as: d o s Annales à N ova H istó ria, São
P a u lo / C a m p in a s, E n saio / U n icatn p , 1992; Jo s é C a rlo s R eis, E sco la d o s Annates: a in o v a çã o em
H istó ria, R io d e Ja n eiro , P az e T erra , 2000.

4 Jacq u es L e G o ff e P ierre N ora, H istória: n o v o s p roblem as. R io d e Ja n eiro , F ran cisco A lv es, 1978,
V. 1, p p. 11-2. O s o u tro s v o lu m e s d a o b ra tin h a m co m o s u b títu lo n o v a s a b o rd a g e n s e n o v o s
o b je to s , Ü r íg ín a lm e n te p u b lic a d a e m 1 9 7 4 , so b o títu lo Faire Vhistoíre. O u tr a o b ra c o le tiv a
fu n d a m en ta l. História Nova, so b a re sp o n sa b ilid a d e d e Ja cq u es L e G o ff e co m a co la b o ra çã o d e
R o g er C h a r tier e Ja cq u e s R ev el, fo i p u b licad a em 1978. H á tra d u çã o b ra sile ira da 2a e d içã o , lan çad a
p ela M a rtin s F o n tes em 1990, na q u a l foram su p rim id o s os artig os d e m en o r ex ten sã o , co n fo rm e
e x p licita L e G o ff n o p refácio .

5 A s o b serv a çõ es d o p a rá g ra fo , b em co m o a cita çã o , en co n tram -se em Je a n B o u tie r e D o m in iq u e


Julia. P assad os recom postos: cam pos e canteiros da H istória, Rio de Jan eiro, ufri/ fcv . 1998, pp. 25-9.

6 Ja cq u e s L e G o ff, "D o c u m e n to / M o n u m e n to ", em R u g g iero R o m a n o (org.), E n ciclo p éd ia E in a u d i,


P o rto , Im p ren sa N a cio n a l/ C a sa d a M o ed a, 1 9 8 4 , v. 1, M em ó ria e H istó ria , p p , 95-106.

7 Jim S h a rp e , " A h istó ria v is ta d e b a ix o " , em P e te r B u rk e (o rg ,), A e s c rita d a h is tó ria : n o v a s


p e rsp e c tiv a s, São P au lo , U n esp , 1992, p p. 3 9 -6 2 , S o b re o c o n ju n to d a o b ra d e T h o m p s o n , v er
P ro je to H istó ria : d iálo g o s co m E. P. T h o m p so n , São P au lo, R ev ista d o P ro gram a d e E stu d o s de
P ó s-G ra d u a çã o em H istó ria e d o D ep a rta m en to d e H istória da puc- sp, n , 15, 1995.

8 R o g er C h a rtier, H istó ria cu ltu ral: en tre p rá tic a s e rep resen ta çõ es, L isb o a , D ifel, 1990; N ilm a L in o
G o m es e L ilia M . S ch w arcz, A n tro p o lo g ia e H istó ria: d eb ate em reg ião d e fro n teira, B elo H o riz o n te ,
A u tê n tica , 2000.

* Ja cq u e s R ev el (org.), Jo g o s d e escalas: a e x p e riê n cia d a m icro an álise, R io d e Ja n eiro , fgv , 1998*

]0 F ran cisco J. C . F alcon, "H istó ria C u ltu ra l - d os a n tig o s aos n o v o s p ro b lem a s", em R ach el S o ih e t
(org.), A rrabald es: cad ern o s d e H istória, N iterói, P rogram a d e P ós-G rad u ação em H istória, 1996,
p p . 6 -2 1 ,

11 A n toin e Prost, 'Social e cu ltural in d isso ciav elm en te", em Jean -Pierre Rioux e Jean -Fran çois SirmelH,
P a ra u m a h is tó r ia c u ltu r a l, L is b o a , E s ta m p a , 1 9 9 8 , p. 130,

12 R en é R em o n d , " O reto m o do p o lítico ", em A gn es C hau v eau em P h ilip p e Tétart, Q uestões p ara a
h istó ria d o p re sen te, B a u ru , E d u sc, 1999, p. 53. A o b ra , c u ja e d içã o fra n ce sa é d e 1992, reú n e
im p o rtan tes co n trib u içõ es a ce rca d os p ro b le m a s teó rico -m e to d o ló g ico s qu e e n v o lv em o estu d o
do im e d ia to ,

13 R en é R ém o n d (org.), P o r u m a h istó ria p o lític a , R io d e Ja n eiro , ufrj/ fgv , 1996, p . 36. A I a ed ição
fr a n c e s a d a ta d e 1 9 8 8 .

143
Fontes históricas

14 V er os artig o s d e P h ilip p e U rfalin o , " A h istó ria da p o lítica c u ltu r a l", e S e rg e B ersteín , "A cu ltu ra
p o l í t i c a " , e m J e a n - P i e r r e R io u x e J e a n - F r a n ç o ís S i r i n e l l i , o p . c it ., p p . 2 9 3 - 3 0 5 e 3 4 9 - 6 3 ,
resp ectiv a m en te. P rim eira ed içã o fran cesa d e 1997,

15 Jo sé H o n o rio R o d rig u es, op. c i t , p. 198.

1+1 A re sp eito d e Jean G lén isso n e a relev ân cia d e su a p a ssa g em p elo país, co n su lta r Jo s é G era ld o
V in c i d e M o ra e s e Jo sé M areio R ego, "D e p o im e n to d e E m ilia V io tti d a C o s ta ", em C o n v e rsa s com
h isto ria d o re s brasileiro s, S ã o P au lo, E d itora 34, 2 0 0 2 , pp, 72-3,

17 Je a n G lé n isso n , In iciação a o s E stu d o s H istó rico s, 5. e d ,, S ã o P a u lo , B ertra n d , 1 9 8 6 , pp. 177-8.


(1. ed ., 1961). O volum e contou co m a colaboração d e P ed ro M oacyr C am p os e Em jlia V iotti da C osta.

18 E sses a sp e cto s foram sa lie n ta d o s p o r A lzira A lv es d e A b reu , "In tro d u ç ã o ", em A lz ira A lv es d e
A b reu (org.), A im p ren sa em tra n siçã o ; o jo rn a lism o b ra sile iro nos a n o s 50, R io d e Ja n eiro , fgv,
1996, p. 8.

19 A n a M aria d e A lm eid a C a m a rg o , " A im p ren sa p e rió d ica co m o fo n te p ara a H istó ria do B ra s il",
em E u ríp id e s S im õ es d e P au la (org,), A n a is d o v S im p ó sio N a cio n a l d o s P ro fesso res U n iv ersitá rio s
d e H istó ria, S ã o P au lo, S e ção G ráfica da fflch/usp, 1971, v, n, pp, 225-39, C ita çã o n a p, 226.

20 V er as se g u in te s o bras d e G ilb e rto F re y re , U m en g e n h e iro fra n cê s n o B rasil, R io d e Ja n e iro , Jo sé


O ly m p io , 1940; In g leses n o B ra sil, R io d e Ja n eiro , Jo sé O ly m p io , 1948; O escrav o n o s a n ú n cio s de
jo rn a is b ra sile iro s do sécu lo xix. R ecife, Im p ren sa U n iv ersitá ria , 1963.

21 N íc ia V ile la L u z , A s p e c to s d o n a c io n a lis m o e c o n ô m ic o b r a s ile ir o ; o s e s fo rç o s e m p ro l d a


in d u stria liz a çã o , Sao P au lo , S e ção G ráfica da fflch/usp, 1959, C o le ç ã o da R ev is ta de H istó ria ;
S ta n le y Stein , G ran d eza e d eca d ên cia d o ca fé n o v a le do P a ra íb a , S ã o P av io , B ra silie n se, 1961;
F e rn a n d o H en riq u e C a rd o so , C a p ita lism o e escra v id ã o n o B ra sil m erid io n al, S ã o P a u lo , D ifel,
1 962; E m ilia V io tti d a C o s ta , D a se n z a la à c o lô n ia , S ã o P a u lo , D ifel, 1 9 6 6 ; L e ô n cio M a rtin s
R o d rig u e s, C o n flito in d u stria l e sin d ica lism o n o B rasil, São P a u lo , D ifel, 1966.

22 C o m e n tá rio s sistem ático s q u a n to à s fo rm a s d e u tiliz a çã o d e a n ú n cio s, caricatu ras, co lu n a s so ciais,


c o n stru ç ã o d e série s e sta tístic a s, co tid ia n o o p e rá rio , p o lê m ic a s e d isp u ta s p o lític a s , n a s o b ra s
a rro la d a s na n o ta an te rio r, foram e fetiv a d o s p o r A n a M a ria C a m a rg o , op, c:t.

23 N e lso n W e rn e ck S o ir é , H istó ria da im p ren sa n o B rasil, R io d e Ja n eiro , C iv iliz a çã o B ra sileira , 1966.

u A tese tran sfo rm o u -se em liv ro a n o s d ep o is: A rn a ld o C o n tle r, Im p ren sa e id e o lo g ia em São P au lo ,


1822-1842: m atizes do v o ca b u lá rio p o lític o e so cia l, P e tró p o lis/ C a m p i n as, V o z es/ U m ca m p , 1979.

2:5 M aria H elen a C ap elato e M aria L ig ia P ra d o , O b ra v o m atu tin o . Im p ren sa e id eologia n o jo rn a l O


E stad o â e S. P a u lo , São P au lo , A lfa -O m eg a , 1980, p, xix, O liv ro tra z a p ê n d ice d e a u to ria d e B árbara
W e in ste in , q u e, sob o rie n tação d e E m ilia V io tti d a C o sta, e n tã o lecio n a n d o em Y a le, estu d o u a
co b e rtu ra das g rev es o p erárias (1902-1907) re a liz a d a p e io m e sm o jo rn a l.

26 T ra ta -se d e su a tese d e d o u to ra d o (1986), cuja m a io r p a rte fo i p u b lica d a no liv ro : M a ria H elen a


C ap elato , O s a rau to s d o lib eralism o : im p ren sa P a u lista 1 9 20-1945, S ã o Paulo, B ra silie n se, 1988.

27 M , N a z a re th F erreira, A im p ren sa o p erária n o B rasil, P etró p o lis, V o z e s, 1973.

28 A b ib lio g ra fia q u e se v a le u da im p ren sa é m u ito v a sta . V er, p o r e x e m p lo , B. F a u sto , T ra b a lh o


u rb an o e co n flito social (1890-1 9 2 0 ), S ã o P au lo , D ifel, 1976; A lex a n d re F ortes e t aL, N a lu ta p o r

144
História efos, nos « por meio dos periódicos

d ire ito s; e stu d o s re cen tes em H istó ria S o cia l d o tra b a lh o , C a m p in a s, U n ica m p , 1 9 9 9 ; R H ard m an ,
F o o t, N e m p á tria , n em p atrão !, 3 . ed , rev . a m p L , S ã o P a u lo , U n esp , 2 0 0 2 ; M a rc e lo B a d a ró M a tto s,
N o v o s e v elh o s sin d ica lism o s; R io d e Ja n eiro (1 9 5 5 -1 9 8 $ ), R io d e Ja n e iro , V ício d e L eitu ra , 1 9 9 8 ; R
T e ix eira d a S ilv a , O p erário s se m p a trò e s: os tra b a lh a d o re s d a cid a d e d e S a n to s n o en treg u e rra s,
C am p in as, U n ica m p , 2 00 3 ; B árb a ra W ein stem , (R E )fo rm a çã o da cla sse tra b a lh a d o ra n o B rasil (1920-
1964), São P au lo , C ortez, 2000* P ara co letâ n ea s c o m e x certo s d a im p ren sa, v er E. C a ro n e , M o v im en to
o p erá rio n o B rasil (1877-1 9 4 4 ), São F a u lo , D ifel, 1 9 7 9 ; P. S é rg io P in h e iro e M . H all, A cla sse o p erária
n o B rasil - 1889-1 9 3 0 , S a o P au lo , A lfa -O m eg a , 1979, v. 1 , 0 v o lu m e 2 saiu p e la B ra silie n se em
1981. R e g istre -se ta m b ém a ed içã o fa c-sím ile d o jo rn a l d a C o n fed e ra çã o O p erá ria B ra sileira , A voz
(to trabalhador (19Ü8-1915)* S ã o P au lo, Im p ren sa O ficia l/ S ecreta ria d e C u ltu ra do E sta d o , 1985. Para
u m b a la n ç o s o b re o te m a v er; C lá u d io H . M , B a ta lh a , " A h isto rio g ra fia da c la s s e o p e rá ria n o
B ra sil; tr a je tó ria e te n d ê n c ia s ", e m M a rc o s C é s a r F re ita s (o rg .), H is to r io g r a fia b ra s ile ira em
p e rsp e c tiv a , S a o P a u lo , C o n tex to , 1998, p p. 145-58, O s estu d o s s o b re escra v id ã o , q u e m a n tiv era m
in ten so d iá lo g o co m a kistory from belcao, ig u a lm e n te v a le ra m -se d a im p ren sa n a a b o rd a g e m do
seu o bjeto .

29 N ão seria e x a g e ra d o a firm a r q u e q u a se to d o s o s estu d o s so b re im ig ra çã o v a le ra m -se , em a lg u m a


m e d id a , da im p re n sa , se ja a fu n d a d a p elo s p ró p rio s im ig ra n te s ou a ch a m a d a g ra n d e im p ren sa ,
qu e d eb ateu in te n sa m e n te a q u estã o da e n tra d a d e e stra n g eiro s n o B rasil, A v a rie d a d e d e tem áticas
e ab o rd ag e n s d a s p esq u isas e m cu rso so b re o te m a , em d iferen te s reg iõ es d o p a ís, p o d e ser au ferid a
n o liv ro q u e re ú n e a s co n fe rê n cia s e co m u n ic a çõ e s a p resen ta d a s n o S e m in á rio N a c io n a l Im ig ra çã o
e Im p ren sa , re a liz a d o p e la U n isin o s (rs): M a rtin N , D re h e r (o rg ,), Im ig ra çã o & im p ren sa , P orto
A leg re/ S âo L e o p o ld o , E d içõ es E si/ In stitu to H is tó rico d e S ã o L eo p o ld o , 2004.

30 A resp eito , v e r; M aria S te lla B re scía n i, "H is tó ria e h isto rio g ra fia d a s cid a d es; u m p e rc u rs o ", em
M a rco s C ésar F re ira s (o rg .), op, cih , p p. 237-58.

■*l H elo isa d e F a ria C ru z, S ã o P a u lo em p a p e l e tin ta : p e rio d ism o e v id a u rb a n a - 1 8 90-1915, S ã o


P au lo , E d u c/ F a p e sp / Im p ren sa O ficial, 2000.

32 V ale d esta ca r, c o m o estu d o em b lem á tico , o d e N ico la u S e v ce n k o , O rfeu e x tá tic o n a m etró p o le:
São P au lo , so cie d a d e e cu ltu ra n o s frem e n te s a n o s 20, S a o P au lo, C o m p a n h ia d a s L etra s, 1992.
N o s lim ites d e sse tex to , n ã o é p o s s ív e l a rro la r to d a s a s p o ssib ilid ad es d e p esq u isa , m a s v a le le m b ra r
a im p o rtâ n cia d a tra je tó ria d a im p ren sa n e g ra , q u e m e re c e u u m e stu d o c irc u n sta n c ia d o em M iriam
F errara, Im p ren sa n eg ra em São P a u lo (1 9 1 5 -1 9 6 3 ), T e se (D o u to ra d o em A n tro p o lo g ia ), S ã o P au lo ,
fflch / usp , 198 6 . M en cio n e-se, a in d a , a e d içã o fa c-sím ile d o jo rn a l d irig id o p o r A b d ia s N a scim en to ,
Q u ilo m b o (Sao P a u lo , E d itora 34, 2 0 0 3 ), qu e c irc u lo u en tre d ez em b ro d e 1948 e ju lh o d e 1950.

33 V er, p o r e x e m p lo , H elo isa d e F a ria C ru z (org ). S ã o P a u lo em rev ista : ca tá lo g o d e p u b lica ç õ e s da


im p ren sa cu ltu ral e d e v arie d a d e p a u lista n a (1 8 7 0 -1 9 3 0 ), São P a u lo , A rq u iv o d o E sta d o , 1 997;
Jo aq u im N a b u co L in h ares, Itin e rá rio d a im p re n s a d e B e lo H o riz o n te (1 8 9 5 -1 9 5 4 ), B e lo H o rizo n te,
F u n d a çã o Jo ã o P in h eiro , C e n tro d e E stu d o s H istó rico s e C u ltu ra is, 1995,

3A A n a L u iza M a rtin s, R ev ista s em rev ista : im p re n sa e p rá tica s cu ltu ra is em te m p o s d e R ep ú b lica,


S ã o P a u lo (1 8 9 0 -1 9 2 2 ), S ã o P au lo , E d u sp / F a p e sp / im p re n sa O ficia l d o E sta d o , 2001.

3,3 M aria C eleste M ira, O leito r e a b a n ca d e re v ista s: a seg m e n ta çã o da cu ltu ra n o sécu lo xx, Sao
P au lo , O lh o d fÁ g u a / F a p e sp , 2 001 ; A R ev ista n o B ra sil, São P au lo, A b ril C u ltu ra l, 2 0 0 0 . Ig u alm en te
d e cu n h o g era l, ain d a qu e re sp o n d e n d o a p ro b le m á tic a s m ais p ró x im a s d o jo rn a lism o , é o tra b a lh o
d e M arília S c a lz o , Jo rn a lism o d e rev ista , S ã o P a u lo , C o n tex to , 2003.

145
Fontes históricas

56 A b ib lio g ra fia a ce rca d o te m a é vasta, Ver, p o r ex e m p lo , R en ato C a ste lo B ra n co , R o d o lfo L im a


M a rte n se n e F ern an d o R e is (orgs,), H istó ria da p ro p a g a n d a n o B rasil, São P a u lo , T. A , Q u eiro z,
1 9 9 0 ; R icard o R a m o s, D o re cla m e ã co m u n ic a çã o : p e q u e n a h istó ria da p ro p a g a n d a n o B ra sil,
3. e d ., S ã o P a u lo , A tu al, 1 985. A p u b lic id a d e n o c a p ita lism o m o n o p o lis ta foi te m a do estu d o
M a ria A rm in d a N ascim e n to , A e m b a la g e m d o sistem a , S ã o P au lo, D u as C id a d e s, 1985,

37 M a reia P a d ilh a L o tito , A cid ad e co m o esp etá cu lo : p u b licid a d e e vida u rb a n a n a São P a u lo dos
a n o s 20, S a o P a u lo , A n n a b lu m e , 2 0 0 L Ver a in d a : D en ise B e rn u z z i S a n t'A n n a , "P ro p a g a n d a e
história: antigos p roblem as, novas q u estõ e s", em P rojeto H istória, n.14, Sao Paulo, puc, 1997; M aria
D iv a V asco n celo s T ad d ei, A im a g e m n o a n ú n c io d e jo rn a l: S ã o P a u lo (1 8 5 0 -1 9 1 4 ), D isse rta ç ã o
(M e stra d o ), São P a u lo , fau/usp, 1977.

35 A n a M aria M au ad d e S o u sa A n d rad e, S o b o sig n o da im agem : a p ro d u çã o da fo to g ra fia e o co n tro le


d o s cód igos d e representação social da classe d o m in an te n o Rio d e Janeiro, T ese (D outorad o), Rio
d e Janeiro, uff , 1990. Ver esp erialm en te o cap ítu lo 4. N u m a ou tra p ersp ectiv a, a im agem tam bém
é o foco central em R afael Baitz, U m co n tin en te em foco: a im agem fotográfica da A m érica Latina
n a s re v ista s se m a n a is b ra sile ira s (1 9 5 4 -1 9 6 4 ), S a o P a u lo , H u m a n ita s , 2 0 0 3 .

^ T eresínha A, dei. Floren tino, Prosa d e ficção em São Paulo: p ro d u ção e co n su m o (1900-1920), São
P a u lo , H u c ite c / S e c r e ta r ia d e E s ta d o d a C u ltu r a , 1 9 8 2 .

40 S é rg io M ic e li, P o d er, sex o e le tra s n a R e p ú b lic a V elha, em In te le ctu a is à b ra s ile ira , São P au lo ,
C o m p a n h ia d as L e tra s, 2 0 0 1 , p, 54, P u b lic a d o o rig in a lm e n te em 1977. O a u to r d e n o m in a d e
a n a to lia n o s os e scrito res do p e río d o e stu d a d o (in ício d o sécu lo xx até 1922) q u e s e e sfo rç a v a m p or
sa tisfa z e r a to d o tip o d e d em a n d a s qu e lh e s faziam a g ra n d e im p ren sa , a s re v ista s m u n d a n a s, os
d irig e n te s e m a n d a tá rio s p o lítico s da o lig a rq u ia e q u e a ssu m ia m a form a d e crítica s, ro d a p és,
c ró n ic a s, d iscu rso s, e lo g io s, artig o s d e fu n d o , ed ito ria is.

41 Jo ã o do R io [P au lo B arreto ], O m o m e n to lite rá rio , R io d e Ja n eiro , G a rn ie r, s.d ,

41 F lo ra S ü ssek in d , C in em a tó g ra fo d e L e tra s: lite ra tu ra , té cn ica e m o d ern iz a çã o n o B rasil, S ã o P aulo,


C o m p a n h ia das L etras, 1987, p. 93. V er a in d a R o b e rto V e n tu ra , E stilo T ro p ica l, H istó ria cu ltu ra l e
p o lê m ic a s lite rá ria s n o B ra sil (1 8 7 0 -1 9 1 4 ), São P au to, C o m p a n h ia d a s L etra s, 1991.

** M ô n ic a P im e n ta V ello so , M o d e rn ism o n o R io d e Ja n eiro : T u ru n a s e Q u ix o te s, R io d e Ja n e iro ,


E d . FGv, 1996, p. 209, trab alh o o rig in a lm e n te a p re se n ta d o co m o te se d e d o u to ra d o em H istó ria
n a uSF, 1995.

44 N íc o la u S e v c e n k o , L ite ra tu ra co m o m issã o : te n sõ es s o cia is e c ria ç ã o c u ltu r a l n a I a R e p ú b lica ,


3. e d ., S ã o P au lo , B rasilie n se, 1989, p. 23.

4C> A e x p lo ra ç ã o sistem á tica d as re v ista s lite rá ria s in icio u -se co m o p ro je to id e a liz a d o e co o rd en a d o ,


n o s an o s 1960, p o r Jo sé A d erald o C astello, qu e in ten tav a analisar as p u b licações ed itad as a partir
d o ro m an tism o , re p rese n tativ as d e g ru p o s e m o v im en to s literá rio s, e do q u a l re su lta ra m várias
d issertaçõ es e teses. S o b re os objetivos, co n su ltar: Jo sé A d era ld o C astello , "A a n á lise d e p eriód icos
n a lite ra tu ra b ra s ile ira ", em R o selis O liv e ira d e N a p o li, L a n te rn a V erd e e o m o d e rn ism o , São
P a u lo , ie b / u sp , 1 9 7 0 , p p . 5 -1 2 .

A n g ela d e C astro G o m es, "E ssa g en te d o R io ,..", em M o d ern ism o e n acio n alism o, R io d e Jan eiro,
FGv, 1999,

14 6
História dos, nos o por meio dos periódicos

47 L ilia M . S ch w arcz, O e sp e tá cu lo d a s ra ç a s, c ie n tista s, in s titu içõ e s e q u estã o ra cio n a l n o B rasil


(1870-1930), São Paulo, C o m p an h ia d as Letras, 1993; Tania R eg in a D e Luca, R evista do Brasil' u m
d ia g n o s tic o p a ra a (N )a ç ã o , S ã o P a u lo , U n e s p , 1 999.

48 D ulcília S. B u ito n i, M u lh er d e papel: re p resen ta çõ es d e m u lh eres p e la im p ren sa fem in in a brasileira,


S ã o P a u lo , L o y o la , 1 981; D u lc ília $ . B u ito n i, A im p re n s a fe m in in a , S ã o P a u lo , Á tic a , 1986,

49 Jo a n a M a ria P e d ro , M u lh e r e s h o n e s ta s e m u lh e r e s fa la d a s : u m a q u e s tã o d e c la s s e , 2. ed ,,
F lo ria n ó p o lis, ufsc , 1998 (1. ed ., 1994),

10 G u la Bassffriezi, Virando as páginas, revendo as mulheres: revistas fem ininas e relações hom em -m ulher
(1945-1964), R io d e Jan eiro, C ivilização Brasileira, 1996; A n g elu cd a H abert, F otonovela e indústria
cu ltu ral, P etró p o lis, Vozes, 1974; Silv ia L u stig , M ãe, o b rig a d a : u m a leitura da re la çã o m ãe/ filh o
n o S u p le m en to F em in in o d e oesp (1953-1979), D isserta çã o (M e stra d o ), Sào P au lo, eca /usp, 1984;
Sonia M ascaro , A R evista F em inin a: im a g em d e m u lh er (1914-1930), D issertação (M estrad o), S ã o
P a u lo , e c a / usf , 198 2 , U m a c o n s u lta a o s b a n c o s d e d a d o s d o s p ro g ra m a s d e p ó s -g ra d u a ç ã o
au m en ta ria sig n ifica ti v a m e n te a lista , u m a v ez qu e h ã g ra n d e q u a n tid a d e d e te ses e d isse rta çõ es
q u e tem se v a lid o da im p re n sa p ara a b o rd a r o tem a.

51 A lessa n d ra E l F a r, P á g in a s d e sen sa çã o : a lite ra tu ra p o p u la r e p o rn o g rá fica n o R io d e Ja n eiro


(1 8 7 0 -1 9 2 4 ), S a o P a u lo , C o m p a n h ia d a s L e tr a s , 2 0 0 4 .

32 D ijaci D. d e O liveira e t al. (orgs.), P rim avera já partiu: retrato d e h o m icíd io s fem in in os n o Brasil.
P etró p o lis, V ozes, 1998; D ija c i D. d e O liv eira , A co r d o m ed o : h o m ic íd io s e relações ra cia is no
B rasil, B ra sília / G o ia n ía , UhB/fg, 1998. A m b o s in teg ra m a série V io lên cia em m an ch ete.

5-* Z ita d e P au la R o sa, O T ico -T ico : m eio sé c u lo d e a çã o re cre a tiv a e p e d a g ó g ica , B ra g a n ça P a u lista ,
EDUSF, 2002. E n tre 11 d e o u tu b ro d e 2003 e 31 d e ja n e iro d e 2 0 0 4 o S e sc V ila M a ria n a ( sp ) realizou
am p la re tro sp e ctiv a do p e rió d ic o n a ex p o siçã o O Tico-Tico: uma revista impressa na lembrança.

w G o n ça lo Silva Jú n io r, A g u e rra d o s gib is: a fo rm a çã o do m e rca d o ed ito ria l b ra sile iro e a cen su ra
ao s q u ad rin h o s n o B rasil (1933-1 9 6 4 ), S ã o P au lo, C o m p a n h ia d a s L etra s, 2 004.

s? B ethânía M ariani, O rce e a im prensa: os com u n istas n o im agin ário d os jo rn ais (1922-1989), R io de
ja n eiro / C am p in as, R ev an / U n icam p , 1998 e R o d rig o P atto Sã M o tta, Em g u a rd a co n tra o perigo
v e r m e lh o : o a n tic o m u n is m o n o B ra s il (1 9 1 7 -1 9 6 4 ), S ã o P a u lo , P e r s p e c tiv a / F a p e s p , 2 0 0 2 .

w SQvia C ezar M iskulin, C u ltu ra ühada: im prensa e R ev o lu ção C u b an a, Sao Paulo, Xam ã/ Fapesp, 2003,

57 M ary A n n e Ju n q u e ira , À o S u l do R io G ra n d e: im a g in a n d o a A m é rica L a tin a em SdeçÕeS: OéSte,


wildemess e fronteira (1942-1970), Bragança Paulista, edusf, 2000; A n ton io Pedro Tota, Im p erialism o
sed u to r: a a m e ríc a n iz a ç ã o d o B ra sil n a ép o ca da S e g u n d a G u e rra , S a o P a u lo , C o m p a n h ia d as
L e tr a s , 2 0 0 0 .

w M aria H elen a C ap ei ato , M u ltid õ e s em cen a: p ro p a g a n d a p o lític a n o v a rg u ism o e n o p ero n ism o .


C a m p in a s , P a p ir u s , 1 9 9 8 ,

^ A n g ela d e C a stro G o m es, H istó ria e h isto ria d o re s; a p o lítica c u ltu r a l do E stad o N o v o , R io d e
Ja n eiro , fgv, 1996.

60 M aria A parecid a A qu ino, C en su ra , im p ren sa, E stad o au to ritário (1968-1978), B auru, E d u sc, 1999.
Ver tam bém A n n e-M arie S m ith , U m aco rd o forçad o: o co n sen tim en to da im p ren sa ä cen su ra no
B rasil, Rio d e Jan eiro, fgv, 1997. A estratég ia do jo rn al O Estado de S. Paulo p ara to rn a r p aten te a
cen su ra in clu ía a p u b lica ç ã o d e trech o s d e C a m õ es n o lu g ar d o s a rtig o s ce n su ra d o s, ten d o sido
discutida n o livreto qu e aco m p an h o u A Revista, n, 7, São Paulo, Takano Editora G ráfica, set. 2002.

147
Fortes históricas

61 B ern ard o K u cin sk i, Jo rn a lis ta s e rev o lu cio n á rio s n o s tem p o s da im p ren sa a lte rn a tiv a , 2. ed . rev.
a m p l., S ã o P a u lo , E d u sp , 2 0 0 3 , c o n s títu i-s e e m tr a b a lh o fu n d a m e n ta l a c e rc a d o te m a .

^ Beatriz K ushnir, C ães d e guarda: jo rn a lista s e cen so res d o aj-5 à co n stitu ição d e 1988, São Paulo,
B o ite m p o , 2 0 0 4 .

L ilian . M , F. d e P e ro s a , C id a d a n ia p ro ib id a : o c a s o H e rz o g a tra v és da im p re n s a , S ã o Paulo/


Im prensa O ficial, 2001; M aría Rosa D u arte d e O liveira, Jo ã o G oulart n a im pren sa: d e personalidade
a p erso n agem , 2. ed. rev. e ampl., São Paulo, A n n ablu m e, 1993. A obra traz en carte co m fac-sím ile
de p á g in a s in teira s e m a térias p u b licad as n o s p e rió d ico s O Estado de $ . Paulo, Folha de S .P au b e
Última H ora , e n tr e 1961 e 1964,

64 Ver, por exem p lo , L u iz M a k lo u f C arvalho, C ob ras criad as: D avid N asser e O C ruzeiro, São Paulo,
Senac, 2001, que, além d e acom panhar a carreira d e Nasser, traça um am plo panoram a da imprensa
na seg u n d a m etad e d o sé c u lo xx; A n a M a ria d e A b re u L aurenza, L acerd a x W ainer: o co rv o e o
b e s s a r a b ia n o , S ã o P a u lo , S e n a c , 1 9 9 8 ; F e r n a n d o M o ra e s , C h a tô : o r e i d o B ra s il, S ã o P a u lo ,
C o m p a n h ia d a s L etra s, 1995,

M aria L u iz a T u c c i C a rn e iro e Boris K o sso y , A im p re n sa co n fisca d a p elo D eo p s (1 9 2 4 -1 9 5 4 ), São


P a u lo , A te liê / Im p r e n s a O fic ia l/ A r q u iv o d o E s ta d o , 2 0 0 3 .

Vavy P ach eco B orges, M aria d e Lo<.irdes M , Ja n o tti e Iz a b el M arson, "A esfera da h istória política
r a p ro d u ção a cad êm ica so b re 5at> P au lo (1 9 8 5 -1 9 9 4 )", em A n ton io C elso F erreira (org.), E n co n tres
co m a h istó ria; p e rcu rso s h istó rico s e h isto río g rã fico s d e São P au lo, São P au lo, U n esp / Fap esp /
ANPUH, 1 9 9 9 , pp- 1 4 1 -6 8 . A a firm a ç ã o e s tá n a p, 163.

67 Ana Luiza M artins, "D a fantasia à H istória: folh ean d o pág in as revisteiras", em H istória, Sao Paulo,
n. 2 2 , v. 1, p p , 5 9 -7 9 , 2 0 0 3 , cita ç ã o n a p, 60.

^ R ecen tem en te fo i p u b licad a a edição com p leta, a co m p a n h a d a de artigos analíticos: A lb erto D ines
(co o rd .), C o rr e io B ra z llie n s e ou A rm a z é m L ite rá rio , S ã o P a u lo / B ra s ílía , Im p re n sa O ficia l do
E s ta d o / C o rr e io B r a s llie n s e , xxx v o lu m e s , 2 0 0 1 -2 0 0 3 , e d iç ã o fa c-sim ila r.

w C o n s id e ra ç õ e s a n c o ra d a s em A na L u iz a M a rtin s , R e v is ta s em r e v is ta , o p . c it., p p . 3 3 -1 1 0 .

70 A trajetó ria d a in d ú stria g ráfica n o B rasil p o d e ser a co m p a n h a d a em M á rio d e C a m a rg o (org ),


G ráfica: a rte e in d ú stria n o Brasil - 180 an o s d e H istó ria, S ã o Paulo, B an d eiran tes G ráfica, 2003;
W ilso n M a tin s, A p a la v ra e sc rita , S ã o P a u lo , A n h e m b i, 1957,

71 R o g er C h a rtie r, D o le ito r a o n a v e g a d o r, S ã o P a u lo , U n e sp , 1998.

72 N e lso n W ern eck S o d ré, op , cit,; Ju a re z B a h ia , Jo r n a l, h is tó ria e té cn ica : H istó ria d a im p ren sa
b r a s ile ir a , S ã o P a u lo , Á tic a , 1990.

7: Fernando L attm an W eltm an, "Im p rensa carioca nos an o s 50: os 'anos d o u ra d o s'", em A lzira Alves
d e A breu (org.), op . cit., pp. 157-87, a p o n ta a s crítica s d a q u ele s qu e d efen d e m o su rg im en to do
jo rn a l e m p re s a a p e n a s n o s an o s 1950,

74 Isabel L u sto sa , O n a s c im e n to da im p re n sa b ra s ile ira , R io d e Ja n e iro , Jo r g e Z a h a r, 2 0 0 3 , p. 17.

73 R efle x õ es p a ra o c a s o e u ro p e u a re sp e ito d e ssa in te rv e n çã o dos jo rn a is n o esp a ço p ú b lico e as


m o d ific a çõ e s qu e s e in tro d u zem a p ó s a p ro fissio n a liz a ç ã o d o s p e rió d ic o s fo ra m d ese n v o lv id a s
por Ju rg en H aberm as, M ud ança estrutural da esfera p ú blica, Rio de Janeiro, Tem po Brasileiro, 1984,

148
História dos, t%os e por meio dos pssiódkos

76 Is a b e l L u s to s a , In s u lto s im p re s s o s : a g u e r ra d o s jo r n a lis ta s n a In d e p e n d ê n c ia (1 8 2 1 -1 8 2 3 ),
S ã o P a u lo , C o m p a n h ia d as L e tra s , 2 0 0 0 , p p . 4 2 7 e 43 4 ,

77 M a risa L a jo lo e R eg in a Z ilb e rm a n , A le itu ra ra re fe ita : liv ro e lite ra tu ra n o b ra s il, S ã o P a u lo ,


B rasilie n se, 1991, p, 90,

78 A p u d H e rm a n L im a, H istó ria d a ca rica tu ra n o B rasil, R io d e Ja n e iro , Jo s é O lím p io , 1963, v, 1,


p. 7L A obra, o m ais com pleto estudo sobre o tema até agora realizado, compõe-se de quatro volumes.
A respeito da história da caricatura, v er tam bém Joaquim da Fonseca, C aricatura: a im agem gráfica
d o h u m or. P o r to A le g re , A rte s e O fíc io s , 1 999.

^ E stu d os m inu ciosos d essa p u b licação e d os v ín cu los entre a experiência d e P orto -A legre ira Paris
d e H onoré D aum ier (1808-1879) e su as atividades no R io d e Jan eiro estão reunidos n o catálogo da
ex p o siçã o h o m ô n im a , re a liz a d a n a F u n d a çã o A rm a n d o A lv a res P e n te a d o (26 d e a b ril e 22 d e
ju n h o d e 2003): H elian a A n g o tti S a lg u e iro (co o rd ,), A co m éd ia u rb an a: d e D a u m ier a P orto -A legre,
São P a u lo , M u seu d e A rte B rasileira - faap , 2003.

8Ü A p u d H erm an L im a , op. c i t . v . l , p. 137,

01 A n g elo A g o stin i (ed .J, C a b riâ o (1 8 6 6 -1 8 6 7 ), S ã o P a u lo , ím esp/ A rq u iv o do E sta d o , 1982, ed ição


fa c-sim íla r; E m an o el A ra ú jo (cu ra d o ria g era l), R a fa e l B o rd alo P in h eiro , O p o rtu g u ê s ta l e qu al,
S ã o P au lo , P in a c o te c a do E stad o , 1996: D en ise M a tta r (co o rd ,), T ra ç o , h u m o r e cia ., S ã o P a u lo ,
M u se u d e A rte B rasileira - faap, 2 0 0 3 ; R afael B o rd a lo P in h eiro , A p o n ta m en to so b re a p ica re sca
v iagem do Im p erad or d e R asllb pela Europa, São Paulo, Pinacoteca d o Estado, 1996, ed ição fac-sim ilar.

82 M arco s A n to n io d a Silva, P razer e p o d er do A m ig o da O n ça (1943-1962), R io d e Ja n eiro , Paz e


Terra, 1989; Elias T h o m é Saliba, R aízes do R iso : a represen tação h u m o rística n a h istó ria brasileira:
da Belle Époque aos p rim eiro s tem p o s do rád io, S ã o Paulo, C o m p an h ia d a s L etras, 2002; Lilia M.
Schw arcz, As barbas do Imperador: um m onarca nos trópicos, São Paulo, Com panhia das Letras, 1998.

33 N e lso n W ern eck , op. c i t , p. 247.

w M aria d e S o u za B arro s era um a sen h o ra da alta so cied ad e p a u lista n a , n a sce u em Sao P au lo em


1851, filha d e L u ís A n ton io d e Sou za Barros, C asou -se com o prim o, A n ton io P aes d e Barros, daí
o n o v o n o m e.

^ M a ria P a e s d e B a rro s, O te m p o d e d a n te s , S a o P a u lo , P a z e T erra , 1 9 9 8 , p. 136.

^ P o n to q u e e v id e n c ia d o p o r M a ria H e le n a C a p e la to , O s a ra u to s d o lib e r a lis m o , op. cit.

37 H e rm a n L im a , o p . cit., v. 1, p. 14 L

88 A lém da obra citada na nota anterior, ver: A lzira A lv es de A breu, A m od ern ização da im prensa -
1970-2000, R io d e Janeiro, Jorge Zahar, 2002 e A lzira A lves d e A breu, F ernand o Lattm an-W eitm an
e D ora Rocha (orgs,), E les m u d aram a im prensa: d epoim entos ao cpdoc, R io d e Jan eiro, fgv, 2003,

^ D an to n Jo b im , E sp írito do jo rn alism o , 2. ed ,, Sao Paulo, E dusp, 2003, p, 29. (1. ed ,, 1992). apud
M a tin a s S u z u k i Jú n io r, " A m a q u ia g e m d o m u n d o ", em F olh a d e S .P a u lo , S ã o P au lo, E m p resa
F o lh a d a M a n h ã , 1985, p. 9, g rifo n o o rig in a l.

** Jean-Frairçois Sirin ella, "O s in telectu a is", em R en é R ém ond (org,), Por u m a h istó ria p o lítica , R io
d e Ja n e ir o , Ed, ufrj, 199 6 , p . 249,

149
Fomes históricas
1

Ja cq u e lin e P le t-D e sp a tm , "U n e c o n tríb u tio n a 1'h istoire d e s in te lle c tu e ls le s re v u e s ", em N ico le
R a cin e e M ich el T re b itsch (d ir ), S o d a b ílíte s ín te llectu e lles: L ieux, m ilíeu x , résea u x , n. 20, P aris, |
C a h iers d e YIn stitu t d 'h is to ir e d u te m p s p re se n t, m a rs. 1992, p. 126» l

^ A s c o n s id e r a ç õ e s b a s e ia m - s e e m A n g e la d e C a s tr o G o m e s , E s s a g e n te d o R io ..., o p . e it,, \
esp e c ia lm e n te , p p. 10-31, i
“3 Ja cq u e lin e P le t-D e sp a tln , op. cit., p. 127,

Bibliografia

A breu, Alzira Alves de (org), A imprensa em transição: o jornalismo brasileiro nos anos 50.
Rio de Janeiro: fgv, 1996,
Aqutno, Maria Aparecida. Censura, imprensa, Estado autoritário (1968-1978). Bauru; Edu&c, 1999,
B ahia, Juarez, Jornal, história e técnica: história da imprensa brasileira. São Paulo: Ática., 1990.

B assanezi, Carla. Virando as páginas, revendo as mulheres: revistas femininas e relações


homem-mulher, 1945-1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
Borges, Vavy Pacheco, Getúlio Vargas e a oligarquia paulista. São Pauto: Brasiliense,1979.

B orges, Vavy Pacheco; J anotti, Maria de Lourdes M«; Marsün , Izabel. À esfera da história
política na produção acadêmica sobre São Paulo (1985-1994), In: F erreira, Antonio
Celso (org*)- Encontros com a história: percursos históricos e historiogrãfícos de São
Paulo. São Paulo; Unesp /Fapesp/ANPUH, 1999.
B ourdé, Guy; M artin, Hervé. As escolas históricas. Lisboa: Publicações Europa-América, 1983.

B outier, Jean; J ulia, Dominique. Passados recompostos: campos e canteiros da História. Rio
de Janeiro: ufrj/fgv, 1998.
B uitoni, Dulcília S. Mulher de papel: representações de mulheres pela imprensa feminina
brasileira. São Paulo: Loyola, 1981.
______ . A imprensa feminina* São Paulo; Ática, 1986.
B urke, Peter, A escola dos Annales (1929-1989). São Paulo: Unesp, 1991.

______ (org,), A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo; Unesp, 1992.
C amargo, Ana Maria de Almeida, A imprensa periódica como fonte para a História do Brasil.
In: P aula, Eurípides Simões de (org+). Anais do V Simpósio Nacional dos Professores
Universitários de História♦São Paulo: Seção Gráfica da fflch /usp, 1971, v. II.
C apelato , Maria Helena. Multidões em cena: propaganda política n o varguismo e no
peronismo. Campinas: Papirus, 1998.
______ ; Prado, Maria Ligia, O bravo matutino: imprensa e ideologia no jornal O Estado de S.
Paulo, São Paulo: Alfa-Omega, 1980.
C arneiro, Maria Luiza Tuccí; K ossoy, Boris. A imprensa confiscada pelo Deops (1924-1954)* São
Paulo: Ateliê/Imprensa Oficial: Arquivo do Estado, 2003.

150
História dos, nos e por meio dos periódicos

Chartier, Roger, História cultural: entre praticas e representações* Lisboa: Difel, 1990*

______ . Do leitor ao navegador. São Paulo: Unesp, 1998.

C ruz, Heloisa de Faria. São Paulo em papel e tinta: periodismo e vida urbana - 1890-1915.
São Paulo: Educ/Fapesp/ Imprensa Oficial, 2000,

______ (org,), São Paulo em revista. Catálogo de publicações da imprensa cultural e de


variedade paulistana - 1870-1930. São Paulo: Arquivo do Estado, 1997*

D e L uca, Tarda Regina, Revista do Brasil: um diagnóstico para a (N)ação. São Paulo: Unesp, 1999.

D osse , Françoise. A História em migalhas: dos Annales à Nova História, São Paulo/
Campinas: Ensaio/Unicamp, 1992.

D reher, Martin N* (org.). Imigração & imprensa. Porto Alegre/São Leopoldo: Edições est/
Instituto Histórico de São Leopoldo, 2004.

F alcon, Francisco J, C* História Cultural - dos antigos aos novos problemas. In: S ojhet,
Rachel (org*)* Arrabaldes - Cadernos de História, Niterói: Programa de Pós-Graduação
em História, 1996*
F errara, Miriam. Imprensa negra em São Paulo (1915-1963). São Paulo, 1986. Tese (Doutorado
em Antropologia) - fflch /usp.

F erreira, M, Nazareth* A imprensa operária no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1978*

G lénisson, Jean. Iniciação aos estudos históricos. 5- ed* São Paulo: Bertrand, 1986,

Gomes, Angela de Castro. HísfónVi e historiadores: a política cultural do Estado Novo. Rio
de Janeiro: pgv, 1996.

______ . Essa gente do Rio,,., Modernismo e nacionalismo. Rio de Janeiro: fgv , 1999.
G omes , Nilma Lino; S chwakcz, Lilia M Antropologia e História: debate em região de
fronteira. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
H abert , Angeluccia. Fotonovela e indústria cultural Petrópolis: Vozes, 1974*

J unqueira, Mary Anne, Ao Sul do Rio Grande: imaginando a América Latina em Seleções:
oeste, wilderness e fronteira (1942-1970). Bragança Paulista: Edusf, 2000*
L ajolo, Marisa; Z ilberman, Regina, A leitura rarefeita: livro e literatura no Brasil São Paulo:
Brasiliense, 1991.

Le G off, Jacques; N ora, Pierre* História: novos problemas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.
______ . Documento/Monumento. In: R omano ., Ruggiero (org*)* Enciclopédia EinaudL Porto:
Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1984, v. 1.

Lima, Herman. História da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1963, v. 1.

L Joaquim Nabuco* Itinerário da imprensa de Belo Horizonte - 1895-1954. Belo


in h a r e s ,
Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995.

151
Fontes históricas

L ustosa, Isabel. Insultos impressos: a guerra dos jornalistas na independência - 1821-1823.


São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
______ * O nascimento da imprensa brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Luz, Nícia Vilela. Aspectos do nacionalismo econômico brasileiro: os esforços em prol da
industrialização, São Paulo: Seção Gráfica da fflch/lisp, 1959, (Coleção Revista de História),

M artins, Ana Luiza. Revistas em revista: imprensa e práticas culturais em tempos de


República, São Paulo (1890-1922). São Paulo, Edusp/Fapesp/Imprensa Oficial do
Estado, 2001*
______ * Da fantasia à História: folheando páginas revisteiras* História* São Paulo, n, 22,
v+1, pp* 59-79, 2003*
M ïceu , Sérgio* Poder, sexo e letras na República Velha* Intelectuais à brasileira. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001,
M ira, Maria Celeste. O leitor e a banca de revistas: a segmentação da cultura no século xx* #
Sao Paulo: Olho d'Àgua/Fapesp, 2001*
______ * A Revista no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 2000.
M iskulin, Sílvia Cezar. Cultura Ühada: imprensa e Revolução Cubana* Sao Paulo: Xamã /
*
Fapesp, 2003.
M oraes, José Geraldo Vinci de; R ego, José Mareio, Depoimento de Emilia Viotti da Costa. #
Conversas com historiadores brasileiros. São Paulo: Editora 34, 2002*

P edro, Joana Maria* Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão de classe. 2. ed*
Florianópolis: ufsc, 1998*

P let-D espatin, Jacqueline* Une contribution a l'histoire des in tellectu elles revues. In:
R acine , Nicole; T rebitsch , Michel (dir*). Sociabilités intellectuelles: lieu x , milieux,
réseaux, n. 20, Paris, Cahiers de l'Institut d'histoire du temps present, mars* 1992*
P rost, Antoine* Social e cu ltu ral indissoeiavelmente. In: Rioux, Jean-Pierre; S irinelli, Jean-
François. Para uma história cultural Lisboa: Estampa, 1998.
R eis, José Carlos* Escola dos Annales: a inovação em História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

R émond, René* O retorno do político* In: C hauveau, Agnes; T étart, Philippe. Questões
para a história do presente. Bauru: Edusc, 1999.

_____ (org,). Por uma história política. Rio de Janeiro: ufrj/fcv, 1996.
*
R evel, Jacques (or g*)* Jogos de escalas: a experiência da microanãlise. Rio de Janeiro: fgv, 1998.

Rio, João [Paulo Barreto]* Ö momento literário. Rio de Janeiro: Gamier, s*d.
R odrigues, José Honório* Teoria da História do Brasil: introdução Metodológica. 3 ed . rev.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968*
S aliba, Elias Thomé* Raízes do Riso: a representação humorística na história brasileira - da
f
B elk Époque aos primeiros tempos do rádio. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2002*

52
Histónâ dos, nos e pôr meio dos periódicos

S calzo, Ma rí li a. Jornalismo de revista. São Paulo; Contexto, 2003,

S chwarcz, Lilia M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racional no Brasil,
1970-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Sevcenko, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na P República,
3, ed, São Paulo: Brasiliense, 1989.

, Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20,
São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
S ilva, Marcos Antonio da, Prazer e poder do Amigo da Onça (1943-1962), Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1989.

Silva J r,, Gonçalo. A guerra dos gibis: a formação do mercado editorial brasileiro e a censura
aos quadrinhos no Brasil - 1933-1964, São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

S irintelli, Jean-Frartçois. Os intelectuais. In: Rim o n p , René (org ). Por uma história política,
Rio de Janeiro; Ed. ufrj, 1996,
Stetnt, Stanley. Grandeza e decadência do café no valo do Paraíba, São Paulo: Brasiliense, 1961.

Sodré, Nelson Werneck, História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

______ . O que se deve ler para conhecer o Brasil. 5, ed. rev, Rio de Janeiro: Bertrand, 1976,

SOssekimd, Flora. Cinematógrafo de Letras: literatura, técnica e modernização no Brasil, São


Paulo: Companhia das Letras, 1987,

S uzuki Jr., Matinas, A maquiagem do mundo. Primeira pagina, Folha de S, Paulo. São Paulo:
Empresa Folha da Manhã, 1985.
T qta, Antonio Pedro, imperialismo sedutor: a americanizaçâo do Brasil na época da Segunda
Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

V elloso, Mônica Pimenta, Modernismo no Rio de Janeiro: Turunas e Quixotes. Rio de Janeiro:
FGV, 1996.

V entura, Roberto, Estilo Tropical: História cultural e polêmicas literárias no Brasil (1870-
1914). São Paulo; Companhia das Letras, 1991,

153
:I

li ;
if
fil
F O N T E S O R A IS

Histórias dentro da História


V ere n a A íbert*

Os historiadores e a fonte

À H istória oral perm ite o registro de testem unhos e o acesso a "histórias


dentro da h istória" e, dessa forma, am plia as possibilidades de interpretação
do passado.

Definições e história
A H istória oral é um a m etodologia de pesquisa e de constituição de
fontes para o estudo da história contem porânea surgida em m eados do século
xx, após a invenção do gravador a fita* Ela consiste na realização de entrevistas
g ra v a d a s co m in d iv íd u o s qu e p a rtic ip a ra m d e, ou te ste m u n h a ra m ,
acontecim entos e conjunturas do passado e do presente. Tais entrevistas são
produzidas no contexto de projetos de pesquisa, que determ inam quantas e
quais pessoas entrevistar, o que e com o perguntar, bem como que destino
será dado ao material produzido.

Você também pode gostar