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Capítulo 1
1 Paul Slack, “Introduction”, in Paul Slack e Terence Ranger (ed), Epidemic and ideias: Essays on
the historical perception of pestilence, Cambidge, Cambridge University Press, 1999, pp. 1-2.
2 Jacques Le Goff, As doenças têm história, Lisboa, Terramar, 1997, pp. 7-8.
3 Lucien Febvre, na sessão inaugural do Collège de France, em 13 de dezembro de 1933, disse:
“Dado? Não, criado pelo historiador e, quantas vezes? Inventado e fabricado, com a ajuda de
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A doença revelando a história. Uma historiografia das doenças
Numa crítica à objetivação do corpo por parte dos médicos, diziam ainda, ser
necessário que o historiador, em sua prática, “atente ao silêncio daquilo que não foi
dito, por não ter podido se resolver em palavras”.8
Na coletânea organizada por Peter Burke A escrita da história: Novas perspec-
tivas, Porter mostra “como o corpo é uma presença suprimida, muito freqüente-
mente ignorada ou esquecida”.9 Ele diz que o historiador não deve tratar o corpo
simplesmente como fenômeno biológico, mas encará-lo como algo mediado por
sistemas de sinais de cultura, desnaturalizando, assim, as relações mente/corpo.
Ainda neste artigo, Porter refere-se a novas perspectivas da história, abertas pelo que
denomina “saber Annaliste”, que estimulou a pesquisa em todas as dimensões da
vida material, desde o nascimento até a morte. Segundo ele, a contribuição da antro-
pologia cultural foi fundamental para os historiadores, por possibilitar investigações
sobre o significado simbólico do corpo, como foi, também, a da sociologia, princi-
palmente a sociologia médica, ao encorajar os historiadores a tratarem o corpo
“como a encruzilhada entre o ego e a sociedade”.10
Detenhamo-nos aqui sobre um fenômeno de materialidade biológica e ligação
estreita com doenças – principalmente as ainda incuráveis – e que, assim como o
corpo, sofreu, por parte de historiadores e sociólogos, um processo de desnatura-
lização: a morte. Claudine Herzlich mostra, por linhas diferentes, que, entre perma-
nências e mudanças, a atitude do homem diante da morte é historicamente cons-
truída. A morte, assim como a doença, não se reduz à sua evidência orgânica, natu-
ral, objetiva; ao contrário, porta significados mais complexos que ultrapassam a
dimensão biológica.11
Novos objetos, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1976, p. 144. Cf., por exemplo, a respeito da
desordem urbana ocasionada por uma doença, a epidemia de gripe espanhola, Nara Brito, “La
dansarina: a gripe espanhola e o cotidiano na cidade do Rio de Janeiro”, História, Ciências,
Saúde – Manguinhos, Vol. 4, n. 1, mar-jun 1997; Cláudio Bertolli Filho, “Epidemia e sociedade:
A gripe espanhola no município de São Paulo”, São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 1986, dissertação de mestrado, mimeo; Alfred
Crosby, America’s forgotten pandemic: The Influenza of 1918, Cambridge, Cambridge University
Press, 1999.
8 Jacques Revel e Jean-Pierre Peter, op. cit., p. 154.
9 Roy Porter, “História do corpo”, in Peter Burke (org), A escrita da história: Novas perspectivas,
São Paulo, Edusp, 1992, p. 326.
10 Idem, p. 294. Em entrevista publicada na revista História, Ciências e Saúde – Manguinhos (Vol.
9, n. 1, jan-abr 2002) Porter refere-se especialmente a Arthur Kleinman, antropólogo médico,
autor de The illness narratives, suffering, healing and the human condition, entre outras
obras.
11 Claudine Herzlich, Os encargos da morte, “Série Estudos em Saúde Coletiva” n. 52, Rio de
Janeiro, IMS/Uerj, 1993.
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Na distinção que Claudine Herzlich e Janine Pierret fazem sobre a doença crôni-
ca e individual, que remete à dimensão privada, e a doença infecciosa, que incide
sobre a esfera pública, ressalta-se que uma e outra revestem-se de significados dis-
tintos de morte a cada época.12 No caso das epidemias, por exemplo – cujas carac-
terísticas são o grande número de vítimas, a impotência diante da morte e a exclusão
dos doentes –, a explicação para a morte pode mudar: da inevitabilidade do castigo
divino, numa época, passa-se à revolta, ao terror e à discriminação, em outra.
Os impactos provocados pela morte em série durante a ocorrência de uma epi-
demia também são objeto de análise de Ariès.13 Além do desastre demográfico, o
evento epidêmico inviabiliza o “bem morrer”, ao transgredir uma de suas principais
características: a previsibilidade e a conseqüente preparação para o fim. Como res-
salta Jean Delumeau, a situação de epidemia implica a subversão dos ritos que envol-
vem a morte, como a toalete fúnebre, o velório, o enterro. Esses ritos cumprem a
finalidade de unir o morto a seus familiares e amigos e lhe conferir dignidade. Sem
isso, a morte se torna ainda mais terrível.14
As discussões sobre a morte vêm ao encontro do que se pretende como uma
reelaboração da doença, ou melhor, uma nova compreensão da doença como fato
socialmente construído e, dessa forma, portando significados reveladores de uma
determinada sociedade.
Ainda nos anos 1970, William McNeill criticava a falta de percepção até então
revelada pelos historiadores quanto à importância da doença, acusando-os de não
valorizarem seu papel na história.15 Para o autor, essa dificuldade em lidar com a
doença prendia-se ao fato de ela ser concebida como mera contingência, como
desvio no curso normal dos acontecimentos, sem ter um papel decisivo sobre a
dinâmica dos próprios acontecimentos. Hoje, podemos falar de um campo de histó-
ria das doenças, constituído por “histórias” que, adotando perspectivas diversas,
representam importantes contribuições ao trabalho de reflexão sobre o papel das
doenças na História.
McNeill procura traçar os encontros da humanidade com as doenças infecciosas
e as profundas conseqüências de novos contatos entre povos com experiências
imunológicas distintas. O ponto central de sua análise reside na observação da clara
12 Claudine Herzlich e Janine Pierret, Malades d’hier, malades d’aujoud’hui: De la mort collective
au devoir de guérison, Paris, Payot, 1984. As autoras analisam a representação social das
doenças e a construção social do doente em várias épocas e, conseqüentemente, os diferentes
significados da morte.
13 Philippe Ariès, O homem diante da morte, 2. ed., Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1989.
14 Jean Delumeau, História do medo no ocidente: 1300-1800, São Paulo, Cia das Letras, 1996.
15 William McNeill, Plagues and peoples, Nova York, Doubleday, 1976.
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correlação entre os encontros mutáveis dos povos com tais doenças e as fases de sua
história política e cultural, verificando como padrões variantes de circulação das
doenças afetaram as relações humanas desde a pré-história até os tempos moder-
nos. Daí, o destaque para as doenças infecciosas e a importância de se analisar seu
impacto sobre o processo histórico. Para McNeill, a doença infecciosa seria um dos
parâmetros fundamentais e determinantes da história humana. Segundo ele, a histó-
ria da conquista da América seria incompreensível se não se ressaltasse o papel da
epidemia de varíola, que dizimou as populações nativas, propiciando a vitória dos
espanhóis.
Entretanto, é importante notar que, ao privilegiar o impacto demográfico das
epidemias e os ajustamentos ecológicos decorrentes das mutações biológicas, McNeill
confere às diferentes crenças ou concepções relativas à doença um papel secundá-
rio na história que ele procura construir. Exceção feita à medicina científica, único
sistema conceitual que a seu ver teria um impacto decisivo sobre a distribuição e a
virulência das doenças infecciosas. Desse modo, tomando como referência a con-
cepção científica da doença, a história das doenças de McNeill não contempla a
análise do modo como as diferentes sociedades compreenderam e compreendem a
sua experiência patológica.
Abordagem semelhante é encontrada em Alfred Crosby, que enfatiza a importân-
cia dos fatores biológicos e ecológicos no processo de expansão européia da época
moderna.16 O êxito dos povos europeus em continentes como a América, a Austrália
e a Nova Zelândia é atribuído não somente à sua superioridade militar, mas também
a poderosos aliados, como germes e doenças, que contribuíram na sua vitória sobre
os povos nativos. Os mesmos fatores também ajudariam a entender o relativo insu-
cesso europeu de dominação na Ásia e na África. Além da circulação de plantas e
animais, as trocas ecológicas inauguradas com as viagens de Colombo também in-
cluíram pequenos patógenos responsáveis por doenças como a varíola, contribui-
ção dos europeus para os povos nativos, e a sífilis, “talvez única exportação impor-
tante de doença do Novo Mundo”, que, apesar de sua notoriedade, jamais “estancou
o crescimento populacional do Velho Mundo”.17
Ao informar a produção historiográfica mais recente, estudos antropológicos e
sociológicos vêm explorando o domínio da construção social e simbólica da doença
nas mais diversas sociedades. Esses estudos mostram que a ordem biológica e a
16 Alfred Crosby, Imprerialismo ecológico. A expansão biológica da Europa, 900-1900, São Paulo,
Cia das Letras, 1993; idem, The columbian exchange: Biological and cultural consequences of
1492, Westport, Connecticut, Greenwood Press, 1973.
17 Alfred Crosby, Imprerialismo ecológico..., op. cit., p. 192.
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21 François Delaporte, Le savoir de la maladie: Essai sur le choléra de 1832 à Paris, Paris, Presses
Universitaires de France, 1990.
22 Diego Armus, “Salud y anarquismo. La tuberculosis en el discurso libertário argentino, 1890-1940”,
in Mirta Zaida Lobato, Política, médicos y enfermidades, Argentina, Editorial Biblos, 1995.
23 Marcos Cueto, El regresso de las epidemias, Lima, Instituto de Estudios Peruanos, 1997.
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24 Allan M. Brandt, No magic bullet: A social history of veneral disease in the United States since
1889, Nova York, Oxford University Press, 1985.
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25 Sérgio Carrara, Tributo a Vênus: A luta contra a sífilis no Brasil, da passagem do século aos
anos 40, Rio de Janeiro, Fiocruz, 1996.
26 Nascimento, seria sua tese de doutorado, Dilene? ????????????????????, 1999.
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32 Bandeira adoeceu de tuberculose em 1904, aos 18 anos de idade, o que o obrigou a interromper
os estudos de arquitetura e percorrer um itinerário terapêutico. Como expressou, mais tarde, em
poesia:
Criou-me, desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
33 Ítalo Tronca, As máscaras do medo: Lepra e Aids, São Paulo, Editora da Unicamp, 2000, p. 15.
34 Claudine Herzlich, “A problemática da representação social e sua utilidade no campo da doen-
ça”, Physys: Revista de Saúde Coletiva, Vol. 1, n. 2, Rio de Janeiro, IMS/Uerj/Relume Dumará,
1991, p. 23.
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37 Asa Briggs, op. cit.; Louis Chevalier, Le chólera: La première èpidemie du XIXe siècle, La Roche-
sur-Yon, Imprimerie Centrale de l’Ouest, 1958.
38 Paul Slack, op. cit., pp. 2-3.
39 Charles E. Rosenberg, Explaining epidemics and other studies in the history of medicine,
Cambridge, Cambridge University Press, 1995.
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40 Charles E. Rosenberg, Explaining epidemics and other studies in the history of medicine, op.
cit., pp. 281-287.
41 Richard J. Evans, Death in Hamburg: society and politics in the cholera years 1830-1910,
Londres, Penguin Books, 1987.
42 David Steel, “Plague writing; from Boccaccio to Camus”, Journal of European Studies, Vol. XI,
1981.
43 James Longrigg, “Epidemics, ideas and classical Athenian society”, in Paul Slack e Terence
Ranger (ed), Epidemic and ideias: Essays on the historical perception of pestilence, Cambidge,
Cambridge University Press, 1999.
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A doença revelando a história. Uma historiografia das doenças
? por uma epidemia e o significado por ela assumido na vida das sociedades, também
guardam relação com outras variáveis, como: a natureza da moléstia, sua violência, sua
incidência geográfica e social, o quadro epidemiológico no qual ela se inscreve.46
A análise de Alfred Crosby revelou diversas singularidades sobre a experiência
da influenza espanhola nos Estados Unidos.47 Essas particularidades também com-
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põem o estudo de Charles Rosenberg sobre três epidemias de cólera ocorridas nos
Estados Unidos, nos anos de 1832, 1849 e 1866. Como afirma Rosenberg, o impac-
to e as representações sobre a doença, em 1832, estariam indelevelmente marcados
por certas características da sociedade americana daquele período: seu aspecto
ainda predominantemente rural e o peso da religião como instrumento diretor da
mentalidade e dos comportamentos dos homens. Nesse momento, o cólera era,
antes de tudo, um dilema moral. Porém, por volta de 1866, havia se tornado um
problema social.48
Conforme Rosenberg, um dos termômetros dessa mudança era o discurso reli-
gioso: se, em 1832, a moralidade era recomendada aos fiéis como garantia de saúde,
em 1866, os pastores defendiam a reforma sanitária como pré-requisito necessário
para a reforma moral. Ele justifica essa alteração na percepção da doença em função
de mudanças mais gerais no circuito das crenças e dos comportamentos daquela
sociedade. Afirma Rosenberg: “34 anos são um tempo curto na história humana.
Mas poucos historiadores questionarão o significado e a magnitude das mudanças
efetuadas na sociedade americana entre 1832 e 1866”.49 Entre outras transforma-
ções que teriam mudado a face do país, Rosenberg menciona: a urbanização, a
industrialização, as ferrovias, a imigração que determinaram uma crescente comple-
xidade econômica e social, que, por sua vez, demandava uma expansão correspon-
dente na esfera de atuação pública; o materialismo triunfante em 1866, que havia
erodido o fervor evangélico do período anterior; o empirismo epidemiológico e as
novas teorias sobre a natureza e a causação das doenças.
Conclusões semelhantes são apontadas no trabalho de Richard Evans, que tam-
bém defende que a percepção e as reações provocadas pela doença entre cientistas,
governo e a população em geral, variaram sincrônica e diacronicamente, isto é, não
foram simples repetição do que se verificou em outras regiões, como também não
foram as mesmas no curso dos diversos episódios epidêmicos ocorridos na cidade.50
Se, como diz Rosenberg, a doença é um amálgama que envolve tanto sua nature-
za biológica, como também os sentidos que lhe são atribuídos pelas sociedades,
sendo, por isso, “uma construção intelectual complexa”,51 o mesmo pode ser dito
sobre os eventos epidêmicos: os significados que adquirem emergem do contexto
humano em que ocorrem, das transformações e reações que promovem no cotidia-
no econômico, político, social e cultural. Como aponta Arnold em relação ao cólera:
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como qualquer outra doença, não tem significado em si mesma: é apenas um microrga-
nismo. [Seu sentido é dado a partir] das formas pelas quais infiltra a vida das pessoas, das
reações que provoca e da maneira pela qual dá expressão a valores culturais e políticos.52
Em consonância com essa afirmação, Claudine Herzlich defende a idéia de que
os sintomas e as disfunções só adquirem sentido e se organizam como “doença” na
medida em que introduzem uma modificação na vida do doente e na sua identidade
social, propondo análises em que a dimensão social da doença é inerente à constru-
ção do que chamamos doença. Considerar a saúde e a doença como realidades orgâ-
nicas independentes tanto do espaço e do tempo, quanto das características dos indi-
víduos e dos grupos atingidos por uma doença, é restringi-las à leitura exclusiva do
saber médico e não percebê-las como realidades que têm dimensões sociais. Ao ana-
lisar a utilidade da representação social no campo da doença, Herzlich mostra que,
seja qual for a importância da medicina moderna, a doença é um fenômeno que a
ultrapassa e a representação não é apenas um esforço de formulação mais ou menos
coerente de um saber, mas também interpretação e questão de sentido. A interpreta-
ção coletiva dos estados do corpo coloca em questão a ordem social, revela-nos as
relações existentes entre o biológico e o social. Por meio da saúde e da doença
temos acesso, portanto, à imagem da sociedade e de suas imposições aos indivíduos.
Na verdade, somente ao se nominar um fenômeno como doença é atribuído um
sentido a ele. Dessa forma, a dor e os sintomas são definidos, dotados de significação
e socialmente rotulados. Pode-se observar que todo significado só é lógico para o
indivíduo porque é socioculturalmente legitimado por seus semelhantes. As repre-
sentações sociais, sendo produzidas e apreendidas no contexto das comunicações
sociais, são necessariamente estruturas dinâmicas, caracteristicamente flexíveis e
permeáveis, fazendo com que o estudo empírico das representações revele, fre-
qüentemente, a concomitância de conteúdos mais estáveis e de conteúdos dinâmi-
cos, mais sujeitos à mudança. As representações sociais são tanto a expressão de
permanências culturais como o locus da multiplicidade, da diversidade e da contra-
dição. Assim, as representações sociais são campos socialmente estruturados na
interface de contextos sociais de curto e de longo alcance histórico. Pode-se consi-
derar a narrativa literária e científica essenciais para revelar a complexa função
cultural das representações sobre a doença em nossas sociedades, interpretando e
contrapondo as alegorias existentes em ambos os discursos. Portanto, somente ao
se levar em conta esses dois níveis de percepção é que se pode apreender na sua
integralidade o processo de construção social da doença.
A história das doenças, incluído aí o estudo sobre as epidemias, será sempre
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mais instigante quando ampliar nossas percepções sobre a interação entre dimen-
sões biológicas, econômicas, sociais, políticas e culturais, quando de uma visão
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