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BIARD, Michel, & LINTON, Marisa. Terror: The French Revolution and Its
Demons. John Wiley & Sons, 2021.
POPKIN, Jeremy. A New World Begins: The History of the French Revolution.
Hachette UK, 2019.
A historiadora panamenha Lynn Hunt figura hoje como não apenas um dos principais
nomes na área da Revolução Francesa, mas também como uma das principais
referências na área da história cultural. Tendo passado por diversas universidades
(California, Los Angeles, Berkeley e Pensilvânia), o trabalho de Hunt, publicado pela
primeira vez em 1984, aborda de forma original o problema da simbologia da
Revolução Francesa; os símbolos, em seu trabalho, não aparecem como meros
“epifenômenos”, mas como parte da própria formação das consciências no decorrer do
processo de rutura revolucionária. Além disso, inicialmente a fim de verificar a
plausibilidade da ideia de “Revolução Burguesa”, a autora realiza um estudo minucioso
da composição das assembleias revolucionárias em nível local e nacional, apresentando
um quadro empiricamente consistente do que teria sido a “burguesia” revolucionária.
Cabe destacar que, em português, também pela Companhia das Letras, está disponível
outro de seus trabalhos, A Invenção dos Direitos Humanos, no qual ela mostra com
incomparável inteligência a relação entre a literatura oitocentista e ascensão da moderna
ideia de direitos humanos.
Trata-se de uma das biografias mais bem documentadas a respeito do mais conhecido e
controverso revolucionário francês (dentre as boas biografias de Robespierre,
poderíamos também mencionar os trabalhos de Michel Biard e Philie Bourdin, de Jean-
Clemént Martin e de Peter McPhee). A partir de um impressionante trabalho com fontes
primárias, Hervé Leuwers, professor da Universidade de Lille, desmonta várias lendas a
respeito do autor (como a de que ele teria se encontrado com Luís XVI enquanto jovem,
mito acriticamente reproduzido por trabalhos como o de Ruth Scurr) e busca uma leitura
equilibrada a respeito do advogado de Aras, a qual se afaste tanto da “lenda obscura”
(segundo a qual ele seria ditador, megalomaníaco e responsável pelo terror) quanto da
“lenda dourada” (que enxerga nele tão somente um herói em defesa das causas sociais).
Ainda do mesmo autor, gostaria de destacar o livro La Révolution française, excelente
síntese do processo revolucionário (a meu ver, a melhor, ao lado dos mencionados
livros e Martin e de Popkin), publicado em 2020 pelas Presses universitaires de France.
Linda Colley
Laurent