1) A escola dos Annales opõe-se à abordagem positivista da história, enfatizando aspectos como a economia, sociedade e mentalidades coletivas.
2) Lucien Febvre e Marc Bloch fundam a revista Annales em 1929 para promover abordagens interdisciplinares e o estudo de novas fontes históricas.
3) Marc Bloch defende uma história total que considera fontes como arqueologia e arte, e uma compreensão do passado à luz do presente.
1) A escola dos Annales opõe-se à abordagem positivista da história, enfatizando aspectos como a economia, sociedade e mentalidades coletivas.
2) Lucien Febvre e Marc Bloch fundam a revista Annales em 1929 para promover abordagens interdisciplinares e o estudo de novas fontes históricas.
3) Marc Bloch defende uma história total que considera fontes como arqueologia e arte, e uma compreensão do passado à luz do presente.
1) A escola dos Annales opõe-se à abordagem positivista da história, enfatizando aspectos como a economia, sociedade e mentalidades coletivas.
2) Lucien Febvre e Marc Bloch fundam a revista Annales em 1929 para promover abordagens interdisciplinares e o estudo de novas fontes históricas.
3) Marc Bloch defende uma história total que considera fontes como arqueologia e arte, e uma compreensão do passado à luz do presente.
A Revista Síntese, durante os anos de 1920 e a Revista dos Annales, durante a década de 1930, opõe-se contra o domínio da escola positivista. Trazem uma nova corrente historiográfica, que despreza o acontecimento, insistindo na longa duração. A sua preocupação é a atividade económica, a organização social e a psicologia coletiva, em detrimento da vida política. Inicia uma aproximação da história às ciências humanas. Lucien Febvre, March Bloch e Fernand Braudel, iniciam um “combate”, contra a escola metódica. A escola dos Annales impõe-se após a Segunda Guerra Mundial. Fazem uma incursão pela geografia histórica, pela economia e demografia históricas, exercendo uma grande influência por toda a Europa Ocidental, na América Latina e nos Estados Unidos Febvre e os Annales Em 1900, aparece a Revista Síntese, criada por Henri Berr. É o ponto de encontro de sociólogos, como Durkheim, geógrafos como Vidal de la Blache, economistas como Simiand, psicólogos como Wallon e historiadores opositores ao positivismo como Febvre. Quando Berr, em 1920, lança a sua coleção intitulada “A Evolução da Humanidade”, Febvre dá a sua contribuição, com a “A Terra e a Evolução Humana”. Lucien Febvre, é um adepto do género da biografia. Confronta o seu “herói” com a sociedade do seu tempo. Reflete sobre o personagem para explorar as mentalidades coletivas. Esta sua atitude está patente em “Um Destino: Martinho Lutero e o Problema da Descrença n Seculo XVI: a Religião de Rabelais”. Com Bloch cria em 1929, a revista “Les Annales d’ Historie Économique et Social”. No primeiro número da revista enumera dois objetivos: 1 - Eliminar o espírito de especialidade, promover a pluridisciplinaridade e favorecer a união das ciências humanas; 2- Passar da fase dos debates teóricos de “A Revista de Síntese” para a das realizações concretas. A partir de 1946, a revista passa a chamar-se. “Les Annales, Economies, Societés e Civilizations”. A partir deste momento,inflete a sua orientação da história económica e social, para a história das mentalidades. Para Febvre a história não pode ser concebida como uma sequência de acontecimentos, deduzidos a partir de apenas documentos escritos. A história é também feita a partir de fontes não escritas, como é caso de vestígios arqueológicos, fazendo também o apelo às ciências mais próximas, como a linguística ou a etnologia, opondo-se em todos os pontos à escola metódica. Apelando à história total, aborda aspetos das atividades humanas. Na sua uma obra modelo intitulada O Problema da Descrença no Século XVI: a Religião de Rabelais, Febvre leva a história em direção ao estudo das estruturas mentais, privilegiando o estudo dos modos e pensar dos indivíduos de uma mesma época. Bloch: o Ofício de Historiador Marc Bloch começa por ensinar história nos liceus e posteriormente na Universidade e Estrasburgo. É aqui que conhece Febvre e com ele funda a revista Les Annales d'Histoire Économique et Sociale. Bloch é um especialista em história medieval e as suas obras principais são: Os Reis Taumaturgos, um estudo sobre o carácter sobrenatural atribuído à realeza, particularmente em França e em Inglaterra; Os Caracteres Originais da História Rural Francesa, uma análise da evolução das estruturas agrárias no Ocidente do século XI ao século XVIII; A Sociedade Feudal, uma síntese sobre a organização social na Idade Média. Sofre as medidas antissemitas dos ocupantes nazis e dos colaboradores franceses, devido à origem judaica. Em 1942, depois da invasão da zona livre de França pelas forças alemães, passa à clandestinidade e torna-se membro da Resistência. Em junho de 1944, é preso, torturado e fuzilado pelos nazis. Durante o ano de 1941, Bloch faz uma reflexão sobre a escola dos Annales. O seu manuscrito apesar de incompleto é publicado, mais tarde, por Lucien Febvre, com o duplo título Apologie pour L’ Historie ou Métier d'Historien, em português, Apologia da História ou o Ofício de Historiador. Apesar da sua fragmentação, torna-se no manifesto da escola dos Annales, apresentando-se como uma resposta ao manual publicado por Langlois e Seignobos. É menos crítico que Febvre no que respeita à “história historiozante”, apreciando a escola erudita alemã, Renan e Fustel de Coulanges, que devolveram à erudição a categoria intelectual. Tal como Febvre, condena a falta de ambição dos historiadores “positivistas”. Diziam eles que aqueles estavam: “preocupados com as dificuldades, as dúvidas, os frequentes recomeços da crítica documental, tiraram destas constatações uma lição de humildade desiludida: a disciplina à qual votavam os seus talentos não lhes pareceu capaz, nem no presente de conclusões bem seguras, nem no futuro de muitas perspetivas de progresso”. Ao contrário do que defendem Langlois e Seignobos, Bloch diz que não há limitação no número de documentos. Aponta como outras fontes históricas, da arqueologia, artísticos e numismáticos. Segundo o historiador, o conhecimento, por exemplo, das invasões bárbaras depende tanto do exame das crónicas ou cartas, como também podem depender da arqueologia funerária e da nomenclatura dos locais. Diz Bloch, que: “as imagens pintadas ou esculpidas, a disposição e o mobiliário dos túmulos têm, pelo menos, tanto a dizer-nos como muitos escritos”. No estudo da Idade Média Bloch, não se detêm nos cartulários, nos atos de chancelaria e nas vidas dos santos. O seu interesse vira-se para os tesouros enterrados nos períodos de perturbações, levando-o a esboçar uma história monetária da Europa. Bloch vai avançado para novos domínios do conhecimento histórico, como é caso dos factos económicos. Nota-se uma influência da obra de Marx, relativamente ao relacionamento das estruturas económicas e das classes sociais como também do estudo das flutuações económicas na base da série de preços segue os trabalhos do economista Simiand e do historiador Hauser. Bloch defende ainda que a história económica se volte para o mundo contemporâneo. Alarga o campo da história para outras direções: a pré-história e o folclore. Iniciado na etnologia, escreve Os Reis Taumaturgos, onde examina a dimensão mágica da autoridade monárquica, nomeadamente o poder atribuído ao rei Capeto de curar, pelo simples toque, as escrófulas. Mas a obra-prima de Bloch é Os Caracteres Originais da História Rural Francesa, do Século XI ao Século XVIII, onde observa, numa duração muito longa, as formas da ocupação do solo, as técnicas de produção, os modos de povoamento, os quadros senhoriais, as práticas comunitárias. Bloch preocupa-se com a necessidade de dar aos jovens investigadores de história uma aprendizagem em epigrafia, paleografia, em diplomática. Junta-lhe a iniciação à arqueologia, à estatística, à história da arte, às línguas antigas e modernas. Não bastando isto, que pratica o ofício de historiador tem que conhecer as ciências vizinhas, como é o caso da geografia, da etnografia, da demografia, da economia, da sociologia, a linguística. Não sendo possível concentrar estas aptidões num mesmo indivíduo, deve colocar-se a possibilidade de aliar as técnicas praticadas por diferentes técnicos. Tal situação, supõe um trabalho por equipas que envolvam especialistas de diversas disciplinas. O historiador deve ter a paixão de compreender, renunciando, tanto quanto possível ao juízo de valor. O historiador deve submeter-se uma espécie de purificação, libertando-se dos seus preconceitos, dos seus sentimentos e das suas referências intelectuais. Tal situação de abstração, de recusa do juízo moral, da exclusão de todo o finalismo não significam uma fuga perante os problemas da sociedade do seu tempo. O seu envolvimento e empenhamento na Resistência, Bloch testemunha que o historiador não se encerra numa torre de marfim. Bloch trás um novo paradigma. É preciso compreender o passado a partir do presente e compreender o presente à luz do passado. É este vaivém perpétuo e infinito entre o passado e presente, que permite enriquecer o conhecimento das sociedades antigas e esclarecer sobre ela mesma a sociedade atual. Braudel: Os tempos da história Fernand Braudel, por sugestão de Febvre, transforma um tema de tese convencional, “A politica mediterrânica de Felipe II”, numa obra que se torna num inquérito original sobre “O Mediterrâneo na Época de Filipe II”. É uma forte mudança de perspetiva. O Mediterrâneo é a obra de uma vida. Trata-se de um livro em que a inovação metodológica fixa o “tipo- ideal” da tese para várias gerações de historiadores. Nesta obra, o personagem central não é Filipe II, mas sim o Mediterrâneo. Braudel impregnou-se da geografia humana de Vidal de la Blanche, das teses de Blanchard, que davam conta da formação das paisagens ao considerarem as evoluções históricas, da experiência de Febvre, que iniciara o diálogo entre a geografia e a história. Braudel tenciona edificar uma geo-história, nua perspetiva de colocar os problemas humanos tal como os vê, divididos no espaço e, sempre que possível cartografados numa geografia humana inteligente. Faz da tradicional geografia histórica, dedicada ao estudo das fronteiras, sem preocupação da terra, do clima, das plantas, dos animais, uma geografia humana retrospetiva. Obriga os geógrafos a prestar mais atenção ao tempo e aos historiadores, inquietaram-se com o espaço, concebendo a pluralidade das durações, chegando à distinção de um tempo geográfico, de um tempo social, de um tempo individual. Podemos dizer que Braudel fixa dos escalões. Primeiro, uma história quase imóvel, a do homem nas suas relações com o meio que o rodeia, feita muitas vezes de regressos insistentes, de ciclos sempre recomeçados. Braudel descreve as montanhas e os montanheses, com os seus costumes ancestrais; as planícies litorais com as suas águas estagnadas e os seus habitantes roídos pela malária; as “planícies líquidas”, cujas costas, ventos, correntes impõem as formas e os ritmos da navegação; as ilhas, que são escalas para os marinheiros, ninhos de piratas, focos de emigração. O tempo geográfico parece confundir-se com a eternidade; o espaço mediterrânico quase não mudou entre Augusto e Filipe II. Todavia, a impressão de permanência deve ser corrigida. Durante séculos, o clima registou variações, a vegetação degradou- se, os locais das cidades foram modificados. Assim, a observação geográfica leva a “verificar as oscilações mais lentas que a história conhece”. Um segundo escalão, com: “uma história lentamente ritmada, a história social dos grupos e agrupamentos”. Braudel desenha os eixos de comunicação terrestres e marítimos, avalia as distâncias comerciais, a dimensão dos mercados, o raio de influência dos portos. Avalia o crescimento demográfico, conta os homens e analisa a sua repartição, assinalando as regiões vazias e as cheias. Interessa-se pelos mecanismos monetários. A abundância dos metais preciosos provoca um aumento dos preços, segundo uma tendência secular, modulada por flutuações decenais. O movimento dos preços tem incidência sobre os rendimentos. Os negociantes e os senhores enriquecem, os operários e os camponeses empobrecem. Num terceiro escalão: “uma história tradicional, com oscilações breves e rápidas, não à dimensão do homem, mas do indivíduo. Apresenta os impérios, as suas instituições, populações e forças militares. Passa em revista os principais acontecimentos, não se detendo num género tão tradicional. Braudel, ao dar atenção à “história-batalha”, fez uma concessão à escola “positivista”. Como representante da escola dos Annales, relega esses acontecimentos para segundo plano. Mas em termos gerais Braudel, permanece fiel às orientações de Febvre e de Bloch, em que defende a unidade das ciências humanas e tenta fundar uma história total, mantendo a ligação entre o passado e o presente. Após a fundação da corrente dos Annales, o historiador faz-se economista, antropólogo, demógrafo, linguista. A história torna-se um dos ofícios menos estruturados da ciência social e por isso mais flexível. Passa a haver uma história económica, uma história demográfica e uma história social.