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Avaliação 1

Discente: Michelle Oliveira Lima Leal


Disciplina: Metodologia do Ensino de História II
Valor da Avaliação: 20 pontos Nota:

LAUTIER, Nicole. Os Saberes Históricos em Situação Escolar: circulação,


transformação e adaptação. In: Educação Realidade. V.36, n.1, Porto Alegre:
EDITORA, 2011. p.39-58.
RESUMO
Esse trabalho tem por objetivo apresentar as principais questões do texto Os
Saberes Históricos em Situação Escolar: Circulação, transformação e adaptação a
partir de um resumo. Nesse sentido, o texto em questão é um artigo publicado na revista
Educação e Realidade no ano de 2011. O texto tem por objetivo compreender os
processos cognitivos presentes na aprendizagem histórica, a partir da análise do ensino
em sala de aula e também em instituições de graduação. A autora do artigo é a francesa
Nicole Lautier, que realiza pesquisas sobre ensino e aprendizagem a partir do campo da
história e da psicologia social, atuando profissionalmente como professora efetiva da
Universidade de Picardie Jules Verne, na França.
No primeiro momento do texto, Lautier descreve sobre os saberes escolares, os
definindo como uma construção que envolvem processos complexos que vão além da
transmissão de conhecimento entre professor e aluno, isso porque essa relação não é
unilateral, ou seja o aluno não é passivo e o professor não é o detentor de conhecimento
que apenas transmite informações. A autora aponta que há poucos estudos para entender
a didática das Ciências Sociais e Humanas e critica a perspectiva de alguns estudos que
privilegiam apenas áreas relacionada ao âmbito econômico.
Em seguida, Nicole Lautier ressalta que os conhecimentos históricos ensinados
devem cumprir a função de atender a diversos aspectos, incluindo não apenas as
avaliações tradicionais do ensino, como também a formação crítica e cidadã do aluno.
Como mencionado anteriormente, a autora aponta que os saberes escolares são um
processo de construção complexo. Nesse sentido, após essa afirmação, ela aponta que
ocorreu uma mudança no ensino após a década de 1970, pois até esse momento a função
do professor estava atrelada a ideia de transmissão de informações.
Para a introdução primeiro subtópico do texto denominado de Uma
Compreensão Fenomenológica da História Amplamente Compartilhada, Lautier
restringe o tema abordado de saberes escolares para descrever acerca dos saberes
históricos, que é o foco principal do texto. Desse modo, a autora afirma que não existe
diferença de compreensão fenomenológica entre o aluno iniciante da aprendizagem
histórica e o historiador. Para ela apesar de haver relações diferentes com o
conhecimento histórico de acordo com o objetivo de cada grupo, ambos utilizam
aspectos cognitivos comuns, pois estabelecem relações com os homens do passado para
compreender a história e estabelecem proximidades com sua realidade atual.
Assim, o primeiro tópico citado é divido em dois subtópicos: Uma Compreensão
Narrativa e Uma Compreensão pelo Mundo Familiar, neles a autora desenvolve sobre
as características comuns entre os diferentes grupos para adquirir o conhecimento
histórico. A compreensão da narrativa corresponde a entender os acontecimentos
históricos a partir dos fatos, pensando neles a partir de um sentido mais abrangente, já a
compreensão pelo mundo familiar corresponde a associar os fatos históricos com o a
realidade atual do sujeito, se colocando no lugar do outro e assimilando os fatos do
passado com o do presente.
No tópico seguinte As Modalidades de Compreensão e Apropriação da
História pelos Alunos, Nicole Lautier faz uma associação entre a História e o campo da
Psicologia Social, desenvolvendo sobre os aspectos cognitivos utilizados para a
compreensão dos saberes históricos. Ela divide em três aspectos, Interpretação
Figurativa, Metáforas e Analogia. Ambos são recursos utilizados para o
desenvolvimento dos saberes históricos. A interpretação figurativa, por exemplo, é a
associação de fenômenos históricos por meio da interpretação de imagens, já as
metáforas é a comparação de um fenômeno com outro, utilizando desde palavras, frases,
até mesmo as imagens. Já o recurso da analogia, a autora classifica em dois tipos:
analogia passado-presente e analogia passado-passado, em que são mobilizados recursos
do presente, ou com o passado, para estabelecer uma relação com os acontecimentos
históricos. Assim, Lautier introduz o tópico seguinte, afirmando que essas relações não
são apenas de caráter individual, mas também estão relacionadas com a memória
coletiva.
A autora expõe dois conceitos utilizados no campo da memória, o de sótão e o
de gerador, dialogando com o autor Jodelet (1992). Esses conceitos se referem ao uso da
memória por meio de ideias já pré estabelecidas e o da geração de novas ideias por meio
da organização de memórias anteriores, relacionando com o tempo presente e
desenvolvendo novas ideias. Além disso, Nicole Lautier pontua que existe uma maior
dificuldade para a compreensão de fenômenos históricos se caso o individuo não
consiga relacionar com experiências vivenciadas ou conhecidas, tendo em vista que o
conhecimento é adquirido por meio da relação entre os saberes de cada um e o meio
social.
Após feito um balanço das características comuns da aprendizagem histórica
entre um estudante inicial e o historiador, a autora diferencia o grau de domínio do
conteúdo em que cada um terá e também as questões que serão feitas. Outro aspecto
levantado por Lautier é que existe diferença entre os estudantes da mesma idade, tendo
em vista que os aspectos cognitivos se desenvolvem em diferentes níveis em cada
indivíduo.
Para argumentar sobre essas diferenças na aprendizagem da história, a autora
elenca três fatores: o domínio da linguagem; a imagem de si enquanto aluno, as esperas
ligadas ao contrato didático. Sobre esses três fatores a autora argumenta que a
compreensão e absorção da aprendizagem histórica varia de acordo com a facilidade dos
estudantes de ter domínio com a linguagem, seja ela escrita, oral, imagética, pois
existem diversas maneiras de se relacionar com a história. Além disso, a visão que o
aluno tem de si mesmo influencia em como ele se relaciona com os conteúdos, tendo em
vista que se ele se define como “fracassado”, ele terá mais possibilidade de ter
dificuldades com os conteúdos. E a respeito do último fator, é importante ressaltar que
aluno precisa se enxergar como agente no processo de ensino-aprendizagem e não
esperar respostas prontas, pois isso dificulta seu desenvolvimento crítico.
A última parte do texto denominada As Práticas Docentes: desafios identitários,
Nicole Lautier desenvolve sobre o papel do professor e acerca do espaço escolar. Ela
define a escola como um espaço em que se produz conhecimento e não só se aplica.
Segundo a autora “A sala de aula é o lugar legitimo para elaborar conhecimentos mais
formalizados, para escolher, classificar, reorganizar as informações propostas por todos
os outros canais de vulgarização.” (LAUTIER, 2011, p.50).
Lautier constrói a ideia de que os professores constroem sua identidade a partir
de suas práticas em sala de aula e que para a que o aluno tenha um papel ativo, a
didática do professor tem um papel essencial nesse processo. Assim, a autora, a partir de
subtópicos, define alguns elementos capazes de auxiliar nessa didática e faz críticas
acerca dos processos pré impostos para o ensino de história.
A autora argumenta que o papel do professor de história é muito complexo,
tendo em vista que a disciplina está atrelada com diferentes aspectos, entre eles, o
ensino de história, aos questionamentos relacionados a memória coletiva e a reflexão
sobre o papel de cidadão. Ainda, ela faz uma crítica ao papel esperado de exatidão da
história, que muitas vezes limita ao conhecimento, pois não abrange diferentes
perspectivas dos fatos. Acerca do subtópico Ajustes Inéditos, Lautier relata sobre o uso
de documentos em sala de aula e aponta as vantagens, mas também os cuidados de se
inserir a tecnologia na sala de aula, sendo necessário que os alunos aprendam a fazer
questões para a vasta quantidade de informações recebidas, e a partir disso selecionar,
questionar e classificar.
Ademais, são expostas outras formas de práticas do docente no ensino de
história. Entre elas a utilização de comparação, em que a autora aponta que apesar de
relacionar o presente com o passado ser um procedimento que faz com que os alunos
possam assimilar melhor o conteúdo, pois dialoga com a sua realidade, é também
necessário que se tenha cuidado com cometer anacronismos, mas ressalta que esse
processo também é essencial para que o aluno faça questionamentos e reflita sobre essas
relações entre presente e passado.
Para finalizar, Nicole Lautier aborda sobre os inúmeros conceitos existentes no
campo da história, a partir de entrevistas com professores do ensino básico, e relata as
especificidades desses conceitos em cada momento histórico, mas que em alguns casos
a generalização de alguns termos e a contextualização e posteriormente a representação
deles permite que os alunos compreendam melhor os conteúdos propostos. Entretanto,
ela ressalta a importância do professor de construir questões para que as dúvidas sejam
sanadas e não sejam cometidos equívocos. Desse modo, a autora reforça o papel do
professor no ensino de história e na construção do papel ativo dos alunos.

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