IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE, E. P. Antes destas reformas, os OCI existentes ao nível central
e provincial actuavam de um modo geral isoladamente e eventuais
acções de coordenação eram realizadas em função da sensibilidade
AVISO dos respectivos dirigentes, relativamente à interacção que deve
A matéria a publicar no «Boletim da República» deve ser remetida existir entre os vários sectores.
em cópia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde Deste modo, competia somente à Inspecção-Geral de Finanças
conste, além das indicações necessárias para esse efeito, o averbamento
(IGF) realizar acções de inspecção e/ou auditoria de natureza
seguinte, assinado e autenticado: Para publicação no «Boletim
da República». financeira e à Inspecção-Geral Administrativa do Estado
realizar acções de inspecção e/ou sindicância relativamente aos
procedimentos administrativos dentro de toda a extensão no
Aparelho do Estado. Embora ambas sejam de natureza vertical
e horizontal, a sua actuação era insuficiente e pouco abrangente,
SUMÁRIO considerando a dimensão do país e a limitação de recursos
humanos, materiais e financeiros disponíveis para o efeito.
Ministério da Economia e Finanças: A Lei do SISTAFE conjugada com o Decreto n.º 23/2004,
Diploma Ministerial n.º 10/2021: de 20 de Agosto, que a regulamenta, instituí cinco subsistemas,
Aprova o Manual de Auditoria Interna. de entre os quais o Subsistema de Controlo Interno (SCI),
que compreende um Colectivo de Inspectores-gerais (CIGE),
órgão de coordenação e de apoio à entidade de supervisão com
vista a assegurar a observância dos princípios orientadores
das actividades de controlo financeiro e garantir o adequado
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS funcionamento do subsistema.
Um dos objectivos estratégicos do SCI é promover
Diploma Ministerial n.º 10/2021 o desenvolvimento profissional, de modo a que se apliquem as
normas de auditoria geralmente aceites e as melhores práticas
de 25 de Janeiro
de auditoria utilizadas a nível internacional. O presente Manual
Tornando-se necessário, no âmbito da reforma dos processos Básico de Auditoria Interna, adiante designado por Manual,
de Auditoria Interna, aprovar um instrumento orientador para contribui para o desenvolvimento profissional e a harmonização
todos os integrantes do subsistema de Controlo Interno, que do SCI.
estabeleça as regras, princípios e conceitos que uniformizam
a sua actuação e promova uma maior aderência as práticas 1.2. Objectivos do Manual
internacionalmente aceites, ao abrigo dos n.ºs 7 e 8 do artigo O presente manual visa os seguintes objectivos fundamentais:
6 do Regulamento do Sistema de Administração Financeira a) Harmonizar as práticas e procedimentos de auditoria
do Estado – SISTAFE, aprovado pelo Decreto n.º 23/2004, interna no seio do SCI;
de 20 de Agosto, determino: b) Dotar os técnicos integrantes do SCI de conhecimentos
Artigo 1 . Ė aprovado o Manual de Auditoria Interna, em
básicos para avaliar e melhorar a eficácia dos processos
anexo, que é parte integrante do presente Diploma Ministerial.
de gestão de risco, controlo e de governança.
Art. 2. O presente Diploma Ministerial entra em vigor na data
da sua publicação. 1.3. Aplicação e Revisão do Manual
Maputo, 8 de Agosto de 2019. – O Ministro da Economia Este manual é aplicável a todos os OCI e descreve
e Finanças, Adriano Afonso Maleiane. os procedimentos gerais de auditoria interna em uso nas
instituições do Estado.
Compete a IGF na qualidade de Unidade de Supervisão (US)
do SCI, nos termos do Artigo 32 do Decreto n.º 23/2004, de 20 de
Aspectos Gerais
Agosto, segundo redacção introduzida pelo Decreto n.º 6/2017,
1.1. Introdução de 6 de Março, normalizar o funcionamento e actividade do SCI
O processo de implementação dos Órgãos de Controlo Interno através de diversos instrumentos, dentre os quais o manual, cuja
(OCI) em Moçambique conheceu alguns avanços a partir da aprovação e revisão deve ser por meio de Diploma Ministerial.
introdução das reformas na Administração Financeira do Estado, É da responsabilidade da IGF divulgar os procedimentos
com a aprovação da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, Lei do descritos neste manual e capacitar os auditores internos na sua
Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE). utilização.
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O manual será revisto, actualizado e desenvolvido, tendo em estabelecer normas objectivas em face das quais os indivíduos
conta a evolução da actividade de auditoria interna e do SCI, podem medir seu próprio desempenho (observância) e comunicar
as mudanças da legislação interna e internacional, da metodologia, os valores da organização a terceiros.
bem como avanços tecnológicos. Existem quatro princípios típicos de um código de ética,
designadamente:
1.4. Enquadramento Legal da Auditoria Interna
a) Integridade – consiste na recusa em comprometer
De acordo com o Artigo 63 da Lei do SISTAFE, compete aos
valores profissionais em troca de vantagens pessoais.
órgãos ou entidades que integram o SCI exercer as actividades
Pressupõe o desempenho dos deveres profissionais de
de verificação da aplicação dos procedimentos estabelecidos
acordo com a legislação aplicável.
e o cumprimento da legalidade, regularidade, economicidade,
b) Objectividade – consiste em fornecer informações
eficiência e eficácia tendo em vista a boa gestão na utilização
imparciais às partes interessadas e pressupõe
dos recursos colocados à disposição dos órgãos e instituições
compromisso com a independência em relação a
do Estado.
conflitos de interesse económico ou profissional.
Nestes termos, os OCI exercem actividade de auditoria interna
c) Confidencialidade – pressupõe na recusa em utilização
com vista a:
de informações da organização para obtenção de
a) Fiscalizar a correcta utilização dos recursos públicos vantagens particulares.
e a exactidão e fidelidade dos dados contabilísticos; d) Competência – assenta no compromisso de adquirir
b) Garantir através da fiscalização a uniformização e manter um nível adequado de conhecimento
da aplicação das regras e métodos contabilísticos; e e habilidade.
c) Verificar o cumprimento das normas legais
e procedimentos aplicáveis. 1.6.2. Aplicação do Código de Ética
A auditoria interna rege-se pelos princípios e normas das O Código de Ética do IIA é amplamente aplicável a todas as
organizações internacionais, nomeadamente The Institute of organizações e pessoas que realizam actividades de auditoria
Internal Auditors (IIA). interna, não somente aos membros do IIA ou auditores
certificados. Para transmitir uma cultura ética e preservar os seus
1.5. Estrutura do SCI valores profissionais, as unidades de auditoria interna do SCI
Integram o SCI todos os órgãos e entidades do Estado com subscrevem e adoptam o Código de Ética do Instituto de Auditores
atribuições de intervenção na auditoria bem como as respectivas Internos (IIA) que constitui o Anexo I do presente manual, dele
normas, tornando, por conseguinte, o presente manual parte do fazendo parte integrante.
SCI. Para ser eficaz, um código de ética deve prever medidas
O SCI está estruturado em três níveis funcionais, disciplinares. As violações ao Código de Ética pelos auditores
designadamente, Unidade de Supervisão (US), Unidades internos devem ser comunicadas aos gestores das respectivas
Intermédias (UI) e Unidades Gestoras Executoras (UGE), unidades de auditoria interna e tratadas adequadamente.
cujas competências estão descritas nos artigos 32, 33 e 34, 1.7. Estatuto ou Regulamento da Actividade de Auditoria
respectivamente do Regulamento do SISTAFE, segundo redacção Interna
introduzida pelo Decreto n.º 6/2017, de 06 de Março, que podem
O Estatuto de auditoria interna é por vezes referenciado como
ser resumidas nos seguintes termos:
Carta de Auditoria Interna ou Regulamento de Auditoria Interna.
a) As US são entidades responsáveis pela orientação, Segundo o IIA, “é um documento formal que define o propósito, a
supervisão, avaliação, fiscalização e normalização do autoridade e a responsabilidade da actividade de auditoria interna.
SCI, bem como estabelecer a ligação com o CIGE. O estatuto de auditoria interna:
A US consolida as propostas da Programação do
• Estabelece a posição da actividade de auditoria interna
Controlo Interno (PCI) e submete à aprovação do
dentro da organização, incluindo a natureza da relação
Ministro que superintende a área de Finanças;
funcional do Auditor-Chefe (ou equiparado) com a
b) As UI são as entidades que exercem a coordenação das
gestão de topo da organização;
UGE a elas vinculadas, considerando os procedimentos
• Autoriza o acesso aos registos, aos funcionários e às
da sua responsabilidade estabelecidos pelas US. As UI
propriedades físicas relevantes ao desempenho do
fazem a consolidação intermédia da proposta de PCI
trabalho da auditoria; e,
e enviam-na a US do SCI;
• Define o âmbito das actividades de auditoria interna.
c) As UGE são os órgãos e instituições do Estado que têm
basicamente a competência de executar auditorias e A aprovação final do estatuto de auditoria interna é de
fiscalizações previstas na PCI nas Unidades Gestoras responsabilidade da entidade competente (cf. IIA-Norma 1000:
Beneficiárias (UGB) a elas vinculadas. interpretação).
Para garantir o exercício da sua função com a autoridade e
Para coordenar as actividades do SCI foi estabelecido o
o grau de independência desejados, a actividade da auditoria
CIGE que é composto pelo Inspector-Geral de Finanças, que
interna necessita de apoio expresso da gestão de topo. Esse apoio
o preside, Inspector-Geral de Administração Pública, todos os
exprime-se através de aprovação de um Estatuto de Auditoria
Inspectores-Gerais Sectoriais e os demais representantes das
Interna e de todos os documentos e decisões necessários para
unidades vinculadas ao SCI.
o exercício da actividade, conforme determinados no referido
1.6. Código de Ética estatuto, nomeadamente:
1.6.1. Objectivos e Componentes do Código de Ética a) O plano das actividades de auditorias baseado em risco;
O objectivo principal de um código de ética para uma b) O orçamento das auditorias e o plano de recursos;
organização profissional é promover uma cultura ética entre c) As comunicações do Auditor-Chefe (ou equiparado)
os profissionais. Adicionalmente, o código de ética serve sobre o desempenho do plano das auditorias internas
para comunicar os valores aceitáveis para todos os membros, e outros assuntos; e,
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1.8.3. Definição da Auditoria Interna acesso a todos os registos, pessoal e propriedades relevantes para
De acordo com o IIA, Auditoria interna é uma actividade de o desempenho de cada trabalho. A autoridade consegue-se através
avaliação e consultoria, independente1 e objectiva 2, destinada a do apoio expresso da gestão de topo e do conselho.
acrescentar valor e melhorar as operações da organização. Assiste Responsabilidade - a actividade de auditoria interna deve
à organização na consecução dos seus objectivos, através de uma fornecer serviços de avaliação e consultoria que agregam valor
abordagem sistemática e disciplinada, na avaliação dos processos e melhoram as operações da organização. Especificamente,
da eficácia da gestão de risco, do controlo e de governança.
A definição de auditoria interna do IIA integra três aspectos a auditoria interna deve avaliar e melhorar a eficácia dos processos
fundamentais, designadamente o propósito (ou objectivo), a de governança, gestão de riscos e controlos da organização.
autoridade e a responsabilidade da actividade de auditoria 1.8.4. Diferenças entre Auditoria Interna e Auditoria
interna.
Externa
O propósito da actividade de auditoria interna é fornecer
serviços de avaliação e consultoria independentes e objectivos Embora os trabalhos realizados pela auditoria interna e externa
com o intuito de acrescentar valor e melhorar as operações da recorram muitas vezes às mesmas técnicas, existem diferenças
organização. específicas que distinguem uma da outra. O quadro abaixo resume
Autoridade – a actividade de auditoria interna deve ter poderes
suficientes para exigir que as entidades auditadas concedam as diferenças básicas entre a auditoria interna e a externa.
1.8.5. Cooperação entre Auditoria Interna e Auditoria 1.8..6. Auditoria Informática como Mecanismo de Apoio
Externa à Função Financeira
Apesar de a auditoria interna e externa terem papéis diferentes, No âmbito das suas actividades, a auditoria dos sistemas de
as suas funções muitas vezes se complementam. Neste contexto, informação (SI) informatizados tem de incluir nos seus objectivos
os auditores internos e externos cooperam: assegurar um funcionamento inflexível e devidamente controlado
da função financeira (Carneiro, 2001, p. 202).
• Fornecendo pontos de vista e opiniões profissionais no
O objectivo fundamental é a avaliação dos dispositivos
desenvolvimento das respectivas funções;
de controlo e de auditabilidade das aplicações financeiras,
• Partilhando informações e conhecimentos acerca da como forma de garantir que todas as transacções se processem
entidade; correctamente, mantendo a integridade das suas informações.
• Participando nas auditorias às demonstrações financeiras; Numa auditoria a função financeira, os profissionais de
• Partilhando procedimentos e metodologias de auditoria auditoria concentram a sua atenção nas seguintes áreas:
financeira, e
• Controlos-chave;
• Fornecendo assessoria profissional. • Origem das transacções;
1
De acordo com a interpretação da norma 1100 do IIA, independência é a imunidade quanto às condições que ameaçam a capacidade da actividade de auditoria interna de conduzir as
responsabilidades de auditoria interna de maneira imparcial.
2
A objectividade é uma atitude mental imparcial que permite aos auditores internos executarem os trabalhos de auditoria de maneira a confiarem no resultado de seu trabalho e que não
seja feito nenhum comprometimento da qualidade.
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• Entrada de dados e respectiva natureza; O Coso ERM 2017 expande as categorias de objectivos de 3
• Metodologia de processamento; para 4 e os componentes de controlo de 5 para 8.
• Dados de saída e/ou informações finais. Canadá
Neste domínio, o auditor considera como sendo riscos Orientações de Controlo é mais conhecida pela abreviatura
inaceitáveis, a inserção ou eliminação de dados após o CoCo derivada do seu título original Critérios de Controlo
processamento e a sua duplicação no processamento ou na em inglês “Criteria of Control”. Foi publicado em 1995 pelo
transmissão, por tanto, deverá recomendar procedimentos de Canadian Institute of Chartered Accauntants (CICA), actual
controlo que reduzam estes riscos ou então anulem. CPA Canadá.
1.9. Controlo Interno Segundo Sawyer (2005, 67), o modelo CoCo é o mais
1.9.1. Conceito compreensível. É orientado para procedimentos de auditoria
interna e serve de guião para actividades de auditoria interna.
O conceito de auditoria interna está intimamente ligado ao Inclui 20 critérios agrupados em 4 componentes,
conceito de controlo interno. O auditor interno avalia o controlo designadamente (1) Propósito (finalidade), (2) Compromisso,
interno, porém é a gestão da entidade que é responsável pelo (3) Capacidade e (4) Monitorização e aprendizagem.
mesmo.
O IIA define controlo como “qualquer acção empreendida Reino Unido
pelo conselho, pela gestão ou quaisquer outras entidades para a) Relatório Cadbury – Foi publicado em 1992 pelo
aperfeiçoar a gestão do risco e melhorar a possibilidade do alcance The Committee on the Financial Aspects of Corporate
dos objectivos e metas da organização. A gestão planeia, organiza Governance do Reino Unido e recomenda as melhores
e dirige o desempenho de acções suficientes para assegurar com práticas para a organização, direcção e sistema
razoabilidade que os objectivos e metas sejam alcançados”. de prestação de contas duma empresa, com vista
O modelo COSO (Comité de Organizações Patrocinadoras a mitigação do risco de governança corporativa e falhas.
da Comissão Treadway) é um dos modelos de controlo interno Estas práticas incluem a exigência de que o Presidente
mais aceite internacionalmente. De acordo com este modelo o do Conselho de Administração (PCA) e o Director
controlo interno é “um processo levado a cabo pelo Conselho Executivo sejam pessoas distintas.
de Administração, Direcção e outros membros da organização, b) Controlo Interno: Orientações para Directores Sobre
com o objectivo de proporcionar um grau de confiança razoável o Código Conjunto, conhecido também por Relatório
na concretização dos objectivos operacionais, de reporte e Turnbull, foi publicado pelo Financial Reporting
conformidade”. Council (FRC) do Reino Unido em 1999 e republicado
Assim, Controlo Interno entende-se que é o conjunto de em 2010 como Controlo Interno: Guia para Directores
regras, normas, processos e procedimentos adoptados pela Sobre o Código Conjunto Revisto.
gestão de uma entidade para permitir o alcance dos objectivos Na essência o Guia para Directores Sobre o Código Conjunto
de gestão, e assegurar, tanto quanto for possível, a metódica e Revisto informa a estes, sobre as suas obrigações em relação
eficiente conduta das suas atribuições e competências, incluindo a ao Código Combinado, com vista a manutenção de um bom
aderência às suas políticas, a salvaguarda dos activos, a prevenção controlo nas suas empresas ou obrigatoriedade de realizar-se
e detecção de fraudes e erros, a precisão e plenitude dos registos boas auditorias e verificações para garantir uma boa qualidade
contabilísticos bem como a atempada preparação de informação dos relatórios financeiros e detecção de fraudes, antes que estes
financeira e de gestão fiável. se transformem em problemas para a empresa.
A responsabilidade pela concepção, definição e implementação
dos Controlos Internos é da Gestão da entidade em todos os níveis. 1.9.3. Modelos de Controlo Aplicáveis à Tecnologia
Ao auditor interno cabe a responsabilidade de avaliar a de Informação
existência, a operacionalidade, a eficácia e a eficiência desses a) O COBIT (Control Objectives for Information and
controlos. Related Technologies) é o modelo corporativo para a
governança de tecnologias de informação. Foi criado
1.9.2. Modelos Integrados de Controlo Interno
pela ISACA (Information Systems Audit and Control
Em resposta a ocorrência de escândalos financeiros em grandes Association) em 1996, e com o evoluir dos sistemas
firmas, várias organizações em diversos países se empenharam em de informação e a massificação do seu uso, o COBIT
criar modelos integrados de controlo interno, visando assegurar sofreu muitas alterações, resultando em publicação
que as organizações consideram todos os aspectos relevantes do de várias edições até a mais actual COBIT 5 de 2012.
controlo interno. O COBIT 5 possui cinco princípios fundamentais,
Os modelos integrados de controlo interno mais conhecidos designadamente:
são: • Satisfazer necessidades das partes interessadas;
Estados Unidos da América • Cobrir a organização por inteiro;
a) Controlo Interno – Estrutura Integrada, mais • Aplicar uma estrutura única integrada;
conhecido por COSO, foi publicado em 1992 pelo • Possibilitar uma visão holística;
Comité de Organizações Patrocinadoras (COSO) da • Separar Governança da gestão.
Comissão Tradeway. Foi aprimorado e republicado
b) eSAC (Electronic System Assurance and Control) é
em 1994 e reformulado em 2013.
o modelo integrado de controlo alternativo aplicado à
O COSO 2013 Inclui 3 categorias de objectivos de controlo, governança de tecnologia de informação, criado pela
79 pontos focais de controlo agrupados em 17 Princípios Fundação de Pesquisa do IIA primeiro em 1977 e foi
fundamentais, e estes distribuídos em 5 componentes. aprimorado e reeditado em 1991 e revisto em 1994.
b) Gestão de Risco Empresarial (ERM) – Estrutura O eSAC foi criado sob pressuposto de que os processos
Integrada, também conhecido por COSO ERM, é uma internos da entidade aceita informações e produzem informações,
expansão da Estrutura de Controlo Interno (COSO), ou seja, está focado nas informações de entrada (missão, valores,
adaptado a gestão de risco empresarial. Foi publicada estratégias e objectivos) e informações de saída (resultado,
em 2004, e actualizado em 2017. reputação e aprendizagem) (Gleim, 2016).
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Influenciado pelo modelo COSO, os objectivos do eSAC • O sistema organizacional e administrativo – regulamentos
incluem: e segregação das funções;
• Eficácia e eficiência operacionais; • O sistema político – a gestão política e as acções da
• Geração de relatórios de informações financeiras e outras Direcção/Gestão;
administrativas; • O sistema técnico – sistemas informáticos, programas,
• Conformidade com as leis e regulamentos, e etc.
• Protecção dos activos. Para o auditor interno, uma análise ou observação do ambiente
1.9.4. Modelo COSO do controlo interno da entidade auditada pode indicar as áreas
De entre os vários modelos integrados de controlo interno, este com fraquezas no controlo.
Manual vai-se debruçar sobre o Controlo Interno – Estrutura A gestão é responsável pela definição dos padrões dos
integrada ou simplesmente COSO (edição de 2013 actualmente comportamentos éticos ajustados a filosofia da instituição e o
em vigor), por ser o modelo mais amplo e aceite. auditor avalia os níveis de aderência a esses comportamentos.
1.9.4.1. Categorias de objectivos de controlo 1.9.4.2.2. Avaliação de risco
O Modelo Coso estabelece controlo visando alcançar três Risco pode ser definido como a possibilidade de ocorrência
categorias de objectivos: de um evento que tenha um impacto no alcance dos objectivos
a) Objectivos Operacionais – são relacionados com a da organização. O risco é medido em termos de impacto e
eficácia e eficiência das operações, incluindo metas de probabilidade de ocorrência.
desempenho financeiros e operacionais e a salvaguarda A possibilidade de ocorrência de eventos benéficos, i.e.,
de activos; que afecta positivamente o alcance dos objectivos chama-se
b) Objectivo de Reporte (divulgação) – são relacionados oportunidade ao passo que a possibilidade de ocorrência de
a comunicação de informações financeiras e não eventos nefastos ao alcance dos objectivos da organização,
financeiras, internas e externas, e podem incluir os chama-se risco.
requisitos de fiabilidade, oportunidade, transparência O controlo interno trata de mapear, analisar, classificar os
e outras exigências estabelecidas pelas autoridades riscos existentes e tomar medidas para a sua mitigação. Porém,
normativas, reguladores, normas ou políticas um certo nível de risco tem que ser aceite, quando não for possível
internas; e
c) Objectivos de Conformidade – relacionam-se ao ou económico a implementação dos controlos.
cumprimento de leis e regulamentações às quais a A avaliação do risco é crucial tanto para os gestores como para
entidade está sujeita. auditores internos. Os auditores internos devem compreender o
processo e os instrumentos de avaliação de risco.
1.9.4.2. Componentes do COSO A gestão de risco, de acordo com o modelo COSO é “um
Segundo o COSO, o controlo interno consiste em cinco processo”:
componentes integrados, designadamente (1) Ambiente de • Efectuado pela alta direcção, gestores e outro pessoal de
controlo; (2) Avaliação do risco; (3) Actividades de controlo
interno; (4) Informação e comunicação e (5) Actividade de uma entidade, aplicado na definição da estratégia e em
monitorização. toda a organização;
• Desenhado para identificar potenciais eventos que
1.9.4.2.1. O Ambiente de controlo possam afectar o alcance dos objectivos da entidade,
O ambiente de controlo é o “clima” que se estabelece e determinar a base da gestão do risco no nível da sua
dentro da organização e que deve ter como ponto de partida o apetência para o risco;
comportamento ético dos próprios órgãos dirigentes. O ambiente • Para providenciar garantias razoáveis em relação ao
interno da organização é uma das componentes chave do controlo alcance dos objectivos dessa entidade”.
interno e está relacionado com a filosofia da organização,
definindo a base como a organização encara e lida com o risco, Identificados os riscos, as organizações deverão analisa-los,
incluindo a filosofia da gestão de risco, a apetência para o risco, considerando a sua probabilidade de ocorrência e impacto, e em
integridade e valores éticos e o ambiente em que estas variáveis seguida, determinar como estes riscos deverão ser geridos.
operam. A gestão deverá responder aos riscos constatados, determinando
O ambiente de controlo é formado pelos dirigentes estratégias e desenvolvendo um conjunto de acções para alinhar
e funcionários e a interacção destes em todos os níveis da os riscos com a tolerância e apetência da organização para o risco.
organização. A gestão de risco deve ser implementada em todos os níveis da
Numa organização existem sistemas formais e informais, organização.
por isso é importante promover um ambiente onde exista uma Identificar e analisar os riscos é um processo contínuo, e visa
consciencialização das normas e valores éticos vigentes, dos prevenir os eventos indesejáveis antes que ocorram ou antever
objectivos e das metas a serem atingidas e dos regulamentos eventos positivos (oportunidades), que podem ser melhor
a serem seguidos. aproveitados para a realização dos objectivos da organização.
O ambiente interno é o fundamento em que os outros
componentes de controlo interno estão dependentes. Um ambiente Na análise do risco, têm que ser considerados os seguintes
de controlo favorável é um pré-requisito para um bom controlo factores com impacto nos riscos: existência de objectivos
interno. SMART3, nível de competência do pessoal, mudanças na
Para influenciar o ambiente de controlo é necessário legislação e resultados das auditorias prévias.
desenvolver os seguintes aspectos: i. Tipos de risco
• O sistema social – a experiência e competência do pessoal, Os riscos podem ser agrupados conforme a sua origem ou
atitudes e valores, o clima organizacional e a gestão; conforme a categoria dos objectivos em que têm impacto.
3
Específicos (Specific), Mensuráveis (Measurable), Realizáveis (Achievable), Confiáveis (Reliable) Medidos no tempo (Time-bound).
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Quanto a origem podem ser: Riscos externos são os que resultam de decisões tomadas por
actores externos ou associados a ocorrência de eventos externos à
Riscos internos são aqueles que resultam da possibilidade de
organização, portanto, normalmente fora do alcance dos controlos
ocorrência de eventos ligados a factores internos com impacto desta. Podem ser agrupados, segundo a sua natureza, em riscos
no alcance dos objectivos da organização. São factores que a económicos, financeiros, legais, sociais, políticos ou naturais.
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organização temMANUAL BÁSICOde
a possibilidade DEosAUDITORIA INTERNA
controlar. São exemplos: Riscos do meio envolvente – são riscos resultantes de eventos
a fiabilidade do sistema de informação financeira da organização, externos à organização, mas que podem ser influenciados por
esta. São exemplos: concorrência; inexistência de mão-de-obra
a custódia dos activos (dinheiro, inventários, combustíveis) e a
qualificada, défice de oferta de matéria-prima ou mercadoria, ou
experiência, a competência e as metodologias do pessoal. baixa procura dos produtos acabados.
Risco
dos
Risco dos
Fornecedores
Riscos internos Clientes
ou
Controláveis
Cidadãos
Risco da
Concorrência
Quanto aos objectivos afectados: Essa classificação possibilita um enfoque nos aspectos
É inconcebível proceder a avaliação do risco de uma distintos da gestão de riscos de uma organização. Apesar de
organização desconhecendo os objectivos, cujo alcance pode essas categorias serem distintas, elas se inter-relacionam, uma
estar em causa. Neste contexto, em alinhamento à abordagem do vez que determinado objectivo pode ser classificado em mais de
COSO, os riscos podem ter impacto nos objectivos estratégicos, uma categoria, tratam de necessidades diferentes da organização
e podem permanecer sob a responsabilidade directa de diferentes
operacionais, de conformidade ou de reporte.
executivos.
Riscos de operações são os riscos associados às operações
ii. Estratégia de gestão de risco
da organização no seu quotidiano em todos os aspectos,
relacionados a salvaguarda e utilização eficiente e eficaz Na gestão de riscos, as organizações adoptam uma estratégia
dos recursos. adequada, que inclui identificação de eventos, análise de risco
Riscos de conformidade são os riscos associados avaliando a probabilidade de ocorrência e o impacto, considerando
aos objectivos de conformidade. Por exemplo, a a sua condição inerente e residual e resposta aos riscos, tendo em
possibilidade de incumprimento de leis, normas, manual conta a política de apetência do risco da organização.
de procedimentos. Assim, diversos níveis de riscos podem ser apurados,
Riscos de reporte são riscos associados a fiabilidade da em resultado de diferentes combinações de probabilidade
informação financeira, dos relatórios de gestão ou de de ocorrência e o impacto do risco sobre os objectivos
inventários. da organização, conforme a matriz.
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MANUAL BÁSICO DE AUDITORIA
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IMPACTO
Média E AxE BxE CxE
Uma resposta adequada ao risco deverá ser dada conforme o exposição vs. custo de protecção. O Modelo COSO identifica
seu nível e à apetência da organização ao risco (nível de risco quatro estratégias de resposta aos riscos designadamente, (1)
que a organização está disposta a aceitar), considerando a função evitar, (2) reduzir, (3) compartilhar e (4) aceitar:
y
Risco Custo
Valor
Objectivo
Desperdício
b
Ausência de
Cobertura
a x
Grau de Protecção
Nota: Implementar mais protecção para além do nível a (nível A auditoria como uma actividade de consultoria com vista
de apetência) resultará em desperdício de recursos, uma vez que a adicionar valor e melhorar as operações da organização deve
o benefício será sempre menor que o custo. Em contrapartida, proceder a avaliação sistemática e disciplinada para aferir sobre
manter a protecção abaixo do nível do apetite (a), resultará em a eficácia e eficiência dos processos na gestão de riscos.
áreas sem cobertura de controlos (maior exposição ao risco).
1.9.5. Classificação de Controlos
1.9.4.2.3. Actividades de controlo interno Os controlos podem ser classificados conforme a (1)
As actividades de controlo interno são acções desenvolvidas importância/papel, (2) função, (3) tempo de acção e (4) Modo
com vista a redução ou eliminação dos riscos. As actividades de funcionamento.
de controlo deverão ser desenvolvidas tendo em conta os riscos
1.9.5.1. Quanto a importância ou papel que desempenham
subjacentes a cada entidade.
As actividades de controlo podem ser directas, aquelas que são a) Controlos primários
executadas com a participação dos órgãos internos da entidade, i. Controlos preventivos – são os controlos necessários
que tratam de determinados processos ou de um sistema que visa para impedir ou minimizar a ocorrência de eventos
reduzir o risco. As indirectas são executadas com a participação indesejáveis que podem inviabilizar a realização
de outras entidades públicas ou privadas, que tem como finalidade dos objectivos desenhados e esperados pela
mitigar o risco. Organização. Destinam-se a prevenir a ocorrência
1.9.4.2.4. Informação e comunicação de erros ou fraude. Trata-se de controlos que, a
Um dos pré-requisitos para um controlo interno eficiente é a priori, entrariam em funcionamento e impediriam
existência de um sistema de informação e comunicação adequado. que determinadas transacções se processassem.
A informação relevante da organização deve ser identificada, Exemplos:
obtida e comunicada, a todos os níveis, para que a gestão possa • Contratação de pessoal qualificado (evita erros por
gerir, acompanhar e relatar as operações. Sistemas de informação
incompetência);
e relatórios eficientes e eficazes são fundamentais para a boa
• Separação de responsabilidades, ex. reconciliação de
gestão.
O auditor deve estar seguro da eficácia dos controlos e facturas com os verbetes de recepção, atribuição
procedimentos de segurança existentes nos aplicativos da entidade de perfis e senhas diferentes a cada usuário do
de modo que este sistema seja um suporte adequado, no que se e-SISTAFE;
refere a geração e armazenamento de informação, apontando • Verificação da conformidade processual pelo Agente
deficiências e irregularidades que possam comprometer a de Conformidade, antes do pagamento;
segurança e o desempenho organizacional. • Controlo de acesso às instalações (impedimento de furtos);
• Procedimentos adequados para a autorização de
1.9.4.2.5. Monitorização transacções;
O objectivo da monitorização é avaliar, de uma forma contínua, • Pelo menos duas assinaturas em cheques, sendo uma
o sistema de controlo para assegurar o seu funcionamento. obrigatória, para efeitos de pagamentos;
Monitorização implica uma análise dos controlos existentes. A • Lista aprovada de fornecedores;
monitorização é feita através de actividades da gestão, avaliações • Sistema de aprovação de crédito antes da remessa
isoladas ou ambas. de mercadoria;
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• Verificação da exactidão matemática antes da aprovação i. Controlos compensatórios (ou mitigativos) – são os
de facturas para pagamento; e utilizados para reduzir o risco quando os controlos
• Sistema de controlo de inventários o qual alerta para as primários são ineficazes e que, por si só, não reduzem
falhas de stock. os riscos a um nível aceitável. (Gleim, 2016)
O auditor no processo de avaliação do sistema de controlo Exemplo:
interno da organização afere sobre a eficiência dos procedimentos/ A falta de segregação de funções pode ser compensada por
normas/critérios para a efectivação de operações/processos/ revisões sistemáticas das operações por um supervisor.
transacções. Deve, portanto, avaliar até que ponto os controlos
implantados impedem a ocorrência de eventos indesejáveis. ii. Controlos complementares – são os que funcionam em
conjunto com outros controlos para reduzir os riscos a
ii. Controlos detectivos – são os controlos que detectam
um nível aceitável, através de sinergias. (Gleim, 2016)
a ocorrência de eventos indesejados e comunicam
a pessoas apropriadas após a sua ocorrência, para Exemplo:
efectuarem o tratamento adequado. Os controlos A separação entre as funções de recebimento e as de custódia
detectivos são efectivos quando a detecção ocorre de receitas é complementada com a apresentação de talões de
antes da ocorrência de danos materiais. depósitos bancários da receita arrecadada.
Exemplos: 1.9.5.2. Quanto a função
✔ Conformidade dos actos de gestão pelo Ordenador i. Controlos Financeiros
de Despesa;
São os controlos baseados em princípios relevantes de
✔ Reconciliações bancárias; contabilidade e incluem a devida autorização, registos adequados,
✔ Dupla verificação de cálculos; protecção de bens e conformidade com as leis, regulamentos
✔ Reconciliação de extractos de contas dos fornecedores e contratos.
com os registos contabilísticos;
✔ Contagens físicas confrontadas com os registos ii. Controlos operacionais
contabilísticos; Os controlos operacionais destinam-se a actividade de
✔ Conferência das quantidades e especificações pela produção e de suporte ou a função de gestão. São baseados em
comissão de recepção de bens; princípios e métodos de gestão, uma vez que podem não ter
✔ Observação da distribuição de salários numa base critérios ou padrões estabelecidos. Controlos operacionais podem
de amostragem; e igualmente ser aplicados a funções de gestão como o planeamento,
✔ Verificação de documentos. organização, direcção e controlo. (Gleim, 2016)
Relatórios de excepção (artigos obsoletos, artigos de pouca Os controlos operacionais destinam-se a assegurar a eficácia
movimentação, etc.). e eficiência da organização.
Ao conduzir um trabalho de auditoria, o auditor deve Exemplos de controlos para obter eficácia:
identificar e avaliar a eficácia dos controlos detectivos. Aquando • Planeamento;
da realização dos trabalhos de campo, bem como durante o
• Metas e indicadores de desempenho estabelecidos
planeamento, o auditor avalia se os controlos internos montados
e realistas;
são capazes de detectar os riscos depois de ocorrer, permitindo
• Sistemas para orçamento e acompanhamento;
assim, a tomada de medidas correctivas da situação.
• Contabilização e sistemas de informação fiáveis;
iii. Controlos correctivos – são os que são implementados • Análise de desvios operacionais e financeiros;
para funcionarem quando a ocorrência de um evento indesejado • Documentação;
é detectada, e visam corrigir os efeitos negativos dos referidos
• Políticas e procedimentos.
eventos.
Exemplos de Controlos para obter eficiência da organização:
Exemplo:
• Segregação de funções, limites de autoridade;
Obrigatoriedade de justificar variação de valores entre o
planificado e o executado. • Recrutamento e selecção;
• Orientação, formação e desenvolvimento de competências;
iv. Controlos directivos – são os que causam ou incentivam • Supervisão;
a ocorrência de eventos desejáveis.
• Rotinas e procedimentos documentados, para reforçar
Exemplos: o conhecimento estruturado e não individual.
• Políticas, procedimentos, normas, orientações, A actividade de auditoria interna avalia a adequação, eficiência
• Formação, capacitação de funcionário. e a eficácia dos controlos em resposta aos riscos, no que tange a
v. Controlos de aplicação – são controlos primários confiabilidade e integridade das operações.
que se aplicam a tarefas do negócio realizadas 1.9.5.3. Quanto ao tempo de acção
por um determinado sistema, com vista a fornecer
garantia razoável de que o registo, processamento e i. Controlos retroactivos (feedback) – reportam informações
comunicação de dados são devidamente executados. sobre actividades concluídas com vista a melhoria de actividade
Incluem controlos de entrada, de processamento e de futuras com base na aprendizagem de erros do passado.
saída de dados. (Gleim, 2016). Exemplo:
b) Controlos Secundários Inspecção de qualidade de produtos acabados
Os controlos secundários servem para reforçar ou suprir ii. Controlos Concorrentes – são controlos aplicados
ineficácias de controlos primários e podem ser compensatórios a trabalhos em andamento com vista a evitar que
ou complementares. se desviem muito do padrão.
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Exemplo: Exemplo:
Supervisão de trabalhadores na linha do processo de produção. Reconciliações bancárias manuais
iii. Controlos antecipatórios (Feedfoward) – são os que ii. Controlos baseados em sistemas – são os que
são usados de forma antecipada visando prevenir normalmente operam sem a intervenção humana.
problemas futuro. Exemplos:
Exemplo: a) Vedação de processamento com sucesso de uma ordem
Políticas e procedimentos organizacionais. de pagamento, sem a concessão de conformidade do
Agente de Conformidade no e-SISTAFE;
1.9.5.4. Modo de funcionamento b) Bloqueio das contas bancárias que não apresentam
i. Controlos baseados em pessoas – são os que funcionam movimento durante um período de 6 meses,
dependentes da intervenção humana. Add a heading to your document 3
no e-SISTAFE.
MANUAL BÁSICO DE AUDITORIA INTERNA
Figura 3: F Classifi
i g u r a cação
3 : C l a sde
s i f Controlo
ic a ç ã o d e C o n tr o lo
P rev en�v os
D etec�v os
C ontrol os F inanceiros
Q uanto a f unç ã o
C ontrol os
O p eracionais
R etroac�v os
( F eedb ack )
B as eado em p es s oas
F uncionamento
B as eado em s is tema
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controlo interno, por esta (gestão) concebido e implantado, através • Sistema de informação de gestão sobre as actividades
da revisão sistemática de acordo com os padrões profissionais. planeadas e realizadas; e,
A avaliação do controlo interno deve ser realizada tendo em • Plano de gestão de riscos da entidade.
conta os objectivos e o tipo de auditoria. Existem elementos A informação que não exista sob forma documental deve
essenciais a ter em atenção quando se avalia um sistema de ser obtida junto dos responsáveis de cada área. Para o efeito,
controlo interno: poderão ser realizados inquéritos ou entrevistas (formais ou
• Definição de níveis de autoridade e delegação de informais) preparadas pelo auditor, que poderá estar munido
competências; de questionários, alinhados aos objectivos e padronizados por
• Segregação de funções; áreas a auditar.
• Ciclo do controlo das operações (ex: proposta - autorização/ b) Descrição do sistema
aprovação – execução – registo – custódia);
Em auditoria é fundamental obter a prova/evidência do trabalho
• Controlo das aplicações e ambiente dos sistemas
realizado. De entre várias, destacam-se três formas de descrever
informáticos;
um sistema de controlo interno:
• Adopção de procedimentos de conciliação e conferência
independentes; • Descrições narrativas
• Qualidade e tempestividade da informação de gestão, e, A narrativa consiste numa descrição relativamente detalhada
• Existência de uma unidade de auditoria interna. dos procedimentos e das medidas de controlo interno existentes
em cada uma das áreas operacionais a auditar, devendo incluir
1.11.1.1. Fases da avaliação do controlo interno
exemplares dos documentos mais importantes.
A avaliação do controlo interno compreende as seguintes fases:
• Fluxogramas
a) Levantamento do sistema
Fluxograma é uma representação gráfica com símbolos
Para poder avaliar os controlos, o auditor deve conhecer específicos. Na avaliação do controlo interno, o fluxograma
a natureza do negócio da organização e compreender os pode ser utilizado para visualizar os processos, funções etc. Por
mecanismos de controlo implantados. Para o efeito, o auditor exemplo, o fluxograma do processo de execução de orçamento
deve reunir toda a informação relevante, designadamente: ou processamento de salários.
• Legislação, regulamentos, relatórios, actas, normas O recurso aos fluxogramas facilita a rápida identificação e
internas e demais documentos; compreensão do sistema e dos pontos fortes e fracos do controlo.
• Organigramas gerais e analíticos e/ou informação Expõe com clareza a situação e funções de cada departamento, a
organizacional; responsabilidade dos intervenientes nas operações, o movimento
• Identificação de funções, níveis de responsabilidade e dos documentos em cada fase do processo e a situação dos registos
delegação de competências; e arquivos.
• Manuais de procedimentos; A simbologia que os auditores utilizam para a elaboração dos
• Fluxograma dos processos da entidade; fluxogramas deve ser clara, de fácil representação, interpretação,
• Sistemas administrativos, contabilísticos e financeiros e uma vez estabelecida, deve ser aplicada de forma uniforme. A
implantados; título exemplificativo, alguns símbolos frequentemente utilizados:
Documento
Processo
predefinido Documentos Registo
Decisão interno
múltiplos
Processo Processo
predefinido
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b) Critérios de controlo (Como deve ser um bom controlo • Devem ser efectuados acompanhamentos dos projectos
interno sobre Gestão por Resultados) anuais e plurianuais.
• Os objectivos/actividades operacionais devem estar 1.11.2.3. Receitas
alinhados com os objectivos estratégicos e estes
com a missão da organização; a) Objectivos da auditoria
• O orçamento deve ser suportado pelo plano de i. Receitas Gerais
actividades da organização, devendo este ser • Identificar, caracterizar e inventariar a existência
consentâneo com as políticas, objectivos e de receitas geradas pela instituição e respectiva
programas governamentais; cobertura legal;
• O plano de actividades deve possuir metas, crono/ • Assegurar-se de que são cobradas somente
grama e indicadores de desempenho; receitas inscritas no orçamento da entidade;
• A entidade procede a análise dos riscos tendo em conta • Avaliar o sistema de controlo interno implantado
a natureza das actividades e controlos (políticas e e concluir se o mesmo proporciona fiabilidade da
procedimentos) implantados em resposta ao risco; informação financeira e operacional, salvaguarda
• A avaliação sistemática da implementação do plano da receita, conformidade dos procedimentos com
de actividades e orçamento deve ser devidamente as leis, regulamentos e políticas, uso económico
documentada e os desvios justificados; e eficiente e cumprimento das metas;
• A gestão dos sistemas de informação deve especificar • Identificar riscos associados ao processo de
as unidades subordinadas, os projectos e o tipo de
receitas, desde arrecadação até a sua utilização
custos incorridos; e
ou entrega;
• Devem ser tomadas medidas que visem o cumprimento
• Identificar os controlos-chave implantados, avaliar
das recomendações de auditorias anteriores.
a sua operacionalidade e formular recomendações
1.11.2.2. Contabilidade visando a melhoria dos procedimentos;
a) Objectivos da auditoria • Identificar os mecanismos de registo e
✔ Avaliar o sistema de controlo interno contabilístico controlo implantados pela Instituição para o
implantado e concluir se o mesmo proporciona lançamento, liquidação, cobrança, contabilização,
Fiabilidade da informação financeira e operacional; encaminhamento à Direcção da Área Fiscal
Salvaguarda dos meios financeiros; Conformidade (DAF) e/ou utilização, e prestação de contas das
dos procedimentos com as leis, regulamentos receitas;
e políticas; Uso económico e eficiente e • Avaliar o cumprimento, pela instituição, dos
Cumprimento das metas (eficácia); princípios e normas em vigor sobre a gestão,
✔ Avaliar o cumprimento das disposições legais controlo e execução do OE em relação às suas
relativas ao registo e contabilização das despesas receitas.
e das demais regras orçamentais; ii. Receitas Tributárias 4
✔ Identificar os controlos-chave implantados, avaliar
a sua operacionalidade e formular recomendações • Aferir sobre o grau de cumprimento dos objectivos
visando a melhoria dos procedimentos; organizacionais e metas predefinidas pela
✔ Identificar os riscos associados ao processo de Autoridade Tributária (AT);
registo, controlo e comunicação de informações • Avaliar o sistema de controlo interno instituído nas
relativas as transacções realizadas pela entidade; e unidades de cobrança da AT;
✔ Emitir uma opinião sobre a conformidade legal e • Aferir sobre o desempenho das unidades orgânicas
regularidade financeira da informação contida da AT.
nas contas. • Identificar os controlos-chave implantados, avaliar a
b) Critérios de controlo interno sua operacionalidade e formular recomendações
visando a melhoria dos procedimentos;
Como deve ser um bom controlo interno sobre a • Aferir sobre a regularidade fiscal dos contribuintes
Contabilidade? e verificação do cumprimento das obrigações
• Contabilidade interligada com os relatórios financeiros; tributárias, contribuindo para o combate à fuga e
• Controlo prévio/posterior das transacções; evasão fiscal;
• Contabilidade actualizada de acordo com as leis, • Aferir sobre o desempenho da Administração
incluindo monitorização das transacções, fluxos Tributária no que respeita ao processo de
financeiros, saldos bancários e orçamentais; fiscalização tributária;
• Controlo mensal de prestação de contas; • Verificar o tratamento dado às infracções tributárias;
• Contabilidade com recurso a várias aplicações • Avaliar a adequação das diligências da Administração
informáticas deve ser reconciliada com os livros Tributária no âmbito da recuperação de dívidas
obrigatórios, excepto nas situações em que tributárias;
a escrituração destes se encontra legalmente • Avaliar a integridade e justiça na actuação da
dispensada. Devem existir controlos preventivos
Administração Tributária;
contra alterações e manipulações de dados, bem
• Propor correcções à matéria colectável, consubstanciada
como procedimentos de “back-up”;
em liquidações adicionais de impostos;
• Devem ser feitas conciliações contabilísticas e
bancárias, e • Identificar os comportamentos fiscais de risco.
4
Nos termos da Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, constituem receitas tributárias, o IVA, IRPC, IRPS, ICE, ISPC, SISA, Direitos Aduaneiros, entre outras.
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Exemplos:
Dados seleccionados para a testagem:
Lista de Fornecedores
Fornecedor Produto Quantidade Preço Unitario Total
A Agrafos 5 100,00 500,00 Y
B Resma de papel 12 300,00 3.600,00 Y
C Toner 3 150,00 450,00 Y
Total 4.550,00
T
Folha de Salário
Trabalhador Salário Subsídio Abono de familia Salário bruto
A 7.500,00 1.200,00 700,00 9.400,00 T
B 8.600,00 1.500,00 900,00 11.000,00 T
C 11.000,00 2.000,00 1.200,00 14.200,00 T
Total 27.100,00 4.700,00 2.800,00 34.600,00
T T T TT
1.11.4.4. Organização dos papéis de trabalho • Contratos e acordos celebrados pela instituição;
Os papéis de trabalho devem ser organizados em pasta corrente • Relatórios de auditoria interna e externa;
e pasta permanente: • Lista de contas bancárias, e
a) Pasta corrente • Outros relatórios (avaliação do risco, etc.).
A pasta corrente engloba toda a documentação relativa a cada 1.11.4.5. Arquivo
auditoria específica, tais como o programa de auditoria, o registo Os arquivos de trabalho de auditoria são propriedade da
das análises e conclusões do trabalho desenvolvido, cópia das organização e, por isso mesmo, devem, em geral, permanecer
demonstrações financeiras e dos relatórios de outras auditorias. sob controlo da actividade de auditoria interna e a eles deverão
O conteúdo da referida pasta pode ser agrupado em: ter acesso somente do pessoal autorizado.
• Programa de trabalho – documento escrito destinado a Cada unidade de auditoria deve criar e implementar um
servir de guia à execução dos testes de conformidade sector de gestão do arquivo cuja política de protecção deverá
e substantivos; e ser superiormente definida. O arquivo deve ser centralizado e
• Mapas de trabalho – documentos de evidência dos testes permitir a localização rápida e eficiente das informações referentes
ou procedimentos efectuados pelo auditor assim como a cada processo de auditoria. Os códigos das pastas deverão ser
das suas conclusões. os mesmos das acções constantes da Programação do Controlo
Os papéis de trabalho da pasta corrente podem ser organizados Interno.
em conformidade com os aspectos abaixo descritos, relativos as A política de protecção do arquivo deve incluir as condições de
fases do processo de auditoria: segurança dos arquivos, a restrição de acesso, a protecção contra
incêndio e humidade, e cópia de segurança.
• Planeamento;
• Avaliação do Sistema de Controlo Interno; 1.12. Supervisão
• Procedimentos de auditoria efectuados, a informação A supervisão é essencial para garantir a consecução dos
obtida e as conclusões alcançadas; objectivos de auditoria e a manutenção da qualidade do trabalho
• Revisão do trabalho; (IIA – Norma 2340, PR 2340-1). Uma supervisão e um controlo
• Relatório; e adequado são, assim, sempre necessários, independentemente da
• Acompanhamento das recomendações (a posterior). competência individual dos auditores.
b) Pasta permanente A supervisão deve ser orientada tanto para o conteúdo como
para o método de auditoria, em todas as fases do processo de
Esta pasta engloba toda a informação que o auditor considera
auditoria, sendo exercida pelo chefe da equipa ou por um auditor
importante e que tenha de ser consultada ao longo das auditorias
designado para o efeito, e visa garantir que:
em curso e futuras, tal como:
• Os membros da equipa de auditoria tenham uma clara
• Informação geral sobre a instituição auditada;
compreensão do plano da auditoria;
• Estatuto orgânico e regulamentos internos;
• A auditoria seja realizada de acordo com as normas e
• Quadro de pessoal;
práticas estabelecidas;
• Descrição da organização (organograma);
• O plano de auditoria e os métodos e procedimentos nele
• Planos estratégicos e programas;
especificados sejam seguidos;
• Legislação específica do Sector;
• O cronograma do trabalho seja cumprido e os objectivos
• Descrições dos sistemas e rotinas de controlo interno;
da auditoria sejam alcançados;
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• Os papéis de trabalho contenham informações probatórias o leitor entenda a mensagem que se pretende transmitir. Nesse
que fundamentem adequadamente todas conclusões, caso, é desejável utilizar as principais conclusões como sumário
recomendações e pareceres; e executivo, mas também incluir em resumo, as recomendações
• O relatório de auditoria contenha todas conclusões, mais importantes. O sumário executivo não é apenas uma cópia
recomendações e pareceres pertinentes. e colagem das constatações e conclusões, mas uma leitura destas,
Todo o trabalho de auditoria deve ser revisto pelo chefe da permitindo fácil percepção do conteúdo do relatório.
equipa ou por um auditor designado para o efeito, à medida que 1.13.2. Procedimento de Contraditório
se vai cumprindo cada fase da auditoria, de modo a garantir que: As UAI, tendo em vista os objectivos de rigor, transparência,
• As avaliações e conclusões estejam fundamentadas operacionalidade e eficácia, devem conduzir as suas intervenções
e adequadamente documentadas; em observância ao princípio de contraditório, afigurando-se como
• Os erros, deficiências e factos excepcionais foram um direito incontornável da entidade auditada.
convenientemente identificados, documentados e O procedimento de contraditório consiste em dar a conhecer
sanados ou levados ao conhecimento do supervisor a entidade auditada os resultados preliminares da auditoria, com
da equipa de auditoria; e vista a obter pronunciamento ou esclarecimentos adicionais sobre
• As alterações e melhorias da auditoria em curso sejam os factos arrolados.
identificadas e registadas, a fim de serem consideradas Um contraditório informal deve ser efectuado no decurso e no
nos planos de auditorias futuras, de formação final do trabalho de campo para permitir aproximar a versão do
e treinamento do pessoal. relatório a enviar para efeitos de contraditório formal, evitando
1.13. Comunicação dos Resultados a contestação dos resultados da auditoria pela entidade auditada.
1.13.1. Relatório de Auditoria 1.14. Monitorização e Avaliação das Recomendações
Todas as acções de auditoria terão necessariamente como A acção de auditoria só será eficaz se produzir os efeitos
produto final um instrumento adequado para a tomada de decisões desejados no que tange a implementação das recomendações e
sobre os seus resultados, assumindo geralmente a forma de outras medidas preconizadas. Assim, deverá ser efectuado um
relatório. acompanhamento das recomendações e medidas implementadas
O relatório constitui a face visível de todo o trabalho realizado, pelos organismos ou entidades visadas, com o objectivo de
pelo que a sua utilidade está relacionada com a sua capacidade suprimir as irregularidades relatadas e efectivar as boas práticas
de transmitir informações úteis em tempo oportuno. recomendadas.
Os relatórios devem ser precisos, objectivos, claros, concisos, Desta feita, a entidade auditada deve, no prazo fixado na matriz
construtivos, completos e tempestivos (IIA – Norma 2420). de recomendações e remetido pela nota de envio juntamente com
Assim, os relatórios de auditoria devem comportar os seguintes o relatório de auditoria, dar o ponto de situação do cumprimento
atributos: das recomendações constantes do mesmo e o Plano de acção
• Precisos – são livres de erros e distorções e são fiéis aos referente às recomendações não cumpridas.
factos fundamentais; O processo será proposto para encerramento logo que as
• Objectivos – são justos, imparciais e neutros, e são o recomendações estejam implementadas. De referir que pela
resultado de um julgamento justo e equilibrado de sua importância, esse acompanhamento, em caso de acções de
todos factos e circunstâncias relevantes; auditoria recorrentes, poderá constituir o ponto de partida para o
• Claros – são facilmente compreendidos e são lógicos, trabalho a efectuar seguidamente.
evitam linguagem técnica desnecessária e fornecem Métodos e Técnicas de Auditoria
todas as informações significativas e relevantes; 1.15. Técnicas de Entrevista
• Concisos – são directos ao ponto e evitam elaboração
desnecessária, detalhes supérfluos, redundância e Um dos métodos que o auditor interno pode empregar com o
excesso de palavras; objectivo de obter informação sobre a entidade auditada e sobre
• Construtivos – são úteis ao cliente do trabalho e à as rotinas de controlo interno é através de entrevistas, sendo de
organização e conduzem à melhorias onde sejam destacar as seguintes:
necessárias; a) Entrevista estruturada - é uma entrevista com perguntas
• Completos – não omitem nada do que seja essencial predeterminadas, seguindo um roteiro preestabelecido
à audiência alvo e incluem todas informações e aplicada a pessoas seleccionadas. A entrevista
significativas e relevantes e as observações que dão estruturada possibilita comparações e permite maior
suporte às conclusões e recomendações; e controlo sobre a qualidade dos dados colectados.
• Tempestivos – são oportunos e práticos, dependem da Uma alternativa a entrevista estruturada é o questionário
importância do ponto, permitem a administração tomar enviado a entidade auditada com objectivo de efectuar o
as decisões correctivas e apropriadas. levantamento do sistema de controlo interno. Este procedimento
A estrutura do relatório deve ser a mais adequada a cada tem a vantagem, por um lado, de fornecer a possibilidade de os
situação concreta. No entanto, deve obedecer a uma estrutura gestores da entidade auditada se auto-avaliarem sobre as áreas/
básica mínima que assente nos seguintes pontos: introdução, processos cujo controlo se mostra insuficiente e, por outro, a
resultados, conclusões, recomendações. desvantagem de limitar o âmbito na medida em que as questões
Os auditores internos deverão, de forma clara e sucinta, além colocadas podem não focar outros aspectos relevantes. O auditor
de expressar a sua opinião (elemento indispensável do relatório), deve prestar atenção às questões com respostas previsíveis, pois
identificar a natureza e o objecto do trabalho, descrever as abrem a possibilidade de o entrevistado escolher as respostas que
responsabilidades dos órgãos de gestão e as suas próprias, bem melhor lhe convêm.
como o âmbito do trabalho realizado. b) Entrevista aberta – É aquela em que não existem
Quando o relatório for extenso (mais de 30 páginas de conteúdo) respostas predefinidas. O entrevistador introduz
deve conter um sumário executivo para permitir que rapidamente o tema e o entrevistado tem liberdade de analisar
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S istem á tica
( interv a l os)
E sta tí stica
P or n. º s A l ea tó rios
A l ea tó ria
A M O S T RA G E M
A g ru p a d a
D irig id a ou
intenciona l
( nã o a l ea tó ria ) F ortu ita ( p or a ca so)
J u l g a m ento
• A adequação do sistema de controlo interno; O questionário não pode ser confundido com a Lista de
• A disponibilidade e a fiabilidade da informação financeira Verificação, na medida em que esta, embora comportando também
e não financeira; questões, visa orientar todo processo de auditoria, assinalando
• A precisão com que os resultados dos procedimentos aspectos que não podem, de modo algum, serem esquecidos.
analíticos de auditoria podem ser previstos; Auditoria Interna e A Fraude
• A disponibilidade e a comparação da informação referente
1.21. Definição
a indústria/sector na qual a organização opera; e
• A medida em que outros procedimentos, de trabalhos de Fraude são actos ilegais caracterizados por engano,
auditoria já realizados, proporcionam um suporte para encobrimento ou violação de confiança, perpetradas por
os resultados desta auditoria. indivíduos ou organizações a fim de se obter dinheiro,
propriedades ou serviços, para evitar pagamento ou perda de
Quando os procedimentos analíticos de auditoria identificam
serviço ou para garantir vantagem pessoal ou de negócio. Estes
resultados ou relações inesperadas, os auditores internos deverão
actos não implicam o uso de ameaças, violência ou força física.
avaliar esses resultados ou relações.
(IIA – Glossário). A fraude inclui quatro elementos essenciais,
O exame e a avaliação dos resultados ou relações inesperadas,
a saber:
resultantes da aplicação de procedimentos analíticos de auditoria,
• Uma declaração materialmente falsa;
deverão incluir inquéritos à gestão e a aplicação de outros
• Conhecimento (por parte do perpetrador) de que as
procedimentos de auditoria até que os auditores internos se
declarações são falsas na altura de cometimento;
assegurem de que os resultados e relações estão suficientemente
• Confiança em tais declarações por parte da vítima, e;
explicados.
• Danos resultantes da confiança depositada nas decla-
Os resultados ou relações que não forem convenientemente
rações falsas.
explicados devem ser comunicados aos níveis adequados da
gestão. O auditor interno pode recomendar a tomada de acções 1.22. Identificação da Fraude
apropriadas, dependendo das circunstâncias. O auditor deverá possuir os conhecimentos adequados para
Instrumentos de Auditoria avaliar o risco de fraude e a maneira com o qual é gerida pela
organização, mas não se espera que disponha da perícia de alguém
Para executar com eficiência os trabalhos de auditoria, os
cuja responsabilidade primária é a detecção e a investigação de
auditores socorrem-se de diversos instrumentos orientadores que
fraude (IIA – Norma 1210.A2). A fraude engloba um conjunto
garantem a cobertura de todas as áreas e processos a auditar, bem
de irregularidades e actos ilegais caracterizados pelo engano
como o efectivo alcance dos resultados.
intencional. Pode ser perpetrada em benefício ou em prejuízo da
1.18. Programa de Trabalho organização e por pessoas tanto externas ou internas.
Um programa de trabalho é um documento que lista os A fraude perpetrada em detrimento da organização é
procedimentos a serem seguidos durante o trabalho de auditoria, e geralmente em benefício directo ou indirecto de um empregado,
destinados a alcançar o plano. Em geral, os programas de trabalho entidade ou outra organização. Citam-se como exemplos:
são desenvolvidos por área. • Aceitação de suborno;
De acordo com as normas internacionais, os auditores internos • Desvio de uma transacção potencialmente proveitosa por
deverão desenvolver programas de trabalho de forma a alcançar um empregado ou terceiro;
os objectivos previstos. • Desfalque, tipificado pela posse indevida de dinheiro,
Os programas de trabalho deverão estabelecer os procedimentos de bens, e falsificação de registos financeiros para
para a identificação, análise, avaliação e registo da informação dar encobrimento ao acto, tornando assim a detecção
durante a sua execução. Estes deverão ser aprovados antes difícil;
do início da auditoria, e quaisquer ajustamentos deverão ser • Encobrimento ou descrição incorrecta e intencional de
aprovados atempadamente (IIA - Norma 2240.A1). factos e dados; e
Os instrumentos associados aos programas de trabalho são as • Reclamações apresentadas por serviços ou mercadorias
Listas de Verificação ou questionários. não fornecidas à organização.
1.19. Lista de Verificação 1.23. Sintomas de Fraude
A Lista de Verificação (checklist) é o instrumento mais • Sintoma documental - trata-se de alterações de registos
utilizado, tanto pelos auditores internos como externos. Consiste contabilísticos para ocultar a fraude, como por exemplo
numa série de questões acerca de aspectos básicos do sistema e, no manter dois livros (factura, entrada, etc.) ou forçar a
geral, uma resposta negativa evidencia uma fraqueza no controlo. reconciliação dos livros;
Este instrumento ajuda a assegurar que todos os pontos básicos • Estilo de vida – um aumento inexplicável de condição
de controlo são considerados na auditoria. social ou níveis de consumo material do funcionário; e
A Lista de Verificação tem uma função importante de • Sintoma comportamental – uma mudança drástica no
harmonizar a metodologia e assegurar um processo uniforme com comportamento do funcionário pode indicar ocorrência
qualidade suficiente e também indica quais partes da auditoria de fraude.
devem ser priorizadas. 1.24. Indicadores de Fraude
1.20. Questionário • Falta de alternância de funcionários em posições
O questionário é constituído por uma lista de perguntas delicadas, tais como o manuseio de dinheiro;
colocadas de forma sequenciada e lógica, com finalidade de • Combinação inadequada de tarefas;
orientar o auditor na execução de uma entrevista, tendo em vista • Cadeias hierárquicas de responsabilidades e prestação
apurar factos ou obter informações que não sejam possíveis de contas pouco claras;
por via documental. As perguntas constantes deste documento • Vendas ou metas de produção não realistas;
devem ser cautelosamente elaboradas, de fácil compreensão, • Um funcionário que se recusa a gozar férias ou recusa
demandando respostas do tipo “sim” ou “não” ou respostas curtas. a promoção;
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• Controlos estabelecidos não aplicados com consistência; participar na investigação de forma a assegurar que o
• Altos lucros relatados enquanto os concorrentes deparam- trabalho é conduzido por indivíduos que tem o tipo e
se com crises financeiras; o nível apropriados de competência técnica;
• Uso excessivo ou não justificado de aquisição de fonte • Conceber os procedimentos a seguir para tentar identificar
única; os implicados, a extensão da fraude, as técnicas
• Aumento nas vendas, desproporcional ao aumento dos utilizadas e o motivo da fraude;
custos dos produtos vendidos, e • Coordenar as actividades com elementos da gestão,
• Alta rotatividade entre posições de supervisão nas áreas consultor jurídico e outros especialistas, conforme
financeira e contabilidade. apropriado, durante o curso da investigação; e
• Ter conhecimento dos direitos dos implicados e pessoal
1.25. Desencorajamento da Fraude suspeito no âmbito da investigação e da reputação das
O desencorajamento da fraude consiste nas acções tomadas próprias organizações.
para dissuadir a ocorrência da fraude e eliminar os focos de Uma vez terminada a investigação, deve-se:
oportunidades para que a fraude ocorra. O principal mecanismo
• Verificar se é necessário implementar ou reforçar os
para o desencorajamento da fraude é o aprimoramento do controlos para reduzir futuras vulnerabilidades;
controlo. A responsabilidade primária pelo estabelecimento e • Desenvolver testes de auditoria para facilitar a descoberta
manutenção do controlo pertence à gestão. de fraudes similares no futuro; e
Os auditores internos são responsáveis por ajudar no • Ajudar a cumprir a responsabilidade do auditor interno
desencorajamento da fraude, examinando e avaliando a adequação em manter um conhecimento suficiente da fraude e,
e eficácia do sistema de controlo interno, de acordo com a desta forma, estar apto a identificar futuros indicadores
extensão da exposição ou do risco potencial nos vários segmentos de fraude.
das operações da organização. 1.26. Comunicação da Fraude
Ao executar essa responsabilidade, os auditores deverão, por
Quando houver indícios de fraude e o auditor tiver certeza
exemplo, verificar se:
razoável, as situações devem ser comunicadas de imediato à
• O ambiente organizacional favorece que se tenha gestão superior.
consciência sobre o controlo; Uma comunicação formal deverá ser emitida na fase de
• Estão estabelecidos objectivos e metas organizacionais conclusão da investigação e incluindo todas as revelações,
realistas; conclusões, recomendações e acções correctivas tomadas.
• Existem políticas organizacionais por escrito (por A comunicação sobre a fraude deverá ser submetida ao
exemplo Código de Ética) que mencionam actividades consultor jurídico para revisão. Nos casos em que o auditor
proibidas e quais as medidas que devem ser tomadas interno pretenda invocar privilégio legal ao implicado, deverá
quando se detectam violações; considerar-se a hipótese de submeter a referida comunicação a
• Foram estabelecidas e se mantêm políticas apropriadas aconselhamento jurídico.
de autorização de transacções; Devem ser listadas as comunicações, com indícios de fraude,
• Foram definidas políticas, práticas, procedimentos, das UAI e com indícios de matéria criminal, as quais devem ser
relatórios e outros mecanismos para controlar submetidas a apreciação superior, para envio à Procuradoria-
actividades e proteger os activos, particularmente nas Geral da República.
áreas de elevado risco; Programa de Garantia de Qualidade e Melhoria
• Os canais de comunicação dão à gestão informação As organizações de auditoria, tal como outras organizações
adequada e fidedigna; e profissionais, são susceptíveis de situações de ineficiências no
• É necessário fazer recomendações para o estabelecimento seu desempenho decorrentes da forma organizacional, o fluxo da
ou melhoria de controlos eficazes e com custos informação, competência técnica dos colaboradores, incentivos
aceitáveis para ajudar a desencorajar a fraude. pessoais, perda de foco, entre outras razões.
A investigação consiste na realização de procedimentos Algumas unidades de auditoria, ainda que tenham um
extensos necessários para apurar se ocorreu a fraude, o impacto desempenho eficiente, podem não estar a funcionar de forma
da mesma, os sujeitos e como terá ocorrido. Inclui uma eficaz, ou seja, sem conseguirem alcançar os seus objectivos
obtenção de evidência material suficiente acerca dos pormenores operacionais, de reporte ou de conformidade com as Normas, leis,
específicos da fraude detectada. Os auditores internos, advogados, regulamentos, e até os respectivos planos de actividade.
investigadores, pessoal de segurança e outros especialistas da Para dar impulso ao funcionamento da actividade de auditoria
organização, ou externos a ela, são as entidades que normalmente interna, de acordo com a Norma 1300, o auditor-chefe deve
conduzem ou participam em investigação de fraude. Quando um desenvolver e manter um Programa de Garantia de Qualidade e
auditor suspeita de actuações incorrectas, deve: Melhoria (PGQM) que compreenda todos os aspectos relevantes
• Avaliar os indícios e decidir se mais acções são necessárias da actividade de auditoria interna.
ou se uma investigação deve ser recomendada; 1.27. Objectivos do Programa de Garantia de Qualidade
• Avaliar o nível provável e a extensão de cumplicidade da e Melhoria
fraude dentro da organização. Tal pode ser crítico para Segundo a interpretação da Norma 1300 do IIA, um Programa
assegurar que o auditor interno evite dar informação de Garantia de Qualidade e Melhoria (PGQM) “é desenhado
a pessoas que possam estar envolvidas ou obter delas para permitir uma avaliação da conformidade da actividade de
informações enganosas; auditoria interna com as Normas e uma avaliação quanto a, se
• Determinar os conhecimentos e o domínio técnico e das os auditores internos observam o Código de Ética. O programa
matérias necessárias para efectuar a investigação com também avalia a eficiência e a eficácia da actividade de auditoria
eficácia. Avaliar as qualificações e experiência dos interna e identifica oportunidades de melhoria” (IIA- Norma
auditores internos e dos especialistas disponíveis para 1300: Interpretação).
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Assim, segundo Sawyer (2005) o PGQM é concebido para: • Avaliação de risco, vulnerabilidade e materialidade dos
a) Proporcionar uma garantia razoável de que os trabalhos processos do cliente;
de auditoria são executados em conformidade com as • A extensão dos testes realizados conducentes a melhores
Normas, com o Estatuto de auditoria, e outras normas resultados da auditoria possíveis, sem desperdício de
aplicáveis; recursos;
b) Assegurar ao auditor-chefe de que os seus subordinados • Procedimentos usuais de auditoria para determinar
estão a cumprir com as Normas e outros critérios o nível de imaginação e cepticismo profissional
aplicáveis; esperado do auditor, principalmente em áreas com
c) A actividade de auditoria interna funciona de forma sinal de problemas potenciais ou onde a supervisão
eficaz e eficiente; e é deficiente; e
d) Proporcionar aS partes interessadas a percepção de que • Medições e avaliações contínuas de desempenho
a actividade de auditoria interna é fonte de geração (cumprimento do planeamento da auditoria interna,
de valor e de melhoria das operações da organização. duração do ciclo, recomendações aceites e satisfação
1.28. Objecto de Programa de Garantia de Qualidade do cliente).
e Melhoria 1.29. A Estrutura de Programa de Avaliação de Qualidade
O PGQM incide sobre todos os aspectos da actividade de e Melhoria
auditoria interna, que podem ser vistas em perspectivas macro Segundo a Norma 1300, “O executivo chefe de auditoria deve
e micro. desenvolver e manter um programa de garantia de qualidade e
Na perspectiva macro, o PGQM visa avaliar e melhorar melhoria que compreenda todos os aspectos da actividade de
aspectos gerais de funcionamento da unidade, o que inclui: auditoria interna.”.
• O modelo organizacional; O Manual de Avaliação de Qualidade do IIA elenca os
• A independência da unidade dentro da estrutura seguintes elementos comuns em PGQM:
operacional;
• Um âmbito de avaliação que inclui todos os aspectos da
• Os métodos de contratação dos auditores;
• Os requisitos de desenvolvimento profissional; actividade de auditoria interna;
• O planeamento das actividades de auditoria; • Uma avaliação de conformidade com as Normas e o
• O uso das tecnologias emergentes; Código de Ética;
• O emprego de novas metodologias de trabalho; • Uma avaliação da eficiência e eficácia da actividade de
• A eficácia/alcance das comunicações (relatórios); auditoria interna;
• O controlo de projectos de auditoria; • A identificação de oportunidades para melhoria contínua;
• O esforço em desenvolver relações interpessoais com e
os clientes; • Envolvimento do conselho na supervisão do PGQM.
• Métodos de monitorização, e Uma estrutura é muitas vezes usada para descrever o
• Conformidade com a Missão, Princípios fundamentais, ambiente completo para desenvolvimento e implementação
Definição, Código de Ética e as Normas de auditoria do PGQM. Para construir uma estrutura integrada de PGQM,
interna. um universo de requisitos deve ser considerado, o que inclui
Ao nível micro, a avaliação de qualidade incide sobre aspectos o IPPF, legislação e regulamentos aplicáveis ao país/indústria,
de processos individuais de auditoria, tais como: as expectativas das partes interessadas, o recurso a avaliadores
• Evidência de entendimento do auditor sobre a operação externos independentes, o tamanho da organização, entre outros.
que auditada; O seguinte exemplo, adaptado do Manual de Avaliação de
• Indicação de que o auditor está atento à atitude de Qualidade do IIA, apresenta a estrutura (framework) do Programa
gestão do cliente assim como aos factores de controlo de Garantia e Melhoria de Qualidade,
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relacionados a conformidade,
MANUAL eficácia e efiINTERNA
BÁSICO DE AUDITORIA ciência; auditoria interna.
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Auditores da entidade sede que vão avaliar actividades de auditoria subsidiárias. Tem a vantagem da independência, experiência e de conhecimento dos processos da entidade na sua
totalidade. O facto de os mesmos pertencerem a mesma entidade e terem o mesmo ambiente de trabalho, coloca em dúvida o grau da sua independência.
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2000 – Gestão da Actividade de Auditoria Interna; externa, sobre se o Auditor-chefe avalia, de forma efectiva a
2100 – Natureza do Trabalho; conformidade da actividade com as Normas e o Código de Ética,
2200 – Planeamento do Trabalho da Auditoria; através de processos de auto-avaliação e relata os resultados às
2300 – Execução do Trabalho da Auditoria; partes interessadas.
2400 – Comunicação dos Resultados; O relatório de auto-avaliação periódica e as evidências de
2500 – Monitorização do Progresso; trabalho pode ser usado como base para avaliação por um
2600 – Comunicação da Aceitação de Riscos. avaliador externo.
O PGQM deve definir e documentar o sistema e uma abordagem O Manual de Avaliação de Qualidade, citado por Sawyer
disciplinada para o processo de auto-avaliação periódica. As boas (2005), aponta oito áreas de cobertura da avaliação externa:
práticas recomendam uma auto-avaliação pelo menos uma vez a. Planeamento;
por ano, e os resultados da avaliação e recomendação poderão ser b. Proficiência profissional;
comunicados e submetidos à aprovação do Conselho e da gestão c. Análise de risco e planeamento de auditoria;
do topo com a mesma periodicidade. d. Análise do cumprimento do plano;
Evidência de uma avaliação periódica interna efectiva incluem e. Revisão de auditorias individuais;
para além do respectivo relatório, cartas, políticas, procedimentos,
f. Revisão de projectos especiais de auditoria;
métricas, relatórios de auditoria, planos anuais de auditoria, papeis
g. Políticas e procedimentos de auditoria;
de trabalho da avaliação, actas do comité de auditoria, registos
h. Âmbito de auditoria computorizada.
de treinamento de pessoal, etc.
Os avaliadores independentes podem ser (a) consultores ou
1.30.2.1.1. Melhoria Contínua auditores externos da organização, (b) consultores ou auditores
Embora o foco do PGQM seja avaliação da conformidade com externos de outras organizações, e (c) auditores internos de outras
as Normas e o Código de Ética, a finalidade, em última instância, organizações.
é a melhoria contínua da actividade de auditoria, cujos benefícios,
a) Auditores externos/consultores da organização
segundo o Manual de Avaliação de Qualidade do IIA, incluem:
São relativamente mais objectivos que os auditores internos (na
• Afirmação da actividade de auditoria interna como
avaliação interna). Sendo auditores externos da entidade, estão
unidade de sucessos dentro da organização; familiarizados com os processos, daí que o seu entendimento não
• Uma actividade de auditoria interna de abordagem será difícil. No entanto, pode-se questionar a sua independência
mais proactiva e mais alinhada com as estratégias e em relação a um sistema de controlo que aceitaram ao longo do
objectivos da organização; tempo. Outra questão que se coloca é a tentação de estruturar a
• Maior adaptabilidade na implementação do processo de avaliação de modo a incentivar a sua contratação como auditores
mudanças da auditoria interna de valor acrescentado, internos por outsourcing.
resultando em maior resposta às expectativas
b) Auditores externos de outras empresas
crescentes das partes interessadas;
• Melhor produtividade da auditoria interna, como resultado Têm nível muito alto de independência e objectividade. Porém
da eliminação de actividades que não agregam valor; tem a desvantagem de não serem conhecedores do sistema, o que
• Melhoria do moral do staff como resultado de processo pode dificultar a avaliação. Teriam igualmente mais dificuldades
de melhoria através de incentivo de novas ideias dos em avaliar aspectos não operacionais da auditoria interna.
colaboradores. c) Auditores internos de outras organizações
O conceito da melhoria contínua assenta na natureza dinâmica É uma avaliação efectuada de recíproca entre grupos de
de estabelecimento, manutenção do PGQM auditoria interna de organizações diferentes. Tem a vantagem de
1.30.2.2. Avaliação Externa de qualidade terem conhecimentos gerais sobre o IPPF e processos de auditoria
Uma revisão externa deve ser realizada pelo menos uma vez interna, o que facilita a sua compreensão.
em cada 5 anos, por pessoas com educação e proficiência técnica 1.30.2.1. Avaliação mista (interna-externa) de qualidade
apropriadas, independentes da organização e que não estejam nem A contratação de avaliadores externos de qualidade, para um
aparentem estar em conflito de interesse com a organização. É trabalho abrangente, é um processo caro. Para poupar recursos,
realizada para avaliar a qualidade das operações da actividade muitas organizações recorrem a um procedimento misto, que
da auditoria interna. consiste em membros da organização efectuarem a avaliação,
O propósito da avaliação externa é fornecer à alta gestão e contando com a supervisão ou validação de um avaliador externo.
ao Conselho uma avaliação independente sobre a actividade de
auditoria interna. 1.30.2.2. Comunicação do Programa de Garantia de
Segundo a Norma 1312, “As avaliações externas devem Qualidade e Melhoria
ser realizadas pelo menos uma vez a cada cinco anos, por Segundo a Norma 1320, o auditor-chefe deve comunicar os
um avaliador, ou uma equipe de avaliação, qualificado e resultados do PGQM à gestão do topo e ao conselho, devendo a
independente, externo à organização. O executivo chefe de comunicação incluir:
auditoria deve discutir com o conselho: • O âmbito e frequência tanto das avaliações internas
• A forma e a frequência da avaliação externa; quanto avaliações externas.
• A qualificação e independência do avaliador externo; • As qualificações e independência do(s) avaliador(es) ou
ou equipe de avaliação, incluindo qualquer potencial da equipe de avaliação, incluindo potenciais conflitos
conflito de interesses.” de interesse.
• As conclusões dos avaliadores.
Sabido que a avaliação interna é anual, o elo entre esta • Planos de acção correctiva.
e a avaliação externa é o processo de geração de relatórios de
PGQM. Para um PGQM seja considerando eficaz, o auditor- A afirmação de que a actividade de auditoria interna está
chefe, precisa de um parecer independente através da avaliação em conformidade com as Normas Internacionais para a Prática
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F onte: A d a p ta d o d o M a nu a l d e A v a l ia ç ã o d e Q u a l id a d e d o I I A
E xterna
P erió d ica
A u d itor externo d e ou tra
E ntid a d e A na l isa tod os a sp ectos rel ev a ntes d a
a ctiv id a d e d a a u d itoria interna ,
incl u ind o tra b a l h os rea l iz a d os, e
a sp ectos d e g estã o.
Rea l iz a d a p or a u d itoresinternos;
M ista
su p erv isiona d a ou v a l id a d a p or a u d itores externos
Bibliografia Legislação
Interna
De entre outra bibliografia, foram utilizados como instrumentos Código Civil Moçambicano;
para a elaboração deste manual os seguintes documentos: Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro – Define o Regime
Livros: Financeiro, Orçamental e Patrimonial das Autarquias
Carneiro, Alberto, Auditoria de Sistemas de Informação, e o respectivo Sistema Tributário;
Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho – Lei de Bases do Sistema
FCA, 2004,
Tributário;
Da Costa, Carlos Baptista, Auditoria Financeira –
Lei n.º 6/2012, de 8 de Fevereiro – Aprova a Lei das
Teoria e Práticas, 7ª edição, Lisboa, Rei dos Empresas Públicas;
Livros, 2003; Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro – Cria o SISTAFE;
De Almeida, Bruno J.M, Manual de Auditoria Decreto n.º 84/2013, de 31 de Dezembro – Regulamento
Financeira – Uma Análise Integrada Baseada no da Lei n.º 6/2012, de 8 de Fevereiro;
Risco, Lisboa, Escolar Editora, 2014 Decreto n.º 23/2004, de 20 de Agosto – Regulamento do
Gleim, Irvin N., Gleim CIA Review, 17ª ed., Florida, SISTAFE;
Gleim Publication Inc, 2016 Decreto n.º 70/2009, de 22 de Dezembro – Aprova o Sistema
Morais Georgina et alia, Auditoria Interna – Função e de Contabilidade para o sector empresarial baseado nas
Processos, 3ª edição, Lisboa, Arias editora, 2006; NIRF (PGC-NIRF);
Sawyer, Lawrence B. et alia, The Practice of Modern Decreto n.º 60/2013, de 29 de Novembro – Cria a Inspecção
Internal Auditing, 5ª edição, Florida, IIA 2005. Geral de Finanças;
Decreto n.º 5/2016, de 8 de Março – Regulamento
Documentos Públicos de Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Serviços ao Estado;
Manual de Procedimentos de Auditoria ao Sector Público;
Decreto n.º 6/2017, de 6 de Março – Introduz alterações ao
Livro Branco dos Órgãos de Controlo Interno – Subsistema Regulamento do SISTAFE;
de Controlo Interno; Diploma Ministerial n.º 142/2006, de 5 de Setembro –
Manual de Controlo do SCI – Portugal; Aprova o Modelo de Estruturação das Unidades Gestoras
Manual de Avaliação de Qualidade do IIA. Executoras das Aquisições;
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Diploma Ministerial n.º 181/2013, de 14 de Outubro – IPPF – International Professional Practices Framework
Manual de Administração Financeira e Procedimentos (Estrutura Internacional de Práticas Profissionais)
Contabilísticos; IRPC – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Diploma Ministerial n.º 30/2017, de 27 de Abril – Colectivas
Designação das Unidades Funcionais do Subsistema de IRPS – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Controlo Interno IVA – Imposto sobre o Valor Acrescentado
OCI – Órgão de Controlo Interno
Internacional
OE – Orçamento do Estado
Estrutura de Práticas Profissionais Internacionais (IPPF) PBCP – Plano Básico de Contabilidade Pública
do Instituto dos Auditores Internos (IIA). PES – Plano Económico e Social
PGC-NIRF – Plano Geral de Contabilidade baseado nas
Normas Internacionais de Relato Financeiro
Lista de siglas e acrónimos PGMQ – Programa de Garantia de Qualidade e Melhoria
PR – Prática Recomendada
CER – Classificador Económico da Receita REODF – Regulamento sobre a Execução do Orçamento
CFMP – Cenário Fiscal de Médio Prazo para Departamento Financeiro
CIGE – Colectivo de Inspectores-Gerais do Subsistema SCI – Subsistema de Controlo Interno
de Controlo Interno SCP – Subsistema da Contabilidade Pública
CNFP – Conselho Nacional da Função Pública SI – Sistema de Informação
COSO – Comité de Organizações Patrocinadoras SISTAFE – Sistema de Administração Financeira
da Comissão Treadway do Estado
CUT – Conta Única do Tesouro SOE – Subsistema do Orçamento do Estado
DNCP – Direcção Nacional da Contabilidade Pública SPE – Subsistema do Património do Estado
EGFAE – Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes STP – Subsistema do Tesouro Público
do Estado UAI – Unidades de Auditoria Interna
FR – Fonte de Recursos UFSA – Unidade Funcional de Supervisão das Aquisições
IGF – Inspecção-Geral de Finanças UGB – Unidade Gestora Beneficiária
IIA – Institute of Internal Auditors (Instituto dos Auditores UGE – Unidade Gestora Executora
Internos) UGEA – Unidade Gestora e Executora de Aquisições
INTOSAI – International Organisation of Supreme Audit UI – Unidade Intermédia
Institutions (Organização Internacional de Entidades US – Unidade de Supervisão
Superiores de Auditoria)
Preço — 180,00 MT