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Problema da Natureza dos Juízos Morais

Professor Jorge Pereira

Agrupamento de escolas de

Moimenta da Beira

Filosofia
Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo
Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo

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Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos
Morais

Introdução ao Problema

O que são os valores?


• Os valores são aquilo que nos faz dar importância a certas coisas
e não a outras, agir desta ou daquela maneira, escolher isto ou
1
aquilo, preferir e optar por umas coisas em vez de outras.
• Essas preferências são muitas vezes expressas através de
juízos. Mas o que são juízos?

1
P.e. geralmente damos importância à honestidade, à justiça, à democracia, à amizade ou ao conhecimento.
Emitir juízos consiste em atribuir certas propriedades ou características
àquilo com que nos deparamos.
• Exemplos de juízos:
1 Beethoven compôs mais de oito sinfonias.
2 A Nona Sinfonia de Beethoven é sublime.
3 Alguns estados norte-americanos aboliram a pena de morte.
4 A pena de morte devia ser abolida.
• Os juízos (1) e (3) são diferentes dos juízos (2) e (4).
• Quais são as diferenças?
• Os juízos (1) e (3):
• São puramente descritivos (pretende-se que o juízo corresponda
à realidade).
• Têm valor de verdade (se descreverem corretamente a realidade,
então são verdadeiros).
• São objetivos (independentes das diversas perspetivas das pessoas).
• Designam-se como juízos de facto.
• Os juízos (2) e (4):
• São, pelo menos em parte, normativos (pretende-se que a
realidade corresponda ao juízo).
• Dizem-nos como as coisas devem ser.
• Envolvem a pretensão de expressar uma determinada avaliação
das coisas.
• Designam-se como juízos de valor.
Exercícios

Juízo de facto ou de valor?


1. O holocausto foi moralmente horrível. (Juízo de valor)
2. O holocausto é considerado moralmente horrível. (Juízo de facto)
3. A justiça é mais importante do que a liberdade. (Juízo de valor)
4. A liberdade é mais importante do que a justiça. (Juízo de valor)
5. Muitas pessoas valorizam a liberdade. (Juízo de facto)
6. É bom que muitas pessoas valorizem a liberdade. (Juízo de valor)
7. Há quem julgue que não é bom que muitas pessoas valorizem a
liberdade. (Juízo de facto)
8. Guimarães é a capital de Portugal. (Juízo de facto)

44
Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos
Morais

Introdução ao Problema

Um tipo particular de juízo de valor são os juízos morais (os quais dizem
2
respeito aos valores morais ).
• Exemplos de juízos morais:
• Matar pessoas inocentes é errado.
• A pena de morte é injusta.
• O aborto é moralmente errado.
• Mas qual é a natureza dos juízos morais?
• O que significa dizer que “X é bom” ou “X é moralmente
correto”? Existem verdades morais?

2
Os valores morais estão diretamente ligados com aquilo que devemos/não devemos fazer, o que significa que os juízos
Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos
Morais

Introdução ao Problema
morais são juízos que envolvem as noções de certo e de errado, justo e injusto, louvável e censurável, etc.
Formulação do Problema da Natureza dos Juízos
Morais

Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo
Formulação do Problema da Natureza dos Juízos
Morais

Formulação do problema

Problema da natureza dos juízos morais:


1 Os juízos morais têm valor de verdade?
2 Se têm valor de verdade, são verdadeiros ou falsos
independentemente da perspetiva de quaisquer sujeitos?

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Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo
Teorias

Duas famílias de teorias:


• Não-cognitivismo: aqueles que respondem negativamente ao
problema 1. Os juízos morais não descrevem qualquer tipo de
facto, não comunicam quaisquer verdades ou falsidades.
• Cognitivismo: aqueles que respondem afirmativamente ao problema 1.
Os juízos morais descrevem algum tipo de facto, comunicam
verdades ou falsidades.
Sub-Teorias

Sub-teorias:
• Não-cognitivismo:
• Emotivismo: os juízos morais são expressões de emoções: não
têm valor de verdade.
• Cognitivismo:
• Subjetivismo: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu
valor de verdade depende da perspetiva do sujeito que faz o
juízo.
• Relativismo: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor
de verdade depende da perspetiva de cada cultura.
• Objetivismo: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor
de verdade é independente da perspetiva de quaisquer sujeitos.

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Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

Mapa de Teorias

Figura 1: Esquema de Teorias


Figura 2: Quadro de Teorias
Emotivismo

Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo
Emotivismo

O emotivista defende as seguintes teses:


• (T1) Os juízos morais são expressões de emoções: não têm
valor de verdade.
• (T2) Não há factos morais.
• (T3) «X é bom» ou «X é moralmente correto» significa «Viva
X!»; «X é mau» ou «X é moralmente errado» significa «Abaixo
X!».
Destas teses podemos concluir que:
• Quando usamos a linguagem moral estamos apenas a expressar
emoções e a tentar provocar nos outros sentimentos semelhantes
3
aos nossos.
• Num debate moral não há propriamente quem tenha razão, ou
4
seja, quem esteja a defender um ponto de vista verdadeiro.
3
Ao influenciar os sentimentos o emotivismo pode dar conta da educação moral.
4
Mesmo assim pode valer a pena debater esse assunto: uma pessoa pode querer levar a outra a mudar os seus
sentimentos.
Teoria do Emotivismo

Argumentos a favor do
Emotivismo
Argumento do positivismo lógico:
• O positivismo lógico (PL) afirma que só dois tipos de frases
fazem genuínas afirmações de verdade:
• Empíricas (testáveis por intermédio da experiência sensível): “Está
a nevar”.
• Analíticas (verdadeiras por definição): “Todos os celibatários são
solteiros”.
Com base no (PL) pode-se argumentar que:
1 Qualquer genuína afirmação de verdade é empírica (testável
por intermédio da experiência) ou analítica (verdadeira por
definição).
2 As afirmações de carácter moral não são empíricas nem analíticas.
3 ∴ As afirmações de carácter moral não são afirmações de
verdade genuínas. [De 1 e 2]
Teoria do Emotivismo

Argumentos a favor do
Emotivismo
Será este um bom argumento?
Objeção ao argumento (PL):
• A premissa (1) refuta-se a si mesma:
• A premissa é empírica (testável por intermédio da experiência)?
Não parece.
• É analítica (verdadeira por definição)? Não parece.
• Logo, nos seus próprios termos, (1) não é uma genuína
afirmação de verdade — e, por isso, não pode ser verdadeira.
Argumento da parcimónia:
1 Em filosofia, como em ciência, um ponto de vista é melhor se
explica certos aspetos da realidade da maneira mais simples.
2 O emotivismo explica certos aspetos da moralidade da maneira
mais simples. (Ou seja, os juízos morais são apenas expressões de
emoções, são exclamações sem qualquer valor de verdade.)
3 ∴ O emotivismo é melhor que os outros pontos de vista. [De 1 e 2]
Será este um bom argumento?

44
Objeção ao argumento da parcimónia:
• Contra a premissa (2):
• O emotivismo nem sempre é simples, pois parece enfraquecer
a moralidade ao negar a existência de razões morais.
• Mas em determinados assuntos temos razões morais para
aceitarmos algo como correto ou errado.
• Problemas internos do emotivismo:
• Os juízos morais não são sempre emocionais.
• P.e. podemos fazer juízo moral de que “se existirem
extraterrestres devemos tratá-los com respeito” sem exprimir
qualquer emoção.
Emotivismo

Exercícios

Exercícios sobre o Emotivismo


1. Por que razão o emotivismo é uma teoria não-cognitivista?
2. Como define o emotivismo o “bem”?
3. Como explica o emotivismo a educação moral?
4. Explica o que é o positivismo lógico e como este suporta o
emotivismo.
5. Que objeção é feita ao positivismo lógico?
6. Por que razão o emotivismo é uma teoria parcimoniosa?
7. Para discussão: Os desacordos éticos podem por vezes ser
resolvidos racionalmente? Porquê?
8. Mini-Ensaio: escreve um texto que apresente em linhas gerais a
tua reação inicial ao emotivismo. Parece-te plausível? Que te agrada e
desagrada nesta perspetiva? Consegues pensar numa forma de mostrar
que é falso?
Teoria do Subjetivismo

Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo
Subjetivismo

O subjetivista defende as seguintes teses:


• (T1) Os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu
valor de verdade depende da perspetiva do sujeito que faz
o juízo.
• (T2) Há factos morais, mas estes são subjetivos, pois só dizem
respeito aos sentimentos de aprovação ou reprovação das
pessoas.
• (T3) «X é bom» ou «X é moralmente correto» significa «Eu aprovo
X»;
«X é mau» ou «X é moralmente errado» significa «Eu reprovo X».
Destas teses podemos concluir que:
5
• Na ética só há opiniões pessoais e não verdades universais.
• Os juízos morais descrevem apenas os nossos sentimentos de
aprovação ou reprovação.

5
Na ética cada um tem «a sua verdade»; assim, quando uma pessoa exprime um juízo moral não pode estar enganada.
Teoria do Subjetivismo

Argumentos a favor do
Subjetivismo

Argumento do fomento da liberdade:


1 Se o valor de verdade dos juízos morais não depende da
perspetiva de cada sujeito, então teremos limites na nossa liberdade
de ação (pois, o valor de verdade desses juízos será imposto por
algo exterior ao sujeito).
2 Mas, não queremos ter limites na nossa liberdade de ação.
3 ∴ O valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de
cada sujeito. [De 1 e 2, por modus tollens]
Será este um bom argumento?
Objeção ao argumento do fomento da liberdade:
• Contra (2):
• O subjetivismo não nos dá informações sobre como usar a
liberdade de forma responsável .
• Seguindo o subjetivismo, nenhum ponto de vista, por muito
monstruoso ou absurdo que seja, pode ser considerado realmente
errado ou pelo menos pior do que pontos de vista alternativos.6
• A educação moral deixa de fazer sentido.7

6
O subjetivismo parece fazer da ética um domínio completamente arbitrário. P.e. se uma pessoa pensa que devemos
torturar inocentes, então para essa pessoa é verdade que devemos torturar inocentes.
7
P.e. se uma criança tiver um sentimento profundamente negativo em relação à escola, provavelmente pensará que não há
mal algum em faltar às aulas. E o subjetivista terá de aceitar que, para ela, é verdade que não há mal algum em faltar às
aulas.
Argumento do fomento da tolerância:
1 Se o valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de
cada sujeito, então cada um tem as suas preferências (não
havendo uma preferência melhor ou pior).
2 Ora, se cada um tem as suas preferência (não havendo uma
preferência melhor ou pior), então tornamo-nos mais tolerantes a
respeito das pessoas com preferências diferentes.
3 ∴ Se o valor de verdade dos juízos morais depende da
perspetiva de cada sujeito, então tornamo-nos mais tolerantes.
[De 1 e 2, por silogismo hipotético]
Será este um bom argumento?
Objeção ao argumento do fomento da tolerância:
• Parece haver uma contradição neste argumento:
• Por um lado, sustenta-se que o bem depende da perspetiva de
cada sujeito.
• Mas, por outro lado, está a pressupor que a tolerância é um
bem objetivo e, por isso, há pelo menos um bem que não
depende da perspetiva de cada sujeito.8
• Para o subjetivista não há uma preferência ética melhor ou pior.
Mas isto tem graves consequências:
• Isso tira todo o sentido ao debate racional sobre questões morais.
• Nunca é possível que alguém esteja enganado em questões morais.

8
Além disso, será que devemos ser tolerantes para com todos os juízos de valor incluindo os das pessoas
intolerantes?
Imagine-se alguém a sustentar que “É bom e justo matar quem não concorda connosco”.
Teoria do Subjetivismo

Exercícios

Exercícios sobre o Subjetivismo


1. O que caracteriza o subjectivismo moral?
2. Como se define “bem” para o subjectivismo?
3. De acordo com o subjetivista, a afirmação «Torturar inocentes
não é errado» pode ser verdadeira? Porquê?
4. Quais são os argumentos principais a favor do subjetivismo?
5. Que objeções se pode apresentar ao subjetivismo?
6. Para discussão: Concordas com o subjetivismo moral?
Teoria do Relativismo

Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo

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Relativismo

O relativista cultural defende as seguintes teses:


• (T1) Um juízo moral é verdadeiro numa sociedade quando os
seus membros acreditam que é verdadeiro; falso quando
acreditam que é falso.
• (T2) Os factos morais são relativos às sociedades, sendo
diferentes consoante as diferentes culturas.
• (T3) «X é bom» ou «X é moralmente correto» significa «A
sociedade aprova X»; «X é mau» ou «X é moralmente errado»
significa «A sociedade reprova X».
Destas teses podemos concluir que:
• O bem e o mal morais são convenções estabelecidas em
cada sociedade.
• Na ética não há verdades universais; o certo e o errado
variam de sociedade para sociedade.
Teoria do Relativismo

Argumentos a favor do
Relativismo

Argumento da diversidade cultural:


9
1 Culturas diferentes têm códigos morais diferentes.
2 Se culturas diferentes têm códigos morais diferentes, então não há
uma verdade moral objetiva (pois, a verdade dos juízos morais é
sempre relativa à cultura ou grupo social).
3 ∴ Não há uma verdade moral objetiva. [De 1 e 2, por modus
ponens]
Será este um bom argumento?
Teoria do Relativismo

Argumentos a favor do
9
Relativismo
Em sociedades diferentes prevalecem convicções morais diferentes acerca de assuntos como o aborto, a eutanásia, a pena
de morte, etc.
Objeção ao argumento da diversidade cultural:
• Contra a premissa (1):
• Há algumas regras morais que todas as sociedades têm em comum
(p.e. regras contra o homicídio).10
• Contra a premissa (2):
• O facto de haver culturas com códigos morais diferentes não é
uma condição suficiente para que não haja uma verdade moral
objetiva.11
• Pode suceder que haja culturas com códigos morais errados.

10
As sociedades podem diferir relativamente ao que encaram como exceções legítimas às regras.
11
P.e. o facto de haver diferentes opiniões relativamente à existência de Deus não é uma condição suficiente para
considerarmos que não há uma verdade objetiva acerca desse assunto.
Argumento da tolerância e coesão social:
1 O relativismo cultural promove a tolerância entre sociedades
diferentes (pois, leva-nos a não ter uma atitude destrutiva em
relação aos outros povos e culturas).
2 O relativismo cultural promove a coesão social fundamental para
a sobrevivência da sociedade (pois, aceitamos como certo aquilo
que a maioria determina).
3 Se o relativismo cultural promove a tolerância e a coesão social,
então essa é uma teoria plausível.
4 ∴ O relativismo cultural é uma teoria plausível. [De 1-3]
Será este um bom argumento?
Objeção ao argumento da tolerância e coesão social:
• Contra a premissa (1):
• A tolerância nem sempre é desejável.12
• O relativismo cultural pode conduzir à aprovação da intolerância.13
• Contra a premissa (2):
• O relativismo cultural conduz ao conformismo.14
• A maioria pode estar enganada.

12
Será que devemos tolerar as práticas das outras sociedades que nos parecem monstruosas? Parece que não.
13
Se uma sociedade entender que a intolerância é uma atitude correta, então a intolerância será aceitável nessa sociedade.
14
Um conformista limita-se a agir de acordo com as ideias dominantes na sociedade, anulando as suas opiniões
pessoais.
Teoria do Relativismo

Exercícios

Exercícios sobre o Relativismo


1. O que caracteriza o relativismo cultural?
2. Como se define “bem” para o relativista?
3. Como tenta o relativista justificar a sua perspetiva
apelando à diversidade cultural?
4. Como tenta o relativista justificar a sua perspectiva apelando à
tolerância e coesão social?
5. Por que razão o relativismo cultural parece conduzir ao conformismo?
6. O relativista pode defender coerentemente que todos devemos
ser tolerantes? Porquê?
7. Para discussão: Concordas com o relativismo? Porquê?
8. Ensaio: O que te agrada e desagrada nesta perspetiva relativista?
Objetivismo

Sumário

1 Introdução ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

2 Formulação do Problema da Natureza dos Juízos Morais

3 Respostas ao Problema da Natureza dos Juízos Morais

4 Teoria do Emotivismo

5 Teoria do Subjetivismo

6 Teoria do Relativismo

7 Teoria do Objetivismo
Objetivismo (Perspectiva do Observador Ideal)

O objetivista defende as seguintes teses:


• (T1) Os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor
de verdade é estabelecido por boas razões (informadas e
imparciais).
• (T2) Há factos morais, mas estes descrevem como nos sentiríamos
15
se fossemos inteiramente racionais: informados e
16
imparciais .
• (T3) «X é bom» ou «X é moralmente correto» significa
«Desejaríamos X se estivéssemos inteiramente informados e nos
preocupássemos imparcialmente com todas as pessoas».
Destas teses podemos concluir que:
• Na ética há verdades universais (estabelecidas pelas razões
informadas e imparciais).
• Os juízos morais baseiam-se numa preocupação em considerar todas
as pessoas de igual modo; ou seja, baseiam-se em critérios
transubjetivos
de valoração.
15
Basear as decisões numa avaliação correta da situação (conhecendo as circunstâncias, as alternativas, e as
16
consequências). Adotar um ponto de vista imparcial que considera do mesmo modo todas as pessoas.
Teoria do Objetivismo

Argumentos a favor do
Objetivismo
17
Argumento contra a intolerância:
1 Se o juízo moral de que a intolerância é errada fosse apenas
relativo à nossa sociedade, então seria aceitável que outras
sociedades fossem intolerantes.
2 Mas não é aceitável que as outras sociedades sejam intolerantes
18
(p.e. nazismo, Daesh, etc).
3 ∴ O juízo moral de que a intolerância é errada não é relativo à
nossa sociedade. [De 1 e 2, por modus tollens]
Será este um bom argumento?

17
Baseia-se na ideia de que a tolerância não é um valor meramente relativo às sociedades.
Teoria do Objetivismo

Argumentos a favor do
18
Objetivismo
Ver aqui, aqui, e aqui.
Objeção ao argumento contra a intolerância:
• Contra a premissa (2):
• Um relativista poderá dizer que ao condenarmos a intolerância
do nazismo estamos apenas a exprimir os juízos morais da
nossa própria sociedade.
• Mas daí não se segue que a tolerância seja um valor objetivo.
• Crítica mais geral:
• O argumento não prova que os juízos morais são objetivos (mas
que no máximo a tolerância não é relativa à sociedade ou
cultura).

44
Argumento da imparcialidade:
1 Se os juízos morais não são objetivamente verdadeiros (ou
falsos), então não podemos justificar os nossos juízos morais de
um ponto de vista imparcial.
2 Mas, podemos justificar os nossos juízos morais de um ponto de
19
vista imparcial (p.e.: A escravatura é injusta).
3 ∴ Os juízos morais são objetivamente verdadeiros (ou falsos).
[De 1 e 2, por modus tollens]
Será este um bom argumento?
19
Ver aqui.
Objeção ao argumento da imparcialidade:
• Como seria a vida humana se formos todos rigorosamente
imparciais?
20
• Contra a premissa (2) - objeção dos "santos morais":
• Considere-se a vida de um santo moral, uma pessoa
rigorosamente imparcial do ponto de vista moral.
• Dificilmente esta pessoa poderia ter uma vida pessoal
plenamente realizada, pois daria exatamente a mesma atenção a
todas as pessoas, independentemente de serem seus familiares e
amigas ou não.
• Assim, as relações morais humanas perdem o sentido se não
incluírem uma certa parcialidade.
20
Argumento defendido pela filósofa Susan Wolf no artigo “Moral Saints” (1982).

44
Exercícios

Exercícios sobre o objetivismo


1. O que caracteriza objetivismo moral?
2. Para um objetivista como é que desenvolvemos sentimentos
racionais? Explique as duas condições de racionalidade propostas.
3. Quais são os argumentos principais a favor do objetivismo? E
que objeções se podem apresentar a esses argumentos?
4. De acordo com a teoria objetivista, como deveríamos aplicar os
juízos morais se fossemos eleitos para o Parlamento?
5. Para discussão: o que te agrada e desagrada nesta perspetiva
objetivista?
6. Para discussão: concordas com o objetivismo? Porquê?
7. Ensaio: escreve um pequeno texto de uma meia página onde
relate as suas reações iniciais à perspetiva objetivista. Parece-te
plausível? Porquê?
44
Um vídeo sobre o problema da natureza dos juízos morais:
• https://www.youtube.com/watch?v=FOoffXFpAlU
Para falar com o professor:
• domingos.faria@colegiopedroarrupe.pt
• http://www.domingosfaria.net

44

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