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Prova escrita de Língua Portuguesa Avaliação:

12º ano – Fevereiro de 2006

Nome e turma: ______________________________________________

Parte I
(Leitura e escrita)

Gato que brincas na rua


Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais


Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E que sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim


Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa

Nota: Antes de responder ao questionário, leia com atenção as perguntas de modo a evitar respostas redundantes.

Justifique cuidadosamente as suas respostas às seguintes questões:

1. Por que inveja o poeta a sorte do gato?


2. Como é definido o gato na segunda estrofe?
3. Qual é a noção de felicidade defendida nesta poesia?
4. Que significam os dois últimos versos do poema?
5. Que características temáticas e estilísticas típicas deste poeta estão aqui presentes?

Parte II
(Funcionamento da língua)
Classes de palavras

1. Utilize o verbo utilizar para completar o espaço assinalado pelas alíneas. Transcreva apenas a
alínea com a resposta e indique o tempo e modo que utilizou:
Se se (a) mais o dicionário, usar-se-ia melhor vocabulário.
(b) pouco a gramática, nos dias de hoje.
Na escola (c) mais o manual da disciplina.
Se ele (d) a Internet melhor, conseguiria bons resultados.
2. Utilize o verbo lavar (2ª pessoa do singular) para completar o espaço assinalado pelas alíneas.
Transcreva apenas a alínea com a resposta e indique o tempo e modo que utilizou:
Quando ficas sujo, (a) e fazes muito bem.
Ontem (b) o chão da casa.
Esta tarde, (c) o teu carro que estava cheio de pó.
Por vezes (d), quando não deves.

continua
Prova escrita de Língua Portuguesa, 12º ano, Fevereiro de 2006

3. Identifica e classifica de forma completa os verbos auxiliares das seguintes frases:


a. Hei-de descobrir o teu segredo.
b. Estão a trabalhar muito bem, hoje.
c. O teste é concebido para avaliar a atenção
d. Eu ia a sair quando ouvi o telefone.
e. O bolo de aniversário foi encomendado.
f. O João não tem vindo às aulas.
4. Substitua as expressões sublinhadas por pronomes pessoais:
a. Encontrei ontem os seus pais.
b. Compras o jornal todos os dias?
c. Lês todas as revistas dos semanários?
d. Compro o presente à Marta, pelo aniversário.
5. Identifique e classifique as conjunções ou locuções conjuncionais nas seguintes frases:
a. Enquanto não acabar o teste não fico descansado.
b. Estudei, de modo que espero um boa nota.
c. O professor não faz testes iguais, portanto tenho de estudar.
d. Seja por esse motivo seja por outro o teste é fácil.
e. Este teste repete-se tanto que é maçador.
Sintaxe

6. Identifique e classifique o sujeito nas seguintes frases:


a. Há dias difíceis.
b. Gostaram de tudo, os convivas.
c. Os alunos e os professores frequentam a escola.
d. Dizem que este teste é complicado.
e. O cardume de sardinhas escapou-se às redes.
f. Disseram-me toda a verdade.

Fim
Prova escrita de Língua Portuguesa, 12º ano, Fevereiro de 2006 - correcção

Critérios de correcção e cotações

Parte I
(Leitura e escrita)

Para este grupo será considerada a correcção escrita numa percentagem de 40% da cotação de cada
questão.

1. O gato representa a vida simples, conduzida apenas pelo destino e pelo instinto (“nem sorte se
chama”). O poeta anseia por esse estado de inconsciência, semelhante ao da infância, que eventualmente
lhe poderia trazer a felicidade.
2. O gato não tem uma consciência própria e é como uma marioneta do destino. O seu sentir é mais
puro (“sentes só o que sentes”) pois é apenas resultado dos seus instintos primários, que metaforicamente
representam a emoção humana inconsciente.
3. A felicidade está claramente representada pelo gato, sugerindo a infância (“Gato que brincas na
rua”), pelo que apenas se define pela ausência de individualidade, pelo abandono ao destino e pelo
esvaziar de toda a consciência do “eu” (“Todo o nada que és é teu”).
4. Nos dois últimos versos o poeta reconhece que a consciência de si o impede de estar em si, assim
como o conhecimento o impede de ser ele próprio. Esta ideia remete para outros poemas já estudados
como “Autopsicografia”, “Isto” ou “Ela canta, pobre ceifeira” onde o poeta também desenvolve a ideia de
que a consciência de si próprio o impede não só de ser feliz como também de poder usufruir das suas
emoções mais puras.
5. Aspectos de estilo a referir: métrica curta e tradicional, a redondilha maior (sete sílabas); rima
cruzada em todas as estrofes, segundo esquema rimático abab; linguagem simples; uso da comparação no
segundo verso (“Como se fosse na cama”) e do paradoxo nos dois últimos versos do poema.
Temas recorrentes: a intelectualização do sentir (“sentes só o que sentes”); lucidez (“Eu vejo-me e
estou sem mim, / Conheço-me e não sou eu.”); nostalgia da infância perdida (entendendo o gato como
uma representação da infância); resignação, perante a incapacidade de se possuir a si próprio.

Parte II
(Funcionamento da língua)

Classes de palavras

1. Utilize o verbo utilizar para completar o espaço assinalado pelas alíneas. Transcreva apenas a alínea com a
resposta e indique o tempo e modo que utilizou:
Se se (a) mais o dicionário, usar-se-ia melhor vocabulário.
utilizasse – pretérito imperfeito do conjuntivo.
(b) pouco a gramática, nos dias de hoje.
Utiliza-se – presente do indicativo.
Na escola (c) mais o manual da disciplina.
utiliza-se – presente do indicativo.
Se ele (d) a Internet melhor, conseguiria bons resultados.
utilizasse – pretérito imperfeito do conjuntivo.

2. Utilize o verbo lavar (2ª pessoa do singular) para completar o espaço assinalado pelas alíneas. Transcreva
apenas a alínea com a resposta e indique o tempo e modo que utilizou:
Quando ficas sujo, (a) e fazes muito bem.
lavas-te – presente do indicativo
Ontem (b) o chão da casa.
lavaste – pretérito perfeito do indicativo
Esta tarde, (c) o teu carro que estava cheio de pó.
lavaste – pretérito perfeito do indicativo
Prova escrita de Língua Portuguesa, 12º ano, Fevereiro de 2006 - correcção

Por vezes (d), quando não deves.


lavas-te – presente do indicativo

3. Identifica e classifica de forma completa os verbos auxiliares das seguintes frases:


a. Hei-de descobrir o teu segredo.
haver de – verbo auxiliar temporal (valor de futuro)
b. Estão a trabalhar muito bem, hoje.
estar a – verbo auxiliar aspectual (valor durativo)
c. O teste é concebido para avaliar a atenção
verbo ser – verbo auxiliar da passiva
d. Eu ia a sair quando ouvi o telefone.
ir a – verbo auxiliar aspectual (valor durativo)
e. O bolo de aniversário foi encomendado.
verbo ser – verbo auxiliar da passiva
f. O João não tem vindo às aulas.
verbo ter – verbo auxiliar dos tempos compostos

4. Substitua as expressões sublinhadas por pronomes pessoais:


a. Encontrei ontem os seus pais.
Encontrei-os ontem.
b. Compras o jornal todos os dias?
Compra-lo todos os dias?
c. Lês todas as revistas dos semanários?
Lê-las todas?
d. Compro o presente à Marta, pelo aniversário.
Compro-lho, pelo aniversário.

5. Identifique e classifique as conjunções ou locuções conjuncionais nas seguintes frases:


a. Enquanto não acabar o teste não fico descansado.
Enquanto – conjunção subordinativa temporal.
b. Estudei, de modo que espero um boa nota.
De modo que – locução conjuncional subordinativa consecutiva.
c. O professor não faz testes iguais, portanto tenho de estudar.
Portanto – conjunção coordenativa conclusiva.
d. Seja por esse motivo seja por outro o teste é fácil.
Seja… seja – locução conjuncional coordenativa disjuntiva.
e. Este teste repete-se tanto que é maçador.
Tanto que – locução conjuncional subordinativa consecutiva.

Sintaxe

6. Identifique e classifique o sujeito nas seguintes frases:


a. Há dias difíceis.
Sujeito nulo expletivo.
b. Gostaram de tudo, os convivas.
Sujeito simples (os convivas).
c. Os alunos e os professores frequentam a escola.
Sujeito composto (Os alunos e os professores).
d. Dizem que este teste é complicado.
Sujeito nulo subentendido (eles) ou indeterminado (há quem diga).
e. O cardume de sardinhas escapou-se às redes.
Sujeito simples (O cardume de sardinhas).
f. Disseram-me toda a verdade.
Sujeito nulo subentendido (eles).

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