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ARTIGO

ENTRE A PAIDEIA E A BILDUNG: PISTAS PARA UMA


EDUCAÇÃO HUMANíSTICA 1

AGRADECIMENTOS BARBARA FREITAG* Lembrei-me de um jogo


que fazíamos em família, em
á perdi a conta das muitas

J
RESUMO
noites de "apagão": uma pessoa
vezes que aceitei convites o artigo reúne reflexões sobre uma educação
era selecionada para inventar
acadêmicos de amigos e humanística. Recorrendo a E. Kant, L. Wacquant
e T. Morus, a autora propõe a ruptura com a
uma história, orientando-se
colegas de Fortaleza para parti-
pedagogia tradicional, voltando-se para uma pelos elementos temáticos
cipar de bancas examinadoras,
formação pedagógica inseparável da construção dados pelas demais (exemplo:
mesas redondas, seminários ou
de uma ciência moral e política, calcada em "caçador", "lebre': "espingarda"),
congressos. Todos foram muito um padrão ético. Nessa perspectiva, concebe para testar a inventividade de
marcantes e enriquecedores. a educação como meio para elevar o patamar nossos filhos e de seus amigos
Lembro-me especialmente de civilizotório cultural do Brasil, incluindo como presentes. Depois de terminada
três, que ocorreram nos mais proposta alternativa a leitura de círculos de
a narrativa, cada um dos ouvin-
variados contextos e, por isso livros, viagens e outros modos de ampliação e
tes dava uma nota ao narrador,
mesmo, estavam voltados para transmissão da cultura.
justificando os seus critérios.
temáticas diferentes. Um dos ABSTRACT Vou utilizar as regras des-
debates aconteceu na UEC, há The article gathers reflections on a humanistic se jogo para dar início à minha
14 anos atrás, ocasião em que education. Drawing from E. Kant, L. Wacquaunt palestra, tentando integrar em
tratei da "Ensinabilidade das and T. Morus, the author proposes a break with the minha narrativa a "ensinabili-
virtudes': No Encontro da So- traditional pedagogy, which is inseparable from
dade do ser humano" (I. Kant),
the construction of a moral and politica science
ciedade Brasileira de Sociologia "a violência urbana" (Lorc
in an ethical framework. In this perspective, he
(SBS), em 2001, organizado Wacquant), "autopia" (T.Morus),
conceives education as a means to raise the levei
por César Barreira, na ocasião como sendo os "elementos,
of civilized living in Brazil, including an alternate
presidente da entidade, falei proposal for group reading of books, journeys isto é, os conceitos-chave aos
sobre "Utopias da Cidade", e, and other ways of amplifying and transmitting quais pretendo recorrer para
finalmente, na Jornada dos Psi- culture. desenvolver o meu tema, cujo
canalistas de Fortaleza (2003), • Doutora em Ciências Humanas, prafessora titular da ponto de chegada será o da
organizada pela Sociedade Universidade de Brasilia. "Educação Continuada para as
Psicanalítica do Ceará, discuti Humanidades':
a questão da violência urbana com o arquiteto Fausto
Nilo, autor do projeto de remanejamento urbano no 11
centro de Fortaleza (Dragão do Mar).' O tema que sugeri apresentar, Entre a Paidéia e
No convite que recebi agora no início de 2007 e a Bildung: pistas para uma educação humanística,
que aceitei com o maior prazer, fui solicitada a falar exige, desde o início, um esclarecimento conceitual.
sobre as Humanidades e a Educação Continuada. Em seu artigo ao mesmo tempo provocador e
Agradeço aos organizadores deste encontro, por mais inovador, de 1989, "Reinventando as Humanidades",
essa oportunidade de vir a Fortaleza e expor minhas Sérgio Paulo Rouanet propôs chamar de humanidades
idéias, em especial à professora Maria Neyára Olivei- as disciplinas que contribuam para a formação (Bil-
ra de Araújo, à Vera Maria Fick e a todas as demais dung) do homem, independentemente de qualquer
pessoas que tornaram este evento possível. finalidade utilitária imediata, isto é, que não tenham
Mas, como encaminhar, com essa palestra de necessariamente como objetivo transmitir um saber
abertura, o tema geral do Seminário? científico ou uma competência prática, mas estruturar

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uma personalidade segundo uma certa paidéia, vale André Lalande, em seu Dicionário Técnico e
dizer um ideal civilizatório e uma normatividade Filosófico (Paris, 1951), depois de remeter às muitas
:'3
inscrita na tradição .. ramificações e conotações que o termo "Humanismo"
O próprio autor admite que essa definição é sofreu através dos tempos, sugere que este deva ser
ampla demais para permitir um consenso absoluto compreendido, em seu sentido mais amplo, como
sobre as disciplinas que deveriam ser incluídas em sendo um
uma proposta pedagógica nova, voltada para as hu-
manidades. Para que tal proposta se torne viável, o Antropocentrismo refletido que, partindo
autor de "Reinventando as Humanidades" sugere uma do conhecimento do homem, tem como
tripla ruptura: com a pedagogia tradicional, com a objetivo colocar em evidência o valor
tecnocracia e com o populismo (p. 101). humano, excluindo tudo aquilo que o
Mas, antes de partir para essa estratégia, propo- aliena de si mesmo, seja por submetê-Ia
nho aprofundar um pouco mais a questão conceitual. às verdades e a potências supra humanas,
Para delimitar melhor a questão das Humanidades seja por desfigurá-lo por alguma utilização
recorro a um clássico do pensamento humanístico e infra-humana (p. 423).
pedagógico alemão: Werner Jaeger, com sua obra mo-
numental sobre a Paidéia grega," certamente um dos HUMANISMO E HUMANIDADE. Os termos
tratados filosóficos-pedagógicos que melhor sinteti- não são sinônimos têm em comum a radical "Hu-
zou o pensamento grego acerca das humanidades. man', ou seja, o ser humano e suas representações, o
Na paidéia grega, o princípio norteador da Menschsein, introduzido pelos gregos. O Humanismo,
formação da personalidade não é o individualismo, retomado na Renascença, denota um movimento do
mas sim o humanismo, conforme esclarece Jaeger, espírito que busca superar os valores da Idade Média,
chamando a atenção para o fato de que "humanismo" remetendo aos valores da Antigüidade greco-romana.
vem de humanitas que não deve ser confundido com Em outros termos, o humanista da Renascença é o
"humanitário", conceito que implica a ajuda dada ao homem (o sábio) que conhece a Antigüidade e nela se
próximo no sentido de caritas (digamos, como a me- inspira. De forma extrema, o humanista renascentista
dicina sem fronteiras de hoje). O humanismo grego não só se inspira na Antigüidade, mas a imita, a repete
estava vinculado a um "ideal de homem" (Mensch, e a toma como modelo, incluindo os seus deuses, sua
i.é, ser humano) dentro de um contexto específico língua e seu espírito. As humanidades (Menschlichkeit,
no tempo e no espaço. Nessa conotação, o concei- Menschentum, Menschheit) já significam o conjunto
to de humanismo refere-se à educação do homem de caracteres humanos, comuns a todos os homens (a
(Mensch) para sua verdadeira forma (daí, formação), vida, a piedade, a simpatia espontânea, entre outros).
o (Menschsein) com todas as suas potencialidades. Num significado mais restrito, adotado a partir de
Marx diria mais tarde no Manifesto Comunista: Auguste Comte e pelos franceses, compreendem-se
tratar-se-ia da realização plena do homem que caça as humanidades como sendo "um conjunto de disci-
e pesca de manhã, ouve música, lê e escreve de tarde, plinas concretas que, via de regra, incluem o grego, o
produz e consome cultura, de forma criativa à noite, latim, o culto da vida greco-romana, seus mitos, sua
em plena liberdade, depois de libertar-se das amarras ética, sua estética e, por extensão, as disciplinas da
e correntes da necessidade. história, da sociologia e da filosofia':
Mas, voltando a Iaeger, esse nos fala do Hu- Para Iaeger, as maiores obras da cultura grega
manismo como sendo uma verdadeira teologia do foram os monumentos de uma ética do Estado (Sta-
espírito, que seria retomada no contexto da Renas- atsgesinnung) de grandiosidade única: a formação de
cença do século XVI (por Thomas Morus, na Ingla- heróis, filósofos, poetas, escultores, impregnados de
terra; Erasmo de Rotterdamm, na Holanda e Lefêvre uma moralidade voltada para o engrandecimento da
d'Etaples, na França) e da ilustração do século XVIII cidade-estado, como formulado por Platão, Aristó-
(por Rousseau, Kant e Diderot). teles, e outros. Por isso, conclui Iaeger, um "huma-

FREITAG, B. Entre a paideia e a bildung: pistas para uma educação ... p. 106 - 114 11 07
nismo futuro" precisa estar orientado no modelo da tinto moral, Kant entende que a moralidade (ou cons-
educação grega, voltada para a humanidade. Em sua ciência moral) não está embutida no recém-nascido,
essência, isso significa orientar-se no modelo do zoon mas exige um longo processo de formação, no sentido
politicon, do cidadão, devotado à sua comunidade e da Paidéia ou Bildung. Essa educação pressupõe a
à sua Cidade (polis). criação de um padrão ético a ser alcançado por esforço
É por isso que precisamos entender o conceito e dedicação, a aquisição de determinadas virtudes,
da paidéia grega como sendo o ato de moldar uma coragem, honestidade, sabedoria ... (os gregos fala-
pessoa segundo uma imagem pré-concebida, inspira- vam em Areté). Piaget" refere-se a esta possibilidade
da nesse contexto e aprimorada, realizando seus me- como "autonomia moral", Kohlberg' ensinou-nos a
lhores momentos e potencialidades, transcendendo-o, distinguir diferentes níveis de moralidade (individu-
em benefício da polis, da comunidade, do contexto al) em que a moralidade "pós-convencional" estaria
em que está inserido. refletindo uma autonomia moral, que preserva o
Kant, em sua capacidade única de tornar preci- indivíduo da adesão a seduções autoritárias, ideoló-
sos os conceitos, orienta-se nessa idéia, transferindo gicas e anti-éticas (como sugeridos por movimentos
todas as suas conotações éticas, estéticas e políticas populistas, demagógicos, do tipo fascismo, nazismo
para o conceito alemão de Bildung, em cuja radical e socialismo radicais). Somente a Bildung de padrões
está contida a noção de "Bild" (imagem) e o processo éticos interiores e sua preservação externa (garanti-
de formação "ung" (de moldagem). Por isso, podemos das pelo Estado e confirmadas na sociedade) teriam
dizer com Kant que a Bildung refere-se ao processo condições de criar uma espécie de "consciência mo-
de "moldagern" do qual participam o educador, o ral". Faltando essa "educação" ou "formação" para o
educando e o contexto social, empenhados em de- bem (e a distinção entre bem e mal, certo e errado),
senvolver no jovem um padrão de excelência, uma o indivíduo cai na barbárie e a sociedade na anomia,
virtude suprema que impliquem a formação de uma como viria a temer Émile Durkheim."
consciência moral e política, refletida no termo de É o que estamos vivendo, no momento, nas
"justiça". Tanto a Paidéia quanto a Bildung têm, pois, grandes megalópoles do hemisfério sul (K. Davis)?
afinidades eletivas com a ética (moralidade), a estética e, em particular, nas brasileiras (B. Freitag)." Não é
(ideal do belo) e a política (ideal de cidadania), impli- necessário remeter às manchetes diárias do jornal e
cadas na formação do "ser supremo", um verdadeiro do noticiário televisivo. No Rio de Janeiro e em São
"ser humano". Subjacente a esse "modelo" está a idéia Paulo, presenciamos atônitos a violência cometida
da "ensinabilidade do homem" e a "necessidade de sua contra seres humanos totalmente inocentes, como foi
formação" (bildung) para a moral, a estética e a cida- o caso do pequeno João Hélio, arrastado por 7 km,
dania. Em suas Lições de Pedagogia (1776/77), Kant preso ao cinto de segurança, atrás do carro roubado
insiste na formação de uma mentalidade, vontade no subúrbio do Rio, ou da menina de l3 anos, em São
que anteceda a formação intelectual, dando destaque Paulo, baleada durante um tiroteio em pleno centro
à moldagem das paixões e dos afetos, no sentido de paulista ou, no caso dos três cidadãos franceses,
seu controle racional, o que o filósofo alemão chamou atuando em uma ONG carioca, esfaqueados, a céu
de "ginástica ética'" aberto, por um dos "garotos" de rua, que essa ONG
Com esses esclarecimentos conceituais, retomo, se esforçava em tirar da criminalidade.
pois, minhas reflexões anteriores sobre a "ensinabi- Nesses casos, constatamos ausência de formação,
lidade da moral". Para Kant, o pré-requisito básico pior, educação às avessas, contra o ideal almejado pela
consiste em educar o recém-nascido para saber con- Paidéia e a Bildung, tão minuciosamente definidas.
trolar seus afetos e suas paixões, para depois aprender É como o verbalizou a mãe desesperada de João
o exercício da ética e da cidadania. Ao contrário de Hélio, Rosa Cristina Fernandes Vieltes: no caso dos
certos filósofos e biólogos, que acreditam no inatismo agressores (bandidos), não se trata de seres humanos
da moral e de certos nichos do nosso cérebro em que e sim de monstros que têm "pedras no lugar do co-
células morais estariam abrigando uma espécie de ins- ração" e "sangue nas mãos". Neste e em outros casos,

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constatamos a falta total de qualquer formação. Kant que haja instituições, capazes de controlá-los, seja a
diria que esses adolescentes criminosos não passaram partir do pólo do agressor sádico, seja a partir do pólo
pela escola de ginástica das paixões, não sabendo das vítimas. Onde estão as instituições e os agentes
controlar suas pulsões sádicas e seus afetos (que não humanistas, capazes de reverter esse quadro? Onde
foram canalizados para a compaixão e a solidariedade estão a polis e o zoon politicon do qual fala o texto de
para com o ser humano). Trata-se de personalidades Jaeger? Onde estão os ideais, as normas, os modelos,
desfiguradas, em que não houve modelo, as qualida- que pudessem retomar o ideal clássico das huma-
des latentes não puderam ser fomentadas, brotando nidades? Quais seriam as instituições competentes
somente os traços animalescos e perversos, também para realizar este tipo de trabalho, já que a família e
presentes na natureza humana, descontrolada e a escola pública, sozinhas, revelaram ser incapazes de
desorientada, em que a razão possivelmente estava dar conta desse trabalho? De onde virão os homens e
ofuscada pelo consumo de drogas. mulheres dignos para desenvolver as iniciativas para
Vou remeter a outro caso igualmente brutal uma "Educação continuada para as humanidades"?
e grotesco de "violência urbana", ocorrido após a Não cabe a mim dar uma resposta a todas essas
realização da Jornada dos Psicanalistas da qual par- questões. Ao levantá-Ias, sugiro que elas se tornem
ticipei, aqui em Fortaleza, e que mencionei em minha tema de debate nos grupos de trabalho e nas mesas
introdução. Nesse encontro, discutimos a questão da redondas que se sucederão nesses dias do Seminário,
violência urbana de vários ângulos, mas com foco no que talvez possa ser um primeiro passo, para enfrentar
indivíduo, na sua formação psíquica. Um dos inte- o problema. Cabe, pois, elogiar essa iniciativa de se
grantes da Jornada, o psicanalista de Recife, Antonio organizar aqui em Fortaleza um Seminário voltado
Carlos S. Escobar", filiado à Associação Psicanalítica à "Educação continuada para as humanidades", de-
Internacional, foi brutalmente liquidado, semanas signando a Universidade como uma das possíveis
depois, em sua cidade, Recife, ao tentar evitar um instituições encarregadas de reverter o quadro tão
assalto a mão armada que estava sofrendo um carro angustiante.
à sua frente. Em seu texto aqui citado, Escobar intro- Mas, até onde seria aconselhável seguir os mode-
duz o conceito de "trauma negativo", emprestado de los da Paidéia grega ou das Humanidades renascentis-
André Green (2000), termo esse que "corresponde tas? Não estaríamos nos orientando por um modelo
a uma violência cuja ação traumática na mente da utópico que jamais existiu no passado e que até hoje
criança ocorreria não por aquilo que se fez contra a não conseguiu ser implementado em lugar nenhum
criança, mas por aquilo que se deixou de fazer por (Significado efetivo da palavra "u-topia")?
deficiência materna". Segundo Green, as crianças Nas leituras do fascinante livro de Thomas Mo-
que sofreram esse tipo de trauma podem vir a sentir rus, Utopia, de 1516, fica evidente que a utopia não
o vazio como mais real que a existência positiva dos somente formula um projeto fictício para o futuro,
outros. O vazio produzido pelo trauma negativo leva jamais alcançável como muitos acreditam, mas pode
essas crianças a preenchê-lo com drogas ou exercendo ser entendida como uma crítica feroz ao status quo
atos anti-sociais. Assim, essas crianças organizam da sociedade contemporânea em que vivemos. Se
um self patológico, produto da extrema dissocíação compreendermos Utopia nesse sentido, o modelo do
vinculada às falhas na integração o self(p. 195). Não futuro passa a ser um critério de avaliação do presente.
deixa de ser irônico que o psicanalista que melhor Por mais deplorável que seja a constatação do presen-
compreendeu causa e efeito desse trauma negativo, te, o padrão utópico contém um elemento normativo
semanas depois, tenha sido vítima do processo por que aponta o caminho para a ação do futuro.
ele diagnosticado. Nisso, seu destino assemelhou-se Não importa que a Paidéia grega ou a Bildung,
ao dos três franceses, mortos pelo menino carioca, do Bildungsroman de Goethe ou do modelo da Uni-
que tentaram tirar da rua. versidade Livre de Humboldt nunca tenham existido
Esses casos de barbárie e ano mia social estão se de fato; que sejam, em grande parte, idealizações sau-
multiplicando e se difundindo dia a dia no Brasil, sem dosistas de um passado que não houve. Importante é

FREITAG, B. Entre a paideia e a bildung: pistas para uma educação ... p. 106- 1141109
que o gênio humano foi capaz de criar um modelo de com a redemocratização do Brasil. Como constatou
perfectibilidade do ser humano e da sociedade, atra- Emília Ferreiro, fala-se, legisla-se, pesquisa-se muito
vés da "educação" compreendida como modelagem de sobre a educação no Brasil (mais do que em muitos
um futuro vislumbrado segundo uma "imagem" (um países latino-americanos), mas educa-se pouco, erra-
Vorbild contido na utopia) e que os seres humanos do e de modo insuficiente. O discurso parece servir
se orientem em direção àquele modelo para explorar unicamente como estratégia para ocultar a falta de
seus potenciais individuais e as possibilidades de re- vontade ou possibilidade de efetivamente oferecer
manejamento e reconstrução da sociedade segundo soluções eficazes para fazer da educação institucio-
critérios de justiça, igualdade, fraternidade para todos. nalizada e obrigatória uma alavanca para a elevação
Vista desta maneira, a "utopia" chega bem próximo ao do patamar civilizatório e cultural do Brasil.
que hoje muitos expressam de maneira difusa e vaga Como constatei em meus próprios estudos (aqui
como "sonho", desejo de alcançar um objetivo mais relacionados na nota 12) sobre a política educacio-
alto e distante, que alce o indivíduo para patamares nal brasileira, a estrutura do sistema educacional,
mais elevados da civilização e realização. as práticas pedagógicas, o uso do livro didático no
ensino público do país, "a ensinabilidade da moral",
11I a questão da moralidade, em geral, o analfabetismo e
Na busca de possíveis soluções para os impasses iletrismo ainda amplamente difundidos, entre muitas
apontados para uma "Educação continuada para as outras questões, a Bildung ou Paidéia no sentido das
humanidades': voltemos agora ao texto de Sérgio Pau- humanidades, anteriormente explicitado, jamais cons-
lo Rouanet, "Reinventando as Humanidades", em que tituíram as verdadeiras preocupações dos políticos,
ele nos sugere fazer três rupturas: com a pedagogia burocratas, professores e educadores dos séculos XX
tradicional, com a tecnocracia e com o populismo. e XXI. Entendo que a questão dos grandes números
Apesar de usar a grade oferecida por Rouanet, sempre foi um problema fundamental. Deste modo,
vou introduzir, em cada um dos tópicos, minhas o discurso democrático - "educação para todos" -
próprias experiências e idéias adquiridas através de sempre prevaleceu diante do esforço qualitativo de
minhas pesquisas empíricas e meus estudos teóricos "formação de personalidades': que durante o período
da questão educacional brasileira", não comprome- imperial ainda estava presente, pelo menos para as
tendo com meus exemplos a coerência do raciocínio elites. É como constatou para os USA o estudioso
de meu colega e marido que, lamentavelmente, não A. de Tocqueville: a democracia beneficiou o grande
pode estar presente neste evento para o qual também número ao preço da queda dos níveis de qualidade
fora convidado. de ensino e da difusão dos valores éticos e políticos
de cidadania.
A) A RUPTURA COM A PEDAGOGIA Se quisermos reverter esse quadro, precisamos
TRADICIONAL garantir a toda criança brasileira uma formação como
Enquanto Rouanet quer romper com a tradição sugerida e praticada pelos gregos e revitalizada para
pedagógica da decoreba, da disciplina cega, da ritua- nossa cultura cristã-ocidental, a partir dos humanistas
lização do ensino tradicional, estou mais preocupada renascentistas. Essa Paidéia ou Bildung começaria pela
em denunciar uma estratégia gasta e esvaziada de um domesticação e o controle das paixões e afetos desen-
discurso educacional, que considero ultrapassado. No freados (hoje fortemente vinculados ao consumo de
meu entender, não basta apenas voltar ao velho "slo- drogas e de mercadorias supérfluas), habilitando cada
gan', repetido ad nauseam, a reivindicação em favor da criança a "integrar um self' como diria Green, ou,
"Educação para todos"; "Educação de qualidade para como diria Wilhelm Reich, a construir uma estrutura
todos"; "Educação pública de qualidade para todos': de caráter individual e coletiva, compatível com os
temas esses que sempre continuam em pauta, desde os princípios da liberdade e do respeito à integridade
primórdios da República, acompanhando os períodos física de cada um e da sociedade. Max Horkheimer e
de Ditadura (de Vargas, e dos Militares) e retomados Theodor W Adorno retomaram esse tema de maneira

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brilhante e diferenciada, em dois estudos clássicos: de Thomas Mann ou Éducation Sentimantale,
Autoritdt und Pamilie e The Authoritarian Persona- de Flaubert (etc, etc) ou, ainda, O Ateneu, de Raúl
lity," É na primeira infância, via de regra dentro da Pompéia e Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de
família, que se estrutura a personalidade infantil e Clarice Lispector.
se encaminham as soluções para a integração, na Lembro-me de minha primeira aula de so-
personalidade, dos valores e dos papéis da sociedade ciologia, na Universidade Livre de Berlim, em que
específica em que vivem essas crianças. São decisivos o Professor V. Friedeburg deu o seguinte conselho:
os estudos que Talcott Parsons, o mais teórico dos so- melhor do que qualquer livro didático é a leitura in-
ciólogos americanos, fez, integrando os pensamentos tensa, permanente, desinteressada da grande literatura
biológico, psicanalítico e sociológico. O trágico, para universal. Ora, isso não vale apenas para os sociólo-
os estudiosos dessa questão, é que tudo já foi estudado, gos; vale para os representantes de todas as áreas do
é sabido (como constatou Emília Ferreiro), mas os conhecimento, inclusive, para as áreas técnicas e de
pais, a sociedade, os políticos e mesmo os educadores ciências naturais.
insistem em ignorar, deixando o carro correr. Todos 2. A universidade deveria ser o foro privilegiado
eles permitem que milhares de crianças nasçam, sem para discutir (dentro e fora das Associações de Profes-
ter atendimento mínimo; e que tenham socialização sores) a questão das permanentes greves (via de regra,
primária sem amor, carinho e supervisão ou Bildung, por tempo indeterminado) que interrompem o ensino
segundo ideal ético da Paidéia e do Arete. Isso explica e o aprendizado e, com isso, paralisam os processos
a existência dos "falcões do tráfico"," as matanças de de formação, seja na própria universidade, seja depois
crianças abandonadas, o esquecimento dos órfãos em nas escolas, onde os futuros professores, reintroduzi-
asilos, a existência dos "meninos de rua', que serão rão esse abuso. É claro que o primeiro requisito para
os assaltantes de amanhã e, se sobreviverem, os ocu- que os professores, de qualquer nível, não entrem em
pantes das cadeias cada vez mais numerosas e mais greve, é que recebam salários dignos.
incompetentes para resgatar o jovem criminoso para 3. Introduzir nas universidades cursos de reei-
uma vida normal e integrada na sociedade. clagem permanentes, que permitam aos professores
Isso explica a falta de ética no Congresso, com dos demais níveis (ensino fundamental e médio)
"valeríodutos', desfalques e roubalheiras jamais ima- renovarem seus conhecimentos, se atualizarem nas
ginadas pelos gregos que inventaram a democracia. disciplinas que lecionam, aprenderem novas técnicas
Isso explica a emergência da chamada "Lei de Gerson': e métodos de ensino nos cursos universitários de
em que cada indivíduo só pensa em sua vantagem. Ou nível superior.
ainda, ao ditado: "Para os amigos tudo, para os inimi- 4. Abrir círculos de leitura e de viagem para co-
gos a lei': que revela a relatividade da lei, dependendo nhecer outras culturas, romances, paisagens, sistemas
a quem a lei é aplicada (ou não). políticos. Incluir, para os professores, visitas a museus,
exposições, bienais, que despertarão o interesse do
Mas, o que a Universidade poderia fazer para mestre para novas perspectivas, que eles poderão
melhorar essequadro? repassar aos seus alunos, entusiasmando-os pelas
1. Introduzir em seus currículos de formação múltiplas facetas da vida e da condição humana.
do professor, conhecimentos básicos de psicanálise; 5. Pedagogia não pode ser confundida com
teorias da socialização infantil; estudos de filosofia didática. Pedagogia significa um modo de vida do
clássica e contemporânea, de sociologia da educação, professor que terá de dar o exemplo aos seus alunos.
começando pela obra de Fernando de Azevedo; de O professor é o modelo e não o livro didático (mera
literatura em geral (lendo-se La Comédie Humaine, muleta para facilitar a vida do professor). Nunca o
de Balzac, ou os romances realistas de Zola, para dar livro deveria virar roteiro e rotina do trabalho em sala
somente alguns exemplos. Recomenda-se também de aula. Só assim o professor terá condições de entu-
certa literatura especial como o romance de forma- siasmar os seus alunos pelos temas que ele ensina.
ção (Goethe, Bakthin), a saber: A Montanha Mágica 6. A legislação educacional não poderia e não

FREITAG, B. Entre a paideia e a bildung: pistas para uma educação ... p. 106 - 1141111
deveria mudar tão freqüentemente. Pois sua imple- ções mais recentes, daquilo que acontece no campo
mentação, como mostrou a Lei de Diretrizes e Bases, da tecnologia, da medicina, da biologia, da filosofia,
de 1946, esteve vigente por mais de 40 anos, apesar das ciências humanas. O universitário brasileiro não
das múltiplas "inovações" introduzidas, muitas delas está equipado para assimilar, imediatamente, essas
sem efetivamente mudarem para melhor as condições novas descobertas, precisando aguardar e contentar-
de ensino. Os legisladores deveriam também ser "reei- se com possíveis traduções, que podem demorar ou,
dados" para as humanidades. Como podem eles fixar só acontecer, quando o tema já deixa de ter interesse
conteúdos curriculares, se eles próprios desconhecem (digamos, por exemplo, uma nova droga desenvolvida
a literatura mundial, diferentes línguas e culturas, e para combater a AIDS). Enquanto as famílias de pos-
não acompanham as novas metodologias do ensino, ses e abertas para esse problema financiam, por fora
baseadas em novas evidências de pesquisas históricas (em escolas de línguas particulares), esses saberes, as
e psicológicas e tecnologias? crianças de famílias de baixa renda ficam para trás,
mesmo criando-se soluções paliativas como o sistema
B) A RUPTURA COM A TECNOCRACIA de cotas ou outros truques, tipo bolsa família, ete.
Além disso, a ruptura tecnocrática se impõe
Um plaidoyer em favor das humanidades sig-
face à crença ingênua de que a tecnologia moderna,
nifica ter um certo ceticismo com relação a pseudo-
em especial telefone, celular, rádio, TV, Vídeo e ulti-
soluções propostas por pedagogos tecnocratas. Um
mamente a Internet seriam capazes de suprir a sede
dos exemplos mais debatidos foi a abolição da redação
de saber dos novos aprendizes. Lamentavelmente,
nos exames vestibulares que, durante longos períodos,
nossos jovens internautas preferem, em sua maioria,
passaram a adotar os testes de múltipla escolha, que
os sites de Chat às pesquisas pelo Google, a consulta
dificilmente captam o conhecimento efetivo de um
aos programas pornográficos veiculados, em lugar de
candidato para o ensino superior, e simplificavam visitas eletrônicas a galerias e museus, como preferem
os sistemas de avaliação graças a um gabarito único, fazer o downloading de música techno a quartetos de
segundo o qual os diferentes candidatos eram aceitos Mozart e sinfonias de Beethoven.
ou rejeitados. O equívoco felizmente foi percebido e Em meu Diário de uma Alfabetizadora, reuni as
hoje, pelo menos a redação, faz novamente parte de conversas com Maria, minha cozinheira, analfabeta,
quase todos os vestibulares e sistemas de avaliação. que estava convencida de que a TV era a melhor es-
Muito lamentável, no meu entender, também cola, melhor que qualquer programa de alfabetização
foi a eliminação do latim, do grego e do francês dos (de MOBRAL a Paulo Preire)." Recursos tecnológi-
cursos de ensinos Fundamental e Médio e, conse- cos, para o ensino, como o retro-projetor, o Video ou o
qüentemente, dos vestibulares comuns. Essa política PowerPoint / datashow podem ser instrumentos muito
equivocada reduziu o pequeno leitor à leitura de textos úteis de aprendizado e de transmissão de conhecimen-
traduzidos e lançados por editoras brasileiras, apesar tos. Contudo, eles não substituem o conhecimento
da implementação de programas de leitura nas biblio- substancial (humanístico) do professor, ao utilizá-los
tecas municipais e outros centros culturais. O apren- em sala de aula, e não criam interesse, se o aluno,
dizado de línguas estrangeiras significa uma janela universitário, aprendiz não tem nenhuma motivação
nova para o mundo, sua cultura, sua literatura, seus para os estudos e o desejo de aperfeiçoamento de seus
hábitos, seu cinema e teatro. Desconhecer o latim, conhecimentos, porque, inclusive, o professor não
reduz a compreensão do próprio vernáculo e deixa o apresenta essa motivação.
jovem aprendiz sem saber de onde veio a língua que
De que forma a Universidade poderia cultuar
fala e a cultura que os romanos estabeleceram pelo
mais as humanidades, levando em conta o pro-
continente europeu.
gresso técnico?
Em nível superior, esse desconhecimento de
outras línguas se revela ser ainda mais grave, pois 1. Em minha opinião, atualizando as bibliotecas
o nosso universitário dificilmente acompanhará os com aquisições sempre novas, mantendo em
debates críticos, as descobertas científicas e publica- dia as assinaturas de jornais e revistas (cultu-

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rais e científicas). e/ou renascentista, cultivado na Itália e Europa Cen-
2. Informatizando o seu acervo, inclusive esca- tral para vencer a Idade Média. O humanismo está
neando manuscritos, imagens, personalida- comprometido com a busca da perfectibilidade, da
des que podem ser facilmente acessadas pela liberdade e da justiça. O populismo está interessado
Internet sem chaves de acesso ou barreiras em manter as mentes subalternas, a-críticas e dóceis
econômicas, como foi feito, recentemente, a uma liderança carismática. O populismo nivela
pela Universidade de Oxford e cujo acesso aos e extingue o verdadeiro saber, a cultura inovadora,
documentos inéditos e primeiras edições do o elan crítico, nivelando e massificando as mentes.
século XVIII se tornou possível, graças a um Para combater esse populismo, recomenda-se que os
convênio assinado entre essa universidade e professores universitários leiam e discutam com seus
a CAPES. alunos textos como o de Sigmund Freud, "Massenp-
3. Oferecendo cursos de computação e pesqui- sychologie und Ich-Analyse', onde os mecanismos de
sa, via Internet, que permitam realizar, no identificação e de desativação da crítica e auto crítica
moderno sistema informatizado, a busca de são perfeitamente elucidados.
informações e a organização do pensamento Neste tópico, ainda cabe um comentário sobre
em redes, fundamentadas em fatos e con- a polêmica das cotas de admissão dos universitários
textos, a serem balizados pela nova técnica provenientes de populações de baixa renda, afro-
eletrônica. descendentes, índios e egressos de escolas públicas.
A introdução das cotas, privilegiando essas po-
C) A RUPTURA COM O POPULlSMO pulações sem associar a vaga ao seu esforço e nível
Essa ruptura implica superar o equívoco de que de competência, significa desconhecer os processos
a cultura superior, de elite ou "alta cultura" deve ser do conhecimento, da inventividade, da análise critica,
renegada, idealizando-se a cultura popular, a broa do saber constituído, das humanidades. É preciso
de milho e o forró. Nada contra essas manifestações deixar claro que temos o dever de, nas universidades
da cultura popular e do folclore, que têm seu lugar públicas, oferecer vagas a todos que têm a competên-
garantido na tradição cultural de cada país. Mas, cia para cursar certos cursos profissionalizantes e de
proibir Beethoven, como ocorreu durante a revolução especialização. Mas, isso não significa oferecer vagas
cultural da China e outras coisas mais, é um grande à toa, sem critério de competência e merecimento.
equívoco populista e não deve ofuscar a importância O caminho certo, que não coloca o carro diante
da "alta cultura', da boa música, das expressões artísti- dos bois, a meu ver, é começar com processos de
cas que contribuem para a formação da personalidade socialização infantil integrais, como já antecipados e
dos nossos jovens. Durante suas viagens pelo Brasil parcialmente realizados por Darcy Ribeiro e Leonel
enquanto Ministro da Cultura, Rouanet foi recebido, Brizola, nos chamados "brizolões" do Rio de Janeiro.
na Paraíba por uma orquestra sanfônica (composta Agora, está sendo discutida nova proposta de educa-
por tocadores de sanfonas) que tocou (de ouvido) ção de base, ensino fundamental, apresentada pelo
a Nona Sinfonia de Beethoven, para recepcioná-lo. Ministro da Educação, Hadadd, ao Presidente Lula,
Em Tiradentes, conheci um guitarrista autodidata, em um Plano de Metas, até 2010, em que se pretende
Chico Curió, que tocava algumas baquianas de Villa- investir oito bilhões de reais na base do sistema de
Lobos, de ouvido. Esses dois exemplos mostram que ensino.
o povo tem sensibilidade musical e gosto pelo que Verdadeira Bildungno sentido de Kant tem de ser
é esteticamente bonito, produzindo um bem-estar dada às crianças de todas as classes sociais, de todas as
desinteressado, como diria Kant. cores, crenças, sexos e idades. O ensino de qualidade
A ruptura populista também se impõe quando começa na creche e deve acompanhar todas as etapas
a política educacional é substituída por uma política do aprendizado e todos os graus do ensino formal e
assistencialista, paternalista e eleitoreira. O populis- informal. Além disso, seria necessário introduzir nas
mo é radicalmente contrário ao humanismo grego escolas públicas o que em certa época se chamou de

FREITAG, B. Entre a paideia e a bildung: pistas para uma educação ... p. 106- 1141113
ensino "compensatório". Ou seja, uma educação que em especial o capítulo 6, "A megalopolização das cidades latino-

vá muito além das disciplinas obrigatórias da escola americanas na virada do século", P: 151-178.
11 Vale a pena remeter ao texto do psicanalista intitulado
e que ajude a criança a lidar com o mundo, seus pro-
"A violência no Brasil contemporâneo e o Mal-estar na
blemas, seus temas ATRAVÉS DO ESPORTE, DA
Civilização", que Escobar apresentou durante a Jornada, in:
MÚSICA, DA LEITURA, DA ARTE, DO TEATRO, Sônia Lobo (organizadora): Violência. Um estudo psicanalítico
DO CINEMA, enfim, das Humanidades lato sensu. e multidisciplinar. Fortaleza: Edições Dernócriro Rocha, 2003.
Se isso fosse realmente realizado, as crianças com alto 12 Vou remeter a alguns dos meus estudos que considero os mais
potencial de aprendizado e motivação para os estudos importantes:

chegariam à Universidade, independentemente de Barbara Freitag: Escola, Estado e Sociedade, 7" edição. São Paulo:
editora Centauro, 2005.
sua origem social. Aquelas que não se interessam por
B. Freitag: Sociedade e Consciência. Um estudopiagetiano na Escola
saber, ciência, pesquisa, medicina, etc. podem e deve-
e na Favela, 3" edição. São Paulo: Cortez, 1999.
riam ser encaminhadas às escolas de arte, de moda,
B. Freitag: Valéria R. Mona, Wanderly. O Livro Didático em
de técnicas, de cunho profissionalizante, igualmente
Questão, 3" edição. São Paulo: Cortez, 1993.
dignas e promissoras de realização.
B. Freitag: O indivíduo emformação, 4" edição. São Paulo: Cortez,
Por isso, o esquema de cotas somente deveria 1994.
ser adotado, passageiramente, e substituído por uma B. Freitag: Diário de uma Alfobetizadora, 3" edição. Campinas:
política educacional e cultural que resolvesse a ques- Papirus, 2000.
tão educacional a partir das bases, "na raiz", como B. Freitag: Itinerários de Antígona. A Questão da Moralidade, 4"
diria Marx. edição. Campinas: 2005.
Rio, 8 de março de 2007. Além disso, organizei e editei quatro números do Anuário de
Educação, publicados pela editora Tempo Brasileiro, Rio de
Janeiro, 1992, 1994, 1996, 1998, sobre os mais variados ternas
NOTAS
educacionais.
Palestra proferida no Auditório da Reitoria da Universidade 13 Theodor W Adorno, Else Frencke- Brunswick, Daniel Levinson
Federal do Ceará, por ocasião da abertura do seminário et alii, The Authoritarian Personatlity: studies in prejudice. Nova
denominado "Ação universitária de educação continuada para Yorke-Londres: Harper & Row, 1950; e Max Horkheimer
as humanidades", em Fortaleza, nos dias 08 e 09 de março de (ed.), Autoritãt und Familie. Paris: Alcan 1936 (edição focsimile
2007. de 1989).
2 Todos esses temas aqui debatidos já foram transformados e.r. 14 V Bill & Celso Arhayde, Falcão. Meninos do Tráfico. Rio:
textos e publicados em diferentes coletâneas. Objetiva, 2006.
3 Humanidades, n? 49, janeiro de 2003, p. 90. 15 Vide referência bibliográfica completa na nota 12.
4 A Paidéia, a formação do homem grego, Walter de Gruyter:
Berlim-Nova Yorque, 1989.
5 Immanuel Kant. Die drei Kritiken in ihrem Zusammenbang mit
dem Gesamtwerk. (Mir verbindendem Text zusammengefasst
von Raymund Schidt), Vide, em especial, o capítulo sobre
Philosophie der Erziehung (445-458), Srutrgart: Krõnerverlag,
1969.
6 Jean Piaget. Le jugement et le ratsonnement chez l'enfont. Paris:
PUF,1971.

7 Lawrence Kohlberg. Essayson moral development. São Francisco:


Harper & Roew, 1981/1984/1987, em três volumes. Vide,
acima de tudo, o volume 1, "The philosophy of moral
development: moral stages and rhe Idea of justice".
8 Érnile Durkheim. Sociologie et Philosophie. Paris: Felix Alcan,
s.d.
9 Kinsley Davis. Planet o/ Slums. Verso: London - Nova York,
2006.
10 Barbara Freitag. Teoriasda Cidade. Campinas: Papirus, 2006;

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