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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - SALVADOR-BA

MUSEOLOGIA

SHEILA CROESY PITA

RESUMO: O MÉTODO 41 as idéias: habitat, vida, costumes, organização

Salvador-BA

2022

1
MORIN, Edgar. O método 4: habitat, vida, costumes, organização. Trad. de Juremir Machado da
Silva, 4º Ed. Porto Alegre: Sulina, 2008 (319 pgs.)
SHEILA CROESY PITA

RESUMO: O MÉTODO 4 as idéias: habitat, vida, costumes, organização

Resumo apresentado à Andrea Britto, professora da


Disciplina Pesquisa Museológica I, do curso de
Museologia, da Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para composição de nota.

Salvador-BA

2022
RESUMO: O MÉTODO 4 as idéias: habitat, vida, costumes, organização

PRIMEIRA PARTE: A ecologia das idéias

INTRODUÇÃO: Os ídolos da tribo

O autor afirma que “a sociologia do conhecimento é, nas suas origens, um poderoso


esforço para tentar conceber as limitações sócio-históricas inevitáveis ao
conhecimento, e as condições sócio-históricas que lhe permitem uma relativa
emancipação”(MORIN, p. 15), para essa afirmação o autor começa o texto usando
os pensamentos de Bacon2, nos quais ensina-se que o pensamento pode ser
inconscientemente influenciado pelos ídolos da tribo3, pelos ídolos da caverna
(próprios da educação), do forúm (nascidos da ilusão da linguagem), do teatro
(nascidos das tradições), sendo que educação, tradição e linguagem são
componentes culturais que juntos formam os ídolos da sociedade. Portanto, Bacon
indica que a missão do conhecimento é libertar-se desses ídolos e se tornar ciência.

Max Weber4 estudou a formação do capitalismos as condições da racionalidade


moderna, para Merton5, a racionalidade científica, depois de um período se liberta
das necessidades e das forças sociais, podendo então existir em harmonia o credo
sociológico e o credo científico. Mannheim6 encontrou uma situação sociológica mais
ou menos desenraizada da classe que se ocupava dos pensamentos e das idéias.

Contrapondo esse intelectuais de sociologias otimista há os intelectuais de

2
Francis Bacon (1561-1626) foi um filósofo, escritor e político inglês. Foi considerado o grande
precursor do método moderno de pesquisa científica
3
Ídolos da tribo: são ídolos naturais da “tribo” humana, pois estão em nossa natureza. Eles dizem
respeito à procura de ordens fenomênicas que nos colocam falsas relações de causalidade. Se o Sol
aparece todas as manhãs desde que eu nasci, eu digo que o Sol sempre nascerá.
4
Max Weber foi um sociólogo, jurista e economista alemão. O pensador é considerado um dos
clássicos da sociologia por ter fundado um método de análise sociológica de extrema importância
para o desenvolvimento da sociologia enquanto ciência autônoma e bem fundamentada. Sua carreira
intelectual foi impulsionada pelo estudo do capitalismo e o êxito desse sistema econômico em
sociedades protestantes.
5
Robert Merton (1910-2003) foi um sociólogo norte-americano, considerado o pioneiro na sociologia
da ciência explorando o modo como os cientistas se comportam e o que os motiva, recompensa e
intimida. Foi importante teórico da burocracia e da comunicação de massa.
6
Karl Mannheim foi um filósofo que buscou entender a Sociologia do Conhecimento de forma mais
ampla: como uma filosofia ‘atemporal’, a qual pode tratar adequadamente os problemas que surgem
da situação intelectual presente.
sociologias pessimistas, Horkheimer7 e Adorno8 construíram argumentos que
visavam defender que a racionalidade adquirida se degrada no decorrer da sua
concepção e consequentemente, a sociologia está entre sua liberdade e um
determinismo intrínseco à sociedade produtora fato autor ao afirmar ao dizer que
“todo conhecimento, inclusive o científico, está enraizado, inscrito no e dependente
de um contexto cultural, social histórico.” (MORIN, p. 17).

Segundo a lógica de Tarski9, a sociologia não é o bastante para conhecer a si


própria e sem conhecer a sociedade na qual está inserida, devendo a sociologia
ultrapassar , articular, integrar o seus sistema de conhecimento em um sistema de
conhecimento mais abrangente, então, é necessário que a sociologia do
conhecimento conceba as condições sociológicas das propabilidade de verdade.

1. Cultura —>conhecimento

O autor, após uma breve explicação sobre cultura, capital cognitivo coletivo dos
conhecimentos adquiridos e as representações coletivas, consciência coletiva
imaginário coletivo e as regras/normas culturais que geram os processos sociais,
afirma que “cultura e sociedade estão em relação geradora mútua; nessa relação,
não podemos esquecer as interações entre indivíduos, eles próprios
portadores/transmissores de cultura, que regeneram a sociedade, a qual regenera a
cultura.” (MORIN, P. 19).

Morin compara a cultura de uma sociedade a um grande Computador constituído por


vários terminais individuais, os espíritos/cérebros dos indivíduos que compõem a
cultura do seu tempo e apoiando-se na organização tripartite da sociedade e na
organização tripartite do mundo divino “tudo isso nos sugere a existência de um
tronco comum indistinto entre conhecimento, cultura e sociedade.” (MORIN, P. 21).

Polifonia e polilógica cognitiva

Morin diferencia o cérebro humano dos computadores fabricados pelo homem, já


que “a hipercomplexa máquina cerebral comporta um poliprograma porque comporta

7
Max Horkheimer foi um filósofo, sociólogo alemão e autor de uma teoria crítica da sociedade.
Ele faz uma profunda análise das ciências sociais, de onde surge a oposição basilar em sua obra:
Razão Instrumental versus Teoria Crítica.
8
Theodor Adorno foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e crítico musical alemão.
Também foi um dos maiores críticos da degradação gerada pelo capitalismo em nome das forças que
mercantilizam a cultura e as relações sociais.
9
Alfred Tarski é considerado, ao lado de Aristóteles, Frege e Gödel, um dos maiores lógicos de todos
os tempos. E, destes quatro, talvez seja o mais profícuo e o melhor matemático. Ele transformou o
campo da lógica no século XX, especialmente com a sua concepção semântica da verdade, exposta
e discutida em A concepção semântica da verdade
a dialógica bi-hemisferica (La Méthode 3,1,p.88-92), a dialógica “triúnica” (idem, p.
93-95), a dialógica entre dois princípios de tradução, um contínuo (análogo), outro
descontínuo (digital, binário." (MORIN, P. 22), dessa forma há uma hipercomplexa
maquinaria sociocultural que é mais que um núcleo organizacional profundo, mas
que nas culturas modernas, essa maquinaria é responsável por métodos de
conhecimento (racionalistas, empirista, míticos, poéticos, religiosos, etc,).

Observa-se que as aptidões organizadoras do cérebro humano precisam de


condições socioculturais para se atualizarem e elas precisam das aptidões do
espírito humano para se organizarem. O espírito de alguém, conhece a cultura
desse alguém e a cultura desse alguém se conhece através de seu espírito, isto
posto, “as instâncias produtoras de conhecimento se co-produzem umas às outras;”
(MORIN, P. 22).

O espírito/cérebro individual mesmo fazendo parte de um megacomputador cultural


complexo possui ainda a possibilidade de autonomia e consequentemente o espírito
individual pode autonomizar-se em relação à sua determinação biológica e em
relação à sua determinação cultural, podendo assim, “o espírito individual pode
alcançar a sua autonomia jogando com a dupla dependência que, ao mesmo tempo,
o constrange, limita e alimenta.” (MORIN, P. 23)

A cultura está no interior

A cultura governa os conhecimentos individuais, não trata-se de determinismo


sociológico exterior quanto de uma estrutura interna, a cultura, via cultura, a
sociedade estão no interior do conhecimento humano, pois o conhecimento esta na
cultura e a cultura é inerente ao conhecimento.

Produto—>produtor

Existe um determinismo evidente na forma que o conhecimento na esfera


sociocultural é introduzida no ser humano antes mesmo do seu nascimento, este é
denominado de imprinting cultural e que a educação, através da linguagem,
incorpora em cada um os princípios, regras e instrumentos do conhecimento, sendo,
“assim, de todas as partes, a cultura age e retroage sobre o espírito/cérebro para
nele modelar as estruturas cognitivas, sendo portando, sempre ativa como
co-produtora de conhecimento." (MORIN, P. 25).

Ressalta-se que para tecer a sociologia do conhecimento tem que se ir além do


enraizamento do conhecimento na sociedade e a interação entre conhecimento e
sociedade, sobretudo tem se que ater-se a repetitividade onde o conhecimento é
produto e também produtor numa realidade sociocultural que é intrínseca a
dimensão cognitiva.
Os indivíduos dentro de uma cultura, mesmo nas mais fechadas, não são máquina
triviais obedecendo corretamente à ordem social e às injunções culturais e mais,
toda cultura está aberta ao mundo exterior havendo assim transito de
conhecimentos objetivos entre essas culturas e que ao obter uma nova informação,
um novo saber, esse novo sabe e nova informação pode mudar uma sociedade e
até mesmo o rumo da história. O autor cita em sua obra a teoria física do átomo que
levou as bombas nucleares cominando na tragédia de Hiroshima e Nagasaki,

Conclui-se que o conhecimento está ligado por todos os lados, à estrutura da


cultura, à organização social, à práxis10 histórica. O conhecimento está por toda
parte transitando pelos espíritos individuais, que dispõe de autonomia potencial, a
qual, em certas condições, atualizar-se e tornsr-se um pensamento pessoal.

10
prática; ação concreta ou parte do conhecimento voltada para as relações sociais e as reflexões
políticas, econômicas e morais.

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