Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Embora não disponha de estudos mais profundos sobre como as ideias estrangeiras
de progresso foram importadas e incorporadas pela sociedade urbana, bem como estudos
do processo de urbanização do Sudeste, a autora consegue se aproximar da realidade da
sociedade dentro dos moldes do mercado livre, assentando-se nos estudos de Célia Maria
Marinho de Azevedo em “Onda negra, medo branco”, de Maria Odila da Silva Dias em
“Novas Fímbrias da Escravidão Urbana: negras de tabuleiro e de ganho” e, também, de
Maria Sylvia de Carvalho Franco em “Homens livres na ordem escravocrata”. Essas três
fontes foram cruciais para a articulação dos argumentos da autora sobre como as
organizações de escravos nas últimas décadas do século XIX puderam modelar seus papéis
enquanto homens e mulheres livres na transição do sistema que declinava para uma nova
economia, que englobava tanto a produção cafeeira quanto os pequenos comércios. Em
Novas Fímbrias da Escravidão, Dias mostra como a camada dos escravos urbanos, embora
representasse cerca de dez por cento do conjunto da população servil, exerceu papel
fundamental no contexto das tensões urbanas e de transição para o mercado livre. A alusão
ao artigo no livro de Machado provoca reflexões acerca das relações entre os libertos e os
pequenos negociantes, bem como promove leituras bem apuradas sobre os
posicionamentos de resistência das novas figuras sociais, que se negavam a cumprir os
preceitos de submissão, como no caso das negras de tabuleiro descritas por Dias.
Bibliografia:
AZEVEDO, Célia Maria Marinha de. Onda Negra, Medo Branco: o Negro no Imaginário das
Elites – Século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. 267 p.
DIAS, Maria Odila da Silva. Nas Fímbrias da Escravidão Urbana: negras de tabuleiro e de
ganho. Estudos Econômicos. São Paulo: Revista da USP, 1985. Vol. 15 – Nº especial – p. 89 –
109.
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens Livres na Ordem Escravocrata. – 4ª ed. – São
Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997.