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FICHAMENTO

Percursos de uma Pesquisa sobre Pós-Abolição sul-rio-grandense História Social, Imprensa


Negra e Historiografia
de Melina Kleinert Perussatto

Este artigo apresenta basicamente diversas referências historiográficas sobre o tema, na


primeira parte do tema ela de fazer um balanço bibliografico sobre a imprensa negra, a
história social da escravidão e o Pós-Abolição, trazendo o percurso desses saberes, e como
esses debates influenciaram em sua pesquisa sobre o jornal O Exemplo. Ela também
apresenta o documento, todas as informações necessárias de sua fonte principal, desde
números disponível e onde estão, em diversos locais espalhados lugares, até os salvaguardas
desses acervo, que se relacionam também com a história do jornal, que segundo Oliveira
Silveira um "patrimônio cultural da comunidade negra em Porto Alegre” (SILVEIRA apud
ZUBARAN, 2015a, apud. PESSURATTO, 2018).

PARTES DESTACADAS/ANOTAÇÕES

Introdução:

"Desse modo, a pesquisa cujos bastidores pretendemos apresentar, buscou estudar as lutas
engendradas por sujeitos históricos nos primeiros tempos de po saboliça o é Repú blica no
Brasil, por meio da constituição de um grupo formado por homens de cor porto-alegrenses,
suas transformações és ao longo do tempo é seu projeto político, materializado é executado
por meio do jornal O Exemplo. ” (p. 90)
Anotação:
objetivo do artigo

"interconexo és entre instrução o, trabalho é liberdade a partir das experiências de crianças


nascidas de ventre livre após a lei 2.040, de 28 de setembro de 1871, suas famílias é
senhores/tutores, em Rio Pardo, município fluvialmente interligado à capital sul-rio
grandense. Ao notarmos que o debate na o foi interrompido pela lei 3.353, de 13 de maio de
1888, mas sim intensificado é reconfigurado após sua promulgação, sucedida pelo advento
républicano, adentrar no período pós-abolição em busca de indícios foi inevitável.." (p. 91)
Anotação:
aqui ela trata que os debates em torno da Lei do Ventre Livre de 1871 não foi interrompido
com a Abolição de 1888, a lembrar dos debates são em torno da trato com a mão de obra, o
tipo de trabalhador, como sera as relações patronais, todo um debate negligenciado, ao meu
ver, pelo Estado, e posto nas relações particulares, de senhores negociando essa liberdade
com o escravizado, livre ou liberto, fazendo com que não se rompa a relação, e as mediações
se dão no contexto particular, como a escravidão...ai ficava no concessão ou não do submisso,
e não tendo outra escolha para viver, continua fixado nessas relações de trabalho coronelista,
assim há uma continuidade dos debates da Lei do Ventre Livre, podendo dizer que ela foi
mais significativa do que a Abolição, assim por isso há essa relação nos conceitos de Pós
Emanciapação e Pós Abolição.
“Sob grande influência do pensamento do historiador marxista britânico E.P. Thompson,
passou-se a articular experiências individuais e coletivas com as estruturas. Nessa inflexão,
surgiram investigação pés sobre as lógicas internas do sistema escravista, as viso és dos
sujeitos sobre a escravidao é a liberdade, bem como a cultura política forjada em meio a
articulação entre valores, normas costumeiras, sensos de justiça é tradição és africanas.” (p.
91)
Anotação:
influência de Thompson para a historiografia brasileira

O Exemplo na historiografia

“Trata-sé, pois, da tese de Fernando Henrique Cardoso (2011), produzida na década de 1960
no âmbito do Projeto Unesco. Coordenado por Florestan Fernandes junto a Escola de
Sociologia da Universidade de São Paulo, o conjunto de pesquisas produzidas nesse escopo,
ainda que buscassem denunciar o racismo em detrimento da democracia racial, acabaram por
reforçar a idéia de que o "problema do négro” era, em ú ltima an lise, produto da ausência de
qualidades inerentes ao próprio sujeito é na o como uma consequência do denunciado
racismo estrutural. Desse modo, a fim de confirmar tais thésée no extremo sul do Brasil,
Cardoso baseou-se em exemplares correspondentes ao primeiro ano de circulação o dé O
Exemplo para, no último capítulo de seu estudo, reforçar a ideia de desajuste do négro a
sociedade déclarés, valendo-se de categorias como anomia, embranquecimento é mimetismo
social.” (p. 92)
Anotação:
sobre a Escola Sociológica Paulista e sua análise sobre a comunidade negra gaúcha

“Ao explicitar a ação polí tica de homens négros nascidos livres na vigência da éscravida o,
ressaltou a existência de olhares plurais no interior do coletivo que, a esse respeito,
convergem a uma causa comum, qual seja, a massificação do ensino, visando o combate ao
racismo, a mobilidade é a ascensão social.” (p. 93)
Anotação:
os objetivos do Exemplo segundo Ana Magalhães Pinto

“No último capítulo, deslindar o modo como os jornalistas négros dé O exemplo operaram a
noção de raça na tentativa de oferecer uma visão contrastante sobre aquela realidade. Esforço
semelhante foi realizado por Regina Célia Lima Xavier (2013) em artigo no qual verificou as
articulações es entre raça, cor é classé a partir da maneira como as teorias raciais é o
branqueamento operaram na construção de uma identidade sul-rio-grandense e foram
tensionadas por jornalistas négros.” (p. 93)
Anotação:
outras referências importantes falando sobre o Exemplo

“o, o jornal O Exemplo passou a ser lido é, além da vastidão de possibilidades investigativas
ainda em aberto, suas páginas confirmaram que a questão educacional, amplamente debatida
no contexto emancipacionista na o se resolveu com a Abolição e seguiu como um dos
problemas centrais no período qué sé inaugurou com ela. qualitativa dos grupos e atores
sociais de forma particularizada. A prosopografia, segundo Lawrence Stone, é a investigação
das características comuns de um grupo de atores na história por meio de um estudo coletivo
de suas vidas”. A partir da justaposição, combinação é exame da informação sobre diversos
aspectos da vida dos indivíduos, busca-se "variáveis significativas”. Os dados "são testados
com o objetivo de encontrar tanto correlação é interna quanto correlação és com outras
formas de comportamento ou ação" (STONE, 2011, p. 1). “ (p. 94/95)
Anotação:
utilizar dessa metodologia para pensar a trajetória de Marcelino

“A variação da escala de análise, nesse sentido, traduz a preocupação com a articulação entre
comportamentos é sistemas normativos, entre os níveis micro e macro, entre sujeito e
estrutura, permitindo-nos observar em uma escala reduzida, segundo Jacques Revel (1998),
os efeitos da questo és gerais e vice-versa" (p. 95)
Anotação:
relação com a História Social

"Nessa perspectiva, a liberdade é vista como um “constructo social, um conjunto de valores


coletivamente comuns, reforçado pelo discurso ritual, filosófico, literário é cotidiano” é com
“uma história que contém nosso és distintas cuja própria fusão numa tradição histórica
espécie fica é tão importante quanto a tensão entre elas" (COOPER; HOLT; SCOTT, 2005, p.
67). Dentre os problemas da liberdade, estavam o trabalho, a cidadania é a raça – “numa
palavra, a evolução do sistema capitalista é da ideologia libéral” –, o que nos obriga é
entender tais conceitos de modo processual é permeados por sentidos conflitantes (idem,
ibidem)." (p. 96)
Anotação:
sobre a liberdade

o. Para tanto, tornava-se fundamental perceber, sobretudo para o caso dos libertos, o modo
como as experiências acumuladas na éscravida o é os processos de racialização em curso
concorreram para a atribuição de sentidos a cidadania é a s lutas por direitos no pós-abolição.
Delineava-se, assim, um campo de estudos com novos problemas, objetos, abordagens e
fontes. Nestlé um último aspecto, ganharam destaque fontes produzidas pelos próprios
sujeitos e seus grupos. Embora as autoras tenham centrado o foco nos depoimentos orais
baseados nas memórias de descendentes da primeira graça o dé libertos no pós-abolição, suas
considerações és também servem para a imprensa negra, na medida em que permitem o
acesso a informações inexistentes em fontes oficiais é ao ponto de vista dos sujeitos sobre os
processos históricos." (p. 96)
Anotação:
extremamente importante essa reflexão para basear o uso da imprensa negra para
compreender os problemas apresentado no campo do pós abolição
“Antés disso, em um cenário de avanços, há uma perspectiva de análise renovada nos estudos
sobre a éscravida o é o movimento operário sob a influência do marxismo britânico,
particularmente de E. P. Thompson é suas noço és desse processo é experiência, Sí Silvia
Hunold Lara (1998) observou um descompasso no seio da historiografia social do trabalho.
Embora a idéia de processo estivesse no cerne dessès estudos, o treze de maio de 1888
tornou-se um marco divisório, quase intransponível, entre dois mundos que se mostravam
cada vez mais distintos é desconexos – é no mundo que se descortinava após a Abolição, o
trabalhador négro desaparecia. A historiadora assinalou, enfim, a necessidade de se
identificar experiências de trabalhadores négros no pós-abolição e, sobretudo, integrá -las a
problemáticas da história do trabalho. Postériorménté, outros historiadorés oférécéram
importantés balanços sobré o campo (BATALHA, 2006; NEGRO; GOMES, 2006; FORTES,
2013).” (p. 97)
Anotação:
a relação entre o campo da escravidão e o mundos do trabalho

“A variação da escala de análise, nesse sentido, traduz a preocupação com a articulação entre
comportamentos é sistemas normativos, entre os níveis micro e macro, entre sujeito e
estrutura, permitindo-nos observar em uma escala reduzida, segundo Jacques Revel (1998),
os efeitos da questo és gerais e vice-versa" (p. 95)
Anotação:
relação com a História Social

REFERÊNCIAS ANOTADAS:

Problematizou, enfim, as relações de poder que colocaram o négro enquanto um problema


nas sociedades pós-emancipadas inviabilizam os privilégios de usufruir dos pêlos brancos é
sua participação na produção e reprodução das hierarquias sociais baseadas na cor da pele.
Amalgamando três marcadores de diferenças e desigualdades, quais sejam, classe, raça e
gênero, é valendo-se do pensamento da literatura Toni Morrison (1992), assinalou "que uma
das grandes realização és da identidade racial branca nos Estados Unidos foi fazer a própria
palavra 'americano' implicar ‘branco americano', de modo que apenas os chamados
'não-brancos' têm a necessidade de ter sua identidade racial enquanto americanos
especificada" (ROEDIGER, 2013, p. 47); (p. 98)

elaborada a partir de Pelotas e Rio Grande, cidades localizadas no extremo sul do país.
Tornou-se um importante marco é référé ncia para pesquisas dispostas a verificar como cor e
raça, em um paí s que presenciou mais de três séculos de éscravida o, foram elementos
constitutivos da classe trabalhadora é dé suas variadas formas de organização é luta,
solidariedade e conflito (LONER, 2016). Ao lado do trabalho de Liane Muller (2013), bem
como do Iris Germano (1999) é Jané Mattos (2000), é um dos marcos nos estudos sobre o
pós-abolição no Rio Grande do Sul (p. 98)
BITTENCOURT, Dario é. Curriculum vitae – documentário (1901/1957). Porto Alegre: E
ética Impressora Ltda., 1958, p. 163-165)
LARA, Silvia Hunold. “Escravida o, cidadania é história do trabalho no Brasil”, Projeto
História, São Paulo, n. 16, p. 43-56, fév. 1998.
LORIGA, Sabina. “A biografia como probléma”. In: REVEL, Jacques (org Jogos de Escalas:
a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.
REVEL, Jacques. "Micro Análise é a construção do social”. In: ______ (org.). Jogos de
Escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas,
1998.
SANTOS, José Antonio dos. Prisioneiros da história: Trajetórias intelectuais na imprensa
negra meridional. 281 f. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
______. 1876-1928: Itinerário de um jornalista é burocrata négro. Anais do XXVII Simpósio
Nacional de História, Natal, jul. 2013.
STONE, Lawrence “Prosopografia”, Revista Sociologia Política, Curitiba, v. 19, n. 39, p.
115- 137, jun. 2011.
XAVIER, Regina Célia Lima. “Raça, classe e cor: debates em torno da construção de
identidades no Rio Grande do Sul no po s-aboliça o”, In: FORTES, Alexandre et al. Cruzando
Fronteiras: novos olhares sobre a história do trabalho. 1 éd. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2013, p. 103-131.

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