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Avaliação
Para reforçar a importância da consideração que deve se ter sobre as diversas relações
que configuram o desenvolvimento de autoridades locais para além do poder central da
metrópole, a autora destaca a análise de Luiz Filipe Thomaz, segundo a qual só é possível
compreender o conceito de império se levadas em considerações as relações comerciais,
culturais e sociais que indicam um desenvolvimento intercultural inserido em complexas
redes dinâmicas de comunicação. Reiterando tal afirmação, faz também alusão à contribuição
historiográfica do conceito de império desenvolvido por Catarina Madeira Silva, que
transcende os limites dos locais de trocas comerciais, contemplando também as relações de
troca das culturas política e ideológica, a exemplo da atuação portuguesa em Angola, cujo
objetivo primeiro era o estabelecimento de uma rede a partir da apropriação das redes
comerciais já existentes e não por meio de uma justaposição imediata.
A capitania baiana, de um modo geral, é marcada por sua participação como peça
fundamental no contexto do tráfico atlântico de africanos – Salvador era o local onde estes
desembarcavam – e tal fator legou ao Recôncavo uma cultura marcada por fortes traços das
culturas africanas reforçadas por meio da importação maciça de pessoas que eram trazidas em
condições de desumanização. Schwartz procurou analisar a estrutura demográfica composta
pela população escravizada da Bahia na era colonial. Nesse sentido, ele atribui à esta
investigação a presença de fortes características que contornam tal estrutura: a
desproporcionalidade entre os sexos, resultante da importação de maior número de homens do
que de mulheres, a alta mortalidade de crianças, a baixa natalidade e, também, a baixa
fecundidade. Estes foram pontos a partir dos quais o autor traçou o percurso para conceber, da
maneira mais aproximada possível, os aspectos fundamentais que contornaram a população
escravizada do Recôncavo.
A estimativa era de que a população baiana, como um todo, era composta por 70% de
africanos escravizados desde 1600 até o fim da era colonial, entretanto, o baixo índice de
natalidade e a desproporcionalidade entre os sexos eram aspectos gritantes desta estrutura. A
disparidade entre os números de homens e mulheres era acentuada pelos cálculos da razão de
masculinidade, num esquema explicado pelo autor. Tal esquema atingiu os maiores índices de
desigualdade no século XVIII, com a alta das importações de africanos em 1720 e,
posteriormente, com o desembarque maciço de 60 mil cativos em Salvador, vindos da Costa
da Mina. Além disso, havia também o cálculo da razão de natalidade sobre as mulheres em
idade fértil na capitania em geral.
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