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Departamento de História
3ª Verificação de Aprendizagem
A simbologia dos bitomi estava associada ao fogo e ao ferro. Por está razão,
M’Bokolo afirma que os indivíduos que ocupavam essa posição eram ferreiros,
conduzindo para o período que o Reino já estava estabelecido, ele aponta que o
ferreiro ainda eram um ofício importante e, que em alguns casos, os reis Kongo
ainda eram associados a esse trabalho.
O autor vai informar que a concepção de bitomi não se estendia por toda parte,
em alguns outros lugares havia a predominância de outras instituições. Outra
organização política analisada pelo historiador são os chefados, que buscavam
sua legalidade nos antepassados e nos espíritos que os ajudassem na
manutenção da sua autoridade. Apesar da existência dessa organização, o autor
aponta que não significava necessariamente a formação de um Estado.
Formado em História, o professor James Sweet tem sua pesquisa voltada para os
aspectos sociais e culturais dos africanos e seus descendentes no mundo em geral.
Neste texto, que compõe o primeiro capítulo do livro “Recriar África: cultura, parentesco e
religião no mundo afro-português (1441-1770)”, refletindo sobre a demografia, distribuição
e correntes da diáspora para o Brasil.
No primeiro momento, é possível identificar como os escravos e as rotas demográficas
foram estabelecidas durante o tráfico de escravos no contexto colonial de Portugal nos
anos anteriormente citados, dando devida importância para os aspectos étnicos das
comunidades escravas que estavam estabelecidas no Brasil.
Sweet marca o início de sua obra narrando a captura de uma menina levada para
um navio negreiro com destino para o Brasil, evidenciando elementos da permanência
religiosa da menina, mesmo ela estando distante de seu lugar de origem e do contexto de
acusações feitas pelos (seus) senhores. O autor ainda mostra como se configurava as
relações de parentesco e os mecanismos culturais e religiosos dos escravos africanos já
estabelecidos na atmosfera luso-africana e, mesmo imersos num ambiente novo e com
situações conflitantes, eles preservavam suas origens e fortalecem seus valores diante
encontros de indivíduos pertencentes ao mesmo grupo.
Essas permanências eram muitas vezes utilizadas para provocar os
proprietários de escravos, ainda mais que determinados negociantes de escravos
fixaram sua atenção somente em uma região, fazendo com que ocorresse a reunião
de alguns indivíduos que compartilhavam os mesmos aspectos culturais. A atenção a uma
única região com escravizados pelos negociantes, possibilitava o encontro desses
indivíduos que se reconheciam devido seus aspectos culturais.
No entanto, Sweet ressalta numa análise a fim de compreender os aspectos étnicos
dos escravos que realizavam as diásporas, que na maioria das vezes os escravizados
acabam não compreendendo os aspectos étnicos do qual estavam relacionados. No
tópico “O tráfico de escravos no mundo colonial português 1441- 1770” é abordado as
diferentes fases do tráfico de escravos. Para o autor, essa e as demais fases têm relação
com o início de um novo século. A primeira fase iria de 1441 até 1521 e exportaria uma
quantidade significativa de indivíduos da costa da África para a Península Ibérica e as Ilhas
Atlânticas; a segunda fase começou por volta de 1518 e começa a redirecionar o comércio
de escravos que antes era da Europa e das Ilhas Atlânticas para as Américas. Essa
mudança na rota é vista como um instrumento importante para se ter mais lucros.
A terceira fase vai estabelecer os aspectos de predominância dos escravos da África
Central, que se tinha iniciado na fase anterior, aberta durante o século XVI e que teve sua
continuidade até o século XVIII. A expressiva participação de centro africanos no comércio
de escravos é apontada por Sweet como uma influência das guerras estabelecidas por
Portugal nessas regiões e a justificativa da venda dos prisioneiros como escravos.
Os aspectos que levaram para a última fase tem início num processo ocorrido no
final do século XVII que altera completamente essa dominância de escravos vindos da
África Central. A quarta fase ocorre do desvio de atenção da África Central para Costa da
Mina, por via Pernambuco e Baía, principalmente diante da descoberta de ouro em Minas
Gerais no século XVIII. Com a intensificação de tráfico de escravos da Mina é possível
afirmar uma alteração no contexto histórico da escravatura brasileira.
Com essas mudanças, Sweet reconhece que seria formado uma população africana no
Brasil, e enfatiza a necessidade em atentar para as mudanças demográficas, pois estas
não podem ser vistas como algo fixo, estático, mas deve-se considera as avaliações dos
processos de mudanças sociais e culturais que ocorreram ao longo do tempo e de maneira
gradual. Além disso, o historiador demonstra ter consciência sobre as diversidades
presentes nas populações africanas, entretanto, reconhece que essas diferenciações não
são obstáculos para a reinvenção de formas culturais africanas.
O autor explica detalhadamente, através da utilização de mapas e da sua pesquisa
como estavam organizadas as zonas culturais, quais eram suas delimitações territoriais e
os grupos que cada uma englobava. Apresenta a generalização feita pelos portugueses
ao tratarem todos os africanos como originários de um mesmo grupo ou como
representantes do grupo étnico que tinham sido comprados, quando não tinham suas
identidades criadas pelos europeus. No Brasil ainda buscou-se preservar as identidades
mais específicas, mas as designações mais regionais, como os indivíduos da África
Central e da Mina, ajudaram a elaboração de novas bases culturais nas comunidades
escravas.
Importante compreender que, até mesmo uma zona regional, tinha dezenas de
identidades e esse processo de edificação de uma identidade coletiva fazia referência à
situação migração forçada e do desenraizamento. Sweet evidencia o processo gradativo
de substituição dos indígenas escravizados por africanos escravizados, e deixa explícito
que não se deve entender que as transições acontecem da mesma forma para todos os
locais. Mesmo reconhecendo a importância das fontes observadas, Sweet crítica que
muitas delas escondem mais do que revelavam e que algumas, perante uma investigação
comparativa, eram bastante diferentes umas das outras.
Diante disso, o autor expõe a argumentação feita por Alden sobre as preferências de
compra dos jesuítas na década de 70 do século XVII, sugerindo que era preferível a
compra de escravos crioulos e mulatos, contudo, se debruça sobre as fontes para afirmar
que os registros da época mostravam outra coisa. Segundo os documentos, a presença de
escravos africanos nos engenhos era bem maior, e também, os preços desses eram mais
baratos do que os nascidos no Brasil.
James Sweet traça uma cronologia bastante explicativa sobre o tráfico de escravos no
Brasil e os grupos que se destacavam em cada período, além de trazer os aspectos da
“crioulização” e o papel das instituições religiosas. Acentuando a existência de uma maior
parcela de crioulos nas propriedades religiosas e afirmando que muitos crioulos eram
dados como esmolas ou heranças, identifica os religiosos como figuras participantes do
comércio de escravos, e como agentes que obtinham privilégios perante esse sistema de
doações e negociações.