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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Departº Teoria e Planejamento de Ensino


IE3383- Filosofia da Educação (2020.2)
Docente Dr. Fernando Bonadia de Oliveira
Discente Sulamita Francelino R. Lopes

Neste trabalho, optou-se pelo segundo modelo de avaliação proposto.

Unidade 4

Em seu artigo “Educação em Descartes: que educação racionalista é essa?”, Oliveira


examina o processo de formação da chamada “educação racionalista” a partir de passagens de
quatro obras de Descartes, ressaltando, no entanto, que o filósofo não possui uma obra
dedicada exclusivamente ao fenômeno educativo, portanto a escolha de partes específicas que
tratam diretamente do assunto. A fim de mostrar como Descartes rompe paulatinamente com
o conceito pedagógico medieval da escolástica, Oliveira promove uma análise sistemática dos
momentos em que os aspectos pedagógicos do método cartesiano vão sendo moldados,
começando pela acepção da escolástica pelo filósofo francês como uma importante auxiliar no
processo de instrução do sujeito, na “Regra II” de suas Regras para a Direção do Espírito,
em seguida pela construção da crítica cartesiana ao ensino escolástico e, finalmente, chegando
ao ponto em que há o surgimento da alternativa a ele, de maneira independente.

No primeiro momento, o autor mostra como Descartes concebe o conhecimento


verdadeiro, fruto do exercício da Razão, ou seja, do uso do bom senso na escolha correta de
sua ocupação intelectual, que deveria ser dedicada a coisas impassíveis de dúvidas e
especulações imprecisas. Entretanto, esclarece que sua regra não condena ou exclui as
filosofias de seus contemporâneos, tampouco a escolástica – que ele julga ser calcada de
silogismos -, na qual Descartes vê uma importante aliada no processo de instrução da criança,
a partir do qual ela poderia, posteriormente, buscar o amadurecimento intelectual com base
em reflexões do que fora aprendido, a fim de estabelecer suas próprias concepções segundo
um método seguro, tal como ele mesmo o fez na segunda obra analisada. Em seguida,
tratando da “Parte I” do Discurso do Método, dividindo-a em três momentos, Oliveira mostra
a trajetória intelectual de Descartes, sua forma de considerar e analisar tudo o que foi
aprendido nas Letras, construir sua crítica à escolástica e, por fim, esclarecer como fez a
ruptura com os ensinamentos de seus mestres para, finalmente, aprender por si só tudo o que
necessita. Finalmente, nas duas últimas obras referidas, o autor apresenta o surgimento de um
novo pensamento que independe da existência da escolástica ou outros segmentos, embora
possa haver eventuais críticas acerca de seus métodos. Trata-se, primeiramente, da resposta de
Descartes a algumas objeções dos aspectos pedagógicos de suas Meditações, obra na qual
Descartes explica o fenômeno e o método para se chegar à compreensão dele. A última obra
analisada trata da construção do “Prefácio” dos Princípios de Filosofia , no qual se explica o
método cartesiano, o uso correto da razão e as diretrizes necessárias ao uso da moral para o
norteamento da vida humana. Em suma, o objetivo do autor é explicar como o conceito de
educação racionalista ganha sua forma de modo gradativo, à medida que Descartes vai
avançando, transformando e consolidando suas formulações pedagógicas e reconstruindo a si
mesmo por meio de um método científico claro e definido.

Unidade 6

Na obra “Educação e Emancipação” de Theodor W. Adorno, filósofo e sociólogo


alemão crítico do que ele denomina como “indústria cultural”, pode-se observar a presença
crucial do conceito de emancipação em torno do qual o livro é elaborado. Para Adorno, a
emancipação consiste em criar condições adequadas para que cada indivíduo possa
desenvolver suas potencialidades de maneira livre e autêntica. Para isso, era necessário o
esclarecimento do sujeito, dado por meio de uma educação que contemplasse a autonomia e
individualidade de cada ser, explorando as possibilidades de este se desenvolver
ilimitadamente. Todavia, o caminho para a emancipação do sujeito não é traçado sem muitas
agruras, tendo em vista o desenvolvimento da cultura de cunho comercial.

Num contexto de pós Segunda Guerra, Adorno explora os impasses apresentados à


uma educação emancipadora. Analisando os reflexos da globalização, o autor mostra como a
cultura é intencionalmente desenvolvida de modo inerente ao próprio sistema capitalista,
formando um complexo conjunto de recursos que propiciam a reprodução de tal tendência,
em detrimento do equilíbrio entre as classes sociais. Nesse sentido, ele critica a organização
cultural que segue os preceitos de produtividade econômica, por meio dos quais o trabalho é o
fator determinante e modelador da própria cultura. Essa ideia dialoga com o conceito de
alienação de Marx, à luz do qual se analisa a perda da identidade do “eu” nos processos de
produção.

De modo geral, o que Adorno propõe é a “construção do passado”, ou seja, a análise


crítica minuciosa do que outrora constituiu as bases de muitos acontecimentos desastrosos,
como a dita barbárie de Auschwitz. Desse modo, o objetivo principal da educação, segundo o
autor, é a criação de formas favoráveis para que o processo formativo do sujeito seja
emancipador, a fim de evitar a repetição de barbáries do passado. Em síntese, a cultura é o
fator aliado nesse processo, devendo ser nobre e edificadora por excelência, auxiliando no
esclarecimento e emancipação do sujeito, a despeito dos moldes capitalistas vigentes.

OLIVEIRA, Fernando Oliveira. Educação em Descartes: que educação racionalista é essa?.


Aprender – Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação, Bahia, ano IV, n. 6, p. 55-78,
jan./jul 2006. Disponível em:
https://periodicos2.uesb.br/index.php/aprender/article/view/3193.

ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. São Paulo: Paz e Terra, (?).

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