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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CAMPUS SERTÃO
CURSO DE GEOGRAFIA

Docente: prof. Dr. Rodrigo Pereira Discente: Lara Bezerra da Silva


Disciplina: Didática Turma: 4° período.

1. Bibliografia: SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 42ª ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2012.

2. Objeto do texto: Ao decorrer do livro é possível observar a proposta de estudo sendo


dirigida para as questões relacionadas ao papel da escola e como se deu o processo de
democratização da sociedade, por meio das teorias pedagógicas.

3. Objetivos do texto:
- Apresentar uma tentativa de esclarecimento da situação em torno da educação.

- Proporcionar uma maior compreensão a respeito das relações entre a escola e os diversos
aspectos da sociedade, para que a partir da absorção do conteúdo, possa transformar o meio
em que o individuo está inserido, em um lugar com as devidas igualdades de oportunidades.
- Apresentar uma tentativa de contribuição para que os professores revejam suas ações e
praticas pedagógicas a partir das posições impostas pelo o texto, proporcionando uma
alteração qualitativa a pratica dos alunos.

4. Principais conceitos:
“[...] no que diz respeito à questão da marginalidade, as teorias educacionais podem ser
classificadas em dois grupos. No primeiro, temos aquelas teorias que entendem ser a educação
um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade. No segundo,
estão as teorias que entendem ser a educação um instrumento de discriminação social, logo,
um fator de marginalização.” (SAVIANI, 2012, p. 3).

“[...] denominarei as teorias do primeiro grupo de "teorias não críticas", já que encaram a
educação como autônoma e buscam compreendê-la a partir dela mesma. Inversamente,
aquelas do segundo grupo são críticas, uma vez que se empenham em compreender a
educação remetendo-a sempre a seus condicionantes objetivos, isto é, à estrutura
socioeconômica que determina a forma de manifestação do fenômeno educativo. Como,
porém, entendem que a função básica da educação é a reprodução da sociedade, serão por
mim denominadas "teorias critico-reprodutivistas".” (SAVIANI, 2012, p. 5).

“Enfatizarei justamente a problemática do ensino que se desenvolve no interior da escola de


1° grau, pensando que funções políticas esse ensino desempenha.” (SAVIANI, 2012, p. 35).

“[...] quando mais se falou em democracia no interior da escola, menos democrática ela foi, e
quando menos se falou em democracia, mais ela esteve articulada com a construção de uma
ordem democrática [...].” (SAVIANI, 2012, p. 49).

“[...] a vara está torta; está torta para o lado da pedagogia da existência, para o lado dos
movimentos da Escola Nova, é nesse sentido que o raciocínio habitual tende a ser o seguinte:
as pedagogias novas são portadoras de todas as virtudes, enquanto a pedagogia tradicional é
portadora de todos os defeitos e de nenhuma virtude. O que se evidencia pelas minhas teses é
justamente o inverso.” (SAVIANI, 2012, p. 56).
“[...] pretendo prosseguir o debate tentando ultrapassar o momento da antítese na direção do
momento da síntese. [...]. Assim, após esclarecer a razão do emprego indiferenciado das
expressões "pedagogia da existência" e "pedagogia nova", serão retomadas consecutivamente,
com intento de superação [...].” (SAVIANI, 2012, p. 61).

“Entendo que educação e política, embora inseparáveis, não são idênticas. Trata-se de práticas
distintas, dotadas cada uma de especificidade própria.” (SAVIANI, 2012, p. 82).

5. Principais conclusões:
“Em relação à questão da marginalidade, ficamos com o seguinte resultado: enquanto as
teorias não críticas pretendem ingenuamente resolver o problema da marginalidade por meio
da escola sem jamais conseguir êxito, as teorias crítico-reprodutivistas explicam a razão do
suposto fracasso.” (SAVIANI, 2012, p. 29).

“Então, eu acho que nós conseguiríamos fazer uma profunda reforma na escola, a partir de
seu interior, se passássemos a atuar segundo esses pressupostos e mantivéssemos uma
preocupação constante com o conteúdo e desenvolvéssemos aquelas fórmulas disciplinares,
aqueles procedimentos que garantissem que esses conteúdos fossem realmente assimilados.”
(SAVIANI, 2012, p. 56).

“A minha expectativa é justamente que com essa inflexão a vara atinja o seu ponto correto, o
qual não está também na pedagogia tradicional, mas na valorização dos conteúdos que
apontam para uma pedagogia revolucionária.” (SAVIANI, 2012, p. 57).

“Em síntese, não se trata de optar entre relações autoritárias ou democráticas no interior da
sala de aula, mas de articular o trabalho desenvolvido nas escolas com o processo de
democratização da sociedade. A prática pedagógica contribui de modo específico, isto é,
propriamente pedagógico, para a democratização da sociedade na medida em que se
compreende como se coloca a questão da democracia relativamente à natureza própria do
trabalho pedagógico.” (SAVIANI, 2012, p. 78-79).
“De tudo o que foi dito, conclui-se que a importância política da educação reside na sua
função de socialização do conhecimento. É realizando-se na especificidade que lhe é própria
que a educação cumpre sua função política.” (SAVIANI, 2012, p. 88).

6. Fontes utilizadas no texto:


- Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica: desenvolvida na obra A
Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino, de P. Bourdieu e J. C Passeron.
(1975).
- Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Estado (AIE): ALTHUSSER, Louis. (1970).
- Teoria da Escola Dualista: elaborada por C. Baudelot e R. Establet, exposta no livro L’école
capitaliste en france. (1971).

- Teoria da Curvatura da Vara: ALTHUSSER, Louis. Ideology and Ideological State


Apparatuses (Notes Towards an Investigation). In his Lenin and Philosophy and Other Essays
(pp. 122—76). 1977.

7. Síntese:
No capitulo “As teorias da educação e o problema da marginalidade”, o autor levanta questões
relacionadas à marginalidade, denunciando um grande problema, em relação ao alto número
de crianças que se encontram marginalizadas das escolas. A partir da problematização, é
apresentado dois grupos, que tentam explicar o problema da marginalidade, a partir de dois
pontos, a educação e a sociedade. O primeiro grupo está relacionado às “Teorias não-críticas”,
que acreditam que a educação é um fator de superação da marginalidade, ou seja, a educação
é vista como um elemento capaz de erradicar o problema da marginalidade da sociedade.
Enquanto o segundo grupo está relacionado às “Teorias crítico-reprodutivistas”, que acredita
que a educação é um fator agravante, tendo em vista que a educação é um instrumento de
discriminação social, ou seja, é gerador de marginalização. Dentro do primeiro grupo, na
pedagogia tradicional, a marginalidade é entendida como um fenômeno derivado da
deficiência intelectual, gerado pela falta de instrução, ou seja, a escola seria a solução. A
pedagogia Nova apresenta a marginalidade como um fator decorrente de determinada pessoa
ter sido rejeitada pelo o sistema escolar, e consequentemente pela sociedade. Para finalizar o
primeiro grupo o autor trás a pedagogia tecnicista, da qual apresenta a marginalização
decorrente do fator de ineficiência, ou seja, o incompetente. No segundo grupo a Teoria do
Sistema de Ensino como Violência Simbólica, apresenta que os marginalizados são os grupos
e classe dominados, que são marginalizados em dois sentidos, socialmente por não possuir
capital econômico, e culturalmente por não obter capital cultural, portanto a educação seria
um elemento reforçador. A Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Estado, apresenta
a marginalidade, com fator decorrente das relações em torno da produção capitalista que é
baseada expropriação dos trabalhadores, portanto o AIE escolar, acaba por ser construído pela
classe burguesa. Para finalizar o segundo grupo, o autor trás a Teoria da Escola Dualista, que
por sua vez presenta que a escola é dividida em duas, uma para a burguesia e outra para o
proletariado, com isso é destacado que a escola qualifica o trabalho intelectual e desqualifica
o trabalho manual, impondo o proletariado a seguir a ideologia burguesa, desta forma a escola
é considerada um fator de marginalização.
No segundo capítulo a “A Teoria da Curvatura da Vara”, o autor destaca os problemas de
ensino no âmbito escolar do 1° grau, em relação às funções politicas. O autor apresenta três
teses políticas, que serviram como base do questionamento. A primeira tese é a filosófico-
histórica, que apresenta uma contraposição ao movimento de liberdade da humanidade em
todo seu conjunto, buscando assim defender a igualdade essencial entre os homens. A
segunda tese é a pedagógico-metodológica, que apresenta a falsa crença da escola nova, que
basicamente utilizou do método tradicional lhe atribuindo um papel de determinado método
pré-científico. Ambas as teses serviram de base para a elaboração da terceira, a política-
educacional, que questiona exatamente as crenças da Escola Nova que acabaram se tornando
hegemônicas para grande parte dos professores. Ao decorrer do capitulo o autor faz referencia
a teoria da curvatura da vara, apresentando que a vara está torta para o lado dos movimentos
da Escola Nova, e que há uma necessidade de ajustes na educação, ou seja, é necessário
curvar a vara para outro lado, o da pedagogia revolucionária, para que assim a vara atinja o
ponto correto.

No terceiro capítulo, “Para além da Teoria da Curvatura da Vara”, o autor trás a tona as três
teses, no intuito de supera-las, pois há uma necessidade de ultrapassar o momento da antítese
e ir em direção ao momento da síntese. O autor vai apresentar a pedagogia nova e pedagogia
tradicional, como ingênuas, por defender que a modificação da sociedade se daria por meio da
educação, caindo assim na armadilha da “inversão idealista”. Revelando ainda que a
pedagogia revolucionaria é crítica e centra-se na igualdade essencial entre os homens,
situando-se assim para além das pedagogias da essência e da existência. Ao decorrer do
capitulo é destaca as características básicas e métodos novos e tradicionais, que dissociavam a
educação da sociedade.

No quarto capítulo, “Onze teses sobre educação e política”, é apresenta a relação entre a
política à educação, que ao mesmo tempo em que se trata de práticas distintas, são
inseparáveis. A diferença entre a política e a educação se da a partir dos seus objetivos, na
política o objetivo é vencer e não convencer, enquanto na educação é o oposto. Mas há dois
tipos de relações entre a politica e a educação, a interna, onde toda pratica educativa possui
dimensões políticas, e toda pratica política apresenta uma identidade educativa, que no ponto
de vista pedagógico na política trata-se de envolver articulação, e aliança visando o combate
aos determinados antagônicos, e na dimensão política na educação, é destacando à
apropriação de instrumentos culturais. E de forma externa, se da ao fato da educação depender
da política no quesito orçamentário, e a política depender da educação, na preparação dos
indivíduos para adentrar na sociedade. Essas reflexões são dadas a partir de onze sínteses, que
são essências para auxiliar na analise das relações entre educação e política.

8. Parecer: Ao realizar a leitura da obra Escola e Democracia do Saviani, é possível ter uma
visão crítica a respeito das teorias pedagógicas, que consequentemente acaba por se tornar
referencia na área educacional até os dias atuais, é uma leitura indispensável pra quem tem a
intenção de compreender o processo das práticas educativas. Saviani apresenta de forma
enfática e direta, seu ponto de vista a respeito do equilíbrio ideal, no campo político-
educacional.
9. Palavras-chave: Democracia. Educação. Escola. Política. Pedagogia. Teoria.

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