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Faculdade de Educação e Comunicação

Discente: Airone Ernesto Rubela


Docente: Hermenegilda Correia
I. Introdução
1.1. Contextualização
Este estudo de pesquisa bibliográfica é da disciplina de Pedagogia e tem como tema: A
Pedagogia do Oprimido. Importa referir que, a Pedagogia do Oprimido é uma
abordagem educacional que se concentra na libertação dos oprimidos, capacitando-os a
compreender criticamente sua realidade e a agir para transformá-la. Freire argumenta
que a educação tradicional muitas vezes é opressiva, pois reforça as estruturas de poder
existentes e perpetua a marginalização dos oprimidos. Em vez disso, ele propõe uma
pedagogia que seja libertadora e que capacite os alunos a se tornarem agentes de
mudança em suas próprias vidas e em suas comunidades.
1.2. Objectivos
Para Piletti (1999), os objectivos são fins que antecipam os resultados de um trabalho
que expressam as exigências e capacidade a serem assimiladas mediante aplicação de
certos métodos.
1.2.1. Objectivo geral
 Compreender a Pedagogia do Oprimido.
1.2.2. Objectivos específicos
 Discutir o conceito da Pedagogia do Oprimido;
 Explicar a importância da Pedagogia do Oprimido;
1.2.3. Metodologia
Para Marconi & Lakatos (1992), são as formas ou maneiras de usar o pensamento para a
execução de um determinado assunto ou problema em estudo. Pois, para a realização
deste trabalho auxiliou-se a pesquisa bibliográfica, que corresponde a recolha de dados
utilizando os meios electrónicos e físicos.

1.2.4. Estrutura do Trabalho:


 Introdução;
 Desenvolvimento;
 Conclusão e;
 Referências Bibliográficas.
II. Fundamentação Teórica

2.1. A Pedagogia do oprimido

De acordo com Casali (2009), afirma que uma das principais referências da educação de
Paulo Freire é o livro Pedagogia do Oprimido, escrito de 1967 a 1968 e publicado nos
Estados Unidos em 1970, e no Brasil em 1975. Nessa obra, Paulo Freire apresenta uma
pedagogia do oprimido, cuja característica é o engajamento ético-político com os
oprimidos, ou seja, todos que sofrem opressão social tanto por questão de classe quanto
por outros factores: etnia, idade e sexo.

A opressão é conceituada por Freire (1983, p. 47, grifo nosso) como “um acto proibitivo
do ser mais dos seres humanos ”, compreendendo que, no processo de opressão, o ser
humano é negado em sua vocação ontológica para ser mais, constituindo-se em uma
acção de desumanização.

O livro Pedagogia do Oprimido é estruturante do seu pensamento educacional por


apresentar a crítica à concepção tradicional de educação, que denomina de bancária, por
ser impositiva de conteúdos, competitiva, meritocrática, alienante e excludente, e
anunciar as directrizes e categorias fundantes da sua pedagogia, que se configura em
dialógica, crítica e libertadora.

Como o próprio Freire (1983, p. 17) afirma, a pedagogia do oprimido faz “da opressão e
de suas causas objecto de reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento
necessário na luta por sua libertação”. Destaca, ainda, que a pedagogia do oprimido tem
raízes na luta por sua libertação. “E tem que ver, nos próprios oprimidos, que se saibam
ou comecem criticamente, a saber-se oprimidos, um dos seus sujeitos”. Por isso, precisa
ser crítica, humanizadora e libertadora.

Assim, com base no livro Pedagogia do Oprimido, a pedagogia de Paulo Freire é vista
como libertadora, humanista, dialógica e do oprimido. É nesse sentido que será tratada
neste artigo, como uma pedagogia do oprimido.

Para Freire (1983), em Pedagogia do Oprimido, ressalta a capacidade do ser humano de


se colocar a si mesmo como problema, mediante a consciência de sua incompletude e de
sua compreensão de que é um ser que não sabe tudo, por isso se constitui em um “ser de
busca” do conhecimento.
De acordo com Shor (1996, p. 565), afirma que a Pedagogia do oprimido é um livro de
ideias e de desafios. Inspira-nos a ter esperança e a sonhar, a despeito da vida opressora
de nossas sociedades desiguais. Estimula-nos a actuar em favor da igualdade e contra a
opressão, a conhecer os limites e os espaços abertos que nos rodeiam, de modo que
possamos mudar a história com as próprias mãos, em nosso próprio tempo. Ajuda-nos a
ser professores libertadores que ajudam os desprovidos de poder a encontrar sua própria
voz e sua plena qualidade humana.

Shor (1996, p. 565), salienta afirmando que a Pedagogia do oprimido de Paulo é


perturbadora e admirável porque se recusa a aceitar o presente como cárcere da história.
Para Paulo, a educação é política porque pode confirmar ou contestar o status quo. Para
os professores do mundo todo, ele definiu o presente como algo que pode ser mudado,
que não é cristalizado. Podemos adquirir o conhecimento necessário para mudar as
desigualdades de classe, de raça e de sexo impostas por uma elite que domina a
educação e a sociedade.

A Pedagogia do oprimido é um exemplo de articulação entre tipos de conhecimento


distintos e entre áreas de conhecimento distintas para a construção de uma teoria
coerente tanto do ponto de vista metodológico e científico, quanto do ponto de vista
ideológico e prático. É coerente no sentido de articular ideias, relacionar tramas para dar
conta de explicar uma realidade, não para justificar o acerto ou o erro de determinada
teoria (seja o personalismo, o marxismo ou a fenomenologia, por exemplo).

Freire não se coloca como um seguidor de uma corrente ou teoria, ele junta autores de
diversas áreas e correntes para sistematizar uma experiência que reuniu especialistas de
várias áreas; e mais do que isso: ele sistematizou uma experiência na qual os próprios
educandos foram sujeitos na leitura de seu mundo.

O contexto no qual Freire escreveu Pedagogia do oprimido, como já mencionamos, é


um ambiente de resistência, de profundas transformações em diferentes lugares do
mundo; é a conjuntura de efervescência dos movimentos estudantis, movimentos de
rebelião que questionavam desde a relação autoritária entre professores e alunos até as
burocracias inoperantes e a civilização do consumo. Movimentos que, na percepção de
Freire, tinham como problemática central a questão da humanização.
Pode-se ver a importância dada pelo autor a esses movimentos no fato de ele dedicar
lhes a primeira nota de rodapé explicativa do livro, na qual ressalta a preocupação dos
movimentos, sobretudo dos jovens, em torno dos seres humanos enquanto seres no
mundo e com o mundo (Freire, 2017, p. 39).

Naquela época vivia-se um momento de redescoberta similar ao que vivemos hoje: por
um lado, as pautas das minorias, que em realidade são maiorias, despertam
consciências e ocupam espaços nas agendas globais; e por outro, sectores
historicamente opressores passam a se organizar e buscar espaço dentro destas agendas,
por meio da criminalização e destituição da luta por direitos sociais. Acontece que,
apesar de vivermos um momento de similar “despertar de consciências”, o mundo
mudou e essas mudanças têm afectado directamente o processo de admiração, de
conscientização, dentro e fora da escola.

As tecnologias digitais mudaram as formas de comunicação e interacção no mundo e


com o mundo, as relações de trabalho são diferentes, as escolas não são mais as mesmas...
e em especial na última década, a forma como interpretamos a realidade, como recebemos
as informações e as significámos sofreu uma profunda ruptura em função das redes
sociais e suas “bolhas digitais”, cujo potencial para propagação de notícias falsas tem
tornado turvas e embaralhadas as “leituras” de mundo. Se antes a internet era a terra da
pluralidade, do livre acesso e da democracia, agora, por meio da popularização das redes
sociais como espaço primeiro de interacção e informação, as relações ficam cada vez
mais sectorizadas.

2.2. Síntese

A Pedagogia do Oprimido é uma obra seminal escrita pelo educador brasileiro Paulo
Freire. Publicado pela primeira vez em 1968, o livro descreve uma abordagem
revolucionária para a educação que visa capacitar os oprimidos a entenderem sua
condição e a transformarem sua realidade.

Freire argumenta que a educação tradicional muitas vezes mantém as pessoas em um


estado de opressão, ao invés de capacitá-las a desafiar e mudar suas circunstâncias. Ele
propõe uma abordagem pedagógica baseada no diálogo e na conscientização, na qual os
educadores e os educandos (termo usado por Freire para descrever os alunos) colaboram
para analisar criticamente sua realidade e desenvolver estratégias para a mudança.

A essência da pedagogia do oprimido é a ideia de conscientização, ou seja, o processo


pelo qual as pessoas se tornam conscientes das estruturas de poder que as oprimem e
começam a agir para transformar essas estruturas. Freire argumenta que a educação
deve ir além da mera transmissão de conhecimento e incluir uma análise crítica das
relações de poder na sociedade.

Essa abordagem pedagógica tem sido influente em todo o mundo e tem sido aplicada
em uma variedade de contextos, desde a educação formal até programas de
desenvolvimento comunitário e movimentos sociais. A Pedagogia do Oprimido
continua sendo uma obra fundamental para aqueles interessados na transformação social
através da educação crítica e libertadora.
III. Considerações finais

3.1. Conclusão

Terminado o trabalho conclui-se que, a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire


apresenta uma conclusão que transcende os limites da sala de aula e alcança as
dimensões mais amplas da sociedade. Ao destacar a importância da conscientização, do
diálogo e da acção transformadora, Freire nos lembra que a educação não deve ser
apenas um processo de transmissão de conhecimento, mas sim uma ferramenta para a
emancipação dos oprimidos.

A Pedagogia do Oprimido nos inspira a questionar as estruturas de poder existentes e a


trabalhar para criar espaços de diálogo e colaboração onde todos tenham a oportunidade
de se tornarem agentes de mudança em suas próprias vidas e comunidades.

Em última análise, a mensagem central da Pedagogia do Oprimido é uma de esperança e


empoderamento. Ao desafiar as noções tradicionais de educação e ao defender uma
abordagem mais crítica e participativa, Freire nos mostra que é possível criar um mundo
onde a justiça, a igualdade e a dignidade humana sejam garantidas para todos.
IV. Referências bibliográficas

Casali, Alípio. (2009). A pedagogia do oprimido: de clandestina a universal. In:


MAFRA, Jason; RO-MÃO, José Eustáquio; SCOCUGLIA, Afonso Celso (org.).
Globalização, educação e movimentos sociais: 40 anos da Pedagogia do
Oprimido. São Paulo: Instituto Paulo Freire/Editora Esfera. P. 124-132.

Freire, Paulo. (1983). Pedagogia do oprimido. 12. ed. Brasil: Rio de Janeiro. Editora:
Paz e Terra.

Freire, Paulo. (2017). Pedagogia do Oprimido. Brasil: Rio de Janeiro. Editora: Paz e Terra.

Marconi, M.A., e Lakatos, E.M. (1992). Metodologia do trabalho científico. 4° ed.


Brasil: São Paulo: Editora Atlas, S.A.

Pilleti, C. (1999). Como elaborar projectos de pesquisa. (S.e). Brasília: Editora Atlas.

Shor, Ira. (1996). Um livro perturbador a respeito da educação. In: GADOTTI, Moacir
(org.). Paulo Freire: uma biobibliografia. Brasil: São Paulo. Editora: Cortez. P.
565-567.

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