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Medo e Ousadia: Cotidiano do Professor

“O rigor não é universal. Universal é a


necessidade de ser rigoroso.” (Paulo Freire)

O livro “Medo e ousadia: Cotidiano do Professor” de autoria de Paulo Freire e Ira Shor,
discute à educação libertadora e transformadora, que são colocadas por professores. O livro se
dá através de uma conversa entre o educador americano e o educador brasileiro, de fácil
entendimento, tornando-se mais prazeroso para o público leitor. Os questionamentos centrais
dessa obra são mostrados no prefácio da autoria dos mesmos autores: “O que é um ensino
libertador? Como é que os professores se transformam em educadores libertadores? Como é
que começam a transformar os estudantes? Quais os temores, os riscos e as recompensas da
transformação? O que é ensino dialógico?”.

Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, em Recife,


Pernambuco. Alfabetizou-se em sua própria casa, partindo de suas próprias palavras, de sua
prática, de sua experiência. O ensino era sua paixão. Viveu intensamente a causa educativa.
Morreu em 02 de maio de 1997, em São Paulo, esperançoso sobre as possibilidades de mudança.

Ira Shor, educador norte-americano, estudioso e crítico dos rumos da reforma da


educação em seu país. Sempre esteve engajado na luta pela melhoria das condições de ensino
tanto das minorias marginalizadas quanto do conjunto da nova geração norte-americana. O
confronto dessas duas diferentes vivências, a partir de um diálogo envolvente e cativante,
possibilita a troca de informações e a construção de opiniões, conceitos e análises que são
fundamentais da pedagogia atual.

O primeiro questionamento que o professor deve se fazer, ao objetivar uma


transformação voltada a uma prática libertadora é “Que tipo de ensino poderia provocar um
conhecimento crítico?”. É tarefa primordial de o educador libertador abrir espaço de diálogo-
discussão acerca dos temas da realidade, em relação à sociedade em que se vive, para que possa
contribuir na formação crítica de seus alunos, no sentido de que esses possam passar a
questionar aspectos como autoritarismo, ideologias, relações entre classes sociais e poder.
Não existe liberdade sem abertura para diálogos democráticos que questionem fatores
tais como uma sociedade dividida segundo raça, sexo e classe social; opressor e oprimido; e
assim por diante.

“Criei condições em classe para que as pessoas pudessem


falar de suas próprias vidas. Os que atendiam a esse
convite revelavam as áreas de problemas que mais lhes
interessavam. Eu questionava suas afirmações, propunha
problemas críticos e tentava me educar a respeito do que
significavam aquelas falas, como janelas abertas para a
consciência de massa e caminhos que apontavam para a
transformação.” Ira Shor, p(36).

A educação libertadora ao ser baseada no diálogo crítico e na troca de ideias e


experiências, não é centrada no professor ou no aluno, pois vê ambos com equivalente
importância no processo, visto que tanto o professor quanto o aluno têm o que ensinar e o que
aprender nos momentos em que se estabelecem os diálogos críticos. Para Paulo Freire:

“A educação libertadora é, fundamentalmente, uma


situação na qual tanto os professores como os alunos
devem ser os que aprendem; devem ser os sujeitos
cognitivos, apesar de serem diferentes. Este é, para mim,
o primeiro teste da educação libertadora: que tanto os
professores como os alunos sejam agentes críticos do ato
de conhecer.” P(46)

Pode-se dizer que a educação libertadora é que ela visa uma transformação além da
sala de aula. A Pedagogia Libertadora visa levar ao empreendimento de ações que venham a
refletir em uma mudança da sociedade. O educador que quer transformar a sua prática mediante
essa perspectiva não pode ser ingênuo e precisa saber que a educação é política.

Portanto, a Pedagogia Libertadora visa criar um ambiente educacional inclusivo, onde


todos os alunos possam desenvolver sua criatividade e pensamento crítico, independentemente
de suas habilidades ou limitações, sendo livres para escolher como e o que aprender. Neste
contexto, o professor tem o papel de facilitador do processo de aprendizagem, ajudando os
alunos a desenvolver suas potencialidades e explorar seus interesses de forma autônoma e
responsável.
A Pedagogia Libertadora também procura promover a participação dos alunos na
própria aprendizagem, incentivando a reflexão, o debate e a colaboração entre os membros da
comunidade, criando assim um ambiente onde todos os pontos de vista são valorizados.

“Nenhuma pedagogia que seja verdadeiramente


libertadora pode permanecer distante do oprimido,
tratando-os como infelizes e apresentando-os aos seus
modelos de emulação entre os opressores. Os oprimidos
devem ser o seu próprio exemplo na luta pela sua
redenção.” Paulo Freire

O livro também aborda a relação entre ética e educação. Freire argumenta que a prática
educativa deve estar fundamentada em princípios éticos, como a responsabilidade, a justiça e a
solidariedade. Ele destaca a importância de os professores se comprometerem com a
transformação social e a formação de cidadãos críticos e engajados.
Em resumo, o livro é uma obra que reflete sobre a experiência de ser professor,
destacando os desafios, as contradições e as possibilidades de transformação presentes no
contexto educacional. É um convite à reflexão e à busca por uma educação mais libertadora e
humanizadora.

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