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Universidade Rovuma
Nampula
2024
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Universidade Rovuma
Nampula
2024
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Índice
I. Introdução..............................................................................................................................3
1.1. Contextualização..................................................................................................................3
1.2. Objectivos............................................................................................................................3
1.3. Metodologia.........................................................................................................................3
2.2. Surgimento...........................................................................................................................4
2.5. Síntese..................................................................................................................................9
3.1. Conclusão...........................................................................................................................10
I. Introdução
1.1. Contextualização
Este estudo de pesquisa bibliográfica é da disciplina de Desenvolvimento Curricular do
Ensino Básico e tem como tema: As Teorias Pós-Críticas do Currículo. Importa referir que,
As teorias pós-críticas do currículo observam que o currículo tradicional frequentemente
reforça os preconceitos arraigados na sociedade, legitimando assim as normas e valores
estabelecidos. Essas teorias propõem uma abordagem em que o currículo seja adaptado para
reflectir os contextos específicos dos estudantes, promovendo a compreensão da diversidade e
o respeito às práticas e costumes dos outros.
Além disso, sob uma perspectiva pós-estruturalista, o currículo é concebido como algo que
não está fixo, mas sim em constante transformação ao longo do tempo e em diferentes
lugares. Essa visão desafia a ideia de que existe um conhecimento único e verdadeiro,
reconhecendo que o conhecimento é moldado pela perspectiva histórica e cultural, e que pode
variar conforme os contextos em que é situado.
1.2. Objectivos
Para Piletti (1999), os objectivos são fins que antecipam os resultados de um trabalho que
expressam as exigências e capacidade a serem assimiladas mediante aplicação de certos
métodos.
1.2.1. Objectivo geral
Analisar as Teorias Pós-Críticas do Currículo.
1.2.2. Objectivos específicos
Estabelecer os conceitos básicos;
Explicar as Teorias Pós-Críticas do Currículo;
1.3. Metodologia
Para Marconi & Lakatos (1992), são as formas ou maneiras de usar o pensamento para a
execução de um determinado assunto ou problema em estudo. Pois, para a realização deste
trabalho auxiliou-se a pesquisa bibliográfica, que corresponde a recolha de dados utilizando
os meios electrónicos e físicos.
1.4. Estrutura do Trabalho
Introdução;
Desenvolvimento;
Conclusão e;
Referências Bibliográficas.
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2.2. Surgimento
As teorias curriculares pós-críticas surgiram no início das décadas de 1970 e 1980, provindo
dos elementos principais da fenomenologia, do pós-estruturalismo e das concepções
multiculturais. Compreende-se que as diferenças culturais não podem existir concebidas fora
das relações de poder. Dessa maneira, mais do que a realidade social dos indivíduos, era
necessário entender também os estigmas étnicos e culturais, tais como a racialidade, o género,
a orientação sexual e todos os elementos próprios das diferenças entre as pessoas. Esse grupo
teórico surgiu quando grupos culturais minoritários passaram a reivindicar que os currículos
universitários contivessem contribuições das culturas dominadas e subordinadas e não
unicamente as contribuições da cultura dominante (que é basicamente masculina, europeia,
branca e heterossexual), ou seja, a cultura do grupo social dominante.
Os estudos sobre o Currículo se iniciaram nos Estados Unidos, a partir do início do século
XX, tendo sua máxima expressão no livro de Bobbit, The Curriculum (1918). Segundo Silva
(2001a, p. 22), várias condições associadas à institucionalização da educação de massa
possibilitaram o surgimento dos estudos do currículo nos Estados Unidos, entre as quais: a
formação de uma burocracia estatal encarregada dos negócios ligados à educação; o
estabelecimento da educação como um objecto próprio de estudo científico; a extensão da
educação escolarizada em níveis cada vez mais altos a segmentos maiores da população; as
preocupações com a manutenção de uma identidade nacional, como resultado das sucessivas
ondas de imigração; o processo de crescente industrialização e urbanização.
Dessa forma, segundo Silva (2001a, p. 37), “no final dos anos sessenta, podia-se já dizer que a
hegemonia da concepção técnica do currículo estava com seus dias contados”. Com o
decorrer dos anos, foram surgindo diversas vertentes de teorias críticas, nas quais tinham sua
fundamentação nos escritos e obras de Marx, Gramsci e dos “teóricos da Escola de Frankfurt,
dentre outros.
Inicialmente, as teorias críticas tomam como ponto de partida os elementos centrais da crítica
marxista da sociedade. “A dinâmica da sociedade capitalista gira em torno da dominação de
classe, da dominação dos que detêm o controlo de propriedade dos recursos materiais sobre
aqueles que possuem apenas sua força de trabalho” (Silva, 2001a, p. 45). Essa característica
da organização da economia na sociedade capitalista afecta tudo aquilo que ocorre em outras
esferas, como a educação, por exemplo.
Silva (2001a, p. 46) descreve que as teorias críticas recorreram a alguns conceitos de Gramsci,
como o da hegemonia, segundo o qual permite ver o campo social como um campo onde os
grupos dominantes se vêem obrigados a recorrer a um esforço permanente de convencimento
ideológico para manter sua dominação.
Da Escola de Fankfurt, Silva (2001a, p. 54) comenta que as teorias críticas apropriaram-se de
alguns conceitos, como o de resistência e o de emancipação e libertação. Assim, as teorias
críticas defendem a ideia de que é possível canalizar o potencial de resistência demonstrado
por estudantes e professores para desenvolverem uma pedagogia e um currículo que tenham
um conteúdo claramente político e que seja crítico das crenças e dos arranjos sociais
dominantes.
exercido pelas instituições e pelas estruturas sociais das quais elas podem se tornar
emancipadas ou libertadas de seu poder e controle.
As teorias pós – críticas abordam com ênfase as preocupações com a diferença, com as
relações saber-poder no âmbito escolar, o multiculturalismo, as diferentes culturas raciais e
étnicas, enfim, não é uma questão de superação da teoria crítica, mas segundo Silva (2007, p.
147), a teoria pós – crítica deve se combinar com a teoria crítica para nos ajudar a
compreender os processos pelos quais, através de relações de poder e controle, nos tornamos
aquilo que somos. Ambas nos ensinaram, de diferentes formas, que o currículo é uma questão
de saber, identidade e poder. O currículo, a partir da teoria pós–crítica, deve ser visto como
um complemento, como uma forma de aprofundamento e ampliação às teorias críticas.
De acordo com Silva (2001a, p. 148-149), diz que já as perspectivas pós-críticas dos estudos
em Currículo enfatizam que o currículo não pode ser compreendido sem uma análise das
relações de poder nas quais ele está envolvido, mas é um poder que não tem um único centro,
como o Estado, por exemplo, mas que está espalhado em toda a rede social, ampliando o
mapa do poder para incluir os processos de dominação centrados na raça, na etnia, no género
e na sexualidade.
Segundo Silva (2001a, p. 150), currículo tem significados que vão muito além daqueles aos
quais as teorias tradicionais nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território. O
currículo é relação de poder. O currículo é trajectória, viagem, percurso. O currículo é
autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja nossa identidade. O currículo
é texto, discurso, documento. O currículo é documentos de identidade.
que até então haviam sido a escola e a sala de aula. “Numa perspectiva pós-estruturalista, o
que interessa não é, propriamente, descobrir as verdades, mas sim conhecer as condições que
possibilitam que se estabeleçam essas ou aquelas verdades; ou, como diria Foucault, conhecer
os regimes de verdade”. (Veiga-Neto, 1997, p. 80-81). Ou seja, é um movimento que procura
retirar as peças que compõem as práticas discursivas, tentando ver o que há por trás delas
mesmas.
Nestes deslocamentos que a teoria curricular sofreu ao longo dos anos, merece destaque a
contribuição dos movimentos feministas que abalaram velhas crenças de base patriarcal, visto
que o currículo era visto como expressão do cosmo visão masculina: O currículo oficial
valoriza a separação entre sujeito e conhecimento, o domínio e o controle, a racionalidade e a
lógica, a ciência e a técnica, o individualismo e a competição. Todas essas características
reflectem as experiências e os interesses masculinos, desvalorizando, em troca, as estreitas
conexões entre quem conhece e o que é conhecido, a importância das ligações pessoais, a
intuição e o pensamento divergente, as artes e a estética, o comunitarismo e a cooperação –
características que estão, todas, ligadas às experiências e aos interesses das mulheres. (Silva,
2001a, p. 94).
A tabela a seguir, apresentada por Silva (2001a, p. 15) resume as grandes categorias de cada
teoria do currículo de acordo com os conceitos que elas enfatizam:
Ao verificar este movimento das teorias curriculares, faz-se necessário repensar os programas
e políticas educacionais. Dentre diversas abordagens, merece destaque a abordagem do “ciclo
de políticas”, que adopta uma orientação pós-moderna e baseia-se nos trabalhos de Stephen
Ball e Richard Bowe. Segundo Mainardes (2006, p. 49) Essa abordagem destaca a natureza
complexa e controversa da política educacional, enfatiza os processos macropolíticos e a
acção dos profissionais que lidam com as políticas no nível local e indica a necessidade de se
articularem os processos macro e micro na análise de políticas educacionais.
2.5. Síntese
As teorias pós-críticas do currículo representam uma abordagem inovadora no campo da
educação, que se desenvolveu como uma resposta às limitações das teorias críticas
tradicionais. Enquanto as teorias críticas se concentram principalmente nas questões de poder,
dominação e reprodução social no currículo, as teorias pós-críticas buscam ir além dessas
análises e explorar novas maneiras de compreender o currículo e a prática educacional.
Uma conclusão fundamental é que o currículo não é neutro; ele reflecte e perpetua relações de
poder e valores sociais. Portanto, é essencial adoptar uma abordagem crítica e reflexiva na
concepção e implementação do currículo, reconhecendo as diferentes perspectivas e
experiências dos alunos e buscando promover a justiça social e a emancipação.
Silva, Tomaz Tadeu da. (2001a). Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do
currículo. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica.
Silva, Tomaz Tadeu da. (2001b). O currículo como fetiche: a poética e a política do texto
curricular. Belo Horizonte: Autêntica.
Silva, T. T. (2007). Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. Ed.
Belo Horizonte: Autêntica.
Veiga-Neto, Alfredo. (1997). Currículo e Interdisciplinaridade. In. Moreira, António Flávio
B. et al., (Orgs). Currículo: Questões Atuais. Campinas: Papirus.