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Ensino Fundamental
Material Teórico
Educação Física no Currículo Cultural
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Educação Física no Currículo Cultural
• Introdução;
• As Teorias Curriculares (Não Críticas, Críticas e Pós-Críticas);
• A Educação Física no Currículo Cultural.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir as teorias pós-críticas no currículo cultural;
· Retomar os aspectos do currículo cultural da Educação Física: seus
princípios e seus procedimentos didáticos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Educação Física no Currículo Cultural
Introdução
Nas duas Unidades de ensino anteriores, conhecemos um pouco sobre a tra-
jetória histórica da Educação Física na Escola e estudamos um pouco o que é
o currículo, quais seus impactos na formação das identidades e subjetividades e
a importância da participação democrática na construção dos Projetos Político-
-Pedagógicos das Escolas.
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Segundo Neira e Nunes (2009, p. 97):
[...] a escola é encarada como autônoma, isolada de qualquer influência,
compreendida com base nela mesma. Trata-se de uma visão de cultura
estática e essencializada. (...) fundamentam-se na ideia de que a cultura
é um produto acabado, finalizado por aqueles que compreenderam os
fenômenos naturais e humanos e atingiram um estado elevado de espírito,
um estado culto.
De acordo com Neira e Nunes (2009, p. 102), a “[...] tarefa dos educadores
críticos não é transformação social via escolarização, mas, sim, oferecer a
democratização dos saberes universais e fazer compreender o papel que as escolas
representam em uma sociedade marcada por relações de poder”.
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Aposta-se que não existe uma única verdade ou uma verdade explicada pelas
classes dominantes; busca-se a ampliação da investigação do objeto ao validar
outras vozes e outros conhecimentos para explicá-lo.
Ou devemos nos preocupar com uma formação de cidadãos voltada para uma inserção
crítica na vida pública, em busca de uma transformação das desigualdades que habitam a
Sociedade democrática?
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Para tanto, inicialmente, apresentaremos os princípios norteadores para a organi-
zação curricular e, em seguida, apresentaremos alguns procedimentos importantes
para planejar o trabalho pedagógico nessa perspectiva.
Primeiro, cabe esclarecer que a concepção de cultura adotada nessa perspectiva
inspirou-se na teorização pós-crítica.
Segundo Moreira e Candau (2007), cultura refere-se à dimensão simbólica
presente nos significados compartilhados por determinado grupo social. Concebe-
se, assim, a cultura como prática social, não como coisa ou estado de ser.
Nessa abordagem, coisas e eventos do mundo natural existem, mas não apre-
sentam sentidos inerentes: os significados são atribuídos com base na linguagem:
“Quando um grupo compartilha uma cultura, compartilha um conjunto de signi-
ficados, construídos, ensinados e aprendidos nas práticas de utilização da lingua-
gem” (MOREIRA; CANDAU, 2007, p.27).
Para aprender mais sobre as relações entre o currículo e a cultura, leia o material “Indagações
Explor
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uma política “Robin Hood”, como diria McLaren (2000), que tira dos ricos para
dar aos pobres; o que se defende é que diversos temas relativos à cultura corporal
subordinada sejam incluídos na agenda dos debates escolares, por terem sido, ao
longo dos séculos, desprezados ou tergiversados.
Como já tratado, os conteúdos de ensino não são apenas conhecimentos a
serem transmitidos; carregam em si o contexto de produção que pode valorizar
determinadas identidades culturais em detrimento de outras.
O conteúdo de ensino é tudo aquilo que ocupa o tempo escolar; são todas as apren-
dizagens e os efeitos que derivam das atividades vivenciadas no âmbito da Escola.
No currículo pós-crítico da Educação Física, os conteúdos a serem aprendidos
(conhecimentos relacionados à manifestação corporal como objeto de estudo)
emergirão da problematização apresentada pelas atividades de ensino, desde que
se leve em conta o esforço do grupo para sanar as dúvidas que possam surgir
diante de um fenômeno ainda não compreendido.
Para não cairmos nessa armadilha, os pesquisadores Neira e Nunes (2009)
elencaram critérios para a seleção de manifestações corporais que serão abordadas
no currículo de Educação Física, sem perder de vista a preocupação com a
construção de uma sociedade mais democrática e equitativa.
De acordo com os pesquisadores Neira e Nunes, a distribuição das práticas cor-
porais e a elaboração das Atividades de Ensino deverão atender a princípios básicos:
• Reconhecer nossas identidades culturais: proporcionar espaços para que
os alunos percebam a construção da própria identidade cultural. Desse modo,
a escola necessita promover o entendimento sobre os enraizamentos culturais,
isto é, “valorizar as diferentes características das ‘raízes’ culturais das famílias
de cada um, do próprio contexto de vida, do bairro etc.” (NEIRA; NUNES,
2009, p. 263);
• Justiça curricular: é necessário observar como o currículo privilegia certos
conhecimentos, identidades, vozes e discursos em detrimento de outros. A
justiça curricular é o princípio que busca equilibrar as práticas corporais ex-
ploradas no espaço escolar, levando em consideração os grupos sociais que
produziram ou valorizaram as manifestações:
Ao focalizar a manifestação cultural “brincadeiras”, por exemplo, o pro-
fessor poderá atentar para uma distribuição equilibrada entre aquelas cos-
tumeiramente presentes nos universos vivenciais masculinos e femininos,
brincadeiras pertencentes às diversas etnias, subculturas etc. (NEIRA;
NUNES, 2009, p. 264).
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• Descolonizar o currículo: significa compor o currículo com conhecimentos
e manifestações culturais advindos de grupos sociais historicamente ausentes
no cenário escolar:
“É visível a ênfase em obras literárias, teorias, cientistas, filósofos, artistas
e manifestações culturais que divulgam a identidade cultural dos povos
colonizadores, afirmando sua superioridade, em detrimento dos povos
colonizados, cujas narrativas submetem o Outro cultural à condição de
inferior, bárbaro ou primitivo” (NEIRA; NUNES, 2009, p. 267).
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possui um site na Internet com inúmeras publicações e pesquisas sobre o currículo cultura
de Educação Física. Acesse: http://www.gpef.fe.usp.br
Assim a tematização passa pela articulação das aulas de Educação Física com o
Projeto Político-Pedagógico (PPP) da Escola. A tematização não pode simplesmente
sair da cabeça do professor. Deve ser um processo de observação do contexto
cultural do lugar e das experiências sociais das pessoas. É um procedimento para
perceber o enraizamento cultural das práticas corporais, ou seja, sua vinculação
com a comunidade.
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A tomada de decisão sobre os temas/conteúdos que serão explorados ao longo
do ano letivo deve se dar a partir do mapeamento do patrimônio cultural corporal
da comunidade atendida.
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práticas corporais, pois não é possível reproduzi-la exatamente como ela ocorre fora da
escola: https://goo.gl/w7kuxL
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Já a ampliação sugere que os alunos tomem contato com outros pontos de
vista e outros discursos referentes às práticas corporais estudadas, preferencial-
mente, aqueles que trazem posicionamentos e representações diferentes da cultu-
ra hegemônica.
Neira (2011, p. 138) também, sugere algumas Atividades de Ensino que podem
confrontar os conhecimentos hegemônicos das práticas corporais:
(...) entrevistas ou conversas com pessoas com uma história de vida
marcada pela prática da manifestação, leitura de textos argumentativos,
assistência a documentários, comparação entre variados pontos de vista
dos estudantes e do educador, análises de notícias, participação em
eventos, explicações de convidados e contato com artefato alusivos às
práticas corporais.
Além disso, os registros são recursos concretos que podem ser utilizados em aulas
seguintes para que os alunos façam comparações e análises sobre as práticas corporais.
A partir das próximas unidades, vocês terão contato com relatos de experiências
de professores que estão colocando em prática esses procedimentos didáticos do
currículo cultural em Educação Física.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Grupo de Pesquisas em Educação Física Escolar da FEUSP
http://www.gpef.fe.usp.br/
Livros
Indagações sobre o Currículo: Currículo, Conhecimento e Cultura
MOREIRA, A .F. B.; CANDAU, V. M. Indagações sobre o currículo: currículo,
conhecimento e cultura. Brasília: MEC/SEB, 2007;
Educação Física
NEIRA, M. G. Educação Física. São Paulo, Blucher, 2011;
Direitos de Aprendizagem dos Ciclos Interdisciplinar e Autoral: Educação Física
SÃO PAULO. Direitos de aprendizagem dos ciclos interdisciplinar e autoral:
Educação Física. São Paulo: SME / COPED, 2016;
Documentos de Identidade: Uma Introdução às Teorias do Currículo
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
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Referências
MCLAREN, P. Multiculturalismo revolucionário: Pedagogia do dissenso para
novo milênio. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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