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Prática de Ensino

em Biologia no
Ensino Médio
Material Teórico
Como ser Professor de Biologia no Ensino Médio?

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. João Paulo Silva Pinheiro

Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Como ser Professor de Biologia
no Ensino Médio?

• O Ensino de Biologia no Ensino Médio


• Conteúdo de Biologia no Ensino Médio
• Sala de Aula
• Competências do Professor Atual

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender como é realizado o ensino de Biologia no Ensino Médio;
• Verificar o conteúdo de Biologia no Ensino Médio;
• Compreender como ocorrem as relações em sala de aula;
• Analisar as competências do professor atual.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Como ser Professor de Biologia

O Ensino de Biologia no Ensino Médio


O processo de ensino-aprendizagem passa por diversas mudanças ao longo dos
anos, desde um ensino fragmentado a um integrador, que busca fazer a relação
entre os vários temas da área, a contextualização e a interdisciplinaridade. Com o
ensino de Biologia isso não aconteceu e nem acontece de forma diferenciada.

Inicialmente, o ensino brasileiro sofreu grande influência europeia, em que na


Biologia não se estabelecia conexões entre os seres vivos e as funções dos mesmos.
No decorrer dos anos, mais precisamente em 1961 são fixadas as Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961) para detalhar os
direitos e organizar o ensino. Nas décadas seguintes, buscava-se o ensino para que
houvesse o desenvolvimento profissional, o que não aconteceu de forma adequada,
e acompanhasse o avanço da tecnologia. Posteriormente, em 1996, ocorre uma
atualização com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei no.
9.394, de 20 de dezembro de 1996).
No §2º, da LDB no. 9.394/96, traz uma inovação de extrema importância.
Define como dimensão primeira do ensino médio a formação geral, ou
seja, a formação básica qualitativa que consiste em compor um currículo
através do qual o aluno aprenda a aprender, desenvolva a autonomia
para pensar e substitua a pedagogia formalista nos conteúdos e ortodoxa
nos métodos e na avaliação, por uma conduta crítica e criativa, face ao
conhecimento das diversas disciplinas (Carneiro, 1998, p.121).

Será que a criticidade e criatividade são “praticadas” atualmente? Como


acontece o ensino de Biologia? É focado em conceitos, em palavras-chave, temas
isolados? Também, permite a interpretação de ideias e a relação das mesmas com
o cotidiano? De que forma o professor realiza a mediação do conteúdo? Além do
mais, ocorre uma aprendizagem ativa?

A Biologia é a ciência que tem como foco a vida, em que são discutidos os
processos que ocorrem nos organismos e até mesmo a aplicação em diversas
situações do dia-a-dia, como a agricultura. No ensino médio, o aluno é incentivado a
questionar e estudar sobre processos genéticos, como determinadas características
são adquiridas, sobre os mecanismos fisiológicos que ocorrem a todo momento
para manter o “equilíbrio” e o organismo vivo, sobre as interações, por exemplo,
as harmônicas e as desarmônicas, que os animais realizam na natureza para
garantir a sobrevivência, sobre as características de cada parte dos vegetais, enfim
uma diversidade de temas que permitem indagações, participação de debates,
aplicações práticas e tecnológicas na sociedade, ou seja, a participação efetiva no
cotidiano do indivíduo.

É importante que o ensino de Biologia ocorra de forma transdisciplinar,


envolvendo outras disciplinas escolares, e contextualizada, uma vez que vemos
diariamente diversas notícias que abordam termos e ideias de Biologia exigindo
uma relação com outras áreas, uma interpretação e um posicionamento crítico
frente ao que está sendo exposto.

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Explor
Transdisciplinaridade: “A unificação do conhecimento é objetivo do pensamento
transdisciplinar, através da compreensão do mundo, através de diversas culturas,
formando pontes entre elas e suas educações. Ela não elimina a pesquisa disciplinar
e interdisciplinar, procura, na verdade, ultrapassá-las, expandindo o horizonte das
mesmas” (GUEDES et al., 2010).

No ensino médio, que no Brasil constitui os três últimos anos do ensino regular,
os alunos (Figura 1) devem ser estimulados a realizarem uma leitura crítica dos
temas transpondo para a realidade da sociedade, a fim de que haja uma melhoria
na qualidade de vida de todos do planeta, por meio dos valores e das atitudes
desenvolvidas (Cruz et al., 2015). Além do mais, Cruz e colaboradores (2015,
p. 358) enfatizam que o professor deve aplicar melhor as suas metodologias, a fim
de “fornecer uma aprendizagem que leve o aluno a construir o conhecimento, no
lugar de receber conceitos prontos, inquestionáveis e de difícil compreensão”.

Figura 1 − Alunos em Aula no Ensino Médio


Fonte: iStock/Getty Images

A LDB cita como objetivos do Ensino Médio:


• A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
• A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas
condições de ocupação ou de aperfeiçoamento posteriores;
• O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
• A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produ-
tivos, relacionando a teoria à prática, no ensino de cada disciplina.

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UNIDADE Como ser Professor de Biologia

Em um documento elaborado pelo Ministério da Educação em 2008, Reestrutura-


ção e Expansão do Ensino Médio no Brasil (BRASIL, 2008), menciona os seguintes
princípios e pressupostos para que ocorra um ensino de qualidade para todos:
• Obrigatoriedade do Ensino Médio no Brasil;
• O Ensino Médio – etapa final da educação básica - objetiva a autonomia do
educando frente às determinações do mercado de trabalho;
• O processo educativo está centrado nos sujeitos da aprendizagem, sejam
jovens ou adultos, respeitadas suas características bio-psicológicas, socio-
-culturais e econômicas;
• As condições para o exercício da docência são garantidas pelo fortalecimento
da identidade e da profissionalidade docente e da centralidade de sua ação no
processo educativo;
• A identidade do ensino médio, como etapa final da educação básica, deve ser
construída com base em uma concepção curricular cujo princípio é a unidade
entre trabalho, ciência, cultura e tecnologia;
• O ensino médio integrado à educação profissional técnica é atualmente uma
das mais importantes políticas públicas, mas parcial para a concretização da
identidade do Ensino Médio Brasileiro;
• A União tem como responsabilidade a coordenação nacional das políticas públicas
para o ensino médio, em regime de colaboração com as unidades federadas.

Esses princípios e pressupostos mencionados pelo documento “Reestruturação e Expansão


Explor

do Ensino Médio no Brasil” vêm sendo seguidos? Quais aspectos precisam ser melhorados?
De que forma, você como futuro professor, poderá contribuir?
https://goo.gl/BHpSUx

Já nos anos de 2016 e 2017, iniciou-se uma nova “reforma” no Ensino Médio
com o intuito de mudar a estrutura do sistema atual, propondo uma flexibilização
da grade curricular e permitindo ao estudante escolher a área de conhecimento que
deseja aprofundar seus conhecimentos. Esse currículo novo será norteado pela Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), em elaboração, e que também definirá as
competências e os conhecimentos que deverão ser ofertados a todos os estudantes.

Quais mudanças essa nova reforma irá trazer para os alunos e para os professores? O que
Explor

está sendo proposto irá beneficiar os alunos de que maneira? Será que esse novo Ensino
Médio “focará” em certos conhecimentos e outros necessários serão “esquecidos”?

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Conteúdo de Biologia no Ensino Médio
Muitos questionam qual o conteúdo e qual a ordem esse deve ser ensinado em
cada série, seja no ensino fundamental ou no ensino médio. Existe alguma lei, ou
documento que apresente a “receita” para o professor seguir?

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio


(BRASIL, 2000):
“Uma proposta nacional de organização curricular, portanto, considerando
a realidade federativa e diversa do Brasil, há que ser flexível, expressa
em nível de generalidade capaz de abarcar propostas pedagógicas
diversificadas, mas também com certo grau de precisão, capaz de sinalizar
ao País as competências que se quer alcançar nos alunos do Ensino
Médio, deixando grande margem de flexibilidade quanto aos conteúdos e
métodos de ensino que melhor potencializem esses resultados. O roteiro
de base para tal proposta será a LDB. Para introduzir a organização
curricular da Base Nacional, é preciso recuperar o caminho percorrido
por este parecer.”

Logo, podemos observar que o conteúdo é flexível em cada região do país,


até mesmo em cada Estado, a fim de que as diversidades, como a cultural, sejam
respeitadas e o resultado seja o melhor possível.

No estado de São Paulo, o site da Secretaria de Educação disponibiliza o Currículo


do Estado de São Paulo da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que
contém a apresentação do currículo, a concepção do ensino na área de Ciências
da Natureza e suas Tecnologias, Currículo de Ciências, Currículo de Biologia,
Currículo de Física e Currículo de Química. Iremos focar no Currículo de Biologia,
pois trata-se do assunto dessa unidade e está relacionado com o ensino médio.
Explor

Currículo do Estado de São Paulo: https://goo.gl/SpQ6Mi

De acordo com o Currículo do Estado de São Paulo, em relação aos conteúdos bási-
cos ao longo das três séries, devem ser trabalhados os seguintes conceitos fundamentais:
• Unidade e Diversidade – É surpreendente a enorme diversidade de formas
de vida, desde seres de uma única célula até complexos animais com vida
comunitária como nós (uma espécie entre milhões, com bilhões de diferentes
espécimes), mas talvez mais surpreendente seja sua unidade. Por exemplo,
todos os seres vivos têm em comum complexas funções vitais, como
organização própria e de interação com o meio, controladas por programas
genéticos específicos de cada espécie guardados em longas e microscópicas
cadeias químicas.

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UNIDADE Como ser Professor de Biologia

• Interação dos seres vivos com o meio ambiente – Cada ser vivo ou organismo
é adaptado às condições ambientais, assim como essas condições influenciam
esses seres e são por eles influenciadas. Por exemplo, o número de rãs de
uma área contribui para controlar a quantidade de insetos, da mesma maneira
que a sobrevivência desses anfíbios depende da temperatura do ambiente, da
disponibilidade de água, assim como da quantidade de agrotóxicos na área.
Para se manter vivo, cada organismo deve reunir mecanismos para responder
às alterações ambientais, num processo bastante dinâmico.
• Complementaridade entre estrutura e função – O padrão de organização
das várias partes de um organismo relaciona-se estreitamente à função que
desempenham nele. Assim, por exemplo, a articulação do joelho humano
é bastante diferente da articulação do cotovelo. São estruturas diferentes com
funções diferentes. Em organismos distintos, a mesma estrutura pode ser utilizada
de diversas maneiras, como no caso do bico dos pássaros. Por exemplo, o beija-
flor usa o bico com função diferente e de maneira diversa do gavião.
• Continuidade da vida – Os ipês produzem novos ipês, assim como seres
humanos produzem novos seres humanos. Cada geração assemelha-se à de
seus ancestrais, e isso constitui o que se entende por “continuidade da vida”;
neste caso, mais uma expressão da unidade do mundo vivo. A vida é, portanto,
um processo contínuo, passado de uma geração a outra.
• Mudanças ao longo do tempo – Os seres vivos atuais não são os mesmos do
passado, conforme comprovam os fósseis (Figura 2) ou outros sinais de vida
antiga. De certa forma, o confronto desses fósseis com os organismos vivos
permite mapear (e individualizar) essas diferenças. Embora não se coloque em
discussão as mudanças ocorridas, o que se discute é como foram produzidas
e como podem estar associadas a novas mudanças. Há teorias explicativas,
entre as quais a da evolução.

Figura 2 − Exemplo de Mudanças ao Longo do Tempo – Fósseis


Fonte: gulfcoast.edu

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Com a finalidade de que cada conceito fundamental seja compreendido há
a organização das grades curriculares (série/bimestre): conteúdos associados a
habilidades, sendo propostos os seguintes temas de estudo:
• A interdependência da vida;
• Qualidade de vida das populações humanas;
• Identidade dos seres vivos;
• Transmissão da vida e mecanismos de variabilidade genética;
• A receita da vida e o seu código: tecnologias de manipulação do DNA;
• Diversidade da vida;
• Origem e evolução da vida.

Por fim, o documento apresenta quadro (Quadro 1) com os conteúdos e as habilidades


Explor

divididos por série e por bimestre. Acesse e veja essas divisões. https://goo.gl/SpQ6Mi

Quadro 1 - Conteúdos e de Habilidades em Biologia disponibilizado pelo documento


Currículo do Estado de São Paulo da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias

1ª Série do Ensino Médio


Conteúdos
A interdependência da vida - Os seres vivos e suas Interações:

Manutenção da vida, fluxos de energia e matéria


· Cadeia e teia de alimentos
· Níveis Tróficos
· Ciclos Biogeoquímicos - Deslocamentos do Carbono, Oxigênio e Nitrogênio

Ecossistemas, Populações e Comunidades


· Característica básicas de um ecossistema
1º Bimestre

· Ecossistemas terrestre e aquáticos


· Densidade de Populações
· Relações de Competição

Habilidades
· Distinguir matéria orgânica viva de matéria orgânica morta
· Diferenciar matéria orgânica originária de animais de matéria orgânica originária de vegetais
· Identificar as substâncias necessárias tanto para a produção de matéria orgânica no produtores
como nos consumidores
· Reconhecer que o produtores de matéria orgânica não são apenas as plantas, mas todos os organismos
clorofilados, assim como os consumidores não se restringem a animais
· Identificar e explicar as condições e as sustâncias necessárias a realização da fotossintese.

Fonte: http://www.educacao.sp.gov.br/

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UNIDADE Como ser Professor de Biologia

Sala de Aula
Depois do professor visualizar como “funciona” o ensino médio, qual o conteúdo
deve ensinar e realizar outros procedimentos, como o planejamento, chegou o
momento de ir à sala de aula.

Ao escutar: sala de aula, o que você logo imagina? Um espaço físico com um
quadro branco e diversas cadeiras, como apresentado na figura 3? Ou seria algo
bem mais complexo? Somaríamos esse espaço físico com vários alunos com
comportamentos e ambições diferentes?

Figura 3 − Estrutura Física de uma Sala de Aula


Fonte: iStock/Getty Images

O espaço físico é um elemento importante, mas não o principal, pois o foco do


professor deve ser os alunos. Nesse ambiente deve ser inserido atrativos para que
cada discente sinta-se bem e também convidado a interagir com o professor, com
os demais alunos e, principalmente, com o conteúdo.

Muitos estudos demonstram a importância da arquitetura escolar para o processo


pedagógico, em que uma sala com arquitetura “moderna”, bem climatizada e com
recursos tecnológicos é um atrativo para todos os envolvidos no processo de ensino
aprendizagem. Guerra (2007, p. 85) cita essa importância arquitetônica para a educação:
“A filosofia de trabalho da escola é comunicada visualmente pelas imagens
apresentadas nas bibliotecas, nas quadras de esportes, nos pátios, nos
centros de convivência e nas alas de aula. Um dos mecanismos para
verificar a ação pedagógica consiste na disposição dos mobiliários e dos
equipamentos nas salas e nos laboratórios.”

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As aulas podem acontecer somente nessa sala de aula? A resposta é não. Por
isso, afirmamos que o aluno é o elemento principal desse processo. As aulas podem
ocorrer em vários locais, sejam eles abertos ou fechados, como em um parque, um
zoológico, uma praça, um museu entre outros.

Dessa forma, a sala de aula consiste em um ambiente em que estão inseridos


alunos e professor(es) para ocorrer o processo de ensino-aprendizagem, havendo
a construção do conhecimento e possibilitando a formação de cidadãos críticos e
reflexivos em relação à sociedade em que vivem.

Porém, nesse espaço ocorre somente a aula propriamente dita? Não. Na sala
de aula são desenvolvidas relações afetivas entre todos os sujeitos (aluno x aluno,
aluno x professor), em que alguns estudos demonstram a importância disso para
haver a aprendizagem significativa.

Afinal, somente a sala de aula é responsável para que ocorra uma aprendizagem
significativa? A eficiência do processo de ensino-aprendizagem depende de vários
fatores, tais como a gestão escolar, a qualificação e a remuneração dos professores,
a participação dos alunos, a escolha do material didático e, até mesmo, a participação
dos pais e da comunidade.

De acordo com Moran (2000, p. 14):


Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico
coerente, alerto, participativo; com infraestrutura adequada, atualizada, con-
fortável; com tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas. Uma organização
que congregue docentes bem preparados intelectual, emocional, comunica-
cional e eticamente; bem remunerados, motivados e com boas condições
profissionais, onde haja circunstancias favoráveis a uma relação efetiva com
alunos que facilite conhecê-los acompanhá-los, orientá-los.

Leia a seguinte notícia: Estrutura precária afeta o ensino - Escolas depredadas e com espaços
Explor

desconfortáveis fazem com que o aluno sinta-se desmotivado e até abandone os estudos –
disponível em: https://goo.gl/Au3j1h

Após essa leitura e a visualização da imagem disponível na notícia, como você


vê a estrutura da escola que você estudou, e/ou já visitou em sua comunidade e/
ou já estagiou? De acordo com sua vivência, a estrutura física pode interferir no
processo de ensino-aprendizagem?

Depois da leitura desse tópico, imagine a seguinte situação: você planejou a


aula para 30 alunos com uma dinâmica para auxiliar na revisão dos conhecimentos
prévios e no processo de construção do conhecimento. Ao chegar em sala de aula,
você encontra 50 alunos, pois o professor da outra turma faltou, mudando assim
vários aspectos da turma, como o comportamento, o interesse pela disciplina e as
interações (aluno x aluno, professor x aluno). Diante dessa situação, qual seria sua

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UNIDADE Como ser Professor de Biologia

atitude como professor? Você seguiria o mesmo planejamento? A “sala de aula”


seria a mesma? A dinâmica seria realizada ou utilizaria apenas o quadro branco
para a exposição do conteúdo? Quais estratégias poderiam ser desenvolvidas para
manter o comportamento da turma e seguir a dinâmica da aula?

Medeiros et al. (2011) apresentam o quadro abaixo, adaptado de Rodrigues Junior


(2011), com algumas condutas e características, além de como é a atuação de professo-
res eficientes em relação aos demais.

Condutas Características Professores Eficientes


Conseguem prever situações que podem levar ao
Capacidade de previsão de acontecimentos
Pró-atividade comprometimento do aprendizado, e antes que isso
indesejáveis.
aconteça tomam iniciativas para evitar o problema.
Habilidade de se fazer presente em todo o São capazes de ocupar inteiramente o espaço físico
Onipresença
espaço físico da sala de aula. de suas salas, através da circulação durante as aulas.
Capacidade de realizar mais de uma Conseguem manter duas ou mais atividades
Simultaneidade
atividade ao mesmo tempo. durante as aulas.
Habilidade de não se perder, não quebrar o Planejam ações claras e precisas para suas aulas com
Continuidade ritmo da aula diante de interrupções ou de antecedência, são, portanto capazes de conviver
imprevistos. com perturbações sem perder o rumo.
Nunca são previsíveis, sempre e sempre deixam os
Contrário de monotonia, pois se relaciona
alunos na expectativa da próxima atração,
Pique à surpresa, ou à expectativa de atividades
sem esquecer-se das rotinas necessárias à
inusitadas.
pratica docente.
Capacidade de demonstrar que cada minuto
é valioso e deve ser destinado para o que Nunca desperdiçam tempo com o que não se
Cobrança
realmente importa, pois o objetivo da aula relaciona ao aprendizado.
é aprender.
Habilidade de variar atividades,
propor diferentes metodologias e Buscam técnicas e recursos variados para trabalhar
Variedade
recursos adequados a cada situação de conteúdos relevantes e nunca se acomodam.
aprendizagem.

Agora, iremos ler sobre as competências do professor atual e relacionar com os


tópicos supracitados para refletir e praticar à docência no ensino médio.

Competências do Professor Atual


Qual o verdadeiro papel do professor no ensino médio? Essa é uma interrogação
“vivenciada” durante a formação e a vivência docente, fazendo com que o professor
busque uma constante atualização e, consequentemente, a formação continuada.
Tudo isso é importante para que seja desmistificada a posição do professor
tradicional: ministrar uma aula no quadro, aplicar exercícios e provas e ir embora.

Nos dias de hoje, cada vez mais, os docentes buscam metodologias que possam
ser aplicadas para permitir o processo de construção do conhecimento de forma
ativa, em que o aluno seja o protagonista do aprendizado. Além do mais, que o
discente seja capaz de relacionar os temas daquela disciplina com fatos do cotidiano
(contextualização) e com outras disciplinas (interdisciplinaridade), a fim de formar
cidadãos críticos e participativos na sociedade.

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Se esse aprendizado não for associado a uma ou mais práticas sociais,
suscetíveis de ter um sentido para os alunos, será rapidamente esquecido,
considerado como um dos obstáculos a serem vencidos para conseguir
um diploma, e não como uma competência a ser assimilada para dominar
situações da vida (PERRENOUD, 1999).

Perrenoud (2000) traz em sua obra dez competências para ensinar no século
XXI, permitindo a atuação de professores eficientes. Essas competências com as
específicas serão descritas no quadro abaixo (mais informações e discussões leia
a obra completa: PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto
Alegre: Artmed, 2000).

Comperências Competências Específicas


· Conhecer os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos
de aprendizagem;
Organizar e Dirigir situações · Trabalhar a partir das representações dos alunos;
de Aprendizagem · Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem;
· Construir sequências didáticas;
· Envolver os alunos em atividades de pesquisa e projetos.

· Criar e administrar situações-problema ajustadas ao nível dos alunos;


· Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos de ensino;
Administrar a Progressão · Estabelecer laços com as teorias que embasam as atividades de aprendizagem;
das Aprendizagens · Observar e avaliar os alunos através de uma abordagem formativa;
· Fazer balanços sistemáticos das competências e tomar decisões de progressão.

· Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma;


· Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto;
Conceber e fazer evoluir os · Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de dificuldades;
Dispositivos de Diferenciação · Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples
de ensino mútuo.

· Suscitar o desejo de aprender;


· Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (de classe ou de escola) e
Envolver os Alunos em suas
negociar regras e contratos com eles;
Aprendizagens e em seu Trabalho · Oferecer atividades opcionais à formação;
· Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.

· Elaborar um projeto de equipe;


· Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões;
· Formar e renovar uma equipe pedagógica;
Trabalhar em Equipe · Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas
e problemas profissionais;
· Administrar crises ou conflitos interpessoais.

· Elaborar, negociar um projeto da instituição;


Participar da Administração · Administrar recursos da escola;
da Escola · Coordenar, dirigir uma escola com todos os parceiros envolvidos;
· Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos.

· Dirigir reuniões de informação e de debate;


Informar e Envolver os Pais · Fazer entrevistas; envolver os pais na construção de saberes.

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UNIDADE Como ser Professor de Biologia

Comperências Competências Específicas


·· Utilizar editores de textos;
·· Explorar as potencialidades didáticas dos programas em função
Utilizar Novas Tecnologias dos objetivos de ensino;
·· Comunicar-se à distância por meio da telemática;
·· Utilizar ferramentas multimídia no ensino.

·· Prevenir a violência dentro e fora da escola. Lutar contra preconceitos e


discriminações sexuais, étnicas e sociais;
Enfrentar os Deveres e os ·· Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina escolar, às
Dilemas Éticos da Profissão sanções e à apreciação da conduta. Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a
comunicação em aula. Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e
o sentimento de justiça.

·· Saber explicitar as próprias práticas;


·· Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de
Administrar sua Própria formação contínua;
Formação Contínua ·· Negociar um projeto de formação comum aos colegas. Envolver-se em tarefas
em escala de ordem de ensino ou do sistema educativo. Acolher a formação dos
colegas e participar dela.

Então, é difícil desenvolver essas competências? Pela leitura, podemos perceber


que depende muito do professor, mas estão relacionadas aos alunos, aos pais, à
gestão escolar entre outros.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Notícias sobre Ensino Médio
https://goo.gl/Wfh7J9

Livros
Avaliação da Excelência à Regulação das Aprendizagens
PERRENOUD, P. Avaliação da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas.
Porto Alegre: Artmed, 1999.

Dez Novas Competências para Ensinar


PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Leitura
Habilidades e Competências na Práticas Docente: Perspectivas a partir de situações-problemas
https://goo.gl/Q9jWh6
Habilidades e Competências: Novos Saberes Educacionais e a Postura do Professor
https://goo.gl/QN46xr
A Afetividade na Sala de AAula e Atuação dos Professores no Ensino Médio - Reflexões Pontuais
https://goo.gl/77xPK3

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UNIDADE Como ser Professor de Biologia

Referências
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM).
2000. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>.
Acesso em: 26 fev. 2017.

BRASIL. Reestruturação e Expansão do Ensino Médio no Brasil. 2008. Disponível


em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/2008/interministerialresumo2.
pdf>. Acesso em: 27 fev. 2017.

CARNEIRO, Moacir Alves. LDB Fácil: Leitura crítica-compreensiva artigo a artigo.


11ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

CRUZ, E. A. L.; SILVA, J. W. S.; SILVA, C. G.; SOUZA, H.M.L.; NUNES, J. R.


S. O ensino de biologia no ensino médio em uma escola periférica no município de
Tangará da Serra – MT. Educere - Revista da Educação, v. 15, n. 2, p. 355-368,
jul./dez. 2015.

GUEDES, C.O.; MACHADO, J.G.; BRITO, M.J.P.; BRITO, S.J.; MACHADO,


V.M. Importância das aplicações da transdisciplinaridade na educação humana.
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GUERRA, V. P. Práticas pedagógicas no ensino médio: perspectivas da docência


em salas-ambientes. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Tuiuti
do Paraná, Curitiba,2007.

MEDEIROS, J.B.L.P.; PONTE, E.L.; CRAVEIRO, A.C. Vida de Aprendiz 2 –


Estágio Supervisionado no Ensino Médio I. Fortaleza: SEAD/UECE, 2011.

MORAN, J. M. M. Novas tecnologias e mediação pedagógicas. São Paulo:


Papirus editora, 2000.

PERRENOUD, P. Avaliação da excelência à regulação das aprendizagens:


entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre:


Artmed, 2000.

São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo:


Ciências da Natureza e suas tecnologias. 2012. Disponível em: < http://www.
educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/780.pdf>. Acesso em: 02
mar. 2017.

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