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Planejamento na Educação Infantil

Autor: Isadora Bianchin Menna Barreto


Tutor externo: Juliana Godoi Kazakevich Fantin
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pedagogia (FLC3889PED) – Estágio obrigatório: Educação Infantil
29/05/2023

RESUMO

É tarefa do professor estimular constantemente os alunos em busca de alcançar os


conhecimentos necessários, e para isso ser possível é preciso que haja organização e uma
sequência lógica na abordagem dos conteúdos. Essa organização é feita através do
planejamento, ferramenta em que o professor irá colocar o passo a passo a ser seguido no
decorrer das aulas e quais as habilidades e objetivos a serem alcançados pelos alunos.
Entender como realizar um planejamento é importante porque sem ele as aulas se tornam
improvisadas e ineficazes. Por conta disso, o objetivo do trabalho é identificar cormo deve
ser realizado esse planejamento e qual deve ser a postura do professor na questão do
aproveitamento do tempo em sala. Através de pesquisas utilizando materiais de caráter
científicos como artigos e livros foi possível encontrar a base para realização de um
planejamento e chegar à conclusão de que um bom planejamento deve ser flexível e o
professor deve evitar a acomodação e procurar enriquecer a rotina de forma que os alunos
estejam em constante estímulo sem deixar de lado a importância do brincar livre.

Palavras-chave: Planejamento. Aulas. Professor.

1 INTRODUÇÃO

A Formação e profissionalização docente se trata dos aspectos que regem: a


conduta do professor, seu conhecimento e habilidades, a primeira formação e a
continuada. No referente trabalho, será abordada a questão da conduta do professor
em relação ao planejamento.
O planejamento possui grande importância no ambiente escolar devido ao
poder que tem sobre a qualidade no processo de ensino aprendizagem. Isso porque,
sem ele as aulas não teriam uma sequência didática e o ensino seria improvisado.
Com isso, o objetivo da pesquisa é identificar o que o professor deve fazer para
elaborar um bom planejamento e refletir acerca de como aproveitar o tempo em
sala.
Para isso serão destacados os conceitos de planejamento e rotina para então
ser discutido os documentos e conceitos que regem a prática do professor e como o
educador deve aproveitar o tempo destinado a atividades no dia a dia escolar.
2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

A pesquisa objetiva-se entender como funciona e como deve funcionar o


planejamento na educação infantil e qual é a conduta do professor em relação ao
aproveitamento das aulas.

Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou conjunto de ações a


ser realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar não é, apenas algo
que se faz antes de agir, mas é também agir em função que se pensa. O
planejamento enquanto construção de representação é uma mediação
teórico-metodológica. Para isto, é necessário estabelecer as condições
objetivas, prevendo o desenvolvimento da ação no tempo. (Vasconcellos,
2008, p.79 apud Domiciano, 2014, p.11).

Deste modo, entende-se como planejamento o ato de antecipar uma


ação, como um passo a passo a ser seguido para alcançar determinado objetivo. O
ato de planejar é de extrema importância no dia a dia escolar, com ele o professor
tem mais segurança no que faz e consegue seguir com uma rotina mais proveitosa e
com um objetivo pedagógico mais claro.
“A rotina tem como objetivo em fazer com que o dia tenha uma sequência de
ações organizadas e maleáveis, dividir o tempo trás conforto” (Galvão, s.d, p.4) Na
educação infantil principalmente, a rotina é obrigatória, as crianças necessitam de
uma sequência de afazeres diários para não se sentirem perdidos e ansiosos. Essa
rotina deve ser dividida em momentos de higiene, atividades diárias, como por
exemplo a contação dos dias, brincadeiras e os conteúdos com objetivos
pedagógicos. Logo, o planejamento deve levar em consideração a pausa para
realização dos afazeres diários e estar em sintonia com eles.
Para realizar um planejamento é preciso levar em conta o que consta na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), com esse documento o professor terá acesso a
tudo que é preciso trabalhar com seus alunos. Na BNCC Brasil (2018) constam os
eixos estruturantes da educação, os direitos de aprendizagem e os campos de
experiencias que devem ser trabalhados com as crianças. A partir dos campos de
experiencias vão existir os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que
devem ser alcançados de acordo com cada faixa etária.
Além disso, o professor deve consultar o Projeto Político Pedagógico da
escola em que está atuando “O projeto busca um rumo, uma direção. E uma ação
intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente”
(Veiga, 2008) ou seja, o projeto serve de base para a escola e todos que atuam nela
para alcançar os objetivos pedagógicos definidos em conjunto de acordo com as
necessidades daquela instituição. Sendo assim, para enfim fazer o planejamento o
educador deve estudar os documentos que regem a sua prática.
Um planejamento de aula adequado desafia as crianças, é flexível, transmite
segurança e possui uma lógica por trás.

Cada ação ou atividade que o professor for trabalhar com os seus alunos
deve ser pensada, as atividades têm que ter objetivos claros para que essas
práticas em sala de aula possam trazer as crianças um desenvolvimento
pleno, todas criança tem que ter várias experiências, oportunidade de
explorar e conhecer o novo, ampliar seus conhecimentos. (Galvão, s.d, p.3)

O ensino não precisa ser engessado, existem diversas maneiras de se passar


um conhecimento, e na educação infantil o professor pode explorar isso de maneira
lúdica e divertida. Devido ao tempo destinado a atividades ser reduzido o educador
pode interligar tarefas do dia a dia, que são rotinas, aos conhecimentos que
pretende passar. Um exemplo disso poderia ser no momento da escovação, onde
pode-se abordar questões como quantos dentinhos temos, o que acontece quando
não escovamos bem e logo após todos terem terminado, apresentar a questão sobre
higiene bucal. Ou seja, não é preciso estar em momentos de roda ou explanação de
conteúdos para que haja aprendizado, tudo pode ser interligado.
Outro ponto a ser considerado para uma educação efetiva é levar em
consideração as especificidades que cada turma possui. De acordo com Klosouski e
Reali (2008, p.5), existem dois pontos importantes a serem abordados no
planejamento:

1) Considerar os alunos não como uma turma homogênea, mas a forma singular de
apreender de cada um, seu processo, suas hipóteses, suas perguntas a partir do que já
aprenderam e a partir das suas histórias;
2) Considerar o que é importante e significativo para aquela turma. Ter claro onde se
quer chegar, que recorte deve ser feito na História para escolher temáticas e que
atividades deverão ser implementadas, considerando os interesses do grupo como
um todo. (KLOSOUSKI; REALI, 2008, p.5).

O professor, ao elaborar um planejamento, deve refletir a cerca de como


aproveitar melhor as aulas de acordo com a turma em que está atuando. É preciso
levar sempre em consideração os conhecimentos prévios dos alunos, as
especificidades de cada um e sempre que possível utilizar o uso de diferentes
linguagens na abordagem de novos assuntos, beneficiando e alcançando o maior
número de crianças possível no repasse de conhecimentos.

O que, então, cabe ao professor planejar? Pequenos períodos de tempo


destinados às atividades pedagógicas. Nesses períodos pedagógicos o
professor deve distribuir atividades referentes a todos os eixos temáticos
de que trata o RCNEI (BRASIL, 1998). Como o tempo das atividades
pedagógicas é bastante reduzido, muitas vezes uma mesma atividade tem
que ser fracionada em vários dias, a fim de que sejam alcançados os
objetivos previamente definidos pelo professor, ou então o professor deve
limitar-se a planejar atividades bastante concisa, capazes de serem
inteiramente contempladas durante o dia de aula. (DOMICIANO, 2014,
p.21)

Visto isso, entende-se que, devido ao tempo destinado a atividades


pedagógicas ser reduzido é preciso que cada minuto seja planejado e aproveitado
ao máximo. O que não pode acontecer é uma carência de conteúdos e um professor
despreparado em sala, porque além do tempo ser curto, seria mal aproveitado. Não
basta trazer uma atividade com um fim pedagógico e no restante do tempo apenas
esperar a hora de ir embora, isso passaria uma impressão de improvisação das
aulas e os alunos não teriam uma aprendizagem significativa.
Entretanto, isso não tira a importância da brincadeira livre. A criança também
precisa se sentir à vontade para explorar o ambiente e sua criatividade. O que deve
ser evitado são os extremos, a rigidez em cumprir o cronograma ou deixar a turma
fazer o que bem entende.
De acordo com Ferreira (2012, p.140) a todo momento a criança está se
desenvolvendo, seja em brincadeiras dirigidas ou livres. Cabe ao professor fazer
essa mediação e observar seus alunos com um olhar pedagógico. Isso porque, na
educação não temos tempo a perder, tudo é aprendizado e há muito o que aprender.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

No local em que realizei o estágio os conteúdos trabalhados em sala estão


alinhados com o projeto macro da escola escolhido para o ano, o projeto da turma,
projeto musicalização, momentos literários, conto do chá e projeto linguagens e
movimentos que a professora pode abordar com os alunos. No decorrer da semana
os conteúdos são intercalados e a professora regente utiliza de diferentes métodos e
materiais para a realização das atividades. A diretora da instituição demonstra
querer que os alunos tenham contato com materiais diversos e que as professoras
levem os alunos para aprender além da sala de aula utilizando os espaços externos
disponíveis, o que é acatado pela professora regente da turma em que realizei o
estágio.
A rotina em sala, no período da manhã, se inicia as 7:30, porém alguns
alunos chegam depois do horário por conta da topique, por conta disso a professora
acaba ficando em roda conversando com a turma deixando que relatem o que
fizeram antes de ir para a escola. Após todos chegarem, é trabalhado o calendário, o
almoço é servido as 9:50 e logo depois é realizado a escovação. O horário de ir para
casa é as 11:30, porém as 11 horas algumas crianças começam a ir embora. Não
tem um horário pré-estabelecido para as atividades que constam no planejamento,
elas ocorrem quando a professora decide ser o melhor momento, geralmente antes
ou depois do almoço, dificilmente nos dois períodos.
A professora regente planeja uma atividade por dia para trabalhar com a
turma, no restante do tempo, além do que consta na rotina, as crianças são
designadas a fazer atividades para passar o tempo. Isso geralmente acontece
quando a professora precisa verificar as agendas, fazer o café ou quando julga não
ter mais tempo para iniciar uma atividade.
As turmas de 4 e 5 e 5 e 6 anos não tem direito a duas professoras, com
exceção caso haja aluno especial em sala. Devido a isso, as professoras juntam as
turmas para revezarem seus cafés, o que faz com que seja 1hora perdida sem
conseguir realizar qualquer atividade devido a quantidade de alunos em sala.
Em conversa com as professoras, ouvi relatos como a cobrança da escola
para que elaborem mais atividades para o planejamento. Com isso, percebi que a
impressão que estava tendo de que faltava algo no dia a dia escolar estava correta.
No período de observação notei que de 4 horas das crianças em sala, apenas 1
hora (em média) estava sendo destinada a atividades direcionadas.
Ainda em conversa com as professoras, ouvi uma situação que foi o ponto
chave para que me fizesse pesquisar sobre como deve ser a postura do professor
referente ao planejamento e aproveitamento do tempo. Que foi o dia em que a
professora relatou que, por estar cansada, deixou a turma brincar livremente no
parque a manhã inteira.
Existem alguns empecilhos que atrapalham a realização das atividades em
sala. O grande número de alunos para apenas uma professora faz com que algumas
atividades demandem mais tempo do que o previsto. A sala não possui mesas
suficientes para o número de alunos, contando com 16 mesas e cadeiras e a turma
do período vespertino possui 24 crianças. Na turma em questão existe um aluno que
tem dificuldade em colaborar com as dinâmicas em grupo, o que faz com que a
turma fique dispersa e atrapalha toda a atividade planejada naquele momento.
Na turma existe um aluno portador de TEA (Transtorno do Espectro Autista) e
somente no meu último dia de regência ele recebeu uma professora de apoio, ou
seja, desde o início do ano a professora regente precisava lidar com esse e com
todos os alunos sozinha.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)

O estágio assim como o esperado me fez enxergar na prática como funciona


aquilo que venho estudando até então. Consegui perceber que nem tudo o que
planejamos e idealizamos conseguimos pôr em prática, é preciso ser muito flexível
com o planejamento e ter sempre uma “carta na manga” ao se trabalhar com a
educação.
As crianças são muito mais complexas do que se pode imaginar. Ao
apresentar o conteúdo que iria trabalhar com elas, recebia comentários além do que
esperava que soubessem sobre o assunto. Nesse caso aprendi a não subestimar o
conhecimento prévio e sempre fazer um diagnóstico sobre o tema a ser abordado
para partir do que os alunos já sabem.
Dentre os desafios que encontrei durante o período de regência, o que mais
me atrapalhou foram nos momentos em que percebia que a turma estava se
dispersando ou quando um aluno estava atrapalhando a aula, porque a minha
maneira de falar aparentemente não faz com que os alunos acatem o que peço,
porém no decorrer das aulas fui testando algumas alternativas como mudar o tom de
voz e manter-me firme ao ditar uma regra. Além disso, algumas das atividades que
elaborei precisei mudar no momento de aplicar para que exigisse um pouco mais
dos alunos.
Me propus a alcançar os seguintes objetivos: Identificar de que maneira é
organizada a rotina; analisar se o tempo está sendo produtivo pedagogicamente;
observar se o professor em sala possuí um planejamento adequado; elaborar um
plano de aula alternativo para que ocorra um bom aproveitamento do tempo em
sala.
No tópico anterior descrevi como é organizado a rotina, identifiquei um défice
no aproveitamento do tempo em sala e conclui que o planejamento da professora é
bom por explorar métodos e linguagens diferentes, porém poderia ser mais rico em
atividades propostas.
Utilizei do meu período de regência para verificar se era possível ter um dia
aproveitado pedagogicamente sem renunciar ao tempo destinado ao brincar livre e
seguindo a rotina. Utilizando o modelo da professora regente realizei o planejamento
com apenas uma atividade para o dia, porém levei outras alternativas caso o tempo
permitisse. No dia a dia consegui trabalhar com as crianças tanto no período antes
do almoço quanto depois e mesmo assim consegui deixar 1 hora de brincadeira
livre. As atividades tinham curta duração, a maioria delas envolvendo o grande
grupo e sempre utilizando diferentes métodos para chamar e prender a atenção da
turma. Com isso, foi possível concluir que é sim possível enriquecer o dia dos alunos
sem anular o brincar livre e a rotina.
Alguns dias pode ocorrer da professora não conseguir seguir o planejamento,
por isso ele deve ser flexível, o que não pode ocorrer é a falta de aproveitamento
diariamente. A impressão que tive foi a de acomodação por parte das professoras e
ao mesmo tempo falta de recursos e suporte para permitir que seja possível realizar
o que é cobrado a elas.
REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.

DOMICIANO, Rizalva. Planejamento das aulas para a educação infantil. 2014.


44f. Monografia (graduação em Pedagogia- modalidade a distância) - Centro de
Educação da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa- PB, 2014.

FERREIRA, Janara Cunha et al. Planejamento na educação infantil: reflexões


sobre teorias e práticas. 2013. 246f. Dissertação (mestrado em educação) – área de
concentração: educação – contextos educativos e prática docente- Universidade do
vale do Itajaí, Itajaí- SC, 2013.

GALVÃO, Gabrielle Luzes et al. ROTINA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL.


KLOSOUSKI, S. S; REALI, K M. Planejamento de ensino como ferramenta básica do
processo ensino-aprendizagem. Revista Eletrônica Lato Sensu, v. 5, p. 1-8, 2008.

Veiga, Ilma (Org.). Projeto Político Pedagógico da Escola: Uma construção


Possível, 24ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2008.
ANEXO

Registro de Frequência
Aula 1

Aula 2
Aula 3

Aula 4
Aula 5

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