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Autor: LIBÂNEO, J. C. Class.

Bibliografia: LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e


prática. Goiânia: Editora alternativa, 2001.
LIBÂNEO, José Carlos. Didáctica, Editora: Cortez, 1994.
Titulo: Organização e gestão escolar: teoria e prática. Goiânia.
Didáctica
Pag Conteúdos Obs.
Planificação
Não existe nenhuma entidade genérica a que se possa dar o nome de o
professor eficiente. A eficiência do ensino deve antes ser considerada em
relação a um professor determinado lidando com determinados alunos,
num determinado ambiente, enquanto procura alcançar determinadas metas de
ensino. " ( in Pophan e Baker, sistematização do ensino)
Segundo Franco (1997:39), “planificação é uma exigência que, dia a dia, se
impõe em todas actividades humanas”.
Para Pilleti (2006:61), afirma que “planificação é assumir uma atitude séria e
curiosa diante de um problema”.
Segundo Libâneo (1982:221), “planificação é um meio para se programar as
acções docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão
intimamente ligado a avaliação”.
Zabalza (2003a) refere mesmo que a planificação é uma das competências
que deve fazer parte do perfil do professor, dizendo respeito, a sua capacidade
para desenhar o programa de ensino da sua disciplina.
Segundo este autor, planificar o ensino significa levar em consideração as
determinações legais, os conteúdos básicos da nossa disciplina, o marco
curricular em que esta se enquadra (em relação a que perfil, em que curso,
com que duração) a nossa própria visão da disciplina e da sua didáctica (a
nossa experiência docente e o nosso estilo pessoal), as características dos
alunos e ainda levar em consideração os recursos disponíveis. Portanto, e
ainda segundo o autor, quando planificamos a nossa acção docente, quando

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desenhamos o programa da nossa disciplina, estamos, de facto, nos situando
num espaço de tomada de decisões.
Planificação do processo de ensino-aprendizagem
Uma das tarefas dos professores no início de cada ano lectivo é planificar, o
que exige reflexão sobre aspectos indispensáveis à estruturação do processo
de ensino-aprendizagem.
Assim, de acordo com a maneira como o professor se posiciona e a sua
maneira de ser, este terá que optar por um núcleo orientador que poderá ser
segundo Proença (1989), o esquema conceptual, as capacidades a desenvolver
ou os problemas sociais em torno dos quais se irá desenvolver a
aprendizagem. A autora defende uma “ visão tridimensional do ensino que
tenha em conta estes aspectos ”. Terá ainda que ter em conta as condições da
escola e as características dos alunos. A planificação deve ser adaptada à
escola multicultural e às diferenças, tendo em conta alunos com Necessidades
Educativas Especiais.
A planificação é necessária e não pode ser deixada ao acaso, uma vez que é
uma espécie de “ fio condutor que vai delineando o caminho a percorrer”, o
professor sabe de onde parte e para onde vai. Na sua elaboração e concepção
podem-se correr alguns riscos, ser ousados, experimentar coisas novas. Se não
correr como esperávamos pode-se sempre recomeçar.
Ao planificar, o professor terá que ter em conta o currículo, o programa da
disciplina, saber as finalidades, as metas, objectivos, conteúdos, as
actividades, recursos, ter em atenção o tempo necessário à sua concretização e
o Projecto Educativo de Escola.
A Planificação, segundo Arends (2008, p.129), é determinante do que é
ensinado nas escolas e da forma como é ensinado. Ainda de acordo com o
mesmo autor, “ estudos mostraram que a planificação tem consequências
tanto para a aprendizagem como para o comportamento”. (Arends, 2008
p.129). Salienta ainda que pode melhorar a motivação e diminuir os
problemas de gestão na sala de aula.

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A planificação deve ser desenvolvida por unidades didácticas ou módulos, o
que confere uma certa unidade, dirigindo o ensino para o objectivo geral.

Tipos de planificação
A planificação a longo prazo
Planificar a longo prazo é elaborar um plano para todo o ano lectivo e faz-se
em reunião de grupo ou de departamento. No fundo não é mais que gerir os
conteúdos pelo tempo. Os temas são divididos em unidades, definindo-se para
cada unidade:
- A linha conceptual
- Os objectivos gerais
- Os tempos lectivos
- Aspectos que possam ter um tratamento interdisciplinar
- As estratégias referidas (em termos muito gerais).

Planificação a médio prazo


O plano a médio prazo, segundo Proença (1989), é a” trave mestra da
planificação” que poderá substituir a planificação aula a aula.
Esta planificação deverá contemplar:
 A linha conceptual
 Pré-requisitos
 Objectivos específicos
 Conteúdos
 Estratégias/actividades
 Recursos
 Modalidades e instrumentos de avaliação
 Material necessário
 Tabela de especificação de objectivos e conteúdos
 E bibliografia

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Planificar a Curto Prazo ou planos de aula
Cortesão (1994:71), enfatiza que ” durante o ano lectivo é focalizado a acção
que se desenrola num contexto muito particular, é necessário elaborar planos
correspondentes às acções que no dia-a-dia vão concretizar as diferentes
parcelas do anterior.”
Ainda, podemos acrescentar que consiste na planificação de cada aula onde se
definem todos os ingredientes essências do plano.
Arends, (1999:59), elucida - nos que estes planos são aqueles a que o
professor disponibiliza mais atenção. É também aqui que melhor se percebe a
forma como o professor encara a dinâmica do ensino/aprendizagem.
Geralmente, os planos diários contêm os conteúdos a serem ensinados, as
técnicas/estratégias motivacionais a serem exploradas, os passos e actividades
específicas preconizadas para os alunos, os materiais necessários e os
processos de avaliação.

Elementos do plano de aula


Ele se constitui como um mapa em que estão organizadas as coordenadas do
trabalho. Geralmente os mapas são bidimensionais, desse modo, os obstáculos
que estão no percurso não podem ser visualizados de todos os ângulos. O
plano de aula como um mapa, prevê algumas situações com as quais o
professor irá se deparar no quotidiano, mas nem todas. Então o plano é um
instrumento que oferece certo grau de acertos, funcionando também como um
objecto que possibilita que se pense em/nos caminhos alternativos para que a
aula aconteça.
O plano de aula possui certas formalidades, elementos que devem estar
presentes na sua organização. São eles:
 Cabeçalho é um espaço de apresentação, no qual se identifica a escola
(nome da instituição de ensino - também do centro e do departamento
se for o caso), o professor, a área do conhecimento, o tema ou assunto
da aula, o nível de escolarização em que a aula será aplicada, o

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período (matutino, vespertino, nocturno) e a carga horária (quantos
minutos serão dedicados à aula).
 Objectivos a serem alcançados com as aulas que serão ministradas.
Algumas palavras-chave ajudam a organizar os objectivos, como:
capacitar os alunos para instrumentalizar, ampliar o conhecimento
sobre, conhecer as relações do..., aprender a/sobre....
 Conteúdos são os meios pelos quais se espera alcançar os objectivos.
Actividades propostas (jogos, brincadeiras, manifestações culturais)
explicitadas e explicadas em relação ao sentido de estarem sendo
utilizadas, sua adequação ao nível de escolarização dos alunos e nível
de desenvolvimentos motor e cognitivo, sem deixar de dar atenção às
relações culturais e afectivas que os alunos possuem com as práticas
que estão sendo compartilhadas nas aulas.

Procedimentos metodológicos também são os meios pelos quais se espera


alcançar os objectivos, mas nesse caso é nesta secção em que se apresentará a
lógica estabelecida ou a sequência didáctica em que o conteúdo será
trabalhado/exposto no decorrer da aula, considerando que toda aula tem
abertura, desenvolvimento e encerramento (início, meio e fim). Desse modo,
ele deve prever a adequação dos estímulos/actividades para a
operacionalização do aprendizado, com uma estrutura flexível, mas com
ordenação lógica.
 Recursos didácticos como materiais que serão necessários para o
desenvolvimento da aula. Os recursos didácticos devem ser previstos,
pois são eles que impõem os desafios e facilitam o processo de
apropriação de um saber que se quer compartilhar na aula, ou
competências de ordem física/cognitiva/ética/estética que se quer
desenvolver. Os recursos devem ser adequar aos objectivos que se
quer alcançar no ensino.

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Metodologias de avaliação são as técnicas que o professor utilizará para
avaliar o ensino-aprendizagem, que variam de acordo com a proposta
metodológica empregada para o ensino. Pode ser a participação dos alunos
nas actividades propostas, desenvolvendo competências sociais
(socialização), nos níveis que são alcançados na resolução de problemas
postos pelo professor, em uma concepção mais tradicional de ensino. No
desenvolvimento de capacidades para problematizar os conteúdos propostos,
sua transformação e produção de níveis de autonomia nos usos dos saberes,
em uma aula aberta ou progressista, em que há a participação ativa do aluno
na construção da aula. Ampliação das capacidades físicas e funcionais do
organismo, em uma metodologia voltada para a promoção da saúde. No
desenvolvimento motor, ampliação dos padrões e seu refinamento, em uma
proposta desenvolvimentista. A forma de avaliar dependerá de quais
objectivos foram estipulados pelo professor para serem alcançados no ensino-
aprendizagem, que deve fazer sentido dentro da proposta pedagógica em que
a aula foi projectada.
É fundamental que o professor tenha sempre presente uma visão de conjunto
e da inter-relação dos elementos constituintes do programa, de modo que cada
situação de ensino-aprendizagem constitua uma peça de um todo.
Os planos a longo prazo constituem o suporte organizador dos planos a
médio prazo. E estes constituem o suporte dos programas a curto prazo.

Qualidade de um Plano
 Coerência
 Adequação
 Flexibilidade
 Continuidade
 Precisão
 Riqueza

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Conteúdos de um Plano
Na planificação de unidades de ensino certas necessidades impõem-se de
imediato a selecção de conteúdos e a selecção e definição de objectivos.
Na selecção dos conteúdos é fundamental tomar em consideração algumas
regras básicas:
 Não eliminar temas fundamentais para a coordenação vertical;
 Considerar como primordiais os temas importantes para a
compreensão do conjunto;
 Distribuir os conteúdos em função do tempo disponível e
proporcionalmente à sua importância;
 Procurar o equilíbrio entre a transmissão de saberes e o
desenvolvimento de capacidades.

Classificação dos Objectivos


Não há uniformidade quanto à designação dos diferentes objectivos.
Relativamente ao grau de generalidade ou especificidade com que podem ser
enunciados.
a) Objectivos gerais/ metas ou finalidades educativas são objectivos
extremamente genéricos, que podem ser interpretados e concretizados
de muitas e variadas maneiras.
b) Objectivos gerais de disciplina situam-se mais próximos do processo
ensino-aprendizagem. No entanto revestem-se de alguma ambiguidade
e limitam-se a conteúdos particulares de uma disciplina.
c) Objectivos específicos representam aprendizagens mais simples,
susceptíveis de serem adquiridos a curto prazo e cujo enunciado é
claro não dando lugar a ambiguidade de interpretação.
Um objectivo específico pode ser enunciado em termos
comportamentais, isto é, indica um comportamento observável que
o aluno deve revelar.

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Características de uma boa planificação
Uma boa planificação tem de ter sempre em conta os elementos como é o
caso da unidade, flexibilidade, continuidade e degradação, objectividade e
realismo, precisão e clareza.
Aspectos que devem ser tomados em conta numa planificação
Um plano para que seja feito de uma forma adequada e responda as
exigências desejadas, ele deve ter uma relevância na sua elaboração tais
como: o nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos, objectivos visados,
definição dos conteúdos, número de aulas disponíveis, recursos necessários,
processo de avaliação e a bibliografia básica.

Importância de Planificação no Geral


A planificação tem relevância pois:
 Evita a rotina e a improvisação dentro do processo educativo;
 Garante a economia de tempo e energia (racionalização do processo
educacional);
 Possibilita a organização do trabalho didáctico;
 Permite ao professor a marcha do processo educativo;
 Proporciona maior segurança ao professor e, portanto, mais confiança
por parte do aluno no trabalho escolar.
De acordo com Clark e Yinger apud por Zabalza (2001:48-49) quando se
perguntar a um conjunto de professores por razão planificam, as respostas
poderam ser agrupadas em três categorias:
1- Os que planificavam para satisfazer as suas próprias necessidades
pessoais: reduzir a ansiedade e a incerteza que o seu trabalho lhes
criava, definir uma orientação que lhes desse confiança, segurança,
etc.
2- Os que chamavam planificação à determinação dos objectivos a
alcançar no termo do processo de instrução: que conteúdos deveriam
ser aprendidos para se saber que materiais deveriam ser preparados e

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que actividades teriam de ser organizadas, que distribuição do tempo,
etc.
3. Os que chamam planificação às estratégias de actuação durante o
processo de instrução: qual a melhor forma de organizar os alunos,
como começar as actividades, que marcos de referência para a
avaliação.

As novas competências do professor no quadro da planificação


Com a mudança de paradigma de ensino para paradigma da aprendizagem o
aluno passou a ser o centro das atenções e isto implica mudanças no processo
educativo. É neste encadeamento que vamos aclarear as ideias sobre as
competências de ensino/aprendizagem.
Na concepção de Perrenoud (2000), competência é uma capacidade de agir
eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos,
mas sem limitar-se a eles.
É neste âmbito que Perrenoud, (2000:1-10), destaca as 10 novas competências
mais específica para trabalhar em formação contínua dos professores;
 Organizar e dirigir situações de aprendizagem
 Administrar a progressão das aprendizagens
 Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação
Perenoud lembra que certas aprendizagens só ocorrem graças as interacções
sociais, seja porque visa o desenvolvimento de competências de comunicação
ou de coordenação, seja porque a interacção é indispensável para provocar
aprendizagens que passem por conflitos cognitivos ou por formas de
cooperação.
 Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho
 Trabalhar em equipa
 Participar da administração da escola
 Informar e envolver os pais
Os professores devem incentivar as visitas dos pais, preferencialmente com

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horário pré-agendado, evitando assim a interrupção durante as actividades
regulares. Devem comunicar o progresso da criança de diversas formas. Os
professores devem estimular o diálogo familiar envolvendo os pais em
conversas sobre a matéria educativa dos educandos, dotá-los de estratégias
para poderem participar activamente na educação dos seus educandos, através
de reuniões, convívios e intercâmbios.
 Utilizar novas tecnologias
 Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão
Uma das competências esperadas pelo professor aqui, é a resolução de
conflitos dentro e fora da escola. Para que o professor se torne eficiente na
ligação que estabelece com o seu aluno, precisa de dominar competências de
comunicação que lhe permita dialogar com mais eficácia, dando também mais
significados a conceitos como: respeito pelos interesses dos alunos; educação
de afectos; liberdade de aprender; bom clima na sala de aula; construção de
conhecimentos e autonomia de aprendizagem.
 Administrar a sua própria formação continua
Hoje a predominância das práticas de formação valoriza a construção de
saberes pelo aprendiz. Quer essa contextualização esteja centrada na dinâmica
colaborativa quer valorize as interacções entre colegas ou a relação mediada
por tutores, o conjunto dessas situações propõe-se a utilizar o espaço
tecnológico como alavanca do desenvolvimento da autoformação.

Nota reflexiva
Planificação é a primeira etapa obrigatória da actividade de docente. Constitui a previsão e o
programa dos trabalhos escolares para o curso ou para uma unidade ou para parte da unidade.
A planificação é um aspecto essencial do trabalho de qualquer professor. Ao elaborar uma
planificação que seja exequível, o professor deverá ter sempre em conta o público-alvo a que se
destina e os condicionalismos já referidos.

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