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O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e dos alunos.

Estes,
pelo estudo das matérias, sob direção do professor, vão atingindo progressivamente o desenvolvimento
de suas capacidades mentais. A direção eficaz desse processo depende do trabalho sistematizado do
professor que, tanto no planejamento como no desenvolvimento nas aulas conjuga objetivos, conteúdos,
métodos e formas organizativas do ensino. Os métodos são determinados pela relação objetivos-
conteúdos, e referem-se aos meios para alcançar os objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao
“como” do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos
para atingir objetivos e conteúdos. O conceito mais simples de “método” é o de caminho para atingir um
objetivo. Na vida cotidiana estamos sempre perseguindo objetivos. Mas estes não se realizam por si
mesmos, sendo necessária a nossa atuação, ou seja, a organização de seqüências de ações para atingi-
los. Os métodos são, assim, meios adequados para realizar os objetivos.

Classificação dos Métodos de Ensino:


1 – Método de Exposição Pelo Professor
• Nesse método, a atividade dos alunos é receptiva.
• Cabe ao professor a apresentação dos conhecimentos e habilidades.
• Podem ser expostos das seguintes formas:
• Exposição verbal: sua função é explicar um assunto desconhecido. O professor deverá
estimular sentimentos, instigar a curiosidade, relatar sugestivamente um fato, descrever com vivacidade
uma situação real, fazer leitura expressiva, etc.
• Demonstração: o professor utiliza instrumentos que possam representar fenômenos e
processos, que podem ser, por exemplo: visitas técnicas, projeção de slides.
• Ilustração: são utilizadas pelo professor, tal como na demonstração, a apresentação de gráficos,
seqüências históricas, mapas, gravuras, de forma que os alunos desenvolvam sua capacidade de
concentração e de observação.
• Exemplificação: é um meio de auxiliar a exposição verbal.
2 – Método de Trabalho independente
• É uma técnica de ensino que consiste de tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, para que
os alunos as resolvam de modo individual e criativo.
• É preciso que os alunos já possuam determinados conhecimentos, compreendam a tarefa e seu
objetivo, dominem o método de solução, apliquem conhecimentos e habilidades sem a orientação direta
do professor.
• O aspecto mais importante do trabalho independente é a atividade mental do aluno.
• Este método pode ser adotado em qualquer momento da aula, como tarefa preparatória, tarefa
de assimilação ou como tarefa de elaboração pessoal.
• Na tarefa preparatória os alunos respondem um breve teste. Essa tarefa serve para verificar as
condições prévias dos alunos.
• As tarefas de assimilação são exercícios de aprofundamento e aplicação dos temas já tratados.
Elas servem para revisar conhecimentos e assimilar a solução correta.
• As tarefas de elaboração pessoal são exercícios nos quais os alunos produzem respostas
surgidas do seu próprio pensamento. Para solicitar esse tipo de tarefa é preciso fazer perguntas que leve
o aluno a pensar: para que serve...?, o que devemos fazer quando...?, o que aconteceria se...?.
• Para que o trabalho independente cumpra a sua função didática o professor precisa:
– Dar tarefas claras;
– Assegurar condições de trabalho;
– Acompanhar o trabalho;
– Aproveitar o resultado das tarefas para toda a classe.
– Os alunos, por sua vez, devem:
- Saber o que fazer e como trabalhar;
- Dominar as técnicas de trabalho;
- Desenvolver atitudes de ajuda mútua.

3 – Método de Elaboração Conjunta

• Interação entre alunos e professor. É a conversação, aula dialogada, com elaboração de


perguntas que leve os alunos a reflexão.
• A forma mais usual de aplicação da conversação didática é a pergunta.
• A pergunta deve ser feita com bastante cuidado, para que seja compreendida pelo aluno da
pergunta.
• Esse método é reconhecido como um excelente procedimento para promover a assimilação
ativa dos conteúdos, desenvolvendo atividade mental, através da obtenção de respostas pensadas
sobre a causa de determinados fenômenos, avaliação crítica de uma situação, busca de novos caminhos
para soluções de problemas.
4 – Método de Trabalho em Grupo
• Atividade coletiva que visa à integração e a colaboração dos alunos e/ou equipe para a execução
de uma tarefa ou projeto. O professor precisa ter claro para trabalhar em grupo:
– Objetivos
Que os conteúdos são meios e não os fins para o desenvolvimento de competências,
necessárias na resolução de problemas.

Ensino Categoria de desenvolver um tipo .


Nenhuma classe formal, não formal ou informal pode se desenvolver sem as categorias educacionais chamado -
ayudade : Formulários, técnicas modos, procedimentos , métodos e estratégias que lhes permitem operar elproceso
ensino e aprendizagem, e todos simultaneamente ou solamentealgunas

Estratégias

As estratégias de ensino no processo de aprendizagem são aspecto fundamental na atuação


do docente. Porém o sucesso de uma estratégia de ensino-aprendizagem irá depender da
integração de fatores relacionados tanto ao professor quanto ao aluno, fatores estes que
implicam motivação, conhecimento e principalmente persistência. O envolvimento desse
processo resulta na formação para o ensino superior em uma troca significativa de saberes
onde o docente também é aprendiz e pode possibilitar ao aprendiz que seja docente, numa
troca valorosa de papéis.
Entendemos que o papel do docente consistiu em uma maior amplitude no qual as formas
menos tradicionais devem ser praticadas, pois excedem a simples transmissão da
mensagem, propiciando a assimilação do conteúdo programático e despertando uma
consciência critica no aluno que o ajudará a enfrentar as mais diversas situações
concedendo atitudes criativas e transformadoras. Porém percebemos que o aspecto
metodológico da Didática consiste em princípios, e não em regras, transportando-se o foco
de atenção às condições para o desenvolvimento harmônico do aluno, sendo que o mesmo
deve estar disposto a contribuir com o professor e com o seu próprio aprendizado, pois
frases como "não vai ter aula hoje não" traduz falta de interesse e motivação, além de
significar uma concepção perpetuada no ensino tradicional.

Educação , como quase todas as outras áreas da nossa sociedade tem evoluído a passos largos

nos últimos anos. As técnicas de ensino tradicionais, baseadas no processo em que o professor

explica e os alunos tomam notas, estão defazadas. O processo de educação hoje em dia gira em

torno de incentivar os alunos a despertar a sua curiosidade e o desejo de aprender. Seguindo essa

tendência , surgiram novas técnicas de ensino e todas aliadas ao uso das novas tecnologias.

5 Técnicas de Ensino inovadoras:

1 . Sala de Aula Invertida: Esta técnica envolve basicamente ensinar os alunos a estudar e

preparar-se para a aula, antes da aula. Dessa forma, a aula torna-se muito mais dinâmica e é

possível criar um ambiente para o aprofundamento de conteúdos específicos. Como os alunos vêm

de casa com conhecimento prévio da matéria, em sala de aula o professor pode aprofundar o

conteúdo repsondendo perguntas e criando dinâmicas para despertar a particpação dos alunos em
sala.

O conceito de “sala de aula invertida” combina bem com as ferramentas de GoConqr. Com

GoConqr todos podem criar e compartilhar recursos com um grupo, permitindo que os alunos

tenham mais controle de sua aprendizagem, tornem mais pró-ativos e partipativos em sala.

2. Design Thinking: Esta é uma técnica de ensino baseada na utilização de casos reais que são

solucionados por meio de um grupo de análise, brainstorming, inovação e ideias criativas. Esse

método prepara os alunos para o mundo real e desperta sua curiosidade, capacidade analítica e
criatividade. Esta técnica é frequentemente usada em MBAs ou mestrado para analisar casos reais

vividos por empresas no passado.

3. Auto-aprendizagem: A curiosidade é o principal motor da aprendizagem. Para evitar a decoreba,

ou a memorização de conteúdo ants das provas – que são esquecidos em seguida – a chave é

fazer com que os alunos se concentrem na área que lhes interessa para explorar e aprender mais e

melhor sobre ele.

Para melhor aplicar esta técnica de ensino, os Mapas Mentais são o perfeito ponto de partida. Com

eles, o professor pode iniciar um processo de pensamento, digitar uma palavra no tópico central de

um mapa ou propor um tema e deixar os alunos desenvolverem suas próprias ideias a partir dele.

Por exemplo, se o foco é o corpo humano, alguns podem criar mapas mentais sobre Sistemas,

outros sobre ossos ou doenças que afetam o corpo humano. Mais tarde, os alunos serão avaliados

de acordo com os mapas mentais que criaram e podem colaborar uns com os outros a melhorar

sua aprendizagem sobre a disciplina.

4. Jogos: Aprendendo através da utilização de jogos é um método que já foi explorado por alguns

professores, principalmente no ensino fundamental e pré-escolar. Usando jogos, os alunos

aprendem sem perceber. O fato é que, aprender através da brincadeira é uma técnica de

aprendizagem que pode ser eficaz em qualquer idade, sendo também útil para manter o aluno

motivado. Os Flashcards são funcionais nesse processo. Com eles, é possível criar jogos de

memória e de conhecimento,para manter a turma engajada e interessada: de um lado da carta a

imagem, palavra-chave ou conceito. No verso, a definição, significado, resultado e etc.

5. Mídias Sociais: Rede soacia agora também é local de aprendizado, seja por meio de grupos ou

do compartilhamento de informação e dicas. Um bom exemplo é a iniciativa realizada pela Escola

de Idiomas ” Red Ballon”, que incentivou os alunos a rever os tweets de seus artistas favoritos e

erros gramaticais que cometeram, para melhorar a sua aprendizagem do Inglês. Nos Grupos de

Estudos de GoConqr é possível trocar ideias, criar pesquisas, compartilhar Mapas Mentais,
Flashcards, anotações, Simulados e Slides. E o professor ainda tem acesso á pontução de cada

aluno nos Simulados relaizados.

Procedimentos de Ensino na
Aprendizagem

Considerando procedimentos de ensino as “ações”, processos ou comportamentos planejados


pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem
modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos. Portanto, os procedimentos de ensino dizem respeito às
formas de intervenção na sala de aula. Como a aprendizagem é um processo dinâmico, ela só ocorre quando o
aluno realiza algum tipo de atividade. Por isso, os procedimentos de ensino devem incluir atividades que possibilitem
a ocorrência da aprendizagem como um processo dinâmico.

Por experiência de aprendizagem compreendo a interação que se processa entre o aluno e as


condições exteriores do ambiente a que ele pode reagir. A aprendizagem ocorre através do comportamento ativo do
estudante com seu ambiente, este aprende o que ele mesmo faz, não o que faz o professor. Ao conceber a
experiência de aprendizagem como resultante do processo de interação do estudante com seu ambiente, estamos
supondo que ele é um participante ativo no processo de aprendizagem e de construção do conhecimento.

Já para Mizukami (1986:78):

O professor é indispensável para a construção do


conhecimento. O professor deve colocar problemas para
que a partir dos quais seja possível aos alunos
reelaborarem, os conteúdos escolares; promover
discussões sobre os problemas colocados e oferecer
oportunidade de coordenar diferentes pontos de vista; e
orientar para a resolução cooperativa das situações
problemáticas.

Os procedimentos de ensino devem, portanto, contribuir para que o aluno mobilize seus esquemas
operatórios de pensamento e participe ativamente das experiências de aprendizagem. A aprendizagem se faz em
torno de conceitos, enunciados e definições, tendo como ponto de partida à utilização desses elementos para o que
se quer ensinar.

Para Vygotsky (1987:70):

Um conceito se forma não pela interação de associações,


mas mediante uma operação intelectual em que todas as
funções mentais elementares participam de uma
combinação específica. [...] Quando se examina o processo
de formação em toda a sua complexidade, este surge como
um movimento do pensamento, dentro da pirâmide de
conceitos, constantemente oscilando entre duas direções,
do particular para o geral e do geral para o particular.

É a partir dos objetivos propostos para o ensino (o que se pretende atingir com a instrução), da
natureza do conteúdo a ser desenvolvido (o que se pretende que os alunos assimilem), das características dos
alunos (como são os alunos), das condições físicas e do tempo disponível, que se escolhem os procedimentos de
ensino e se organizam as experiências de aprendizagem mais adequadas. Ou seja, é a partir desses aspectos que
se estabelece o como ensinar, isto é, que se definem as formas de intervenção na sala de aula para ajudar o aluno
no processo de reconstrução do conhecimento.

Portanto, a partir desses critérios básicos, o professor vai resolver se fará em sua aula uma
exposição dialogada, se aplicará um estudo dirigido, se fará um trabalho com textos, se usará uma dramatização,
jogos educativos ou fará um trabalho em grupo.

A importância dos objetivos educacionais

Em vários momentos do nosso estudo temos feito referência a importância dos objetivos no trabalho
docente. Nos capítulos iniciais examinamos, detidamente, o fato de que a prática educativa é
socialmente determinada, pois responde às exigências e expectativas dos grupos e classes sociais
existentes na sociedade, cujos propósitos são antagônicos em relação ao tipo de homem a educar e as
tarefas que este deve desempenhar nas diversas esferas da vida prática. Procuramos destacar,
especialmente, que a prática educativa atua no desenvolvimento individual e social dos indivíduos,
proporcionando-lhes os meios de apropriação dos conhecimentos e experiências acumuladas pelas
gerações anteriores, como requisitos para a elaboração de conhecimentos vinculados a interesses da
população majoritária da sociedade.

Dessas considerações podemos concluir que a prática educacional se orienta, necessariamente, para
alcançar determinados objetivos, por meio de uma ação intencional e sistemática. Os objetivos
educacionais expressam, portanto, propósitos definidos explícitos quanto ao desenvolvimento das
qualidades humanas que todos os indivíduos precisam adquirir para se capacitarem para as lutas sociais
de transformação da sociedade. O caráter pedagógico da prática educativa está, precisamente, em
explicitar fins e meios que orientem tarefas da escola e do professor para aquela direção. Em resumo,
podemos dizer que não há prática educativa sem objetivos.

Os objetivos educacionais têm pelo menos três referências para sua formulação:

 Os valores e ideais proclamados na legislação educacional e que expressam os propósitos das forças
políticas dominantes no sistema social;

 Os conteúdos básicos das ciências, produzidos e elaborados no decurso da prática social da humanidade.

 As necessidades e expectativas de formação cultural exigida pela população majoritária da sociedade,


decorrentes das condições concretas de vida e de trabalho e das lutas pela democratização.
Essas três referências não podem ser tomadas isoladamente, pois estão interligadas e sujeitas a
contradições. Por exemplo, os conteúdos escolares estão em contradição não somente com as
possibilidades reais dos alunos em assimilá-los como também com os interesses majoritários da
sociedade, na medida em que podem ser usados para disseminar a ideologia de grupos e classes
minoritárias. O mesmo se pode dizer em relação aos valores e ideais proclamados na legislação escolar.
Isso significa que a elaboração dos objetivos pressupõe, da parte do professor, uma avaliação crítica das
referências que utiliza balizada pelas suas opções em face dos determinantes sócio-políticos da prática
educativa. Assim, o professor precisa saber avaliar a pertinência dos objetivos e conteúdos propostos
pelo sistema escolar oficial, verificando em que medida atendem exigências de democratização política e
social; deve, também saber compatibilizar os conteúdos com necessidades, aspirações, expectativa da
clientela escolar, bem como torná-los exequíveis face às condições sócio-culturais e de aprendizagem
dos alunos. Quanto mais o professor se perceber com agente de uma prática profissional inserida no
contexto mais amplo da prática social, mais capaz ele será de fazer correspondência entre os conteúdos
que ensina e sua relevância social, frente às exigências de transformação da sociedade presente e
diante das tarefas que cabe ao aluno desempenhar no âmbito social, profissional, político e cultural.
Os professores que não tomam partido de forma consciente e crítica ante as contradições sociais
acabam repassando para a prática profissional valores, ideais, concepções sobre a sociedade e sobre a
criança contrários aos interesses da população majoritária da sociedade.
Os objetivos educacionais são, pois, uma exigência indispensável para o trabalho docente, requerendo
um posicionamento ativo do professor em sua explicitação, seja no planejamento escolar, seja no
desenvolvimento das aulas.
Consideraremos, aqui, dois níveis de objetivos educacionais: objetivos gerais e objetivos específicos.
Os objetivos gerais expressam propósitos mais amplos acerca do papel da escola e do ensino diante das
exigências postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da personalidade dos alunos.
Definem, em grandes linhas, perspectivas da prática educativa na sociedade brasileira, que serão
convertidos em objetivos específicos de cada matéria de ensino, conforme os graus escolares e níveis
de idade dos alunos. Os objetivos específicos determinam exigências e resultados esperados da
atividade dos alunos, referentes a conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções cuja aquisição e
desenvolvimento ocorrem no processo de transmissão e assimilação ativa das matérias de estudo.
O futuro professor pode assustar-se com tantos objetivos e pode estar perguntando-se como dará conta
de realizá-los, ou se realmente eles são necessários para o seu trabalho cotidiano em sala de aula. Na
verdade, não devemos ter dúvidas de que o trabalho docente é uma atividade que envolve convicções e
opções sobre o destino do homem e da sociedade, e isso tem a ver diretamente com o nosso
relacionamento com os alunos. Em outras palavras, isso significa que, consciente ou não, sempre
trabalhamos com base em objetivos. Todo professor, quando elabora uma prova para seus alunos,
conscientemente ou não, está pensando em objetivos.
Com isso queremos mostrar que, embora não participe diretamente da elaboração dos objetivos gerais
do sistema escolar, o professor pode participar indiretamente, através das associações profissionais,
discutindo e propondo alterações. Já no nível dos objetivos da escola ele participa diretamente, pois o
trabalho escolar deve ser necessariamente uma ação coletiva. No plano de ensino, sua responsabilidade
é mais direta ainda; mesmo trabalhando com outros colegas (o que é desejável), é o seu plano que irá
orientar sua prática cotidiana na sala de aula, diante dos alunos. Por todas essas razões é de
fundamental importância que o professor estude e forme convicções próprias sobre as finalidades
sociais, políticas e pedagógicas do trabalho docente; sobre o papel da matéria que leciona na formação
de cidadãos ativos e participantes na sociedade; sobre os melhores métodos que concorrem para uma
aprendizagem sólida e duradoura por parte dos alunos.
A fim de auxiliar os futuros professores na formação de suas próprias convicções pedagógicas, faremos
algumas considerações sobre os objetivos gerais e específicos do ensino.
Objetivos gerais e objetivos específicos
Os objetivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico. Representam as
exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos e, ao mesmo tempo, refletem as
opções políticas e pedagógicas dos agentes educativos em face das contradições sociais existentes na
sociedade.
Os objetivos gerais são explicitados em três níveis de abrangência, do mais amplo ao mais específico:

 Pelo sistema escolar, que expressa as finalidades educativas de acordo com ideais e valores dominantes
na sociedade;
 Pela escola que estabelece princípios e diretrizes de orientação do trabalho escolar com base num plano
pedagógico-didático que represente o consenso do corpo docente em relação à filosofia da educação e à
prática escolar.

 Pelo professor, que concretiza no ensino da matéria a sua própria visão de educação e de sociedade.
Ao considerar os objetivos gerais e suas implicações para o trabalho docente em sala de aula, o
professor deve conhecer os objetivos estabelecidos no âmbito do sistema escolar oficial, seja no que se
refere a valores e ideais educativos, seja quanto às prescrições de organização curricular e programas
básicos das matérias. Esse conhecimento é necessário não apenas porque o trabalho escolar está
vinculado a diretrizes nacionais, estaduais e municipais de ensino, mas também porque precisamos
saber que concepções de homem e sociedade caracterizam os documentos oficiais, uma vez que
expressam os interesses dominantes dos que controlam os órgãos públicos.
Na sociedade de classe, como é a brasileira, os objetivos da educação nacional nem sempre vão
expressar os interesses majoritários da população, mas, certamente, podem incorporar aspirações e
expectativas decorrentes das reivindicações populares. É preciso que o professor forme uma atitude
crítica em relação a esse objetivos, de forma a identificar os que convergem para a efetiva
democratização escolar e os que a cerceiam. Para isso, deve ter clareza de suas convicções políticas e
pedagógicas em relação ao trabalho escolar ou seja: o que pensa sobre o papel da escola na formação
de cidadãos ativos e participantes na vida social, sobre a relação entre o domínio de conhecimentos e
habilidades e as lutas sociais pela melhoria das condições de vida e pela ampla democratização da
sociedade; como fazer para derivar dos objetivos amplos aqueles que correspondem às tarefas de
transformação social, no âmbito do trabalho pedagógico concreto nas escolas e nas salas de aula.
Isto indica que não se trata simplesmente de copiar os objetivos e conteúdos previstos no
programa oficial, mas de reavaliá-los em função de objetivos sócio-políticos que expressem os interesses
do povo, das condições locais da escola, da problemática social vivida pelos alunos, das peculiaridades
socioculturais e individuais dos alunos. Nesse sentido, alguns objetivos educacionais gerais podem
auxiliar os professores na seleção de objetivos específicos e conteúdos de ensino.
O primeiro objetivo é colocar a educação escolar no conjunto das lutas na democratização da
sociedade, que consiste na conquista, pelo conjunto da população, das condições materiais, sociais,
políticas e culturais através das quais se assegura a ativa participação de todos na direção da sociedade.
A educação escolar pode contribuir para ampliação da compreensão da realidade, na medida em que os
conhecimentos adquiridos instrumentalizem culturalmente os alunos a se perceberem como sujeitos
ativos nas lutas sociais presentes.
O segundo objetivo consiste em garantir a todas as crianças, sem nenhuma discriminação de
classe social, cor, religião ou sexo, uma sólida preparação cultural e científica, através do ensino das
matérias. Todas as crianças têm direto ao desenvolvimento de suas capacidades físicas e mentais como
condição necessária ao exercício da cidadania e do trabalho. Esse objetivo implica que as escolas não
só se empenham em receber todas as crianças que as procurem como também assegurem a
continuidade dos estudos. Para isso, todo esforço será pouco no sentido de oferecer ensino sólido,
capaz de evitar as reprovações.
O terceiro objetivo é o de assegurar a todas as crianças o máximo de desenvolvimento de suas
potencialidades, tendo em vista auxiliá-las na superação das desvantagens decorrentes das condições
socioeconômicas desfavoráveis. A maioria das crianças é capaz de aprender e de desenvolver suas
capacidades mentais. Este objetivo costuma figurar nos planos de ensino como “autorealização”,
“desenvolvimento das potencialidades” etc., mas, na prática, os professores prestam atenção somente
nos alunos cujas potencialidades se manifestam e não se preocupam em estimular potencialidades
daqueles que não se manifestam ou não conseguem envolver-se ativamente nas tarefas. O ensino
democrático supõe, portanto, a adequação metodológica às características sócio-culturais e individuais
dos alunos e às suas possibilidades reais de aproveitamento escolar.
O quarto objetivo é formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação às matérias de
ensino e à aplicação dos conhecimentos e habilidades em tarefas teóricas e práticas. A assimilação ativa
dos conteúdos toma significado e relevância quando se transforma em atitudes e convicções frente aos
desafios postos pela realidade social. Os objetivos da escolaridade não se esgotam na difusão dos
conhecimentos sistematizados; antes, exigem a sua vinculação com a vida prática. O professor não
conseguirá formar alunos observadores, ativos, criativos frente aos desafios da realidade se apenas
esperar deles a memorização dos conteúdos. Deve ao contrário, ser capaz de ajudá-los a compreende
os conhecimentos, pensar sobre eles, ligá-los aos problemas do meio circundante.
A capacidade crítica e criativa se desenvolve pelo estudo dos conteúdos e pelo desenvolvimento
de métodos de raciocínio, de investigação e de reflexão. Através desses meios, sob a direção do
professor, os alunos vão ampliando o entendimento, tão objetivo quanto possível, das contradições e
conflitos existentes na sociedade. Uma atitude crítica não significa, no entanto, a apreciação
desfavorável de tudo como se ser “crítico” consistisse somente em apontar defeitos nas coisas. Atitude
crítica é a habilidade de submeter os fatos, as coisas, os objetos de estudo a uma investigação
minuciosa e reflexiva, associando a eles os fatos sociais que dizem respeito à vida cotidiana, aos
problemas do trabalho, da cidade, da região.
O quinto objetivo visa atender a função educativa do ensino, ou seja, a formação de convicções
para a vida coletiva. O trabalho do professor deve estar voltado para formação de qualidades humanas,
modos de agir em relação ao trabalho, ao estudo, à natureza em concordância com princípios éticos.
Implica ajudar os alunos em desenvolver qualidades de caráter como a honradez, a dignidade, o respeito
aos outros, a lealdade, a disciplina, a verdade, a urbanidade e cortesia. Implica desenvolver a
consciência de coletividade e o sentido de solidariedade humana, ou seja, de que ser membro da
sociedade significa participar e agir em função do bem-estar coletivo, solidarizar-se com as lutas
travadas pelos trabalhadores, vencer todas as formas de egoísmo e individualismo. Para que os alunos
fortaleçam suas convicções, o professor precisa saber colocar-lhes perspectivas de um futuro melhor
para todos, cuja conquista depende da atuação conjunta nas várias esferas da vida social, inclusive no
âmbito escolar.
Ainda em relação ao atendimento da função educativa do ensino devemos mencionar a
educação física e a educação estética. A educação física e os esportes ocupam um lugar importante no
desenvolvimento integral da personalidade, não apenas por contribuir para o fortalecimento da saúde,
mas também por proporcionar oportunidade de expressão corporal, autoafirmação, competição
construtiva, formação do caráter e desenvolvimento do sentido de coletividade. A educação estética se
realiza mais diretamente pela educação artística, na qual os alunos aprendem o valor da arte, a
apreciação, o sentimento e o desfrute da beleza expressa na natureza, nas obras artística, como música,
pintura, escultura, arquitetura, folclore e outras manifestações da cultura erudita e popular. A educação
artística contribui para o desenvolvimento intelectual, assim como para a participação coletiva na
produção da cultura e no usufruto das diversas manifestações da vida cultural.
O sexto objetivo educacional se refere à instituição de processos participativos, envolvendo
todas as pessoas que direta ou indiretamente se relacionam com a escola: diretor, coordenador de
ensino, professores, funcionários, alunos e pais. A par do aspecto educativo da organização de formas
cooperativas de gestão do trabalho pedagógico escolar, é de fundamental importância o vínculo da
escola com a família e com os movimentos sociais (associações de bairro, entidades sindicais,
movimentos de mulheres etc.). O conselho de escola exerce uma atuação indispensável para o
cumprimento dos objetivos educativos.
Esses objetivos não esgotam a riqueza da ação pedagógica escolar em relação à formação
individual e social dos alunos em sua capacidade para a vida adulta na sociedade. Entretanto, podem
servir de orientação para o professor refletir sobre as implicações sociais do seu trabalho, sobre o papel
da matéria que leciona na formação de alunos ativos e participantes e sobre as formas pedagógico-
didáticas de organização do ensino.
Com essa visão de conjunto do trabalho escolar e com a programação oficial indicada pelos
órgãos do sistema escolar, o professor está em condições de definir os objetivos de ensino.
Os objetivos específicos particularizam a compreensão das relações entre escola e sociedade e
especialmente do papel da matéria de ensino. Eles expressam, pois, as expectativas do professor sobre
o que desejam obter dos alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre em caráter
pedagógico, porque explicitam o rumo a ser imprimido ao trabalho escolar, em torno de um programa de
formação.
A cada matéria de ensino correspondem objetivos que expressam resultados a obter:
conhecimentos, habilidades e hábitos, atitudes e convicções, através dos quais se busca o
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos. Há, portanto, estreita relação entre os
objetivos, os conteúdos e os métodos. Na verdade, os objetivos contém a explicitação pedagógica dos
conteúdos, no sentido de que os conteúdos são preparados pedagogicamente para serem ensinados e
assimilados. Já apontamos, no início do nosso estudo, o que significa esse caráter pedagógico do
ensino.
Ao escrever a justificativa da disciplina, o professor traçou a orientação do seu plano explicitando a
importância e o seu papel no conjunto geral do plano da escola, o que espera que os alunos assimilem
após o estudo da disciplina e as formas para atingir esse propósito. Agora, partindo dos conteúdos, fixará
os objetivos específicos, ou seja, os resultados a obter do processo de transmissão-assimilação ativa de
conhecimentos, conceitos, habilidades.
Uma vez redigidos, os objetivos específicos vão direcionar o trabalho docente tendo em vista promover a
aprendizagem dos alunos. Passam, inclusive, a ser força para a alteração dos conteúdos e métodos. Na
redação, o professor transformará tópicos das unidades numa proposição (afirmação) que expresse o
resultado esperado e que deve ser atingido por todos os alunos ao término daquela unidade didática.
Os resultados são conhecimentos (conceitos, fatos, princípios, teorias, interpretações, ideias organizadas
etc.) e habilidades (o que deve aprender para desenvolver suas capacidades intelectuais: organizar seu
estudo ativo e independente; aplicar fórmulas em exercícios; observar, coletar e organizar informações
sobre determinado assunto; raciocinar com dados da realidade; formular hipóteses; usar materiais e
instrumentos dirigidos pela aprendizagem da matéria, como dicionário, mapas, réguas etc.).
Na redação dos objetivos específicos, o professor pode indicar também as atitudes e convicções em
relação à matéria, ao estudo, ao relacionamento humano, à realidade social (atitude científica,
consciência crítica, responsabilidade, solidariedade etc.). Embora dificilmente possam ser transformados
em proposições expressando resultados, esses itens fazem parte dos objetivos e tarefas docentes.
Formular objetivos é uma tarefa que consiste, basicamente, em descrever os conhecimentos a serem
assimilados, as habilidades, hábitos e atitudes a serem desenvolvidos, ao término do estudo de certos
conteúdos de ensino. Objetivos refletem, pois, a estrutura do conteúdo da matéria. Devem ser redigidos
com clareza, expressando resultados de aprendizagem realmente possíveis de serem alcançados no
tempo que se dispõe e nas condições em que se realiza o ensino. Evidentemente, sua formulação e seu
conteúdo devem corresponder à capacidade de assimilação dos alunos, conforme a sua idade e níveis
de desenvolvimento mental. Estas orientações são importantes de serem levadas em conta, pois o que
importa é menos a redação formal e muito a sua utilidade para motivar e encaminhar a atividade dos
alunos.
Vejam alguns exemplos de redação de objetivos:

 No conteúdo sobre relação entre os seres vivos e o ambiente:


 Observar e identificar, numa certa área da escola ou próxima dele, tipos de seres vivos conforme
diferentes habitats em que são encontrados: no solo, no ar, em troncos podres, debaixo de
pedras e outros.
 Após diferenciar os elementos que compõem o ambiente de uma determinada região, explicar os
seus diversos efeitos sobre os seres vivos.
 Dar exemplo da influência do ambiente sobre os seres vivos e da interferência do homem sobre o
ambiente.

 No conteúdo sobre unidade de medida:


 Relacionar unidades de medidas (comprimento, massa, volume, tempo, valor) aos tipos de
objetos medidos.
 Saber aplicar adequadamente essas medidas em várias situações sociais reais (uso do metro, do
quilo, da dúzia).

 No conteúdo sobre concordância verbal:


 Relacionar corretamente sujeito, verbo e complemento, sabendo fazer uso da norma prática de
complemento verbal, em que o verbo deve concordar com o sujeito em número e pessoa.

 No conteúdo sobre multiplicação:


 Resolver problemas de multiplicação de um número com três algarismos.
 Em conteúdos de Estudos Sociais:
 Explicar porque os serviços de atendimento às necessidades da população (saúde, educação,
transporte etc.) são direitos do cidadão e obrigação dos órgãos públicos.
 Após o estudo sobre atividades econômicas básicas os alunos deverão explicar a
interdependência entre agricultura, indústria e comércio, dando vários exemplos.
 Ajudar o aluno na compreensão das mudanças que o tempo provoca nas pessoas, comparando a
sequência de fatos da sua vida (linha do tempo) com a de amigos de idades diferentes, com a
vida da professora, dos pais etc.
Nestes exemplos, pode-se verificar que os objetivos se referem a operações mentais simples
(definir, listar, identificar, reconhecer, usar, aplicar, reproduzir) e operações mais complexas (comparar,
relacionar, analisar, justificar, diferenciar etc.). Embora a preocupação do professor deva ser a de
formular um objetivo com suficiente clareza para ser compreensível a ele próprio e pelos alunos, sem
necessidade de prender-se à sua “forma” de redação, há alguns verbos que o ajudam a explicitar com
mais precisão o que ele espera da atividade de estudo dos alunos. Por exemplo: apontar (num num
gráfico, num mapa), localizar, desenhar, nomear, destacar, distinguir, demonstrar, classificar, utilizar,
organizar, listar, mencionar, formular etc.
Cabe uma observação sobre os chamados objetivos formativos, que são os referentes a
atitudes, convicções, valores. Há expectativas do professor de que os alunos vão formando traços de
personalidade e de caráter, que tenham uma postura diante da vida, que formem atitudes positivas em
relação ao estudo etc. Tais expectativas podem ser transformadas em objetivos, mas o professor deve
ter em mente que eles não se alcançam de imediato e sua comprovação não pode ser constatada
objetivamente. São projeções futuras de objetivos cuja consecução se vai dando ao longo do processo,
inclusive com a cooperação de todos os demais professores.
Bibliografia complementar
ABREU, M. Célia de e MAETTO, Marcos T. O professor universitário em aula (prática e princípios
teóricos). São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1985.
FARIA, Ana Lúcia G. Ideologia no livro didático. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1985.
FRANCO, Luiz, A. C. A escola do trabalho e o trabalho da escola. São Paulo: Cortez/Autores
Associados, 1986.
LIBÂNEO, José C. Democratização da escola pública. São Paulo: Loyola, 1987.
LUCKESI, Cipriano C. Filosofia da educação. São Paulo, Cortez, 1990.
VEIGA, Ilma P. A. (org). Repensando a didática. Campinas: Papirus, 1988.

Observação: montagem feita para uso em sala de aula, a partir da referência:

LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

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