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CAPÍTULO 6 • PLANEJAMENTO E DIDÁTICA

Métodos de ensino

Introdução
Antes de iniciarmos este capítulo, faça um passeio pelo portal do Ministério
da Educação (<http://www.mec.gov.br>). Após acessar o portal, clique no item
Portal do Professor ou vá direto pelo endereço <http://portaldoprofessor.mec.
gov.br> e navegue pelas opções Sugestões de Aulas e Orientações para criar
uma aula. Você verá que existem infinitas maneiras de se conduzir metodolo-
gicamente uma aula, seja para os anos finais do Ensino Fundamental ou para
o Ensino Médio. Ter consciência das possibilidades metodológicas de atuação
docente é fundamental para você vincular os métodos na relação entre objetivos,
conteúdos e métodos e compreender a necessidade de utilização de métodos
diversificados, conforme o objetivo proposto.
A utilização de métodos diversificados na condução das aulas não é uma
novidade. Muito pelo contrário, desde o início do século XX essa discussão faz
parte das questões educacionais. A decisão por um método específico de ensino
fica muito mais fácil se o professor tem clareza do que quer que seus alunos
saibam ao final daquele trabalho, isto é, se o professor determinou com clareza
e precisão os objetivos que pretende atingir. Na verdade, selecionar métodos de
aula é criativo e pode ser até divertido.
Para discutirmos sobre os métodos, que é o tema deste capítulo, é interes-
sante fazermos duas importantes observações. Primeiro, nenhum método isolado
é o melhor modo de ensinar. Segundo, as habilidades gerais de comunicação
do professor e sua capacidade de motivação dos alunos são fatores determi-
nantes para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem, independente do
método escolhido.

6.1 Conceito
Métodos de ensino são as ações do docente no sentido de organizar as ativi-
dades de ensino, a fim de que os alunos possam atingir os objetivos em relação a
um conteúdo específico, tendo como resultado a assimilação dos conhecimentos
e o desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas dos alunos.

6.2 A relação objetivo-conteúdo-método


Essa relação tem como característica a interdependência. Da mesma forma
que o método é determinado pela relação objetivo-conteúdo, pode também influir

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na determinação de objetivos e conteúdos, ou seja, os métodos, na proporção


que são utilizados para o ensino de determinadas matérias, atuam na seleção
de objetivos e conteúdos, podendo ser o disparador de modificações no plane-
jamento. Em vista disso, é bom relembrar a importância da flexibilidade do
planejamento.

6.3 Classificação dos métodos de ensino


Em função das características de cada matéria, o professor organiza e sele-
ciona os métodos de ensino e vários procedimentos didáticos. Os métodos de
ensino podem ser classificados de acordo com um critério básico, segundo os seus
aspectos externos (os conteúdos de ensino), que expomos nos próximos tópicos.

6.3.1 Método de exposição pelo professor


Nesse método, a atividade dos alunos é receptiva, embora não necessaria-
mente passiva. Cabe ao professor a apresentação dos conhecimentos e habili-
dades que podem ser expostos das seguintes formas:
t exposição verbal – como não há relação direta do aluno com o material
de estudo, o professor explica o assunto de modo sistematizado, estimu-
lando nos alunos a motivação para o assunto em questão;
t demonstração – o professor utiliza instrumentos que possam representar
fenômenos e processos, por exemplo, visitas técnicas, projeção de
slides, etc.;
t ilustração – são utilizados pelo professor a apresentação de gráficos, as
sequências históricas, os mapas, as gravuras, de forma que os alunos
desenvolvam sua capacidade de concentração e de observação;
t exemplificação – nesse processo, o professor exemplifica o que está
ensinando, de preferência os exemplos devem ter ligação direta com a
vida cotidiana dos alunos. A finalidade é ensinar ao aluno o modo de
realizar uma tarefa.

6.3.2 Método de trabalho independente


Esse método consiste na aplicação de tarefas para serem resolvidas de
forma independente pelos alunos, porém dirigidas e orientadas pelo professor.
A maior importância do trabalho independente é a atividade mental dos alunos.
Para que isso ocorra de forma adequada, é necessário que:
t as tarefas sejam claras, compreensíveis e à altura dos conhecimentos e
da capacidade de raciocínio dos alunos;
t o professor deve assegurar as condições para que o trabalho seja reali-
zado e acompanhar de perto a sua realização.

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6.3.3 Método de elaboração conjunta


A forma mais típica desse método é a conversação didática, em que o
professor, por meio dos conhecimentos e experiências que tem, leva os alunos a
se aproximarem gradativamente da organização lógica dos conhecimentos e a
dominar métodos de elaboração das ideias independentes.
A forma mais usual de aplicação da conversação didática é a pergunta, tanto
do professor quanto dos alunos. Para que o método tenha validade e aplicabili-
dade, é necessário que a preparação da pergunta seja feita com bastante cuidado,
para que seja compreendida pelo aluno. Por isso esse método é reconhecido
como um excelente procedimento para promover a compreensão e a assimilação
ativa dos conteúdos, para suscitar a atividade mental, por meio da obtenção de
respostas pensadas sobre a causa de determinados fenômenos, avaliação crítica
de uma situação, busca de novos caminhos para soluções de problemas.

6.3.4 Método de trabalho em grupo


Esse método consiste, basicamente, em distribuir temas de estudo iguais ou
diferentes a grupos fixos ou variáveis, compostos de três a cinco alunos. Para
serem bem sucedidos, é fundamental que haja uma ligação orgânica entre a
fase de preparação, a organização dos conteúdos (planejamento) e a comuni-
cação dos seus resultados para a turma. Entre as várias formas de organização
de grupos, destacamos as seguintes:
t debate – consiste em indicar alguns alunos para discutir um tema polê-
mico perante a turma;
t philips 66 – para se conhecer de forma rápida o nível de conhecimento
de uma classe sobre um determinado tema, o professor organiza seis
grupos de seis alunos que discutirão a questão em poucos minutos
(seis minutos) para apresentarem suas conclusões. Pode ser organi-
zado também em cinco grupos de cinco alunos, ou ainda em dupla de
alunos;
t tempestade mental (tempestade cerebral ou chuva de ideias) – esse
método é utilizado de forma a ser dado um tema, os alunos dizem o
que lhes vem à cabeça, sem preocupação com censura. As ideias são
anotadas no quadro-negro e, finalmente, só é selecionado o que for
relevante para o prosseguimento da aula;
t grupo de verbalização-grupo de observação (GV-GO) – nesse método,
parte da classe forma um círculo central (GV) para discutir um tema,
enquanto os demais formam um círculo em volta para observar (GO).
O GO deve observar se os conceitos empregados na discussão são
corretos, se os colegas estão lidando bem com a matéria, se estão todos
participando, etc.;

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t seminário – um aluno ou um grupo de alunos prepara um tema para


apresentá-lo.

6.3.5 Atividades especiais


São aquelas que complementam os métodos de ensino e que concorrem
para a assimilação ativa dos conteúdos. Podemos citar como exemplo o estudo
do meio, que é a interação do aluno com sua família, com seu trabalho, com
sua cidade, região, país, por meio de visitas a locais determinados (órgãos
públicos, museus, fábricas, fazendas, etc.). Todavia o estudo não se restringe
apenas a visitas, a passeios, a excursões, mas, principalmente, à compreensão
dos problemas concretos do cotidiano, pois não é uma atividade meramente
física, e sim mental, para que, por meio dos conhecimentos e habilidades já
adquiridos, o aluno volte à escola modificado e enriquecido, com novos conhe-
cimentos e experiências. Há três fases bem definidas:

t planejamento – o professor deve visitar o local antes e colher todas


as informações necessárias para, depois, em sala de aula, junto com
os alunos, planejar as questões a serem levantadas, os aspectos a
serem observados e as perguntas a serem feitas ao pessoal do local
a ser visitado;

t execução – com base nos objetivos do estudo e no tipo de atividade


planejado e com a orientação do professor, os alunos vão tomando
notas, conversando com as pessoas, perguntando sobre suas atividades,
de modo que os objetivos planejados sejam atingidos adequadamente;

t exploração dos resultados e avaliação – por meio da preparação de


um relatório sobre as visitas, os alunos registrarão o que aconteceu, o
que foi visto, o que aprenderam e que conclusões tiraram. Os resultados
serão utilizados para a elaboração de provas e para avaliar se os obje-
tivos foram alcançados.

6.4 Meios de ensino


São as ferramentas (recursos materiais) utilizadas pelo professor e pelos
alunos para organização e condução metódica do processo de ensino e de
aprendizagem. Como exemplo, podemos citar o quadro-negro, a projeção de
slides, de filmes, os mapas, etc. Os professores, de um modo geral, devem
dominar com segurança esses meios de ensino, conhecendo-os e aprendendo a
utilizá-los de forma didática, criativa e adequada.

No quadro 1, há algumas tecnologias de ensino que já acompanham o


educador há bastante tempo. Algumas delas ainda estão em uso em muitas
escolas do país e devem continuar em uso, se for condizente com os objetivos
do ensino propostos.

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Quadro 1 Tecnologias de ensino

TIPOS CONCEITOS OBJETIVOS


Coleção de páginas presas em um suporte Reforçar e intercalar a
de madeira onde são apresentadas as exposição do professor.
etapas da aula. Um tema é apresentado com Motivar e facilitar a
frases curtas, palavras-chave, ilustrações, fixação da matéria,
Álbum
mapas, histórias ou qualquer forma de auxiliando o aluno na
seriado
representação que simbolize as ideias a tomada de notas.
serem trabalhadas de forma sintética e Desenvolver no aluno a
sequenciada. Também conhecido como vontade de trabalhar com
flip-chart. álbum seriado.
É um quadro de feltro ou flanela que Facilitar a apresentação
possibilita, por simples pressão, a ade- do assunto por meio da
rência do material visual. À medida que manipulação do material.
o assunto vai sendo trabalhado, apresenta Ilustrar o trabalho do
Flanelógrafo
gravuras, palavras, símbolos ou imagens professor.
a ele relacionados. Comparar gravuras e
desenhos de épocas
distintas da história.
São construções que usamos para sugerir Transmitir uma mensagem
atividades, informar, fixar conhecimentos, clara e concisa. Ilustrar o
dar direção e ajudar a formar atitude, de- trabalho do professor.
senvolver hábitos e sistematizar aulas. O Despertar o interesse do
cartaz é um recurso que auxilia o leitor aluno pelo estudo de um
a visualizar conceitos e sensibilizar para assunto.
Cartazes
temas desejados. Tornar o ambiente
favorável à formação do
aluno.
Desenvolver campanhas
e incentivar a experiência
criadora.
É um quadro motivador de grande signi- Motivar a aprendizagem.
ficação e valor vital que permite uma Fixar a aprendizagem.
exposição agradável, uma aprendizagem Despertar a atenção e
intuitiva e imediata, com o objetivo de interesse.
Mural
transmitir uma mensagem. Permite o Resumir um estudo ou
didático
inter-relacionamento de matérias diversas tema.
com o tema estudado. Contribuir para a
formação de atitudes e
opiniões.
Desenhos ou gravuras e objetos que re- Despertar a curiosidade
forçam a exposição do professor, acla- e a atenção e esclarecer
Ilustrações ram as ideias, facilitam a compreensão as ideias.
de textos e estimulam a imaginação. Facilitar a percepção de
detalhes.

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TIPOS CONCEITOS OBJETIVOS


São aparelhos que servem para projetar Despertar a curiosidade,
Retroprojetor e ilustrar os assuntos a serem ensinados. o interesse e atenção.
e projetor de Hoje tem-se também o data-show, que Motivar aprendizagem
slides reproduz as imagens diretamente de visual.
outros aparelhos.
O mapa é uma representação Desenvolver a habi-
plana do planeta terra e o globo lidade de ler e interpretar
uma representação esférica. São mapas.
Mapas e
representações do mundo real e são Comparar mapas e
globos
instrumentos comumente usados na escola mapas com globos.
para orientar, localizar e informar. Localizar e identificar
lugares e áreas.
Veículo mais simples e acessível de uso Facilitar o desenvol-
de mensagens visuais. vimento da aprendi-
zagem.
Quadro
Facilitar a exposição do
professor e o trabalho do
aluno.
Fonte: adaptado de Leite (2004)

No quadro a seguir, adaptado de Leite (2004), algumas novas tecnologias


de ensino, seus objetivos e características são apresentados.

Quadro 2 Novas tecnologias de ensino


TIPOS CONCEITOS OBJETIVOS
É um equipamento que recebe, guarda, Reforçar a exposição do
manipula e emite dados e símbolos, mestre.
podendo ser útil para o ensino de diversos Desenvolver no aluno a
conteúdos. vontade de realizá-lo.
Computador Instruções longas e complexas para a Motivar e facilitar a
solução de problemas. fixação da matéria,
por meio da pesquisa,
auxiliando o aluno na
tomada de notas.
Consiste em gravações de imagens e som Facilitar o entendimento
simultaneamente e que para ser vista e de situações abstratas.
ouvida necessita do aparelho videocassete Despertar o interesse dos
ou de DVD, conjugado com uma televisão. alunos para algum tema
Fita de Vídeo ou conteúdo.
ou DVD Desenvolver a
capacidade de
questionamento e crítica
da realidade.
Atualizar os alunos.

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TIPOS CONCEITOS OBJETIVOS


Material sonoro para transmitir Desenvolver a
informações de diversos tipos (texto oral, capacidade de ouvir e
música, histórias, entrevista). CD tem uma interpretar.
qualidade melhor e armazena muito mais Aperfeiçoar a expressão
informações do que a fita. oral, pois o gravador
permite ao aluno a
repetição, favorecendo
Fita Sonora
uma autorreflexão.
e CD
Apresentar ou explicar
situações-problema para
serem solucionadas pelo
grupo.
Apresentar documentos
históricos ou gravações
de poesias.
A internet põe à disposição de quem Possibilitar combinação
acessa bilhões de informações sobre os de diversas linguagens
mais variados assuntos, ao mesmo tempo audiovisuais (vídeo,
para todos os cantos do mundo. áudio, texto) que, juntas,
estimulam o processo
Internet de aprendizagem
independente.
Utilizar diferentes
ferramentas para a
comunicação entre as
pessoas.
O link possibilita um passeio por múltiplos Ser uma ponte, um
textos, cuja ligação é determinada pelos encontro entre produções
programadores por meio de uma palavra. textuais diferentes.
Link
Propiciar o fim das
rígidas fronteiras entre os
textos.
Forma de comunicação virtual que visa a Ser utilizado para troca
permitir a troca de informações. de informações entre os
usuários da internet, sua
E-mail ou linguagem é informal,
correio as regras de gramática
eletrônico nesse ambiente são
bastante flexíveis, além
de ter convenções
próprias.
O hipertexto é um texto plural, que não Alterar nossa forma de
Hipertexto tem um centro discursivo e margens, é pensar, tornando menos
Eletrônico produzido por um ou vários autores, sempre nítidos os limites entre o
muda e recomeça de maneira associativa, pensar e o escrever.
cumulativa, multilinear e instável.

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TIPOS CONCEITOS OBJETIVOS


É a combinação dos vários meios Permitir uma maior
Texto disponíveis ao programador, tais como: interação entre usuários,
multimídia linguagem verbal, gráficos, sons, imagens, por meio de diversas
animação e simulação; sua leitura tem linguagens.
uma sequência linear pré-definida.
Fonte: adaptado de Leite (2004)

Podemos perceber que existem, então, uma infinidade de métodos, que,


unidos aos meios didáticos podem transformar o processo de ensino e aprendi-
zagem em um momento prazeroso e de sucesso.
A avaliação da aprendizagem é, sem sombra de dúvidas, um dos gargalos
da educação em qualquer nível. Há docentes que veem a avaliação como um
procedimento ideológico e autoritário; outros como um processo injusto e exclu-
dente; já outros a encaram como um procedimento normal. Discutiremos sobre
avaliação no próximo capítulo.

Resumo
Os métodos de ensino são as maneiras de o professor estruturar as ações de
ensino e estabelecer uma relação interdependente com os objetivos e conteúdos.
Há diversificados métodos: método expositivo, de trabalho independente, de
elaboração conjunta, de trabalho em grupo e sobre as atividades especiais. Os
meios de ensino são os recursos materiais usados pelo docente na condução do
ensino de acordo com os objetivos propostos.

Referências
LEITE, Ligia Silva (Coord.). Tecnologia educacional: descubra suas possibilidades
na sala de aula. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2008.

Anotações

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